O IMPASSE…
Nestes últimos dias tenho assistido vários jogos do NBB e da Liga Americana, onde a equipe do Minas perdeu todos os jogos.
E algo digno de nota tem de ser divulgado, bem divulgado, pois sedimenta uma tendência que se iniciou de dois anos para cá, claro, em se tratando de equipes brasileiras, a utilização da dupla armação, aceita de muito pelos argentinos e demais equipes latinas.
No campeonato do NBB, mais uma equipe vem se somar às de Brasília, Minas, Franca e Joinville, a de São José, com uma dupla poderosa e muito técnica, Fúlvio e Matheus. Ambos, armadores puros, incutiram em sua equipe uma dinâmica quase ideal, pois atuaram muito próximos e em sincronia com os homens altos da equipe, assim como reforçaram bastante o sistema defensivo, que só não foi melhor pelos quilos a mais do Fúlvio, retirando muito de sua mobilidade lateral ante armadores mais enxutos fisicamente. Com menos uns cinco quilos terá aumentada sua capacidade de deslocamento, tornando-o um dos melhores armadores nacionais.
E quando afirmo da necessidade de divulgação desta bem vinda tendência o faço pela total ausência de menções à respeito por parte de analistas, narradores e comentaristas, como se fosse um assunto velado e não muito importante para merecer maiores atenções.
Mas estão errados, pois é um assunto da maior relevância, não sendo maior ainda pelo fato de ter sido adaptado ao sistema único de jogo que nos escravizou e colonizou nos últimos vinte anos. Chega a ser engraçado ouvir comentários como:” Há, o fulano agora está jogando como um 2, mesmo sendo um 1, um escolta como definem os italianos e espanhóis…” , esquecendo que armador é armador em qualquer nacionalidade ou ocasião. Por que não falar de dois armadores? Receio de se comprometerem com algo indiscutível? Ou de ter de dar razão ao velho professor que nunca se deixou enfeitiçar pelo canto da sereia do norte?
E com este substancial avanço técnico tático um impasse se faz presente, o da quase total falta de criatividade de nossos técnicos na busca de novos sistemas, de novas movimentações, de novos métodos de trabalho e preparação de equipes, de estudos mais específicos que começaram nas duas primeiras décadas do século passado, que ao contrário do que a maioria dos “entendidos” divulgam, são a base definitiva do que se produz nos dias de hoje, pois sedimentaram os fundamentos do jogo, codificando-os didática e pedagogicamente, ao contrário do que aqui é divulgado e implantado coercitivamente pelas clinicas cebebianas, através padronizações e formatações técnico táticas, desde a formação de base, e que se coordena para a implantação da escola de treinadores no rastro dessa falsa premissa, pois os princípios fundamentais estarão afogados pelo sistema único, agora timidamente adaptado à realidade da dupla armação. Uma entrevista da agora técnica Janeth, dada ao jornalista Rodrigo Alves do REBOTE, em 3 de dezembro, em muito exemplifica o atual momento técnico de nosso basquete, e vale à pena lê-la aqui.
Esta é uma luta que travo desde sempre, a autonomia criativa, principalmente dos novos técnicos, como única fonte de inspiração a novos e avançados sistemas de jogo, como um laboratório efervescente de novas idéias, de novos conceitos, de novos caminhos a serem discutidos, analisados e referendados como dignos de experimentações, e tudo isto gravitando em torno de uma única referência, o ensino correto e reconhecidamente complexo dos fundamentos do jogo, este sim, que até poderia obedecer a alguns padrões referendados e adaptados, em sua didática, às diversas regiões deste país continental. Uma verdadeira escola de treinadores teria a obrigação de se situar de acordo com tais e indiscutíveis evidências, a pluralidade de nossa gente e de nossas regionalidades.
E para ilustrar o que afirmo acima, eis um comentário recebido dias atrás quando do artigo predecessor , REVERTENDO…, onde um jovem técnico do interior do país, da cidade de Cataguases,MG, conta suas dúvidas, questinando suas experiências e pedindo minhas opiniões, cujo teor do artigo de hoje bem as respondem, e que ilustra com precisão o quanto de potencial, vastíssimo potencial, se localiza nas vastidões deste país educacional e desportivamente inexplorado, criminosamente inexplorado e propositalmente esquecido.
· Jalber 07.12.2009 (2 days ago) ·
Professor sempre fui adepto do jogo livre, na base, somente dessa forma o aprendiz pode aprender o tão difícil e fundamental hábito de ler o jogo. Decisões acertadas dependem de uma leitura correta para que aconteça uma antecipação da ação adversária, e quem age estará sempre a frente de quem reage, logicamente.
Uma dificuldade que meus alunos sempre apresentam é a de se organizar no ataque, então, diante disso estou experimentando um posicionamento que chamo aqui 5 abertos ou pra melhor visualizar 1-2-2, dessa forma uma movimentação, também baseada na filosofia do professor Walter Carvalho do movimento contínuo, os atletas se movimentam buscando bloqueios e movimentação para abertura de espaços para a infiltração e bom posicionamento de um arremesso com maior liberdade.
Utilizo sempre dois armadores e três pivôs móveis.
Dessa forma tenho visto que quando a defesa flutua abre espaços para movimentação e chute bem posicionados, e quando sai no 1 x 1 forte abre espaços pra bloqueios e infiltrações. Com essa referência inicial os alunos conseguem se organizar rápido no ataque e conseguem observar as movimentações e decidir mais rápido.
Mostro as possibilidades e chamo de “jogadas” (eles gostam disso), mas sempre falo! – Não estamos formando robôs jogadores de basquete… perceberam uma nova possibilidade façam, decidam… essa é a maior qualidade do grande jogador.
Consegui melhorar a respostas dos alunos.
E o professor o que acha?
Algo a acrescentar ou a criticar?
Espero com ansiedade o parecer do professor.
Abraço e estou muito feliz de ter o professor novamente praticando o seu grande dom divino… lecionar!!!
Somente sinto uma tristeza, a de não ter recursos para tornar a percorrer o país em clinicas antagônicas às da CBB, como muitas que dei em um passado não tão distante assim, onde contestaria na prática, nas quadras e nas salas de aula o quanto de equivocados são os conceitos que as orientam e unilateralmente insistem em sedimentar, e que pretendem extrapolar através a escola de treinadores.
Temo pelo futuro de nossos jovens basqueteiros, e peço aos deuses que os protejam.
Amém.
Repito aqui comentário do último artigo, achei que seria interessante ter o comentários nos dois artigos.
Professor, estou extremamante lisonjeado!! me faltou palavras para agradecer aqui. A maior recompensa do trabalho de um professor, pra mim, é o reconhecimento!!
Nos aqui no interior ficamos totalmente isolados e, como eu, são muitos os que trabalham na esperança de fazer sempre o melhor, mesmo estando fora dos grandes centros do basquete, com dificuldades de cursos, capacitação, material e até mesmo falta de assistir jogos pela tv (ja vi um sem numero de jogos de futebol de areia aos domingos e ainda não tive o privilégio de assistir um jogo do nbb no qual a emissora que transmite o futebol de areia é co organizadora…por que será?).
Por mais que a grande rede facilite, hoje, um pouco nossa “vida”, ainda sim é pouco. Como eu, muitos aqui no interior tem sede de conhecimento, e somos esquecidos… vivemos no limbo… esperando uma graça para transcendermos ao paraíso.
Quanto aos fundamentos sempre trablho à exaustão, mas a falta de jogar me deixa numa berlinda… ou aplicamos os fundamentos no coletivo ou os alunos dominam o fundamentos mas tem dificuldade de seleciona los na hora do jogo por falta de praticar e de confiança de que aquele fundamento pode ser aplicado naquele momento ( vide bola roubada no artigo após uma mudança de direção mal escolhida). Falta me tempo… Coletivo ou fundamentos eis a questão…
Tenho muitos jogadores que digo com convicção, com uma estrutura profissional e alguns meses de treinamento dentro dessa estrutura seriam certamente peças chaves em qualquer equipe de ponta!!!
Tenho hoje um atleta que apartir do ano que vem será da categoria adulto… excelente… vai ter que parar com o basquete e jogar somente como amador. (isso me chateia muito). Como ele são milhares escondido pelo imenso território Brasileiro… reunindo todos será que nao teremos equipes tao fortes quantos os argentinos ou espanhois? (comparemos Minas com a Espanha em território!!!!!).
No mais professor fica aqui meus sinceros agradecimentos, e peço desculpas pelo desabafo, mas este blog é sem dúvida um dos espaços mais democraticos e elucidativos da grande rede.
Um grande abraço Professor.
Jalber, este seu testemunho reflete com a mais absoluta exatidão o que ocorre com o nosso basquetebol, e de há muito tempo. Mesmo aqui no Rio, dois ou três clubes formam equipes adultas, nem sempre profissionais, e o fenômeno mais comum são os campeonatos de master, onde as categorias mais jovens tem uma grande aceitação, exatamente através aqueles jogadores que foram obrigados a parar por volta dos 20-3 anos. Muitos valores se perdem pelo caminho da desorganização e a mais absoluta falta de planejamento a medio prazo. Logo, o deserto de oportunidades não é prerrogativa do interior brasileiro, exceção de São Paulo e Sta.Catarina, se constituindo na vitrine de fracassos contumases da grande CBB.
Sobram os campeonatos de base, que passaram a ser vistos e contabilizados por muitos técnicos como projetos de melhoria curricular, e não de formação objetivada nas categorias da alta competição. Essa distorção em muito explica desvios didático pedagógicos, refletidos nas seleções das categorias menores.
Uma possivel solução, no caso de sua região, seria a organização de uma associação de técnicos voltada aos estudos e divulgação do grande jogo, assim como a fundação de uma liga regional juntando as isoladas tentativas de formação de equipes e campeonatos nas várias categorias. Alunos de Ed,Fisica pederiam preencher seus estágios nas arbitragens e mesas, assim como deficientes físicos poderiam ser treinados para a coleta das estatísticas dos jogos, visando um levantamento comum a todas as equipes.Sugeri essa formula em Portugal anos atrás, e a firma que iniciou tal coleta, a Infordesporto, hoje é a holding do portal Sapo.pt, o maior daquele país.
Enfim, acredito que no espaço de alguns anos a sua região poderia, se ajudada pela iniciativa particular regional, organizar uma equipe que congregasse os valores da Liga para a formação de uma equipe que disputasse o campeonato mineiro, e mais adiante, quem sabe, o nacional.
Sonho, quimera? Creio que não, basta ir à luta, mas nunca sozinho, daí que o começo se faça na reunião dos técnicos regionais, juntos para o bem comum. E neste ponto, se eu puder ajudar, o farei com certeza.
Parabéns pelo seu trabalho, e conte sempre com essa humilde trincheira, que como você define, é das mais democráticas da grande rede. Um abraço, Paulo.
PARA ENTRENADORES DE EQUIPOS DE FORMACION
El ataque: ” Motion Offense “.
En una serie de entregas , si ustedes me lo permiten, desarrollare algunos principios que enmarcan este sistema o estilo de ataque, tanto frente a la defensa personal como frente a la defensa de zona.
Estan basados en mi experiencia jugando este sistema por mas de 10 años alla en El Salvador ,y luego de tener la oportunidad de estudiarlo por varios años en Indiana University en Bloomington, cuando esta era entrenada por el Coach Bob Knight.
Aclaremos que este tipo de ataque es quizas tan antiguo como el basquetbol mismo, pero para efecto de estudiarlo partire desde cuando lo conoci.
Para 1973 tomo conocimiento del “Motion Offense” , “Passing Game”, o “Juego de Pases” a traves de una Revista estadounidense de Basquetbol .
Me agrado por su sencillez, fluidez,y movimientos constantes todo esto producto de un intenso trabajo de fundamentos.
Cada ejercicio de mi entreno formaba parte del “Motion Offense”, esta situacion motivaba a mis jugadoras pues desde el primer minuto en la cancha estaban ya practicando dicho sistema de ataque.
Algunos principios contra la defensa personal:
1- Pase la pelota y ejecute uno de tres movimientos:
– Pase y corte hacia la canasta,
– Pase y vaya a colocar una “pantalla” al lado contrario hacia donde ejecuto el pase, y
– Pase y muevase dos / tres metros y regrese a su posicion original.
Es decir despues de ejecutar un pase — muevase, pero jamas se quede parado –.La idea fundamental es que el defensa no sepa que movimientos usted ejecutara. Obligue a que su defensa lo defienda.
2- La regla de los “dos segundos”, quiere decir que cada vez que usted ocupa un lugar, mantengase ahi por la cuenta de “dos segundos”, pues esto le permitira ver//leer el juego / evaluar la situacion y ejecutar el movimiento adecuado.
Ahora si usted tiene la pelota, mantengala protejida por esos dos segundos, pues ese tiempo le permitira leer la defensa y decidir el siguiente accionar.
3- Ejecute las pantallas adecuadas para cada situacion. Ejecute solo “pantallas indirectas” es decir aquellas alejadas de la pelota.
4- En lineas generales, quien pone la “pantalla” es el jugador que esta mas cercano a la linea imaginaria que va a lo largo de la cancha de — un aro al otro –.
Es decir del interior hacia hacia afuera , pues el movimiento que se busca es que quien recibe la pantalla , corte hacia el aro , en una amenaza inmediata de anotar.
Evite el tipo de “pantallas” de — afuera hacia el interior — que hacen que los jugadores tengan que ir a buscar la pelota hacia las lineas laterales.
5- Siempre debe de tratar de hacerle llegar la pelota, en la mayoria de las veces a su mejor canastero, para esto debe hacer que este jugador se mueva y coloque “pantallas”, tres por lo menos, antes de pensar en tirar.
La idea detras de este concepto es desgastar a la defensa.
6- Jamas tire antes de ejecutar al menos 5 pases , uno de esos debera haber sido hacia nuestro jugador Poste.
Esto esta en el mismo tenor de lo mencionado anteriormente: Obligue a que la defensa defienda.
Atentamente.
PARA ENTRENADORES DE EQUIPOS DE FORMACION
El “Motion Offense” II.
Entre las cosas que mas me gusta del Motion Offense , es el casi interminable movimiento de los jugadores ya cortando, colocando pantallas , ademas pasando la pelota constantemente.
Parafraseando a Coach Knight : desde el punto de vista defensivo, la tarea mas dificil es defender a un jugador que esta en constante movimiento, la maniobra ofensiva mas dificil de defender, es la pantalla.
Ademas cree fervientemente en que absolutamente todos los jugadores deben dominar las destrezas ofensivas,” pues pasar,cortar y colocar pantallas es lo mas importante en nuestro ataque” .
Principios contra la defensa personal:
7- Jamas corte hacia un lugar que ya esta ocupado.
8- Spacing : Mantenga un espacio entre los jugadores de al menos tres metros, pues asi existira mas espacio para maniobrar, y evitara que un solo defensa defienda a dos atacantes.
9- No apresure el tiro, obligue a que le defensa defienda. Una buena defensa es excelente en la “ayuda y recobre”, ofensivamente obliguelos a que tengan que “ayudar y recobrar”, pues despues de 10-15 segundos de defender constantemente por ahi quedara un — espacio — por donde colarse para ejecutar un tiro de alto porcentaje, y tomado por quien debe tomarlo.
10- Unicamente rompa este precepto, cuando un compañero ubicado bien cerca/bajo la canasta , este completamente desmarcado.
Un ejercicio clasico:
Poniendo en practica lo mencionado anteriormente en sus entrenos juege 4 x 4, o 5 x 5 ofensivamente a que ejecuten 10 pases sin ser interceptados por la defensa. Usted coloca restricciones ejm:
1- Solo pases prohibiendo el drible, para ello puede sacarle un poco de aire a la pelota.
2- Se debera ejecutar al menos dos pases al jugador Poste.
3- Prohibir el tiro
4- etc.
Observacion: si la pelota es interceptada por la defensa, se da un cambio de roles, estos pasan al ataque.
Con respetos.
Gil Guadron
PARA ENTRENADORES DE EQUIPOS DE FORMACION
Motion Offense . Una posibilidad Metodologia.
Algunos de los conceptos claves de este tipo de ataque lo constituyen el : “Spacing”, el balance ofensivo, movimientos constantes ,y pasar, cortar y poner pantallas.
Si usted decide darle a este tipo de ataque una oportunidad entrenandolo con su equipo, le ofrezco esta posibilidad metodologica.
Parta de la formacion ofensiva de dos “guards”, dos “forwards” y alguien en la posicion de “centro”,( 2-1-2 ).
Establezca cuatro areas: dividiendo el area atacante en cuatro areas, marcadas por una “cruz” que va del aro que atacaremos al cabezal del area pintada . La otra , de una linea lateral hacia la otra, cruzando el area pintada a la altura del semicirculo cercano a la lines final ,a un metro aproximadamente de la linea de tiros libres.
Establece como punto de partida a un jugador en cada una de las cuatro areas . Ubica el quinto jugador jugando en el area pintada, por supuesto sin caer en la falta reglamentaria de los –tres segundos–, y a practicar el Motion Offense.
Reglas:
1- Absolutamente todas las posiciones son intercambiables.
2- Si llega a un area ya previamente ocupada por un compañero, vayase a otra desocupada.
3- Mantengase alejado , al menos dos metros de la linea final , y al menos uno de las laterales. Recuerde, estas son practicamente parte de la defensa. Si tiene que pivotear, hagalo utilizando como pie pivot, el alejado de cualquiera de las lines de demarcacion de la cancha.
4- Aplique los principios ya establecidos.
En proxima entrega : las pantallas.
Gil Guadron
Gil,se o pessoal tinha alguma dúvida sobre Motion Offense, deixou de ter, e mais ainda, o quanto a mesma depende do dominio pleno dos fundamentos. Seria ou não este um dos componentes básicos a compor um curriculo de uma escola de treinadores? Claro que sim, mas não acredito, pelo pessoal que a planeja, somente agregado ao sistema único, o sistema NBA. Uma pena, pois privarão os jovens técnicos do mais valioso dos fundamentos do grande jogo, o conhecimento generalista que o compõe, desde de sua invenção aos dias de hoje. É um conhecimento que não pode ser omitido na formação técnica, no grau que for, da formação à alta competição, já que é a base irradiadora do progresso técnico tático.
Continuemos a luta Gil. Um abração, Paulo.