A LUCIDEZ DO MONCHO…
“(…)No Brasil há muitos grandes técnicos, e a defasagem que você cita está na formação dos jovens jogadores, na metodologia de ensino e na técnica dos treinamentos que é praticado por aí. Isso, é a chave de todo o sucesso.(…)”
Essa declaração é do técnico Moncho Monsalve feita ao jornalista Fabio Balassiano em uma entrevista publicada hoje no seu blog Bala na Cesta, excelente em todo o seu conteúdo. Vale à pena lê-la.
Mas voltando à declaração do Moncho, vimos nela refletida uma constatação que venho apontando desde a criação deste humilde blog, cinco anos atrás, quando ainda tinha a oportunidade de proferir clínicas pelo país afora. Hoje, as únicas manifestações de transferência de conhecimentos técnicos que subsistem através dotações de verbas públicas, são as clinicas da CBB, antíteses das que eram proferidas por mim, já que centradas na formatação de uma tendência fundamentada no sistema único de jogo, onde o que mais importa é a assimilação de tal sistema pelos jovens jogadores, e não o domínio extensivo e decisivo dos fundamentos, tanto os individuais, como os coletivos.
Sempre propugnei pelo amplo conhecimento das técnicas e das ações didático pedagógicas no ensino dos fundamentos, como base inalienável de sistemas ofensivos e defensivos somente factíveis pelo mais absoluto conhecimento e domínio dos mesmos, da forma mais abrangente possível, generalista, que é a única porta de entrada à criatividade, ao pleno domínio do grande jogo, no contra ponto do que se pretende instalar no país através padronizações e formatações de um modelo colonizado, absurdo e perdedor.
E o pior, coordenado por quem vem à publico (clique) no blog Lance Livre, no video sobre a Escola Nacional de Treinadores de Baquetebol, comunicar seu mais absoluto desconhecimento basquetebolístico, pedindo ajuda inclusive, ao voleibol, modalidade que em nada poderá ajudar quando o tema é basquetebol, já que modalidades dispares na formação e nos conceitos técnico táticos.
E pior ainda, quando nesta mesma reportagem, técnicos “consagrados” avalizam tal coordenação, numa inversão inexplicável e altamente comprometedora de valores, sob as bênçãos da CBB, COB, NBB, APROBAS e os CREFs da vida.
E lá está o Moncho, um dos idealizadores da Associação de Técnicos e Escola de Treinadores da Espanha, em conjunto com Juan Tenã, com quem tive o prazer de discutir exatamente tais assuntos, quando de meu doutorado em Portugal, com conclusões generalistas, como devem ser, amplas e democraticamente sadias, nos mandando um irretocável recado, de competência e domínio de seu mister de técnico e professor, aceito por seus pares, ética e hierarquicamente compromissados.
A defasagem apontada e acentuada, deveria servir de parâmetro aos reais objetivos de associações de técnicos regionais, infelizmente desestimuladas desde sempre, e de uma escola de treinadores, onde o lugar dos mais experientes no ensino do grande jogo teria de ser estimulado e mantido, para serem ouvidos, discutidos e prestigiados, de norte a sul, de leste a oeste, deste imenso país continente. Estas foram as estratégias em uma Espanha com sérias divisões político regionais, e que foram bem sucedidas.
Concluindo, nosso grande e trágico problema é a pasteurização técnica anunciada de uma escola que congrega em sua liderança o mesmo grupo que nos afundou tecnicamente nos últimos vinte anos, transmutada em detentora plena e exclusiva dos conhecimentos do basquetebol, querendo emular uma modalidade antítese, o voleibol, que se dedica à elite em detrimento da massificação, atendendo com precisão aos anseios medalhisticos do COB, para o qual, somente deverão ser beneficiados monetariamente aquelas modalidades que atinjam tal patamar. É um belo projeto para quem treme só em pensar em massificação, pois a mesma, obrigatoriamente, tem de se fundamentar nas particularidades regionais, nos mais diversos gentios, nas grandes distâncias, nas grandes diferenças, fatores estes inalcançáveis por um clube fechado, absolutamente imune a delegação de conhecimentos, quiçá, lideranças.
Num só ponto o Moncho se enganou, ao afirmar que a chave do sucesso é o combate à defasagem da metodologia de ensino e na técnica dos treinamentos que é praticado por aqui, sem mencionar serem estes fatores o mais escancarado reflexo do que propugnam as nefastas clinicas da CBB, pois tenho certeza de que ele mesmo pode aquilatar tão flagrante falha pela simples observação no rendimento dos fundamentos do jogo praticados pelos jogadores selecionados e observados por ele, principalmente os que atuavam no país. Mas acertou ao confirmar a existência de grandes técnicos no Brasil, que tornaram o nosso basquete vencedor, do qual é sincero admirador, e que, infelizmente foram afastados pela quimera subserviente do “basquete internacional”, do qual está sendo parida a escola redentora.
O recado do Moncho é de uma lucidez admirável, pena que bata de frente com a coordenação de um incompreensível e inenarrável preparador físico, assessorado por uma conivente e omissa comissão de magníficos…
Mas o basquete sobreviverá, pois os deuses adoram bater uma bolinha.
Amém.
PARA ENTRENADORES DE EQUIPOS DE FORMACION
— El dilema metodologico —
” Los partidos dificiles, son usualmente perdidos en lugar de ser ganados. Lo que deseo decir con esto es, que los partidos son ganados en la mayoria de las veces por que el equipo rival comete errores en los momentos cruciales del partido”. John Wooden, ex-entrenador de UCLA ganador de 10 campeonatos universitarios
La funcion principal de los entrenadores en cualquier nivel es la de que sus jugadores dominen los fundamentos del basquetbol tanto ofensivos como defensivos.
Como entrenador de equipos de jovenes usted desea ganar pero esa no es su funcion principal, su meta debera ser que sus jugadores aprendan a jugar basquetbol y no simples jugadas.
Si usted trabaja los fundamentos ,las oportunidades de que su equipo gane un mayor numero de juegos aumentaran considerablemente.
En el entreno propiamente dicho considere algunos aspectos:
1- Siempre tenga en consideracion los tipos y cantidades de informacion que el cerebro del jugador tiene que procesar ( componente cognoscitivo-motor ).
De tal manera que :
1-1. ofrezca la suficiente informacion a sus jugadores y permitales el tiempo y las condiciones adecuadas para practicar la informacion recibida ,
1-2. ofrezca un — feedback continuo, constante, diciendo lo que los jugadores tienen que hacer, y como lo tienen que hacer –,
1-3. tenga mucha paciencia.
2- Utilize el metodo ya de las partes al todo o metodo inductivo, del todo a las partes que es el metodo deductivo, y/ o la combinacion de estos, metodo eclectico o mixto.
3- Defina objetivos claros, que constituyan un verdadero reto para los jugadores, ni tan dificiles que sean inalcanzables, ni tan faciles que los aburran , pero que le permitan a usted como entrenador evaluar el progreso de sus jugadores.
4- Siempre tome en consideracion las diferencias individuales de sus jugadores, pues sin ellos usted no va a ninguna parte .
5- Solo juege defensa individual en “ayuda y recobre”, y en el ataque el “juego libre”.
6- Parte basica de su tarea es la de ayudar a que sean personas respetuosas con ellas mismas, de sus compañeros de equipo, de sus rivales, de los arbitros.
Con respeto.
Gil Guadron
Gil, muito além de um dilema metodológico, nosso problema maior é o dilema ético, aquele que define de fato o quem é quem no mundo desportivo. Falta-nos principios éticos bem definidos, aceitos e praticados por todos, e não alguns.Muito antes de uma escola de treinadores, um movimento associativo dos técnicos atuantes deveria ser a prioridade, e de onde emergiria um código de ética e os principios didático pedagógicos que embasariam uma escola de verdade. Prevejo retrocessos que poderão tornar irrealizáveis o esforço de soerguimento do grande jogo entre nós, já que o que é proposto tem cunho eminentemente político e centralizador. Mas temos que continuar a luta, e orientar e informar os jovens técnicos é a melhor estratégia possível. Um abraço, Paulo.
Moncho é um bom treinador para a seleção brasileira, o basquete brasileiro era muito ofensivo antigamente e todos queriam um técnico eslavo, só que talvez uma mudança radical poderia não trazer resultados, do muito ofensivo para o basquete que valoriza muito bem a posse de bola no ataque e que foi 5 vezes campeão do mundo, talvez a adaptação seria mais difícil, com um técnico espanhol e da escola espanhola que defende e também ataca em transição tem dado certo, mais só poderá ser feito mesmo uma melhor análise no mundial da Turquia.
Prezado Editor, o Moncho com seu perfil de educador e tecnico eventual não teria chance se confrontado com as grandes estrêlas do marketing desportivo mundial.Mesmo em seu país esse posicionamento acadêmico é motivo de criticas. Concordo que dentro do plano ético ele deveria ser mantido até o mundial, mas o peso do business falou mais alto. Um abraço, Paulo Murilo.