REVERTENDO…

“ Olha pessoal, olha, faltam 18 segundos e vamos sair do meio da quadra. Você tira o lateral, você  bloqueia o fulano que recebe a bola com firmeza. Abram os quatro, se movimentem, e batam pra dentro se der. Temos tempo, mas não dêem tempo para eles. Vamos que dá” …

E o fulano recebe a bola, ultrapassa o meio da quadra, se defronta com o marcador, foge para a lateral driblando, e… o desastre, tenta uma reversão, a bola é tocada pelo defensor que parte para a dividida, leva vantagem e salta para a enterrada consagradora, deixando o fulano estendido no solo. Fim de jogo e vitória por dois pontos, num jogo que sua equipe liderou por quase todo o tempo.

Esse foi o desfecho de Paulistano e Londrina, com a equipe paulista vencendo um jogo que parecia perdido. Imprensa e comentaristas tecem loas ao defensor e seu  bote salvador e a enterrada maravilhosa, mas em momento algum comentaram ou analisaram, mesmo de leve, o que realmente aconteceu de real valor técnico, mesmo originando uma derrota, numa demonstração inequívoca de total desconhecimento sobre os fundamentos do grande jogo, pequeno, muito pequeno para eles.

Foi uma sucessão de erros, a começar pelo técnico que ao final do jogo manteve o discurso tático, da jogada orquestrada, da prancheta rabiscada, do comando absoluto das ações e dos comportamentos. Da completa ausência de menções posicionais e comportamentais dos defensores, principalmente daquele que estava marcando seu armador principal, com muitos centímetros a mais de estatura, e com uma envergadura desproporcional, cobrindo um espaço lateral considerável, quando em hipótese alguma deveria deixá-lo isolado no enfrentamento, sem uma ajuda próxima, de um outro armador preferencialmente, pois afinal de contas, a progressão longitudinal à cesta deveria ser o objetivo a ser alcançado, e não o 1 x 1 desigual.

E porque desigual? Recordemos alguns princípios de fundamentos ( guarde-os bem, jovem armador…), arsenal básico da formação, e consequentemente, a ser empregado e cobrado na execução, na competição.

A reversão, movimento de mudança de direção calcado no giro de 360º em torno do defensor, com imediata troca de mãos e conseqüente domínio reverso da rotação da bola, movimentos estes sincronizados e concomitantes, somente poderá ser executado com sucesso situando-se o atacante o mais próximo possível do marcador, preferencialmente dentro da área ocupada pelo mesmo, a fim de que sua recuperação se torne um tempo mais lenta que a ação a que está sendo submetido, e que ao final do movimento tenha alcançado a lateralidade do defensor, ultrapassando-o irremediavelmente.

Mas eis que o defensor, muito mais alto, com envergadura espacial e lateral avantajada, e se colocando um passo atrás no momento que enfrentava a reversão, afastou de si o contato ofensivo, reagiu em sincronia com a ação ofensiva, e teve todo o espaço necessário para, por força de sua amplitude de envergadura lateral, tocar na bola exposta sem proteção à sua frente. Daí para diante, e fazendo jus a passadas mais largas inerentes aos homens altos, ganhar espaço na disputa dividida, dominar a bola e partir para a cesta decisiva.

Dois erros sucessivos, apesar de afastados por alguns anos de maturação. O da formação sem o detalhamento de execução, de sincronização, sem a concomitância de movimentos, sem a análise de exeqüibilidade ante defensores biotipologicamente superiores, como se o complexo movimento se adequasse a qualquer defensor, a qualquer situação, situando-o muito mais no aspecto feérico do que técnico tático, todos, rigorosamente todos, princípios a serem treinados e alertados em sua execução pelo técnico da equipe, e treinados consciente e exaustivamente pelos jogadores, todos os jogadores.

O outro, de um erro corriqueiro de nossos técnicos, de sempre privilegiarem ações táticas, “jogadas especiais”, em detrimento das ações de alta capacitação individual nos momentos cruciais de uma partida, onde o domínio dos fundamentos se faria mais presente e decisivo, e muito mais demolidor se desenvolvido por toda a equipe, capacitada e treinada para estes momentos, quando uma disparidade física, com o foi o caso, seria perfeitamente contornada pela presença muito próxima de um outro armador, o que dispensaria uma reversão mal executada e imperdoavelmente não prevista.

Neste jogo, muitos erros de fundamentos ocorreram, principalmente por parte dos armadores, escancarando a necessidade imediata de aperfeiçoá-los treinando-os com afinco e muita dedicação, como recorda o Prof, Gil lá de sua longínqua Chicago num comentário feito no artigo precedente a este, e do qual menciono um trecho, em espanhol mesmo:

(…) “A proposito, Cuantas jugadas necesitara para cada partido ??, Cuanto tiempo le tomara en cada entreno ??

Le sugiero que mejor utilize su tiempo del entreno en que sus jugadores practiquen las destrezas individuales, pues en ultima instancia son las que le daran a sus jugadores la fortaleza psicologica-tecnico-tactica para enfrentar las contingencias inesperadas que se dan en un partido de basquetbol , permitiendole a usted como entrenador hacer los “ajustes” que considere pertinentes.”(…)

E depois de ouvir em alta fidelidade, (isso mesmo, cada técnico estava equipado com som hi-fi, onde palavrões foram silabados sem erros e desvios acústicos…) o técnico vencedor em um dos pedidos de tempo pedir a “jogada 35”, fico pensando que tempo precioso é perdido treinando as outras 34, em vez de ensinar, treinar e aperfeiçoar seus jogadores nos fundamentos. Acredito firmemente que teríamos jogos tecnicamente melhores, mas… e o brilho estratégico? E as pranchetas, como ficariam?

Creio, não, tenho a mais absoluta certeza, que esse é o caminho a ser trilhado, ou a ser corrigido, ou melhor, a ser pensado e reflexionado por todos aqueles que amam o grande jogo, e que seria a pedra filosofal da Escola de Treinadores, criada, organizada e desenvolvida por quem a entende, ama e anseia, os grandes técnicos deste país.

Amém.



17 comentários

  1. Carlos Alex Soares 01.12.2009

    Grande Paulo!!!

    fundamentos, fundamentos, fundamentos!!! Muito bom teus artigos…

    Eu tenho uma jogada chamada como 45 – não significa que tenha outras 44, mas sim a posição dos pivô e ala-pivô. Numeração, hoje em dia, é mais a forma como o técnico vê para ativar a memória dos atletas.

    Forte abraço.

  2. Basquete Brasil 01.12.2009

    Chifre, cabeça em pé, cabeça invertida,hangloose,punho,camisa, peito, hi low, coc, brasilia,21…35!!
    Se fizermos um levantamento preliminar, 35 será somente o começo, caro Alex. O importante é a equipe chegar jogando no ataque, pois 2, 3, 5 segundos perdidos com semáforos, podem significar vitoria ou derrota num jogo equilibrado.Nem a linguagem dos sinais para os surdos é tão pródiga quanto no nosso basquete, mas jogar com técnica individual apurada é que é a questão. Fundamentos sim Alex, este é o nosso real problema, o fator que nos inferioriza no cenário internacional, e cuja correção, por si só, já justificaria uma bem planejada escola de treinadores. Mas não esta que está sendo coordenada pela turma das pranchetas, dos sinais, das tais jogadas 35.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Fábio Barcelos 02.12.2009

    Professor é ótimo te ler novamente.
    Estive afastado da net por alguns dias e triste estava pelo Sr. Que a justiça triunfe no seu caso.

    Mas falando do artigo é tão simples quanto brilhante o seu raciocínio. Nós (treinadores) queremos ter mais brilho que os verdadeiros protagonistas (os atletas), quando na verdade a arte do nosso trabalho é minuciosa, trabalhada a cada correção de movimento técnico, assim como um professor corrigindo cada cálculo ou erro ortográfico de seu aluno e não com espetáculos coreográficos.

    Enfim é ótimo te ler novamente.

    Fábio Barcelos -ABASCA

  4. Basquete Brasil 03.12.2009

    Obrigado Fabio, também é muito bom continuar a tê-lo como leitor, sempre interessado no progresso do basquete.
    Sem dúvida alguma nossas funções junto aos jovens transcedem a técnica, e se coadunam com a tarefa de um professor, quando os mais ínfimos detalhes de execução de um fundamento se tornam de transcedental importância. É um trabalho lento, acurado, individualizado e especial, onde o foco exclusivo é personificado na figura do jovem jogador, sua evolução, seu aprendizado atemporal, e jamis centrado na imagem de um técnico, estrela fulgurante de uma peça bufa e muitas vezes imperdoavelmente ridícula.
    E ainda existem pessoas que defendem padronizações e formatações na formaçãpo de base. Um absurdo.
    Um abraço Fabio. Paulo Murilo.

  5. Gil Guadron 03.12.2009

    PARA ENTRENADORES DE EQUIPOS DE FORMACION.

    La eterna discucion

    En el ataque existen algunas posiciones , quizas diametralmente opuestas , en lo referente al como enfrentar un partido de basquetbol desde el punto de vista ofensivo:

    1- Los entrenadores a quienes les gusta tener las situaciones bajo su control, predominando los ataques fijos o jugadas estereotipadas ,y

    2- Los entrenadores que creemos que solamente los jugadores ahi en la cancha frente a las situacion real, concreta del partido, deben tomar sus propias desiciones y les permitimos a los jugadores una gran libertad para tomar la desicion adecuada.Predominando el llamado juego libre, es decir con ninguna o muy pocos movimientos esteretipados o jugadas fijas.

    Una tercera corriente , mixta o eclectica que seria el iniciar con un ataque fijo y si no funciono ” juega libre “. O inicia con juego libre y en los ultimos minutos pone en practica su “jugada estereotipada”.

    Existen entrenadores exitosos , al margen de la posicion filosofica, pero es mi percepcion que cada dia mas y mas entrenadores se incorporan a la posicion del juego libre.

    Formo parte de la segunda posicion o corriente, la del llamado juego libre , esto significa el promover la — lectura de la situacion a la que se esta enfrentando en ese momento bien particular del partido , y el accionar la respuesta — . Lo que es equivalente al desarrollo de los procesos perceptuales y la toma de desiciones de nuestros jugadores.

    Partiendo de ese punto de vista, la tarea en los entrenos debera ser : practicar, practicar y practicar posibles escenarios/ situaciones que se puedan presentar en el partido, bajo nuestra direccion y con una retroalimentacion constante.

    Y esos escenarios/situaciones solo podran ser enfrentadas exitosamente si hemos dedicado gran parte de nuestro entreno a la practica y dominio de los fundamentos hasta en su mas minimos detalles, dentro de situaciones lo mas cercanas posible a la realidad con la que enfrentaran nuestros jugadores en el partido.

    En el basquetbol los pequeños grandes detalles, son realmente grandes.

    Respetuosamente.

    Gil Guadron

  6. Gil Guadron 03.12.2009

    Fe de errata.

    Mil disculpas.

    En el cuarto parrafo que inicia con : Una tercera corriente… debera leerse segundos y no minutos como aparece escrito.

    Gil Guadron

  7. Basquete Brasil 03.12.2009

    Querido Gil, o que escreves? Juego libre? Logo agora que uma elite de pseudos técnicos, encastelada na CBB preconiza a padronização e formatação de nosso basquete, e em todas as categorias e faixas etárias?
    E o que farão com seus conceitos centralizadores e pranchetas mágicas?
    Juego libre amigo Gil é para técnicos de verdade, e não para vaidosos e colonizados preguiçosos, para os quais estudo, pesquisa e mérito são para os ” intelectuais”.
    Sempre preconizei o jogo livre, que somente é alcançado após muito trabalho, muito e muito trabalho, pois toda liberdade tem um alto prêço a ser pago, principalmente na esfera criativa.
    Continuemos na luta, pois quem sabe um dia…
    Abração Gil. Paulo.

  8. Diego Felipe 03.12.2009

    Fundamentos, fundamentos e mais fundamentos… será que o nome quererá nos dizer alguma coisa? Fundamento vem de fundamental, e os técnicos parecem não saber nem mesmo nossa língua. Muito bom o artigo, professor, obrigado pela menção 😀 e realmente muito útil para mim, já que tenho certas desvantagens físicas em relação a outros armadores.
    E desculpe a demora em voltar a acompanhar o blog, é que estou totalmente sem tempo, dedicando-me aos estudos, pois farei a segunda fase do vestibular da Universidade Federal do Ceará daqui a pouco mais de uma semana.
    Deseje-me sorte. Desejo sucesso ao senhor.
    Abraços

  9. Basquete Brasil 03.12.2009

    Sorte não o fará aluno da UFC, e sim conhecimento e mérito. Estude, passe e siga seu caminho de futuro formando numa universidade federal, que destinará muita verba pública para educá-lo. Faça jús a esta oportunidade vetada à maioria dos jovens de sua idade pelo país afora. Sei que sua dedicação como jogador servirá de parâmetro a esta conquista, e como no esporte, se faça merecedor. Torço por você.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  10. Gil Guadron 05.12.2009

    PARA ENTRENADORES DE EQUIPOS DE FORMACION

    1- Defienda unicamente defensa personal, en ayuda y recobre, en un cuarto y midad de la cancha.

    El resultado sera no solo en el aprendizaje de las destrezas defensivas sino que a consecuencia de la “presion defensiva”, las destrezas ofensivas de su equipo seran desarrolladas en gran medida.

    La idea de defender a presion es el prepararse por si algun equipo de su torneo le defeiende de esta manera.

    Y si no es asi su defensa se convertira en su — sistema primario de ataque — , al provocar –perdidas de la pelota– en el equipo rival ( turnovers )

    Enfrentandose a la defensa de presion.

    Practique el manejo de la pelota ( manejo de la pelota, pases,dribles,tiros ) con absolutamente todos sus jugadores, sin interesar la posicion en que juegen.

    Menciono a continuacion algunas ideas:

    1- Mantenga un adecuado distancia entre cada jugador atacante ( Spacing ).

    2- El pase es la mejor manera de avanzar la pelota, y ejecutelo al lado alejado del defensa.

    3- Drible solo para:
    – Escaparse hacia la canasta ,
    – Mejorar la linea de pases , y
    – Balancear el ataque.
    – Escapar de un posible “trap”
    Si tiene que driblar mas de dos veces, mejor ejecute un pase, eso hara que mantenga en flujo, el movimiento del ataque , lo que hace la tarea defensiva mas dificil.

    4- No drible hacia las linea laterales.

    5- Siempre mantenga a un jugador arriba del poseedor de la pelota, pues en caso de una –turnover–, el poseedor de la pelota tendra a alguien a quien pasarle la pelota.

    Gil Guadron.

  11. Gil Guadron 05.12.2009

    Fe de errata.

    En el ultimo parrafo.

    , pues en caso de una amenaza de posible perdida de la pelota, el poseedor tendra a alguien a quien pasarle la pelota, y en el caso de un -turnover- habra un defensor en posicion cercana para defenderlo.

    De nuevo mil disculpas.

    Gil Guadron

  12. Basquete Brasil 06.12.2009

    Gil, sem dúvida alguma a defesa é uma arte, mas que depende de muito treinamento e dedicação. E como não oferece o impacto das grandes jogadas ofensivas, fator que alimenta o imaginário de torcedores, jogadores e muitos técnicos, é sempre colocada num segundo plano de ordem técnica, principalmente pelos jovens iniciantes. E é neste ponto que a intervenção dos técnicos deveria se manifestar com todo o vigor, a fim de que jovens jogadores incorporassem o hábito de defender antecedendo o de atacar. Mas não é o que acontece no dia a dia da formação, o que explica a atual situação técnico9 tática do nosso basquetebol, e o que é pior, sem muitas perspectivas de efetivas mudanças.
    Enquanto isso, mais uma excelente aula dada por você. Um abraço,
    Paulo.

  13. Jalber 07.12.2009

    Professor sempre fui adepto do jogo livre, na base, somente dessa forma o aprendiz pode aprender o tão difícil e fundamental hábito de ler o jogo. Decisões acertadas dependem de uma leitura correta para que aconteça uma antecipação da ação adversária, e quem age estará sempre a frente de quem reage, logicamente.
    Uma dificuldade que meus alunos sempre apresentam é a de se organizar no ataque, então, diante disso estou experimentando um posicionamento que chamo aqui 5 abertos ou pra melhor vizualizar 1-2-2, dessa forma uma movimentação, também baseada na filosofia do professor Walter Carvalho do movimento contínuo, os atletas se movimentam buscando bloqueios e movimentação para abertura de espaços para a infiltração e bom posicionamento de um arremesso com maior liberdade.
    Utilizo sempre dois armadores e três pivos móveis.
    Dessa forma tenho visto que quando a defesa flutua abre espaços para movimentação e chute bem posiconados, e quando sai no 1 x 1 forte abre espaços pra bloqueios e infiltrações. Com essa referência inicial os alunos conseguem se organizar rápido no ataque e conseguem observar as movimentações e decidir mais rápido.
    Mostro as possibilidades e chamo de “jogadas” (eles gostam disso), mas sempre falo! – Não estamos formando robos jogadores de basquete… perceberam uma nova possibilidade façam, decidam… essa é a maior qualidade do grande jogador.
    Consegui melhorar a respostas dos alunos.
    E o professor o que acha?
    Algo a acressentar ou a criticar?
    Espero com ansiedade o parecer do professor.
    Abraço e estou muito feliz de ter o professor novamente praticando o seu grande dom divino… lecionar!!!

  14. […] ilustrar o que afirmo acima, eis um comentário recebido dias atrás quando do artigo predecessor , REVERTENDO…, onde um jovem técnico do interior do país, da cidade de Cataguases,MG, conta suas dúvidas, […]

  15. Basquete Brasil 09.12.2009

    Prezado Jalber, no artigo de hoje me inspirei em seu comentário, ao qual agrego agora um outro mais específico. Creio que o caminho até agora percorrido por você está mais do que correto, somente lembrando que toda a base deste, ou de qualquer sistema, mesmo o tradicional que tanto critíco, são os fundamentos, exaustivamente treinados e treinados, sem os quais o jogo se torna inexequivel.Continue seu trabalho, e estude muito. A grande rede já permite que se vá fundo no conhecimento do grande jogo. Um abraço,
    Paulo Murilo.

  16. Jalber Rodrigues 10.12.2009

    Professor, estou extremamante lisonjeado!! me faltou palavras para agradecer aqui. A maior recompensa do trabalho de um professor, pra mim, é o reconhecimento!!
    Nos aqui no interior ficamos totalmente isolados e, como eu, são muitos os que trabalham na esperança de fazer sempre o melhor, mesmo estando fora dos grandes centros do basquete, com dificuldades de cursos, capacitação, material e até mesmo falta de assistir jogos pela tv (ja vi um sem numero de jogos de futebol de areia aos domingos e ainda não tive o privilégio de assistir um jogo do nbb no qual a emissora que transmite o futebol de areia é co organizadora…por que será?).
    Por mais que a grande rede facilite, hoje, um pouco nossa “vida”, ainda sim é pouco. Como eu, muitos aqui no interior tem sede de conhecimento, e somos esquecidos… vivemos no limbo… esperando uma graça para transcendermos ao paraíso.
    Quanto aos fundamentos sempre trablho à exaustão, mas a falta de jogar me deixa numa berlinda… ou aplicamos os fundamentos no coletivo ou os alunos dominam o fundamentos mas tem dificuldade de seleciona los na hora do jogo por falta de praticar e de confiança de que aquele fundamento pode ser aplicado naquele momento ( vide bola roubada no artigo após uma mudança de direção mal escolhida). Falta me tempo… Coletivo ou fundamentos eis a questão…
    Tenho muitos jogadores que digo com convicção, com uma estrutura profissional e alguns meses de treinamento dentro dessa estrutura seriam certamente peças chaves em qualquer equipe de ponta!!!
    Tenho hoje um atleta que apartir do ano que vem será da categoria adulto… excelente… vai ter que parar com o basquete e jogar somente como amador. (isso me chateia muito). Como ele são milhares escondido pelo imenso território Brasileiro… reunindo todos será que nao teremos equipes tao fortes quantos os argentinos ou espanhois? (comparemos Minas com a Espanha em território!!!!!).
    No mais professor fica aqui meus sinceros agradecimentos, e peço desculpas pelo desabafo, mas este blog é sem dúvida um dos espaços mais democraticos e elucidativos da grande rede.
    Um grande abraço Professor.

  17. Basquete Brasil 10.12.2009

    Jalber, este seu testemunho reflete com a mais absoluta exatidão o que ocorre com o nosso basquetebol, e de há muito tempo. Mesmo aqui no Rio, dois ou três clubes formam equipes adultas, nem sempre profissionais, e o fenômeno mais comum são os campeonatos de master, onde as categorias mais jovens tem uma grande aceitação, exatamente através aqueles jogadores que foram obrigados a parar por volta dos 20-3 anos. Muitos valores se perdem pelo caminho da desorganização e a mais absoluta falta de planejamento a medio prazo. Logo, o deserto de oportunidades não é prerrogativa do interior brasileiro, exceção de São Paulo e Sta.Catarina, se constituindo na vitrine de fracassos contumases da grande CBB.
    Sobram os campeonatos de base, que passaram a ser vistos e contabilizados por muitos técnicos como projetos de melhoria curricular, e não de formação objetivada nas categorias da alta competição. Essa distorção em muito explica desvios didático pedagógicos, refletidos nas seleções das categorias menores.
    Uma possivel solução, no caso de sua região, seria a organização de uma associação de técnicos voltada aos estudos e divulgação do grande jogo, assim como a fundação de uma liga regional juntando as isoladas tentativas de formação de equipes e campeonatos nas várias categorias. Alunos de Ed,Fisica pederiam preencher seus estágios nas arbitragens e mesas, assim como deficientes físicos poderiam ser treinados para a coleta das estatísticas dos jogos, visando um levantamento comum a todas as equipes.Sugeri essa formula em Portugal anos atrás, e a firma que iniciou tal coleta, a Infordesporto, hoje é a holding do portal Sapo.pt, o maior daquele país.
    Enfim, acredito que no espaço de alguns anos a sua região poderia, se ajudada pela iniciativa particular regional, organizar uma equipe que congregasse os valores da Liga para a formação de uma equipe que disputasse o campeonato mineiro, e mais adiante, quem sabe, o nacional.
    Sonho, quimera? Creio que não, basta ir à luta, mas nunca sozinho, daí que o começo se faça na reunião dos técnicos regionais, juntos para o bem comum. E neste ponto, se eu puder ajudar, o farei com certeza.
    Parabéns pelo seu trabalho, e conte sempre com essa humilde trincheira, que como você define, é das mais democráticas da grande rede. Um abraço, Paulo.

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