ABSURDOS…

Um absurdo o não cumprimento de uma norma da FIBA que destina à equipe mandante o uso do uniforme branco, que tradição rubro negra nenhuma poderia exigir uma outra camisa acima de uma exigência legal, e o pior, com o consentimento de não sei quem, num prejuízo enorme à técnica de um jogo caracterizado por ações extremamente rápidas quando próximas à cesta. Qualquer técnico de pré mirim sabe que as trocas velozes de passes em zonas congestionadas exige visualizações rápidas e precisas, nas quais a pronta identificação de seus participantes está intimamente ligada à cor dos uniformes. Por essa falha imperdoável muitos erros de passes foram cometidos nesta final, assim como foram comprometidas as coberturas defensivas e mesmo as jogadas em duplas ofensivas.

Um absurdo que com menos de dois minutos de jogo provocações e agressões gratuitas eliminaram da partida dois dos principais reboteiros, sendo que um deles, o de maior salário de sua equipe simplesmente se ausentou da final por sua tendência em resolver posses de bola agredindo seus adversários com cotoveladas explicitas. Deu sorte pela vitória de sua equipe, pois em caso contrário estaria sendo responsabilizado por sua incontrolável agressividade.

Um absurdo a tendência de determinados jogadores se jogarem espalhafatosamente ao solo, simulando uma agressão inexistente, no momento confuso aos dois minutos de jogo, numa atitude covarde de indução sobre a arbitragem a fim de ver um adversário eliminado do jogo, numa típica malandragem de jogadores descompromissados com a ética desportiva, e não seguros de suas capacidades técnico táticas, apesar de endeusados.

Um absurdo a total ausência de comando tático dos armadores, já que usurpados por jogadores voltados a penetrações impossíveis e arremessos de três mais impossíveis ainda, numa exibição de pobreza, pior, de indigência na aplicação dos fundamentos básicos do jogo, sem os quais sequer uma nesga de aplicações táticas se fez presente nesta final, onde o Moncho deve ter colocado, por mais uma vez, suas ibéricas barbas de molho, já que em quadra dois de seus lideres na seleção davam um espetáculo de como não se deve jogar o grande jogo, pelo menos dentro de suas conhecidas concepções.

Um absurdo, numa equipe profissional (é o que dizem…) um dirigente se aproximar do banco de reservas para admoestar violentamente um jogador de sua equipe por falha técnica, esquecendo um seu espetáculo no planalto central onde até uma cadeira foi arremessada e chutada por ele por não concordar com marcação de arbitragem. Belo e constrangedor exemplo…

Um absurdo quando aos 44 segundos do final alguém se apossa do microfone do ginásio para coagir a equipe adversária, sem que ninguém o impedisse.

Mas não um absurdo admitir a justiça da vitoria da equipe do Flamengo num campeonato de baixo índice técnico, mas rico em emoções, principalmente nos jogos finais com o comparecimento maciço e empolgante de torcidas apaixonadas e esperançosas em dias melhores para o nosso basquetebol.

Mas o que realmente preocupa é a absurda expectativa quanto à Copa America, classificatória para o Mundial, onde nossa equipe pouco poderá evoluir se tomarmos como base o finalizado campeonato, e a sempre indecifrável participação de jogadores que jogam no exterior, tornando o trabalho do Moncho penoso e limitado.

Somemos a todos estes absurdos a continuidade da política técnico tática imposta à nossas seleções de base e na formação de nossos técnicos, para vislumbrarmos o maior de todos os absurdos, a confirmação trágica de um amanhã incerto, viciado e comprometido pela mesmice e pelo derrotismo endêmico.

Oremos então.

Amém.



16 comentários

  1. Reny Simão 29.06.2009

    Muito bem, professor, mais vez estivemos vendo o mesmo jogo. Só que, quando senti o clima do jogo, após a ‘lambança’ feita pelo juízes, resolvi desligar a TV e me ocupar de outras atividades mais prazerosas.
    Em poucos minutos cansei de ver tantas simulações do melhor jogador do campeonato (eu mesmo votei nele).
    A arbitragem nestes últimos jogos foi péssima, com muitos erros e inversões, para os dois lados, irritando os jogadores.
    O considerado melhor juiz brasileiro, com toda sua empáfia e despreparo (juiz, assim como atletas, se não atuar perde ritmo), pois só apita perto de SP ou em jogos importantes, costuma punir seus erros com faltas técnicas.
    E pouco se vê críticas aos árbitros, mesmo de quem pode criticar.
    Estive com Alcir em Brasília recentemente e falamos muito no senhor.
    Um abraço
    Reny

  2. Glauco Nascimento 29.06.2009

    Assisti esse jogo e fiquei absmado quando, no final do último quarto, o narrador ou sei lá quem começou a falar durante um pedido de tempo: Quem acha que o Brasilia vai vencer hein?! Os acontecidos em quadra nem preciso comentar até porque já vem de outros jogos (arbitragem nervosa, jogadores sem nenhum respeito pelos seus próprios companheiros, etc). Outra coisa que vi no final de um tempo (não me recordo qual) faltava poucos segundos para o Brasilia finalizar, Lula pediu tempo e armou uma daquelas jogadas desenhadas em pranchetas. Simplesmente o jogador que, creio eu, iria fazer o arremesso não intendeu bulhufas de que o Lula havia acabado de falar. Como já escrevi em outros blogs, a LNB fez um bom trabalho para um primeiro ano de vida, acho que pode e deve fazer com que o basquete brasileiro cresça. Vejo que a CBB não dá a devida importância para as categorias de base, será que a NBB não pode fazer algo?! Espero tambem que com o final dessa primeira edição, os times se desfaçam e refaçam outros faltando 1 mês para o início do próximo. Procurem trabalhar com a base, formar times competitivos mas com nível, porque o que vimos foram jogos disputados, mas de um nível ridículo!

  3. Basquete Brasil 29.06.2009

    Sorte sua Reny, que estava em casa, ao contrário de mim, presente na Arena, onde o fervor da torcida (apesar de ser 90% oriunda do futebol)fazia aquela imensidão tremer sob nossos pés, dividindo minha atenção com um jogo comprometido pelas falhas alarmantes de fundamentos, e pela catimba comprometedora de falsas estrelas.Como disse no artigo, o Moncho deve estar bastante preocupado com suas escolhas, muitas das quais equivocadas por uma politica e interesseira convocação, onde até um adolescente é chamado para liderar, como armador, a equipe.Tomara que ele, muy bien acessorado que está, tenha descoberto um novo fenômeno a La Rubyo. Um abraço,
    Paulo Murilo.

  4. Basquete Brasil 29.06.2009

    Também fiquei Glauco, e lá no meio da convulsão, no clima de vitória a todo custo. Assim como você, não critico as arbitragens, que em seu todo foram muito boas, e claro, contestadas pelos que perdem, muito mais por seus próprios erros e limitações, do que por influencias das mesmas. Acredito que a LNB deva melhorar para o futuro, mas na medida que souber filtrar modificações técnicas e administrativas,de interesses nada desportivos.Quanto à base, que não cometam as barbaridades que a CBB vem perpetrando nos últimos anos, e mesmo não sendo a responsável direta no desenvolvimento da mesma, que pelo menos, através seu categorizado conselho de 15 técnicos faça público uma robusta proposta de melhorias e estudos que a beneficiem. Um abraço, Paulo Murilo.

  5. Luiz 29.06.2009

    Ola professor,
    Quando morei em Araraquara, fui assistir um jogo do time local (Uniara, na época) contra o extinto Coc de Ribeirão Preto, o qual tinha em seu elenco os jogadores Mineiro ( esse que atua no Brasilia) e o Paulão Prestes.
    Hoje comparar os dois é piada,visto que o segundo desfruta de um certo prestigiono basquete Espanhol, mas pergunto:
    Se os destinos fossem invertidos – Mineiro na Espanha e Paulão aqui – a condição técnica também se inverteria?
    Acho um absurdo, um jogador como o Mineiro (2,13m e jovem ainda) não ter nenhum fundamento e ter uma condição física – motora tão precária! Um desperdício!
    Abraços

  6. Luiz 29.06.2009

    Só para esclarecer, na época os jogadores eram da categoria juvenil e pareciam ter a mesma condição técnica.
    Abraços

  7. Basquete Brasil 29.06.2009

    Prezado Luiz, seu testemunho robustece a nossa convicção de que as divisões de base estão entregues às traças, já que a grande maioria,de uns poucos técnicos iniciantes, somente têm olhos para as categorias adultas, onde o pseudo conhecimento de algunas movimentos táticos os credenciam(?) na direção dos mesmos.Iniciar, formar e orientar jovens não fazem parte, seriamente, de seus propósitos. Resultados? Os mineiros descritos por você. Um abraço,Paulo Murilo.

  8. Glauco Nascimento 30.06.2009

    Não sei se você tomou conhecimento da seleção universitária que venceu o torneio preparatório. A CBB deve desconhecer esses jogadores. Esse time não tem apoio nenhum da CBB. Li que eles não tem ajuda da CBB pois são ligados CBDU, mas mesmo assim é basquete e brasileiro. A CBB tinha de dar o mínimo de atenção possível. Parece que o que a CBB não toca rende algo e como exemplo essa seleção universitária. Até o uniforme deles é mais bonito!!rs

  9. Basquete Brasil 30.06.2009

    CBB, CBDU, COB, LNB, NBB,CBDE, meus deuses Glauco, são muitas siglas em torno de um problema comum, a pobreza, a indigência administrativa e técnica, a total falta de sincronia pela ausência de uma política realista de esportes no país.É uma pena, pois talentos na quadra temos aos montes. No entanto, fora delas…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  10. David Barros 30.06.2009

    Na minha modesta opinião os erros de passes não foram feitos devido as cores dos uniformes e sim deficiência mesmo,

    jogo basquete e não acho que uniformes não brancos usados por duas equipes numa partida prejudique a visualização,

    isso acontece em todos os outros esportes futebol, futsal, handebol, rugby,

    para mim essa exigência veio imitar a NBA, que como outros esportes praticados dentro dos Estados Unidos tem lá como cultura uma equipe jogar com branco e outra não, o branco é uma cor que a sociedade americana se identifica muito,mas de paz eles não tem é nada, vivem guerriando pelo mundo afora,

    podiam se copiar outras regras de lá mais que beneficiasse realmente ao basquete praticado pela FIBA,

    não esta que acaba de ferir culturalmente as cores que os países são identificados, exigir que jogue uma equipe de branco sempre,

    por causa disso que não é mais usando a tradicional camisa listrada verde e amarela do basquete brasileiro, falando que esta camisa é uma mistura de cor escura com cor clara,

    era Bonito ver a Rússia de vermelho enfrentar a Iugoslávia de Azul, ver o Brasil de camisa listrada verde e amarela, na minha opinião não prejudicava a visualização, está acabando isso por causa dessa regra que a FIBA imitou a NBA, mas de vez enquando alguns desobedecem e acho que tinham é que desobedecer mais,

    outra regra que entrou em vigor é a proibição de se jogar por baixo dos uniformes com uma camisa de manga de mesma cor, não pode usar mais nenhuma, mais uma vez imitando a NBA,

    vão lá jogar na Lituânia ou na Rússia com aquele frio para ver como é bom,

    não vi na regra punição estipulada para quem descumprí-la, por isso que as equipes ou seleções que fazem isso não estão sendo punidas, é uma coisa que afronta tanto as tradições de uma equipe ou de uma seleção que eles preferem não punir, pois é uma coista tão sem sentido,

    VOLTE A CAMISA LISTRADA EM LINHAS VERTICAIS VERDES E AMARELAS na seleção brasileira, é um resgate cultural das tradições do basquete brasileiro.

  11. Basquete Brasil 30.06.2009

    Prezado David, que ótimos comentários, gostei demais.E como gostei penso poder discordar de uns poucos aspectos,a começar pela confusão de camisas, que no meu ponto de vista e pela longa vivência nas quadras confundem mesmo, principalmente se ambas são escuras. Quando claras não muito, pois destacam a figura dos oponentes, ao contrario das escuras que pasteurizam as cenas dos embates.Não atoa que nos treinamentos coletivos, e até no de exercicios especiais uniformizamos os jogadores com camisetas bem diferentes, e até sem o uso delas por um dos quintetos.Quanto aos demais temas concordo integralmente com você, principalmente pela volta da camisa que marcou as vencedoras seleções brasileiras, a de listras verticais em verde e amarelo, que mais referenciais num embate direto, impossível.Obrigado pelos comentários e volte a divergir sempre que desejar, pois dessa forma alcançaremos o consenso. Um abraço, Paulo Murilo.

  12. Alfredo Lauria 02.07.2009

    Mais um excelente artigo, professor! Preciso nos pontos certos…

  13. Basquete Brasil 03.07.2009

    E como doi ser preciso nos pontos certos Alfredo, como doi.Preferiria
    não poder apontá-los pela inexistência de tantos erros. Sonhar é preciso. Um abraço, e continue seu belo, e também preciso trabalho.
    Paulo Murilo.

  14. Edmilson 29.09.2009

    Olá Prof. Paulo!
    Sou um frequentador desse blog e mesmo morando no exterior, procuro informações sobre o basquete brasileiro, e está fonte(o Blog) me faz estar interado dos reais fatos que cercam o nosso basquete.
    Moro na Grécia, e num pais que tem pouco mais de 10 milhões de habitantes consegue montar campeonatos com divisões, A1,A2,B,C,D e ainda com divisões regionais A,B,C e D todos com direito de ascender e decender.Transmitidos na TV aberta – estátais ET1, ET2 e ET3 e em alguns canais normais…
    A pergunta vira em torno disso, a falta de organização, gerou um desinteresse da população pelo basquete?

  15. Basquete Brasil 29.09.2009

    Que boa notícia ter leitores além mar, muito bom. Prezado Edmilson, mesmo sendo a Grécia um dos primos pobres da Comunidade Européia, faz parte da mesma, com seus encargos organizativos e políticos alinhados à mesma. Veja o nosso Mercosul, que sequer consegue combater o contrabando livre e desenfreado pelas fronteiras, e cujo Parlamento só se reune uma vez ao ano para resolver…nada.Falta-nos, antes de organização, objetivos e metas sócio políticas, de educação, de cultura, de esporte. E ainda nos atrevemos à candidatura olímpica, num recado claro e objetivo de futuro festim com as verbas públicas. O nosso problema não é e nunca foi a corrupção, e sim a impunidade.E ainda teremos de penar por muito tempo para nos vermos livres dos vicios do “jeitinho” e do “levar vantagem em tudo”, Até lá, resta-nos a indignação e a luta por dias melhores. Um abraço, Paulo Murilo.

  16. Edmilson 30.09.2009

    É realmente! é isso mesmo! mas por ventura vale salientar que aqui os problemas acontecem igual e até muito piores aos do Brasil.
    Corrupção, mau trato com o dinheiro público. A Grécia é a terra do funcionalismo público, imagine como o brasileiro é tratado no INSS, imagine isso em todas estancias, um exemplo clássico mudei de residencia e para mudança da linha telefonica foi uma demora de 90 dias a base de propina.
    E não pense que é só na Grécia que acontece isso… em enfim, mas essa estatização tem seus fatores beneficos, por existir canais estatais a transmissão esportiva é farta, independente dos indices IBOPE e GALOPES da vida. Outro fato interessante é o que chamamos aqui de Moria, seria um bonus para um atleta que defende o seu pais ou participa das finais dos Panelinios (Jogos dos melhores da Grécia).
    Um abraço Professor

Deixe seu comentário