RELAXAMENTOS E ACOMODAÇÕES…PORQUE?
Em seu excelente blog Bala na Cesta, o jornalista Fabio Balassiano escreve em um ponto de seu comentário sobre a vitória de hoje da seleção contra a Venezuela –
“Pode ser que por saber de sua vantagem técnica assustadora a seleção de Moncho tenha relaxado e praticado um basquete menos solidário e mais antiquado que o que vínhamos vendo até pouco tempo atrás (o que é normal, diga-se de passagem). Os tiros de três voltaram a vir com força (22, contra 40 de dois), o jogo de garrafão não foi tão forte (26 pontos e poucos touches para Tiago Splitter) e 19 erros. Como disse antes, contra a Venezuela, dá. Contra times de alto nível, não.”
E se menciono esse trecho de um ótimo comentário, o faço para democraticamente discordar de uma única frase- Pode ser que por saber de sua vantagem assustadora a seleção de Moncho tenha relaxado e praticado um basquete menos solidário e mais antiquado que o que vínhamos vendo até pouco tempo atrás(o que é normal, diga-se de passagem).(…)
E discordo por não aceitar que uma seleção nacional se acomode em nenhum momento de nenhuma partida, seja com que adversário for, estando um ou cinqüenta pontos à frente, estando classificada ou não, ou mesmo disputando uma chave de perdedores, pois nestas ocasiões de confrontos internacionais por que tanto clamamos, não podemos perder tão raras oportunidades de conceituar um grupo de jogadores, dirigidos por uma competente comissão técnica( pressupõe-se…), como uma verdadeira e uníssona equipe de uma das mais complexas modalidades desportivas existentes, praticantes de um jogo inteligente e arguto, onde os melhores devem ser definidos apenas como bons.
O que ocorreu, e vem ocorrendo de a muitos anos, é a teimosa insistência de que o sistema padronizado e globalizado deva ter continuidade, assim como os desmandos individuais e narcisistas de uma geração formada e instruída sob o signo dos arremessos de três, e das enterradas (O Varejão no jogo de hoje tomou dois tocos, idênticos aos que costuma distribuir entre seus adversários, só que os tomou…do aro da cesta!), sigam uma caminhada onde recaídas a um novo sistema sempre superarão “sistemas e filosofias de jogo” contrárias a seus hábitos e atitudes, seja qual for o técnico que os liderem, nacionais ou estrangeiros. E assim agem identicamente ao corporativismo que os unem a técnicos nacionais, todos no mesmo barco na busca de equipes onde possam atuar e auferir difíceis salários a cada temporada, aspectos facilitados pela homegeneizada pasteurização da forma de treinar, jogar e se comportar nas diversas equipes que os vêm acomodando nos últimos e longos anos.
Infelizmente esse vicio também tem lugar cativo nas seleções, que mesmo exaustivamente treinadas visando um comportamento técnico tático atualizado e moderno, volve a qualquer e mínimo pretexto à maneira tradicional de jogar, onde individualismos quase sempre irresponsáveis, excluem o coletivismo como ideário de uma verdadeira equipe de alta competição, pelos “brilhos que levantam as torcidas”, e que se transformam nas verdadeiras atrações do jogo, “os arremessos de três e as enterradas”, que são as ações propostas e pedidas por comentaristas e narradores televisivos.
E o jogo de hoje demonstrou tacitamente esta tese quando do segundo quarto em diante, e já com vinte pontos de diferença, a equipe se transformou na mensageira do óbvio, da forma aceita por todos em seus clubes, desde a formação, exceto aqueles, que por força de seus longos estágios europeus, experimentaram na forma de jogar um pouco da mensagem proposta insistentemente pelo Moncho.
E essa constatação somente será modificada através futuras gerações de jogadores bem formados por técnicos e professores orientados ao novo, ao desconhecido e temido mundo da criatividade, alcançado e conquistado através o estudo, a pesquisa e o mérito comportamental, ético e técnico tático.
Por tudo isto é que devemos repudiar relaxamentos e acomodações, principalmente em se tratando de seleções, sejam municipais, estaduais e nacionais, por serem todas elas o destino dos bons, apenas bons, que sonham atingirem a classe dos muito bons, dos ótimos, dos craques, dos mitos, dos exemplos a serem seguidos pelos que se iniciam, como um moto contínuo desejado, mas difícil e quase impossível de ser alcançado, mas sempre tentado.
No jogo de logo mais com a Argentina, teremos de nos adaptar aos novos conceitos, ante uma equipe que os praticam desde a formação de base, e que mesmo ao se situarem atualmente em uma fase de transição e renovação, que como tal reservam derrotas e experimentações, merece respeito e consideração, merece que os enfrentemos sem os relaxamentos e as acomodações que testemunhamos no jogo de hoje, sob a pena de vermos escorrer por entre os dedos uma rara oportunidade de crescimento técnico e de afirmação tática.
Espero ansioso que o bom senso prevaleça, apesar da fragilidade de reposição e reserva mais do que comprovada, de um seleção mal convocada, e muito mal assessorada.
Desejo sucesso ao Moncho, apesar dos obstáculos formativos que tem encontrado pela frente.
Amém.
Ola Professor Paulo Murilo,
Acabo de assistir o jogo do Brasil contra a Argentina aqui pela telinha do computador. Pelo que eu pude obervar vi uma Argentina patetica e acefala. Sinceramente, nunca vi uma equipe Argentina tao fraca. Pelo lado do Brasil, vi uma equipe solidaria, em que podemos observar que os jogadores, pelo menos os mais importantes, estao querendo jogar juntos, mostrar jogo e estao se dedicando e se entregando.
Hoje ficou claro para todos que percebem o grande jogo o quanto o Brasil carece de banco para a posicao de armador e pivo e a importancia do Varejao e do Huertas para esta equipe. Vencemos, conseguimos superar a ma arbitragem e a catimba dos Argentinos devido as performances de 2 jogadores e 3 coadjuvantes com uma mencao honrosa para o Guilherme.
O volume e producao do Brasil em termos de pontuacao, os altos e baixos de nossa equipe durante o jogo e a falta de opcao do banco para estes momentos me preocupam mas isto e coisa para o Mocho resolver…
Saudacoes. Ate breve
Sim Walter, estes são os nossos problemas, reservas a altura, principalmente na armação e nos pivôs. No artigo de hoje tento relacionar argumentos que possam explicar esses óbices na seleção, torcendo para que sejam resolvidos, pois no Mundial essa moleza ofensiva será contestada ao máximo. Um abraço, Paulo.