PAPAGAIOS DE PIRATA…
E o homem falou, contido, sério e profundamente cauteloso, a ponto de não ferir suscetibilidades linguísticas ao mencionar sua intenção prioritária em estudar o idioma, e de não precisar de tradutor ao entender com precisão todas as perguntas que lhe foram feitas, ao vivo e à cores, ao contrario da ridícula tradução às suas respostas aos interlocutores do SPORTV, numa demonstração de preciosismo ante uma divindade aqui baixada para classificar nosso basquete às Olimpíadas de 2012, fator este que elegante e tecnicamente tratou de ponderar, traindo-se um pouco ao mencionar que medalha no Mundial poderá ou não ser conquistada, e que jamais aceitaria um contrato que exigisse tal conquista, mesmo que fosse em seu país, pois tais cobranças não se coadunam com sua forma de trabalhar.
Perguntas válidas e algumas tolas foram feitas, conveniente e politicamente respondidas, principalmente quando questionado sobre os segredos da vitoria olímpica, depois de um longo tempo de apagão internacional de seu país. Para uma platéia embevecida pelas perspectivas que sua presença poderá representar em vitorias nacionais, respondeu com a simplicidade argumentativa de quem teve por trás de si toda uma estrutura técnica de alta qualidade, que se empenhou por mais de vinte anos de trabalho e estudos intensos em todas os segmentos, da base à Liga Nacional, referendadas por fortes e bem estruturadas associação de técnicos e escola de treinadores, fazendo questão de mencionar seu agradecimento a todos os técnicos de formação, cujo trabalho silencioso e longe das mídias propiciaram os magníficos resultados que alcançou.
E num momento de lucidez admirável, e sem que fosse perguntado (e não o seria com toda a certeza, já que o foco de todos era voltado aos possíveis e sonhados resultados da seleção no concerto internacional…), sintetizou todo um pensar voltado ao trabalho fundamental nas divisões de base, respeitando suas faixas etárias (e ai se desenha seu primeiro choque com as concepções emanadas do onipresente crefiano preparador físico-coordenador da escola de treinadores…), mas dentro de um projeto bem escalonado, onde a qualificação dos técnicos seria o objetivo primário a ser desenvolvido, enfoque este seriamente comprometido entre nós pela coordenação das seleções de base da CBB voltada à padronização e formatação de um modelo único para todas as seleções, assim como pela organização unilateral da escola de treinadores, e que tem em seu mantido assistente técnico o mentor principal, o qual deveria ter se afastado já que fazia parte da comissão liderada pelo técnico Moncho Monsalve, dispensado solitariamente, num processo antiético de fritura pública, sem qualquer manifestação de defesa por parte do referido assistente, apontado pelo injustiçado espanhol como seu sucessor natural (declaração esta que deve estar profundamente arrependido), referendando o posicionamento de um ex técnico da seleção que mencionava a posição de assistente como a melhor dentro de uma equipe, pois quem sempre quebrava a cara era o técnico principal.
No entanto, as perguntas mais instigantes, mais importantes não foram e nem seriam feitas, dado ao estado de torpor emocional que sua presença redentora causava a todos, fator prontamente diagnosticado pelo inteligente argentino, que antecipando-se à ausência de tais questionamentos, demonstrou todo o seu fino preparo técnico e político, advindo de um excelente e bem executado projeto em seu pais.
E neste exato ponto da sabatina foi que despiu sutilmente nossos mais conhecidos e lamentáveis óbices, pela ausência de uma escola bem estruturada e de uma associação de treinadores responsável pela união dos técnicos, se colocando ao imediato serviço na organização das mesmas, como um dos pontos de partida de seu trabalho, ao mesmo tempo que contrabalançava seu posicionamento tecendo loas aos nossos jogadores inter raciais e talentosos, que segundo ele deveriam situar nosso basquete somente abaixo dos EUA, provando o quanto de bom preparo politico é possuidor.
Ao final de sua apresentação, uma questão fica solta no ar, a de como poderá exequibilizar toda uma estrutura que custou mais de vinte anos para ser implantada em seu país, trabalhando com uma comissão, no caso da seleção principal, e uma coordenação técnica das seleções de base e a escola de treinadores, onde nenhum de seus integrantes têm uma formação sólida nos processos do domínio técnico tático e dos princípios didático pedagógicos necessários à consecução de um projeto exemplar, sendo o único graduado com competências para fazê-lo?
Ao analisarmos a comissão retratada acima, onde inexiste um único representante determinado por ele, comissão esta totalmente egressa da liderança anterior, somente com um novo e ainda imaturo assistente, na qual o preparador físico é o responsável pelos testes padronizados para as seleções de base (fator que me insurgi veementemente através artigos aqui publicados) e coordenador da escola de treinadores, e cujo assistente principal se torna a cada comissão organizada o agente mais influente das políticas competitivas da CBB, temo que seu trabalho venha a sofrer sérios contratempos, pois a realidade bem estruturada e embasada pelos técnicos de seu país, fruto de um amadurecimento coletivo de longos anos, se defronte com a nossa realidade, onde o associativismo inexiste desde longo tempo, e a escola de treinadores migra da inexistência para um presente antidemocrático em sua organização, comprometendo em muito seu projeto a médio e longo prazo.
Concluindo, ao observarmos a foto, fica uma sensação de solidão preocupante de um legítimo campeão olímpico, cercado de profissionais antagônicos à sua sofisticada e longa formação, legítimos representantes do Q.I. nacional, para os quais um oportuno e interesseiro processo osmótico poderá beneficiá-los em dois ou três anos no que custou trinta ao competente técnico argentino, retratando com fidedignidade os mais representativos exemplos de papagaios de pirata que já testemunhei.
Poderíamos cercar este magnífico técnico por pessoas realmente competentes, existentes no país, inclusive para o comando da seleção, para a coordenação das divisões de base, para a implantação da escola de treinadores, e como ele mesmo faz questão de sempre mencionar, comprometidas desde sempre, e por longa data, com o basquete brasileiro, bastando que fosse dado a ele a oportunidade de escolha de seus assistentes de confiança, após um tempo de adaptação e real conhecimento do grande jogo entre nós, o que aliás tenho a certeza que conhece, e muito bem.
Torço para que os argumentos chaves da questão, o financeiro, e o controle técnico político da CBB não embote seus reais e determinantes conceitos técnico administrativos, e que o tornem realmente um ponto de partida para o soerguimento do basquetebol brasileiro, tendo na formação de base o seu principal objetivo, pois será aquele que desaguará em 2016, mesmo que na contra mão dos desejos e sonhos pelos resultados imediatos da maioria representada naquele estúdio da SPORTV, e na sede da cinelândia.
Que os deuses mais esperançosos protejam, ajudem e aconselhem o hermano, tornando-o artífice de a curto e sonhados resultados, senão…
Amém.
Caro Professor
Não me surpreendi ao ver como foi formada a comissão técnica pela CBB, já vi histórias parecidas por aqui. O dono do time contratava os jogadores e só depois contratava o técnico. Foram poucos técnicos que pediram a contratação de mais alguns jogadores.
Vamos ter que rezar muito aos Deuses!
Um abraço
Reny Simão
Caro Paulo, gostaria de saber a sua opinião a respeito da entrevista dada pelo novo técnico sa seleção masculina rubén Magnano, publicada no Jornal Extra de 23/01 na qual, quando perguntado qual o segredo que levou a Argentina ao ouro em 2004 , responde. ” Não há mágica. Há fatores que levam uma equipe ao ouro olímpico…… Outra coisa sumamente importante é que em 2004 todos os jogadores da Argentina se puseram a serviço da seleção. Puseram a seleção acima se seus nomes.
Estará ele mandando, “conforme outro artigo publicado nas entrelinhas”, algum recado a alguns jogadores que em algumas oportunidades não “tiveram tempo” ou não quiseram entrar em quadra para defender a seleção?
Pois é caro Reny,avalie agora o peso do bornal de dólares para fazer o Magnano encarar tamanha inversão de valores, não dando a ele a minima chance de um, unzinho só, assistente de sua confiança direta. Cedo, muito cedo ele vai avaliar melhor se valeu a pena penhorar seu magnifico curriculo, para se lançar no colo da turma que o assessorará. Por mais uma vez o Delfin e seus cardeais definirão seu futuro, e até já penso em elaborar um novo chek list a respeito. Sério e com razões o Gutierrez declarou que o povo argentino jamais admitiria que um técnico brasileiro comandasse uma seleção argentina.Me faz lembrar a Kate Lyra que em seu personagem televisivo definia- Brrasilerro ser muito bonzinho…
Fora as brincadeiras, e pisando num solo mais sério, prevejo dificuldades se o Magnano teimar em um projeto isca de longo prazo que foi apresentado a ele, pois a realidade é que a exigência de resultados a curto prazo vai se impor, já que politicos e raposas que se prezam investem nos mesmos, e não em projeções futuras.
Tenho a desconfiança que nem os pacientes deuses irão encarar essa barra. Um abraço Reny, Paulo.
Caro José Geraldo, esta também foi a pergunta que o professor Bira Bello fez ao Magnano na entrevista do SPORTV, obtendo a mesma resposta publicada no Extra, que confesso não li. Sem dúvida nenhuma foi um recado direto, idêntico ao que o Moncho enviou ao inicio de seu trabalho, e que nem as visitas pessoais nos EUA surtiram as respostas desejadas.Talvez o Magnano, com seu retrospecto mais árido que o afável Moncho consiga se impor a determinados e descabidos estrelismos, como o fez em seu país, provocando alguns atritos de relacionamento. Mas lá ele defendia sua nacionalidade e raízes,o comprometimento irrestrito, e que foi copiado pelo Coach K no preparo da equipe olímpica americana. Aqui não sei se chegaria a tanto, ainda mais quando grande parte da midia sugere afrouxamentos patrióticos e nacionalistas no afã de resultados que nos levem às Olimpíadas (vide o caso Iziane), fatores estes diametralmente opostos ao seu posicionamento histórico…na Argentina.
O que é certo José Geraldo, é que a similitude inicial de um projeto classificatório olímpico, unindo os pontos de vista do Moncho e do Magnano em torno da disponibilidade das estrelas como fator básico de classificação, que no caso do espanhol gorou decisivamente, deverá ser idêntico ao do argentino, que tudo fará para dispor das mesmas, e como publiquei na época do Moncho, estabelecerá um eficiente álibi não classificatorio se não obter suas prestações.E o interessante é que são os mesmos nomes, que nem de longe emulam os grandes jogadores argentinos de 2004.
Infelizmente prevejo ser o excelente Magnano engolido no seu projeto para 2016, quando, e aí sim, poderia nos passar a grande experiência de duas décadas de magistral trabalho em seu país, junto a uma associação exemplar de técnicos, e uma escola mais exemplar ainda de futuros técnicos, todos irmanados num projeto que os tornaram campeões olímpicos.O imediatismo de resultados, ao preço que for preciso ser pago, alimento dos oportunistas e arrivistas, não poupará o sofisticado preparo deste argentino especial, pois tal posicionamento é a antítese de seu conceito mais acalentado, o trabalho de base como plataforma do futuro. Num país em que os jovens e os velhos são sempre esquecidos, poucas chances terá de sucesso a longo prazo, e tampouco a curto. Sinto muito por ele, e somente por ele.
Um abraço José Geraldo, Paulo.
Vamos esperar, vamos ver como vai se desenvolver o projeto,
não dando certo se aponta os erros, dando certo se elogia os acertos,
o que não dá é para ficar torcendo contra já, antes dos trabalhos terem começado.
Como torcer contra antes do projeto deslanchar prezado editor, quando o mesmo é uma monocórdia repetição da administração anterior, que simplesmente passou o bastão à atual, com seus idênticos discursos e promessas classificatórias? Devemos lembrar que o Moncho foi uma panacéia pré-olímpica do grego melhor que um presente e convenientemente defenestrado, referendada agora com o Magnano pelo peão dos pampas, ambos(os presidentes, e seus prepostos…) antenados inteligentemente à ânsia cega e desmesurada dos orfãos e viúvas das grandes conquistas de um passado que,incoerentemente,tentam riscar do mapa histórico do nosso basquete, em nome de um pretenso progresso que nega o valor e o conhecimento de alguns excelentes técnicos brasileiros não alinhados e concordes com seus carreirismos e interesses politico econômicos, os reais motivos que os levaram à internacionalização dos convenientes álibis que justificaram e já ensaiam préjustificar tropeços mais do que previsiveis pelo simples fato de serem repetitivos, tediosamente repetitivos, principalmente pelo arrastar novelesco das estrelas internacionais e suas condicionais e condicionadas disponibilidades.
No momento que nossas seleções deixarem de ser vitrines para muitos( e não mais para alguns…), e se transformar numa demonstração autêntica e sacrificada de amor ao país, ao preço que for, e que sejam desencadeados verdadeiros projetos de renovação, de formação democratica e generalista de futoros técnicos, e que o associativismo e união se tornem realidade no seio dos mesmos, voltaremos a trilhar o caminho perdido pela incúria e a omissão. Se o Magnano seria importante para que alcançassemos tal patamar? Sem dúvida alguma, mas seria através um projeto a longo prazo, antagônico à necessidade vital de classificação à curto prazo, que é o oxigênio mantenedor da continuidade politica dos que nos foram impostos com o conluio e a cumplicidade dos que ai estão dando as cartas, marcadas desde sempre.
Não se torce contra algo que desconhecemos, e que infelismente continuará no rol das eternas e etéreas esperanças.
Infelizmente esta será a última resposta a um comentário seu, na medida em que um sutil anonimato teima em ser mantido. Sua participação sempre instigante e inteligente merece ser assinada, como a de todos que aqui comentam democraticamente. Será sempre um grande prazer dialogar abertamente com você. Paulo Murilo.
Então Seu Paulo imagine se o senhor estivesse torcendo contra, como seria então, então como o senhor diz que não está, então não está,
tem gente que gosta do basquete americano então torce para eles ganharem os campeonatos, não torce contra o Brasil mas porque admira o jogo americano, acontece a mesma coisa com russos, eslavos, argentinos, espanhóis, …, torcem para eles ganharem porque admira o jogo deles não porque torcem contra o Brasil,
acontece com o Futebol brasileiro, quantos pessoas de outros países torcem para o Brasil ganhar a Copa, não é que torcem contra o país de suas origens é porque admiram o jogo do brasileiro,
é mesma coisa o de você Seu Paulo, então entendemos, você torce para outro modelo de gestão que não é este que está sendo implantado pela essa nova administração da CBB, não é que torce contra o Brasil,
mas nós entendemos que está havendo mudanças importantes na CBB, o que não havia na época do Grego, que bom que voltou a democracia, antes o Grupo do Grego estavá lá com seus ideais, agora foi eleita uma nova administração com seus ideais, então no futuro você ou seus amigos que tem essa visão de gestão, se candidatem a presidência da CBB e tentem implantar seus ideais de gestão,
é assim que deve ser numa democracia,
e hoje como o senhor seu Seu Paulo está na oposição, esta tem o direito de se manifestar pois democracia sem oposição não é democracia é ditatura,
Na verdade nós que jogamos no Corredor Esportivo do Moneró o que precisamos é de política públicas que mantenham as quadras esportivas públicas conservadas, não só na Ilha do Governador, não só no Rio, mas no Brasil, queremos a massificação do nosso esporte basquete, isso que verdadeiramente influencia a nós, proporcionar a quem não tem dinheiro para pagar um Clube poder jogar basquete,
pois as eleições na CBB nunca fez nada por estes excluídos, ali é briga pelo poder, briga de uma minoria que frequenta seus clubes,
quem lá está, nos clubes, não reconhece o nosso jogo, não conhece a nós, somos os anônimos, somos mais uns números,
nem adversários dentro de quadra vocês querem ser nossos, nem ganham da agente dentro de quadra e ainda falam por aí que são melhores,
não postaremos mais aqui, porque aqui não é nosso lugar,
aqui é um lugar para a minoria e nós brigamos é pela maioria, brigamos pela massificação como no basquetebol americano, no futebol brasileiro, no handebol alemão, no voleibol italiano,
no atletismo jamaicano,
aqui é luta de minorias tentando recuperar o poder perdido para outras minorias.
Mas como defender tão belos ideais, usufruir da critica bem fundamentada, debater o bom debate de cara lavada, de frente ao oponente, responsavelmente identificado e se identificando com o teor dos argumentos, sem dizer quem é e a que veio, prezado editor? Em tempo algum deixei sem resposta a todo aquele que aqui postou, responsavelmente identificado, pois um dos pilares da democracia é a liberdade responsavel de expressão, aqui respeitada e preservada desde sempre.
Lamento sua “impossibilidade”de identificação por motivos que escapam à minha compreensão de livre e independente pensador, e fico torcendo para que sua admiravel luta prossiga no encalço do sucesso merecido. Paulo Murilo.