ENFIM VENCEMOS…
Bola que sobe, domínio brasileiro iniciando seu primeiro ataque, interrompido aos 10 seg. com um arremesso de três do Alex que nem no aro tocou. Gelei na cadeira, pois naquela atitude nosso jogador tentava estender, num intervalo de 24hs , a serie vencedora de três arremessos conseguidos no quarto final do jogo contra a Venezuela, como se as condições de véspera valessem para hoje, como se o rompimento com o sistema de ontem, evoluísse para hoje. Enfim, arriscou um blefe que poderia ter prejudicado, de saída, a equipe em que joga.
Mas recuou em suas intenções, para daí em diante colaborar efetivamente para a vitória longamente acalentada, fazendo uso de sua boa postura defensiva no controle do armador Prigioni, não permitindo que o mesmo se assenhoreasse do controle da partida nos vários momentos em que fraquejamos dentro e fora do perímetro.
Após um primeiro quarto equilibrado, e um inicio de segundo onde o Huertas começou a ser pressionado seguidamente, o ritmo e a qualidade do jogo decresceu flagrantemente, expondo o erro primário na convocação, de não poder dispor a equipe de um outro armador experiente, o que ocasionou uma sub utilização dos nossos pivôs para as conclusões próximas à cesta, e o pior, obrigando-os a virem fora do perímetro participarem de armação e conclusão de jogadas. Mas nos dois minutos finais desse quarto, uma série de ataques argentinos falhos nas conclusões, propiciaram quatro ou cinco contra ataques que nos levaram à diferença de dez pontos ao final do primeiro tempo.
Os argentinos, irreconhecíveis em sua tradicional disposição à luta, pareciam amorfos e fora da realidade do jogo, e mesmo assim mantinham uma diferença administrável que variava entre os seis e dez pontos por todo o terceiro quarto. De nossa parte, a pouca utilização dos pivôs no ataque, era compensada pelos rápidos contra ataques liderados pelo Leandro e pelo Alex, com a participação de um eficiente Huertas, que compensava sua fragilidade defensiva com uma presença ofensiva elogiável.
Tal panorama pouco se alterou no quarto final, onde uma efêmera reação platina tropeçou na quinta falta de seu jogador mais eficiente, o Scola, talvez o único realmente em forma física e técnica, contrastando com a forma medíocre de seus companheiros.
Vencemos um jogo em Banho- Maria, contra uma Argentina descaracterizada e nitidamente desentrosada, mas sempre uma equipe com gloriosas e recentes conquistas. E a vencemos fazendo jogar somente sete jogadores, praticamente a metade de toda a equipe, numa demonstração para lá de explicita, pois fica evidenciada a cada jogo disputado a pouquíssima confiança do Moncho para com os reservas quando os jogos se apresentam difíceis e decisivos, todos endossados pelo mesmo em suas convocações, fator preocupante para o restante da competição, onde os jogos tendem a se tornar complicados pelo fator classificatório para o Mundial.
E mesmo que críticas possam vir a desabar em minha cabeça, mantenho a posição inicial de que a muito tempo não via uma seleção tão mal selecionada, principalmente se observarmos os critérios de escolha de sistemas ofensivos com alto controle de movimentos e posse de bola, em contrafação aos jogadores escolhidos, pois antagônicos taticamente, onde o fator de armação peca pela ausência de pelo menos um substituto do Huertas, no caso de atuarmos com armação simples, pecando muito mais drasticamente se optarmos por uma dupla armação. Mesma situação quanto aos pivôs, cuja opção atual de jogarmos com o Spliter e o Varejão em quadra, atuando em velocidade e constantes deslocamentos, não encontramos no banco um jogador sequer que se situe nos mesmos padrões físicos e técnicos daqueles titulares, fator de quebra de ritmo quando um deles tem de deixar a quadra, o que ocorreu hoje na metade inicial do segundo quarto.
Quanto à dupla armação, tão criticada por muitos, principalmente agora quando vencemos os campeões olímpicos (será que os vencemos mesmo, de verdade?…), num momento de transição idêntica a que viemos passando nos últimos anos, não deve cair no esquecimento, pois, tanto no desenrolar desta Copa, como nos embates futuros no Mundial, um único armador será facilmente anulado pelas equipes européias e a americana, todas atuando com dois, e até três em determinadas situações, vide Porto Rico quando nos derrotou por duas vezes no fatídico Pré Olímpico passado. Aqueles entendidos que teimarem na negação dessa evidência, de certo não alcançaram, para começar, a proposta do Moncho, ele mesmo, quando aqui chegou, e emplacou o atual sistema que somente vingará sob dupla armação, e ele sabe disso, melhor do que essa turma que se diz especialista em estratégias,e sequer sabem definir ou determinar a origem dos sistemas triangulares, pois na realidade são e agem como simples torcedores. Quem duvidar, basta esperar.
O Moncho terá, se continuar na direção da seleção, bancar ele próprio as convocações, apartidárias, apolíticas, e principalmente meritórias, independendo de idades e de interesses pouco claros. Terá de acompanhar os jogos da Liga Nacional, pois os que estão lá fora são esses mesmos que estão agora compondo e liderando o grupo, e são somente quatro. Os demais, ou seja, 2/3 da equipe jogam no país, e a maioria absoluta dos mesmos não está presente nesta seleção, fruto de uma convocação pífia e injusta, pois jogadores infinitamente melhores, veteranos ou não, ficaram de fora, e nem sequer puderam lutar por uma das vagas em quadra. Se jogamos esta Copa America, nos jogos para valer, com sete jogadores, por que que motivos não o fazemos com pelo menos dez? Respondam os gênios das pranchetas, porque?
Os quatro que aqui estão, com os mesmos problemas profissionais dos demais estrangeiros toparam defender o país, e merecem sinceros parabéns, mas os que aqui jogam e labutam, inclusive em condições infinitamente inferiores aos que atuam no exterior, porque não são prestigiados quando são superiores tecnicamente à maioria do que hoje vestem a camisa brasileira? Por que?
Creio que todos sabemos as respostas, mas a omissão tem muita força entre nós. Oremos pelo sucesso e pela classificação cada vez mais factível.
Amém.
Olá Prof. Paulo Murilo, tudo bem?
Sou um amante do basquete e sempre acompanho todos os sites de basquete. Gosto muito de ver seus comentários técnicos.
Você afirmou no texto acima, que a convocação da seleção brasileira deixou de fora jogadores veteranos ou não. Posso saber, quais os jogadores que gostaria de vê-los (veteranos ou não!)na seleção brasileira?
Se quiser me responder no e-mail, fique a vontade.
Um grande abraço e parabéns pelo blog.
Não vejo porque não responder a você aqui no espaço Ricardo, afinal, a sua pertinente pergunta foi feita utilizando democraticamente o mesmo.Dois artigos atrás,VALE O QUE ESTÁ ESCRITO… mencionei alguns dos veteranos e alguns jovens que poderiam, ao menos, disputar, também democratica e técnicamente uma posição na seleção, mas foram obstados por uma política convocatória que tem de tudo, menos atender os reais e verdadeiros interesses do basquete tupiniquim, pois temos alguns pseudo pagés que tudo podem, e só cometem asneiras, também pseudamente em nome dele.Duvido, que se existisse entre nós uma associação de verdadeiros técnicos, verdadeiros professores, reconhecidos e respeitados, que essa cambada de apaniguados e oportunistas jogassem, como vêm jogando nos últimos 20 anos com o nome e o prestigio do grande jogo entre nós.Um abraço,
Paulo Murilo.
Ola Professor Paulo Murilo,
Infelizmente eu nao posso opinar em relacao a convocacao da equipe para a Copa America, particularmente em relacao aos jogadores brasileiros que nao foram convocados para a posicao de armador.
Porem esta claro para quem desejar “ver” de que o Brasil participa de uma competicao como a copa america, de nivel bem inferior ao campeonato mundial e Europeu, com apenas 7 jogadores mesmo ganhando jogos de 15 a 20 pontos. Sera que o Brasil nao tem condicoes de selecionar uma equipe de 9-10 jogadores que possam contribuir alguns minutos todos os jogos? Se os que la estao nao tem condicoes para tal, entao acredito que podemos questionar a convocacao do selecionado? Voce nao concorda?
Pudemos observar o que aconteceu com a equipe do Brasil quando o Varejao e o Huertas foram substituidos – a diferenca de 22 pontos caiu para 6.
Acredito que em jogos mais duros e mais competitivos a media de minutos por jogo de nossos jogadores mais importantes tera que ser reduzida especialmente em competicoes onde se joga diariamente. e onde os jogos sao mais fisicos e mais pesados.
Contra o Panama,teremos a oportunidade de observar o jogo de transicao do ataque para a defesa do Brasil, pois como a Republica Dominicana, Panama e Ilhas virgens gostam de correr e contra-atacar.
Em relacao ao jogo da Argentina, estou contente com a vitoria, porem esta e a pior equipe Argentina que eu vi jogar nos ultimos anos – nao mostrou nada – nao tem defesa, ataque, contra-ataque, etc. Enfim esta equipe Argentina HOJE e uma vergonha!
Professor – Ate breve.
Questionar esta convocação Walter? É o que tenho feito sistemáticamente, mas…
Mas o que? perguntaria você. Bem, no momento que os cardeais a meses da Copa dão entrevistas como já previamente convocados, têm paginas e acessores na internet dando conta de suas performances, além da cobertura televisiva e jornalistica montada em torno de suas personalidades, e que, de forma auto promocional desfilam suas versáteis aptidões, inclusive como armadores, que chances restariam aos verdadeiros armadores que possuimos no país? Resposta? Nenhuma. Infelizmente o marketing pessoal e politico, e lógico, o econômico, ainda dão as cartas por aqui. Mas dia virá, em que o mérito será o critério prioritário, das comissões às convocações, pois é o único caminho que nos levará ao soerguimento sustentável da modalidade.
Um abraço Walter. Paulo.