O VERDADEIRO AMANHÃ…
A CBB está sob nova direção. De imediato chovem propostas e sugestões para bem geri-la, através entrevistas de presidentes de federações, comentários em sites e blogs, muito poucas pela mídia impressa, ausentes na televisiva, a não ser os jocosos pitacos de sempre de comentaristas e até narradores.
Um mote contínuo é deflagrado, a união de todos os basqueteiros, o voto de confiança nos dirigentes empossados, o carisma de alguns eleitos, a chegança dos oportunistas de sempre, e o inexplicável silêncio da maioria que realmente poderia decidir o futuro da modalidade.
Mas…, olha ele ai de novo, o imponderável mas, nadinha de se enfocar o cerne, o âmago do problema, aquele que dá contornos ao jogo, a alma do negócio, nosso futuro dentro das quadras, já que fora delas o butim já foi dividido para mais quatro anos do “grupo que trabalha a 15 anos junto”, segundo as palavras do grego melhor que um presente em seu discurso emocionado de passagem do poder.
E o que vemos constrangidos e preocupados são os discursos de continuidade das comissões técnicas de nossas seleções de base, e os “fazedores de clinicas de atualização para técnicos estaduais”, ou sejam, os mesmos em ambos os setores, que se revezam em explicações e profundas ponderações na defesa de suas propostas anacrônicas e perdedoras, num périplo que se estende a mais de 20 anos, num decrescendo continuo e inexorável.
Como explicam o crescente, e até mesmo catastrófica incidência de erros de fundamentos em todos os campeonatos disputados no país e fora dele, desde as categorias de base até os profissionais?
A tsunami de arremessos de três pontos que vem devastando todo e qualquer projeto técnico tático, por mais simples e básicos que sejam?
A completa ausência de uma postura defensiva, que deveria ser induzida na formação, e aperfeiçoada nas divisões superiores ?
A substituição criminosa, pela omissão, dos fundamentos do jogo pelos sistemas coreográficos nascidos de cabeças preguiçosas e colonizadas, que tomam formas disformes em pranchetas obtusas e de hermética compreensão ?
O desplante de proporem uma padronização de preparo e treinamento, exatamente fundamentada nesse absurdo e ridículo modelo que vêm sendo implantado coercitivamente ano após ano de derrotas e regressão técnica e pedagógica?
A ingerência cada vez mais presente de elementos travestidos de preparadores físicos, que de basquetebol nada sabem, e sequer o compreendem, formulando conceitos biotipológicos e neuro atléticos que ferem de morte nossos jovens, a não respeitarem suas maturações e ritmos diferenciados no processo de crescimento, travando-os no desenvolvimento técnico e na aprendizagem do jogo?
A negação arrogante e pretenciosa da existência de outras formas de preparo, principalmente dos fundamentos, que são esquecidos e substituídos pelo sistema único de jogo, numa tentativa de implantação de algo monstruoso, a limitação técnico tática, que pela ausência de preparo nos fundamentos se torna criminoso e destituído de qualquer justificativa plausível e defensável?
A essa altura nos perguntamos, como continuar trilhando este caminho? Como nos permitimos aceitar tanta incoerência em nome de um sistema de jogo único e que vem sendo abandonado pelo resto do mundo? Que direito perpétuo mantêm tal influência no comando da formação de base do grande jogo entre nós?
Essa é a grande questão caros leitores, a formação esquecida em nome de uns poucos talentos que são garimpados para a formação de equipes que sustentam tantos egos envolvidos na trama, e o pior, e que nem se dão conta, sem dominarem os fundamentos do jogo.
Urge a reunião dos grandes técnicos brasileiros, em torno de mesas nas diversas regiões do país, discutindo e apresentando formas de preparo fundamentadas em suas experiências, suas sacrificadas labutas, mas operosos e estudiosos em suas formações generalistas, democráticas e factíveis, para ai sim, todos formularem um conceito formativo, onde as regionalidades e as limitações econômicas da maioria possam ombrear pela criatividade e pelo bom senso com a minoria prodiga em recursos.
Um dia em que um Geraldo da Conceição, grande técnico de Brasília, que nos seus gloriosos e emblemáticos 84 anos de vida, e que ainda exerce a técnica desportiva, principalmente na formação de base, estiver compondo uma destas mesas de discussão visando o bem do nosso basquetebol, estaremos certos de que algo realmente novo estará acontecendo, de que algo redentor estará resgatando o nosso justo lugar no concerto do basquetebol, dentro e fora do país. E que junto a ele venham se juntar os grandes formadores deste enorme país, e que afianço sem pestanejar suas existências, que ao serem esquecidas, dando lugar a uma geração pragmática e anômala, nos fez regredir até o ponto em que chegamos.
Essa deveria ser a prioridade da nova direção da CBB, e somente essa, que é a base de um melhor e mais esperançoso amanhã.
Amém.
O Brasil é um verdadeiro celeiro de atletas. Não apenas no futebol, mas no volei,basquete…
O basquetebol brasileiro está sendo representado na NBA por tres grandes jogadores: Anderson Varejão, Nenê Hilario e Leandro Barbosa.Aliás, existe uma grande chance de termos dois deles duelando na final na temporada 2008/2009. Cleveland, do Varejão está muito bem, com uma campanha extraordinária na conferência leste. O mesmo vem acontecendo com o Denver, de Nenê na conferência oeste.
Não sei o que acontece, mas penso que o Brasil está fazendo com essa matéria prima extraordinária,o atleta, o mesmo que Portugal fez com nossas riquezas, como o pau brasil e pedras preciosas. Enviou para o exterior, enriquecendo ainda mais aqueles que já eram ricos naquela época. Exportar jogadores para a NBA é fazer o mesmo caminho que os portugueses fizeram séculos atrás.
O Brasil precisa ter um basquete competitivo em nossas terras. O foco, a meta tem que ser o próprio Brasil, não o exterior.É preciso que atletas de outros lugares do mundo queiram jogar no Brasil.Não o inverso, como vem acontecendo ao longo dos anos.
Tempos atrás eu li uma entrevista onde o treinador do São Paulo, Muricy Ramalho dizia ter aconselhado um jogador que havia sido convocado pela primeira vez para a seleção brasileira dizendo que era a chance dele mostrar o seu futebol, porque seria da seleção brasileira de futebol para a Europa.Este é o pensamento dos portugueses em relação as riquezas brasileiras: Europa. Enquanto estivermos com este pensamento, teremos campeonatos e torneios menos atraentes que os campeonatos europeus. A força do esporte precisa superar a força do dolar e do euro e atrai-los para o Brasil.
Precisamos aproveitar a experiência de atletas consagrados e soma-la a experiência de administradores e publicitários também consagrados em favor do esporte brasileiro.
Concordo com você Valaci, mas não devemos nos esquecer a verdadeira origem de toda essa provação, a desinformação, a precariedade cultural, e a mais profunda deseducação de nosso povo. O desporto de alto nivel é o reflexo mais proeminente da riqueza de uma nação, de um povo, pois reflete em tempos de paz sua profunda riqueza cultural, técnica e cientifica, muitas vezes, e indesejavelmente, provada e imposta pelas armas, pela guerra, pelo odio, quando nações se afastam do ideal aglutinador de povos, as artes, a literatura, o desporto. Um abraço, Paulo Murilo.