ECOS DE LISBOA…

Estou em casa, mareado pelas constantes viagens e pelo fuso itinerante e de custosa adaptação. Mas casa é casa, porto e raiz.

Só algo é imutável, continuísta, política, e terrivelmente previsível, nossa vetusta (nos hábitos) CBB.

Leio nos blogs que o novo diretor, agora remunerado, de basquete masculino é um jogador recém aposentado, que afirma categoricamente sua primeira intervenção, a uniformização de conceitos e técnica nas seleções de base, exatamente dentro da linha atual e continuista da administração anterior, somente com uma astuta substituição de palavras, trocando padronização por uniformização, que em miúdos “conceitua” seis por meia dúzia.

E já era de se esperar tal comportamento por parte da nova (?) direção cebebiana, extensa e copiosamente prevista por este blog em inúmeros artigos, agora tornado realidade, numa afirmação de acordo explicito e corporativista.

O diretor, agora investido é da mesma geração do supervisor das divisões de base e assistente técnico da divisão principal (trata-se de um gênio técnico administrativo sem antecedentes na modalidade…), e que deslancha suas padronizações bem ao lado das uniformizações que já não nos ameaçam, por se tratarem de certezas apavorantes num futuro imediato e irrecorrível. Mãos dadas e entrelaçadas, assistiremos de agora em diante uma ópera bufa regida por um voleibolista medíocre em sua especialidade, determinando os rumos técnico táticos e formativos de nosso futuro dentro de uma quadra de 28 x 15 mts. com um raciocínio de quem viveu em uma de 18 x 9 sem contatos físicos.

E um pouco de nossa nova geração se viu em Lisboa, nos Jogos da Lusofonia, numa lastimável performance liderada pelo apologista da padronização, agora em comunhão com a uniformização oficial.

Engraçado, pois lá estive, e por força dos compromissos com o Congresso dos Treinadores da Língua Portuguesa somente tive uma oportunidade de assistir pela televisão a uma partida de nossa seleção, e creio nada ter perdido de inovador e realmente compensador, haja vista os resultados alcançados. E mais engraçado ainda foi o fato de ao ser convidado a participar do Fórum dos Jogos Luso Brasileiros, quando ao final do debate o chefe da delegação brasileira, o ex atleta olímpico de voleibol e dirigente do COB, Bernard Rajzman, veio me cumprimentar pelo debate, ter me comunicado que a equipe de basquete acabava de ser derrotada por Angola, e que iria disputar a medalha de bronze com Portugal, derrotada por Cabo Verde.

Então pessoal, preparem-se para “more four years” de clinicas e de convocações apadrinhadas, onde padronização, agora travestida de uniformização, será a palavra de ordem, na contra mão da diversidade que ao ser profundamente estudada e debatida por professores e técnicos de todas as gerações dotaria os jovens líderes de conhecimentos que os levariam ao domínio de novos caminhos, de novas tecnologias, de novos e inventivos conceitos, e não de uma realidade obtusa, ignorante, acéfala, pernóstica, arrogante, e perdedora.

Sinto muito se me tacharem de pessimista crônico, mas na minha idade, graças aos deuses de todos os mundos, não perdi a sagrada qualidade de me indignar ante tanta pusilanimidade, insensibilidade, contundentes e letais.

Que estes mesmos deuses nos protejam.

Amém.



6 comentários

  1. Evanildo Nogueira Junior 25.07.2009

    Não sei se entendi muito bem, mas o basquete vai continuar sendo o que vem sendo há tempos atrás? Um basquete onde não se é dada muita importância? Seria basicamente mais 4 anos de descaso? Só quero entender porque ninguém lá dentro faz nada e aceita tudo simplesmente abaixando a cabeça?

  2. Evanildo Nogueira Junior 25.07.2009

    Agradeço a resposta em minhas dúvidas por email, vou começar a postar aqui em comentários para que todos possam usufruir.
    Vi que o Sr. me disse que a bola deveria ficar apoiada nos dedos, no máximos nas falangetas. Lembro-me que quando comecei a jogar basquete, tentava varios tipos de ”jeitos” de arremessar, e um deles eram apoiando a bola nos dedos, mas depois voltei a apoiar a bola na palma da mão. Fiquei com outras dúvidas:

    A)Devo posicionar o cotovelo junto a linha sagital do meu corpo ao arremessar? Como todos dizem?
    B)Quando for posicionar a mão na bola, o dedo minimo e o polegar devem ficar digamos que mais p/ frente da bola? Vou mandar um email com um desenho que fiz p/ o Sr. entender melhor.
    (Obs: Procurei fotos de arremessos de diversos jogadores em todo o Mundo e tive a impressão de que a maioria apoia a bola na palma da mão, é impressão ou a maioria apoia na palma da mão mesmo?)

    Um abraço.

    Evanildo Nogueira Junior

  3. Gil Guadron 26.07.2009

    Sin intencion de polemizar :

    Cuando inicie como entrenador jugaba en el ataque el sistema : 1 – 3 – 1 ; luego jugue el llamado “ataque de Continuidad”; tambien utilize el “Shuffle Ofense”, el “Flex Offense fue parte de mi repertorio.

    A mediados de los 70’s me quede con el “Motion Offense”, pues me parecio que daba mayor libertad a mis jugadoras frente a la situacion dada por la –realidad del partido–del aplicar el dominio de los fundamentos del basquetbol, pues parte de conceptos y no en jugadas pre-concebidas.

    Mis equipos partian de diversas formaciones: algunas veces
    1-4 alto (a lo largo de la linea de tiros libres) ,otras veces 1-4, bajo (a lo largo de la linea final), otras veces 2-3, 1-2-2 etc.

    Actualmente los entrenadores utilizan algun tipo de –movimiento continuo en el ataque — pero tratando de sacar el mayor beneficio de los jugadores que tienen.

    La palabra clave : que las (os) jugadoras(es) lean la realida de la situacion y actuen frente a ella basandose en el dominio de los fundamentos del basquetbol.

    Hace algun tiempo estando presente en un — Campamento de Basquetbol — para jugadores de High Schools con intenciones de llegar a jugar a nivel de Universidad en USA que se llevaba a cabo en la Universidad de Northwestern en Evanston , Estado de Illinois , Coach Kevin O’Neill despedia a los participantes con este discurso : ” Durante este tiempo con nosotros han conocido y quizas aprendido la manera en que en Northwestern jugamos basquetbol; ahora ustedes regresan con sus equipos y no quiero que desatiendan las indicaciones de sus entrenadores diciendoles : Coach O’Neill nos enseño de esta manera. Ustedes deben respetar y obedecer a sus entrenadores pues cada uno de nosotros tenemos una manera de ver el deporte”.

    Si una de las premisas fundamentales del llamado Metodo Cientifico es la recopilacion de absolutamente todos los datos conocidos en un particular campo del saber, en nuestro caso el basquetbol , este es un paso fundamental para llegara a una conclusion.

    Bajo esta premisa tiene sentido la necesidad de un conocimiento amplio y variado sobre nuestro deporte.

    Mis respetos.

    Gil

  4. Basquete Brasil 26.07.2009

    Parabéns Evanildo, sua colocação e entendimento estão perfeitas. Você agora pode deduzir o quanto de adaptabilidade ser necessária para dominar eficientemente não só o eixo diametral, como o apoio de lançamento com três dedos centrais, o que, em se tratando de arremessos longos dotarão os mesmos de maior amplitude e força. Claro que o conceito de espalmar a mão “naturalmente” sobre a superficie da bola, que é ensinado mecanicamente por gerações carece de fidedignidade técnica, daí depreendemos o quanto de treinamento ser necessário para atingirmos eficiência e dominio pleno de uma esfera quanto ao direcionamento da mesma. São muito poucos aqueles que dominam tal comportamento técnico, ao contrário de muitos que se acham especialistas. Pronto, você agora já sabe do pulo do gato, restando muito trabalho e estudo. Seja feliz e sempre curioso quando se defrontar com minucias sobre os fundamentos do grande jogo. Um abraço, Paulo Murilo.

  5. Basquete Brasil 26.07.2009

    Prezado Evanildo,como afianço desde muito e muito tempo,nada mudará de consistente na CBB, pois tratou-se unica e exclusivamente de uma passagem de bastão. O continuismo é uma decisão corporativista da famiglia. Um abraço, Paulo Murilo.

  6. Basquete Brasil 26.07.2009

    Amigo Gil,conceder liberdade de ações e pensamentos a jogadores, pelo menos aqui neste país é algo impensável para essa turminha da prancheta, pois fora dela e de suas mensagens cifradas e inúteis,o que mais sabem e dominam? Deixe antecipar a resposta,NADA, absolutamente nada.E a barca segue seu rumo,desgovernada. Um abração,
    Paulo.

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