PADRONIZANDO E FORMATANDO O LIVRE PENSAR…
Respondendo a uma pergunta sobre a Escola Nacional de Treinadores, feita pelo redator do News Flash , Alcir Magalhães Neto, o técnico Lula assim se manifestou:
Prezado Alcir
Atendendo sua solicitação,informo aquilo que sei e participei do projeto até
agora:
1- a criação da Escola nacional de Treinadores está sendo feita pela CBB,com
parcerias do COB,LNB,CREF e APROBAS.
2- Para coordenar todas as muitas ações que serão necessárias p/ que a idéia sai
do papel, a CBB designou o Prof.Diego Jeleilat,membro das comissóes técnicas da
entidade.
3- Serão criadas várias comissões de trabalho e inúmeros técnicos serão
convidados.
O caminho é longo e de muito trabalho e todos os técnicos de basquete precisarão
dar sua contribuição p/ uma iniciativa que irá beneficiar enormemnte a
modalidade.A grandeza do projeto não permite a paternidade de ninguem e com certeza
nenhuma produção será desprezada.Lembro tambem que a CBB que tem as informações
oficiais;aquilo que coloquei são meus pontos de vista pessoais.
um grande abraço
Lula
Em 18/11/2009
Como vemos, uma parceria formada pelo COB, LNB, CREF, e APROBAS, com a CBB, dará partida à Escola Nacional de Treinadores, e um pequeno parágrafo define o projeto:
(…)”A grandeza do projeto não permite a paternidade de ninguém, e com certeza nenhuma produção será desprezada”.(…)
Uma pequena pérola de cinismo, pois o pai já está definido, o preparador físico Diego Jeleilat, acessorado pelos demais “pais”,os técnicos que dirigem as equipes da LNB, a turma basqueteira(?) do COB, o grupo fechado da APROBAS, e pasmem, a turma inventora dos Provisionados( muitos deles técnicos de clubes e seleções brasileiras,sem nunca terem passado por um curso superior de Ed.Fisica…), o CREF.
E à partir de tais definições, onde uma verdadeira e democrática associação de técnicos deveria ser a tradutora dos anseios do basquetebol brasileiro na formação e desenvolvimento de uma autêntica Escola de Treinadores, proponho uma definitiva reflexão sobre as entidades que ora se arvoram em criadoras da escola, e para tanto sugiro algumas leituras:
-Comecemos por uma reportagem no O Globo de 17 de novembro, onde o presidente do COB afirma- (…)”É preciso preparar atletas para 2016 e fazer com que eles tenham bons resultados. Vocês (jornalistas)podem analisar quais os esportes que não vão chegar lá (2016). Tem de ser franco e não adianta gastar dinheiro com quem não tem condições de chegar”(…). Ou seja, o legado desportivo educacional que se lixe, pois o que importam são os resultados de um ou de outro atleta ou equipe, e não um projeto, ou mesmo uma política desportiva para os jovens brasileiros, tendo como parâmetro motivador uma Olimpíada realizada em solo pátrio. Mas garanto que as verbas com empreiteiros, marqueteiros, publicistas, empresas nacionais e estrangeiras para administrar os jogos, e outras mais especificas, serão alocadas com precisão cirúrgica e devidamente superfaturadas, pois o transfer é sagrado para essa turma do barulho. Vale a pena ler a reportagem completa.
-Outra leitura, e esta é obrigatória, descobri por acaso navegando em sites de universidades brasileiras, quando abri o da UFF, em suas página da Faculdade de Educação, e seu curso de mestrado em educação. Lá tive o enorme prazer de tomar contato com uma tese de dissertação sobre “Sistema CONFEF/CREFS:a expressão do projeto dominante de formação humana na Educação Física” , defendida em 2006 pela mestranda Adriana Machado Penna, no mestrado da UFF. Trata-se de um estudo muito bem estruturado sobre esse conselho que afastou a educação física das escolas em seu aspecto formador de cidadania, transferindo-a para a iniciativa privada voltada à industria do corpo, e que agora se insinua na formulação dos currículos das escolas superiores formadoras dos futuros professores, enfoques estes que venho abordando desde o nascimento deste blog.
-Quanto à LNB, o que podemos sugerir é algo muito vago, pois nada publicam de valor técnico, mesmo o conselho formado pelos técnicos responsáveis pelas equipes do NBB, que agora manifestam a parceria com a CBB para a formulação da escola de treinadores.
-Finalmente, a APROBAS, uma associação de técnicos paulista, que jamais decolou em caráter nacional, a não ser sua estreita relação com o departamento técnico da CBB, para o qual promove clinicas em alguns estados do país, jamais se interessando na ampliação em caráter nacional, provando com tal deficiência que o caminho associativo deve ser iniciado estado por estado, para aí sim, alcançar a criação de uma associação nacional.
Enfim, este é o panorama que se descortina no nascedouro da Escola Nacional de Treinadores, onde os verdadeiros formadores e professores do grande jogo estiveram, estão e estarão sempre fora do processo criativo, já que sempre professaram o ensino generalista, democrático e ético, contrários às teses de padronizações e formatações, que fazem parte de um processo centralizador e elitista, atrelado a interesses corporativistas contrários ao reencontro do nosso basquete com sua vocação baseada na técnica criativa de nossa gente, e que nos levou ladeira abaixo nos últimos vinte anos.
Lamento profundamente tanta falta de bom senso, afogado em tanta pretensão e arrogância de uns poucos que nunca foram eleitos por seus pares, para exercerem uma procuração a que não têm direito e muito menos competência.
Pobre futura Escola Nacional de Treinadores.
Amém.
E quem tem que sofrer calado (e até mesmo inconsciente do que padece) são os jovens jogadores que queremos levar à 2016. Rezemos para que tudo se ajeite à tempo. E parafraseando-o, Amém!
Gostaria nesse momento Diego, transceder as orações, substituindo-as por um grito indignado que ecoasse pelo país afora, um grito motivador que unisse a grande maioria silenciosa e sacrificada de técnicos e professores tão indignamente esquecidos. Essa turma não pode continuar singrando o mar da indiferença, impunes e arrogantes.Um basta se faz necessário, cuja omissão nos levará, a todos, a um caminho definitivamente sem volta. Me nego ao silêncio, nem que tenha de continuar o bom combate sozinho. Unamo-nos e nos ajudemos,pois merecemos, todos, sermos ouvidos e respeitados.Não acredito que essa corriola aguente o tranco se confrontados com fatos, estudo e muito trabalho.Reajamos, o basquete, nossos jovens, a educação, pedem socorro.
Paulo Murilo.
Professor, se eu quiser virar “técnico de verdade” terei de passar pela escola de técnicos agora ?
Esta é uma grande dúvida.
Um abraço !
E quem vai julgá-lo Henrique? Essas piadas fantasiadas de donos de uma escola que sequer desconfiam como estabelecer um currículo? Espere pelos acontecimentos para constatar quão ignorantes são a respeito do grande jogo. Não ousarão a tanto. Paulo Murilo.