DEBUTANDO…

E lá vem esse cara de novo mostrando o que está errado. Será que não elogia nunca? É rabugice demais!

Até que concordo, mas, elogiar o que?

Querem ver um cândido, porém simplório exemplo?

Ontem em um jogo do NBB 2 (contando assim parece que tem prazo determinado de validade…), um novíssimo assistente técnico estreou interinamente na direção de uma equipe que teve seu técnico principal despedido. E que estréia meus deuses, pois “nunca na história deste país” a síndrome da luzinha vermelha ( aquela lâmpada piloto que define uma câmera de TV  como operante, no ar…), foi tão evidente e tão explorada. Nosso debutante a perseguiu durante toda a partida, sendo que no terceiro quarto, distraído olhando passivamente a equipe francana deslanchar na quadra, não notou que estava sendo insistentemente focalizado ( desconfio que o diretor de video  acionou a câmera de propósito), mas no momento em que percebeu a luzinha acesa fez desencadear um frenético gestual de fazer corar as grandes vedetes do nosso passado teatro de rebolado da Tiradentes. E a luzinha continuava acesa, a tal ponto que ele encarou de soslaio aquela lente consagradora por duas vezes, até que foi desligada, pois o jogo teria de ser transmitido pelo seu real interesse, os jogadores, e não pelo balé hilário de corpo e mãos constrangedor à beira da quadra.

Mentira Paulo, você está inventando! Duvidam? Então tentem assistir um vídeo, ou um possível replay do jogo em questão para testemunharem um comportamento absolutamente inacreditável, perpetrado por um aspirante a técnico, que inclusive foi elogiado pelo comentarista da TV durante todo o jogo.

E por ai vamos de encontro à nossa redenção propiciada pelos “novos” talentos na direção de equipes principais e seleções de base, onde o exibicionismo mascarado de liderança e comando, baila no entorno de nossas infelizes quadras, em nome de marqueteiros interesses, nos quais o importante é o fato de “aparecer”, de demonstrar através o milagre de mídia o quanto são preparados, estratégicos, atuantes, líderes, dominantes, e finalmente, sob uma ótica malignamente distorcida, indispensáveis, principalmente se sobraçando suas mágicas e inescrutáveis pranchetas, símbolo e grife maior de seu tempo.

Como tais comportamentos seriam administrados por uma escola de treinadores? Coibidos, restringidos a patamares menos explícitos, ou aceitos como parte da personalidade inerente aos modernos técnicos?

De que forma deveriam ser preparados, aperfeiçoados ou reciclados nossos futuros e atuais técnicos no direcionamento de um projeto realmente condigno a uma escola séria de treinadores?

Quais as prioridades básicas? A do interesse fundamental visando o preparo de nossos jovens, a direção competente e compenetrada de nossas equipes maiores e de nossas seleções, ou centrando na figura dos técnicos os princípios, os meios e os fins  de suas atuações e comportamentos públicos?

Será que a moda ainda resistente dos “15 minutos de fama”, da auto promoção endêmica, da copiagem desenfreada de modelos globais, da utilização prét a porter de sistemas que dispensam variáveis trabalhosas, já que dependentes de estudos prolongados, indesejáveis nesse mundo de resultados à curto prazo, onde a reboque da definição da mulher de Cesar- o técnico não só deve ser competente, mas demonstrar que o é, falseando todo um principio de liderança, aquela exercida muitas vezes através um simples e definitivo olhar.

Espero que o deslumbramento infantil pela notoriedade, quase sempre falsa, difusa e etérea, seja devidamente controlado pelo debutante técnico, em sua pressa de demonstrar serviço e reconhecimento, pois o caminho escolhido somente o levará ao descrédito e ao ridículo, com ou sem lampadazinha vermelha acesa, e que apesar de minha contumaz rabugice, volte aqui para elogiar seu trabalho como um eficiente e discreto técnico de basquetebol.

Amém.



Deixe seu comentário