CORREÇÕES DE ROTA…
Durante três quartos somente dois arremessos de três foram executados livremente, pois mesmo sendo tentados sofriam forte marcação, restando aos portorriquenhos a opção de penetrações até certo ponto facilitadas, e bloqueadas na maioria das vezes. Essa ausência de eficiência nas conclusões de longa distância permitiu um bom distanciamento no placar, pois a troca dos três pontos largamente tentados se transformou em conquista suada e dificultada em arremessos de dois, principalmente quando foram tentados bem próximos a cesta, onde nossos pivôs se fartaram em bloqueios e retomadas de bola.
E fomos levando o jogo bem administrado e eficiente nos ataques e contra ataques, até que…
Bem, parece roteiro de novela com os chavões de praxe, já que previsto e monocórdio, pois a nossa maior e mais grave deficiência assinou o livro de ponto, quando da saída do Huertas um pouco antes da metade do quarto final, indo o Marcelo para a armação com sua proverbial inabilidade nessa função.
E em dois minutos os portorriquenhos ficaram a quatro pontos de diferença, pois três tentativas de três falhadas do armador interino propiciaram o mesmo número de contra ataques bem finalizados pelos donos da casa. Dura realidade é que naquela altura do quarto final, faltando 1:44 min. o placar era de 21 x 9 para a equipe do Ayuso.
Com as voltas do Alex e do Huertas, a equipe se reequilibrou um pouco, o suficiente para vencer por um ponto ante a derradeira falha de um arremesso de três dos portorriquenhos, quando somente necessitavam de dois pontos para vencer a partida, e sequer tentaram uma penetração na busca de uma possível falta pessoal.
Vencemos o jogo e alcançamos o título de forma justa e indiscutível, título este de grande valor num momento que a modalidade tanto necessita de projeção e reconhecimento, principalmente junto aos jovens.
Mesmo assim, alguns poderosos fatores terão de ser repensados se pretendermos algo de positivo para o Mundial do ano que vem.
É inadmissível uma equipe nacional ser composta de jogadores que podem participar de todos os jogos, e outros não, graças a uma convocação equivocada e política.
É temerária a presença de um único armador de ofício no plantel, pois ficou mais do que provada a enorme queda de produção e conseqüente fragilização da equipe com as raras saídas do Huertas de quadra, já que seus dois previstos substitutos na função, o Leandro e o Marcelo, não têm características e habilidades próprias de um armador, por serem, conjuntamente com o Alex, alas, eminentemente, alas. Em torneios onde seleções poderosas defensivamente comparecerão, como o próximo Mundial, esses jogadores serão presas fáceis quando em funções de armação, pois não possuem a ambidestralidade exigida para as funções.
Outrossim, a lamentável dicotomia da equipe, dividida em dois grupos de jogadores, habilitados uns e outros não, de participarem dos jogos chaves, comprometeu o principio fundamental de toda e qualquer equipe desse nível, a de que todos os seus componentes se situem num patamar que os qualifiquem a participar, indistintamente de serem titulares ou reservas, de todos os jogos, e contra quaisquer das equipes em disputa, não se justificando, sob qualquer análise, que tenhamos somente sete jogadores prontos e nivelados, principalmente em uma competição internacional.
De todo modo, a vitória na Copa América e a classificação para o Mundial tem de ser louvadas e aplaudidas, já que inauguram um novo ciclo visando o soerguimento do grande jogo entre nós, e que precisamos como nunca dar continuidade a esse processo, a esse novo caminho, objetivando um futuro promissor para o nosso basquetebol.
Parabéns a todos.
Amém.
Professor Paulo Murilo,
Vitoria justa do Brasil – Foi a melhor equipe durante a competicao. Esperamos que o preparo e a convocacao do selecionado para o mundial seja feito de uma maneira mais efetiva.
Ate breve.
Prof. Paulo Murilo,
Entendo que os dois pontos citados (apenas um armador no elenco e falta de banco) foram as grandes falhas dessa seleção no torneio. Esperemos que, passada a euforia da vitória, possamos ter um técnico acompanhando de perto nosso basquete para que não se repitam no Mundial (que será MUITO, MUITO mais difícil) os erros cometidos nessa Copa América (que a vitória não mascare os problemas).
Na final da Copa América, conforme seu comentário (e anteriores), o Brasil fez duas coisas simples, básicas e eficazes: controlou o jogo (não caindo na correria de Porto Rico) e trocou os arremessos de 3 pontos de Porto Rico por tentativas de penetrações e arremessos de dois. Funcionou 100% no 3 primeiros quartos e, no último, devemos dar o desconto da pressão de jogar contra a torcida, um bom grupo de jogadores portorriquenhos (apesar de não formarem uma grande equipe) e do cansaço de nossos jogadores (última partida do torneio com inúmeros jogos seguidos com pouquíssima rotação).
Sds.
“costarriquenhos” !?!?
Professor Paulo, na linha seis do texto, corriga para Portoriquenhos e não costariquehos ! Um abraçao ! Lerei agora até o final !
Torço também por estas providências, a começar pela privacidade de comando. Delegar poderes técnicos, táticos e de formação de equipes têm de ser bem pesados e pensados.Os trinta e tantos anos ou mais de pura experiência que separam técnico de assistentes, os colocam em seus devidos lugares. Seleções nacionais não são destinadas a principiantes, por mais talentosos que sejam, ou se julgam ser. Primando pelo comando e pela hierarquia, temos bons motivos para melhorar no cenário internacional. Um abraço Walter, Paulo.
Obrigado Henrique, mas escrever artigos madrugadas a dentro às vezes nos pregam boas peças. Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Fernando, desculpe o erro geografico.Já justifiquei-o com o Henrique.Paulo Murilo.
Perfeita análise JDinis. Assim como você torço para que tais erros não se repitam, pois no nível de um Mundial eles serão fatais.Um abraço, Paulo Murilo.
Olá Prof. Paulo Murilo,
Pesquisando na internet, encontrei o seguinte artigo do técnico espanhol Aíto Garcia, datado de 1985!:
http://personal.telefonica.terra.es/web/aito/aula.htm
Gostaria de saber qual a sua opinião a respeito, grato sempre
Fábio /SP
Prezado Fabio, obrigado pelo envio do artigo do Aito, um dos pioneiros espanhois na utilização prática da dupla armação, fundamentado nos mestres universitários norte americanos que a utilizaram, e ainda utilizam, haja vista a escalação clássica ainda mantida, inclusive pela midia americana, em two guards, two fowards, one center.O conceito do Aito privilegia os dois segmentos de jogadores fora e dentro do perímetro, com ações livres ou codificadas, ambas envolvendo muito treinamento e estudo. Aqui em nosso país desenvolvi tal sistema, obedecendo os principios que o norteiam, ou seja, a concepção técnico tática montada e desenvolvida em torno das habilidades naturais ou adquiridas pela pratica dos fundamentos, a fim de que tais potencialidades individuais fossem realçadas, em torno do ideal coletivista que marca as boas e bem treinadas equipes.Quando da publicação do artigo com video, você poderá entender o porque tanto defendo tal sistema, cuja leitura desse excelente artigo do Aito o colocará de frente e dentro do mesmo. Mais uma vez obrigado.Um abraço, Paulo Murilo.