O VIGÉSIMO SÉTIMO DIA…

Lucas, Daniel, Mosley são ótimos jogadores, que junto aos demais componentes da equipe do Saldanha da Gama me foram apresentados um mês atrás quando fui convidado por Alarico Lima para dirigi-los no NBB2.

Iniciei as atividades contando com o empenho de todos num trabalho minucioso de reconstrução de uma equipe falida e depreciada, mas que respondeu ao treinamento intenso com melhoras que cresciam ao passar dos dias. Foram 18 até o embarque para São Paulo, onde brilharam intensamente contra o Pinheiros e o Paulistano, merecendo dois dos jogadores, o Roberto e o Lucas suas escolhas para a seleção da rodada, e o Roberto como o Dono da Bola da mesma.

Este inicio bem sucedido encheu a todos nós de esperanças em dias melhores, em uma melhor colocação no campeonato, e em uma elevação na auto-estima de todos. Voltamos a Vitoria, e na segunda feira tudo desmoronou, todo o esforço despendido se tornou em vão, a equipe se fragmentou. E a causa alegada foi a negativa de quatro jogadores (Amiel era o outro, reconsiderando depois) de continuarem treinando e jogando enquanto pagamentos atrasados não fossem honrados pela administração. Por conta destas decisões  enfrentamos Franca e Araraquara em grande desvantagem, perdendo este último por não poder contar com jogadores necessários ao rodízio obrigatório pelo sistema defensivo que empregamos, o da linha da bola, desgastante e exaustivo.

Torcia para que tudo pudesse ser resolvido antes dos dois próximos jogos em São Paulo contra Bauru e Assis, que poderia nos dar um novo e definitivo alento nesta equilibrada Liga.

Hoje, Lucas, Daniel e Mosley foram dispensados ao lutarem por  direitos que consideravam válidos e justos, e que certos ou equivocados deveriam ter tido de mim, o técnico da equipe, um posicionamento opinativo, com conotações eminentemente técnicas e comportamentais nos treinos e jogos,  sobre decisões tão drásticas que foram tomadas  pela administração da equipe. E a atitude lógica que teria o meu voto seria a da conciliação, do acerto das dividas, garantidora da continuidade de um trabalho realmente promissor, que se estenderia por somente mais um mês no caso da não habilitação aos play offs , ou um pouco mais se classificada a equipe. E ao fim da temporada tudo se aclararia e possivelmente , ou não, se resolveria sem a perda irremediável de um trabalho realmente inovador.

Mesmo em se tratando de um problema muito anterior à minha chegada, uma palavra, uma posição a favor da integridade de uma equipe duramente formada e renovada poderia ser levada em conta, já que nada, absolutamente nada pesava na minha relação com todos eles, a não ser o fato da ausência aos últimos  treinos pelos  motivos alegados, jamais técnicos.

Foram dispensados mesmo ante tais argumentações, quando todo um processo técnico tático se encontrava em acentuada e ascendente evolução, interrompendo-o de forma radical, foram dispensados por pêndegas entre eles e a administração da equipe, o que lamento muito. Mas tenho sob comando os demais jogadores, que se esforçaram e trabalharam com a mesma intensidade,  que confiam em mim e concordam na continuidade do processo e na mensagem que passo através de muito trabalho e dedicação, e aos quais devo respeito e alta consideração, na mesma proporção e intensidade que sempre tive aos hoje dispensados Lucas, Daniel e Mosley, aos quais desejo ardentemente sucesso onde vierem a atuar.

Deverei seguir em consideração e respeito à equipe e a palavra empenhada ao Alarico que me trouxe para sua equipe, cumprindo o contrato de 3 meses, dedicando todo o meu conhecimento e força de trabalho a respeito do grande jogo, findo os quais tomarei as medidas que naturalmente se imporão ao projeto proposto, que estarão, ou não, ao alcance da equipe, como um todo, e a mim em particular.

Tenho um trabalho, agora dobrado, pela frente, mas que tem de ser exequibilizado a um custo bem maior do até agora realizado, e que nos custou muito esforço  e suor. Recomeçar, é o que nos espera.

Amém.



4 comentários

  1. Alonso de Toledo 09.03.2010

    Prof. Paulo:
    Parabéns pelo post. Raramente se vê tanta hombridade em uma manifestação. Seu posicionamento é de uma sobriedade a ser seguida por todos os profissionais do basquete, no que se refere ao cumprimento de seus compromissos com a equipe que lhe contratou, sem deixar de lado o engajamento com seus atletas. Ainda que decano torcedor de Franca, não posso deixar de manifestar votos de sucesso nessa sua empreitada, e em qualquer outra que se seguir. Grande abraço e ótima sorte.

  2. Henrique Lima 09.03.2010

    Professor Paulo, uma pena isso ter acontecido.

    Acredito que os três atletas foram no limite do que puderam e estão no direito de pedir o que foi acordado.

    O clube tem que honrar com o compromisso, para que todos possam trabalhar no melhor ambiente e se concentrar ao máximo para as atividades profissionais.

    É complicado até falar em cobrança na quadra em situações assim.

    Muito triste abrir os sites e ler a carta do Lucas. Nunca é bom para ninguem e torna este momento para refletir ainda mais em como melhorar o nosso basquetebol. Como fazer isso não acontecer novamente.

    Um grande abraço e bom trabalho para o senhor, Henrique

  3. Basquete Brasil 09.03.2010

    E como senti e ainda sinto prezado Henrique.Todos bons jogadores, e que me deixaram orgulhoso pelo trabalho apresentado. Pena o desfecho em tudo e por tudo indesejável.Vida que segue para mim e para eles, para a equipe. Acredito que encontrarão um porto feliz, o mesmo para a equipe que tanto trabalho exige de mim, aos 70…
    Mas amo o que faço, e sou plenamente correspondido. Um abraço,Paulo.

  4. Basquete Brasil 10.03.2010

    Obrigado pelos votos de sucesso a mim endereçados por você,prezado Alonso, fico grato e sensibilizado por sua compreensão e incentivo. Um abraço carioca, Paulo Murilo.

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