EM OFF, CARA?…
Paulo, aqui em off, quais suas analises sobre a seleção do Magnano que disputa o Mundial dentro de alguns dias?
Em off cara? O fato de ter entrado no clube da LNB (já me saíram…), não tira de mim o tique blogueiro, afinal de contas o Basquete Brasil está ai desde 2004…
Antes, um pequeno intróito justificativo ao que veremos taticamente dentro de poucos dias.
Nos sete primeiros jogos do campeonato paulista, com oito equipes que também participarão do NBB3, 440 arremessos de três foram perpetrados, numa média de 62.8 tentativas e de 28.5 bolas perdidas, numa clara demonstração de que a sangria dos três e os erros de fundamentos ainda continuarão a reinar por um longo tempo entre nós, assim como o indefectível sistema único de jogo, com suas capitanias hereditárias de 1 a 5.
E como a seleção representa a forma de jogar de seus jogadores, quanto mais a nossa que segue fielmente a notória globalização técnico tática advinda da NBA, pressinto que a mesmice irá imperar absoluta na Turquia, talvez com a exceção da equipe americana, pela ausência de seus pivôs de choque, tendendo para três alas-pivôs e os dois armadores clássicos de suas formações desde sempre, pois o Coach K indubitavelmente não teme mudar conceitos e sistemas de jogo, como excelente técnico que é.
E se quisermos mais análises feitas por quem realmente conhece o grande jogo, ai está um comentário do Prof. Walter Carvalho postado aqui no blog sobre a postagem “E SE NÃO BASTASSE…” DE 4/8/2010.
· walter carvalho 16.08.2010 (2 dias atrás) ·
Professor Paulo Murilo,
(…) Em relação à seleção brasileira que está se preparando para o mundial, tive a oportunidade de assistir os jogos treinos no Brasil e estes são os meus comentários:
1. Não podemos contestar os resultados alcançados pelo técnico argentino..
2. Assistindo o jogo pela TV – não pude observar nenhuma diferença na forma de atuar do Brasil – O time parecia que ainda estava sendo dirigido por Lula, Helio Rubens, etc…O que eu pude observar foi um maior comprometimento e mais seriedade dos jogadores e isto geralmente acontece no período de lua de mel entre técnico e jogadores
3. O Brasil da forma que atuou não terá condições de competir a nível de mundial – pois a equipe com 3 armadores baixos e 2 pivôs não é a formação ideal para os adversários que encontrarão na competição na Turquia.
4. A defesa ainda comete os mesmos erros básicos de outrora – ou seja, deixam nossos pivôs Varejão e Splitter – desprotegidos e em situação de 1 contra 1 – pois os nossos armadores não sabem marcar o homem da bola – contra algum técnico esperto o Splitter e o Varejão não ficarão muito tempo na quadra pois sairão já no primeiro quarto com 2 faltas.
5. O sistema de ataque do Brasil era similar ao de nossos adversários, pois estes utilizam jogadas e movimentações da NBA e não movimentações que venham a favorecer e a tirar vantagem da habilidade individual de nossos jogadores – ou seja, não tem um jogo e forma brasileira de atacar
6. O Brasil marca mal o arremesso de 3 pontos e os bloqueios verticais e horizontais sem bola do adversário – movimentações estas muito utilizadas por equipes européias
7. Para o Brasil ter sucesso na competição 5 jogadores pelo menos terão que ter uma performance de 70-80% de aproveitamento em todos os segmentos do jogo (física e técnica) com jogos diários – isto será muito difícil manter e os nossos substitutos não estão no mesmo nível dos que começam o jogo.
8. As substituições feitas durante o jogo a nível de observação – não poderão ser feitas no mundial. Isto irá certamente influenciar na manutenção do rendimento técnico e físico dos atletas principais de nossa equipe
9. A formação inicia do Brasil é muito baixa – Huertas, Leandrinho e Alex não terão como auxiliar no rebote defensivo e este será um dos maiores problemas do Brasil.
10. O aproveitamento do Brasil nos arremessos de fora do garrafão e de 3 pontos é muito baixo – e nossos atletas são baixos para penetrar no garrafão dos europeus com eficiência.
11. A equipe não demonstrou nestes jogos possuir plano de jogo para cada adversário – jogou da mesma forma com as mesmas alternâncias técnicas e táticas previsíveis
12. O técnico argentino já deve, hoje, estar analisando, e espero que corrigindo os erros na composição da equipe e os erros defensivos – porém eu não acho que ele conhece bem os jogadores e tenha tempo o suficiente para corrigir.
13. Acredito também que o sistema defensivo que deve ser usado contra as equipes européias é um sistema de marcação combinada (triangle-and-two-ou box and 1) pois só assim o Brasil irá poder forçar a equipe adversária a jogar de uma outra forma ou a ter que se ajustar taticamente durante o jogo o que seria um fator positivo – Se marcar pura e simplesmente homem a homem voltaremos de uma competição mundial mais uma vez sem alcançar o sucesso esperado!
14. O Brasil só tem um armador – o Huertas -e continua dependendo dele para as armações táticas ofensivas da equipe – isto é um erro e o Brasil teria condições de fluir bem melhor no ataque jogando com 2 armadores. Do jeito que a seleção atuou aqui nos jogos amistosos, e se o Huertas tiver um dia ruim, ou se o marcador não o deixar jogar o Brasil não terá equilíbrio ofensivo e isto é um grave erro!
15. O resultado do amistoso contra Porto Rico já deve ter forçado o técnico argentino a ter que rever seus planos técnicos e táticos, e espero que ao chegar na Turquia estes planos tenham sido corrigidos, efetivados e implantados.
No mais só nos resta torcer, pois a falta de bons resultados em competições internacionais não é bom para nenhum de nos brasileiros que militam no grande jogo, tanto no Brasil quanto no exterior.
Seja o que Deus quiser!
Ao que respondi-
- Basquete Brasil Ontem ·
Walter, se me permitir, assino embaixo de suas análises, precisas, irretocáveis. Muitos pretensos “conhecedores” do grande jogo não concordarão, e até se sentirão ofendidos, mas a realidade dos fatos você expôs na veia. Somente acrescentaria um penúltimo pormenor, o de não sabermos, e mesmo desconfiarmos do que venha a ser jogar com os pivôs, que segundo o Oscar, só servem para pegar rebotes, a fim de propiciar oportunidades aos matadores, principalmente os de três. Lamentável afirmação, de quem nos legou essa incontrolável hemorragia dos longos arremessos, desde as divisões iniciais de base, até a elite de nosso país.
E concluindo Walter, no excelente blog Bala na Cesta de hoje (17/8/2010), o Fabio Balassiano anotou(…)”Os 84 x 68 talvez espelhem não a diferença entre os times, mas a diferença dos “dois basquetes” jogados nos dois países(…) (Sobre o jogo de hoje contra a Espanha).
Creio que o bom jornalista cometeu um pequeno equívoco, pois assim aqui, como lá, o sistema único de jogo é utilizado, com uma diferença, os de lá praticam-no à base de fundamentos muito bem estruturados desde a mais tenra base, daí seus 1, 2, 3, 4 e 5 serem superiores aos nossos, ao passo que nós…
Um abração Walter. Paulo.
PS- Nesse nosso encontro convidei o Walter para fazer parte do projeto Escola Carioca de Basquete que lançarei em breve, reunindo-o a mim e ao Gil Guadron, para provermos os jovens técnicos brasileiros que se interessarem, de materiais gráficos, artigos e análises de sistemas e formas de treinamento, numa tentativa de difundirmos nossas experiências fundamentadas na generalização democrática de conceitos técnico táticos, e da informação, numa oposição clara e objetiva às formatações e padronizações que muitos vêm impondo coercitivamente ao nosso basquetebol.
Oxalá sejamos bem sucedidos nessa honesta tentativa. PM.
Amém.
Foto- Walter e eu no almoço de hoje(17/8/2010). Clique para ampliar.
Oi Paulo
Até o final do ano concluo o doutorado e estarei livre para o Basquete 🙂 Vou me matricular na escola.
abraços!
Suzana
Considere-se, desde já, nossa primeira participante, o que muito nos honra, prezada Suzana. Um abraço, Paulo Murilo.
Professor,
Não sei se o senhor se lembra, mas já colaborei para o blog Rebote anos atrás e trabalhei como repórter de basquete também no UOL Esporte. Ultimamente, minha atenção profissional está voltada para outras bandas, ou, melhor dizendo, campos… De todo modo, o interesse pelo bola ao cesto segue firme.
Não tenho formação alguma como técnico ou jogador (Círculo Militar-SP somente até a categoria mirim, hehe), mas tenho o interesse de participar do grupo de estudos. É possível? Meu e-mail pessoal está aqui na mensagens. O sr. poderia me mandar uma mensagem privada também, se não se incomodar?
Boa sorte com o projeto e qualquer outra aventura pelas quadras daqui. Um abraço,
Giancarlo Giampietro.
Claro que lembro de você Giancarlo. Assim como a Suzana, já pode se considerar participante do projeto, o que muito me honra. Mais adiante publicarei as normas e diretrizes, para que o acesso aos estudos seja o mais democratico possivel, e extensivo à comunidade basqueteira do país.Seria formidável se desse certo,pois precisamos unir mais as cabeças pensantes do grande jogo entre nós.
Um abraço, Paulo Murilo.
Caro Professor, farei o possível para acompanhar mais esta empreitada !!
Já me considero aluno do senhor após tantos artigos e discussões !
A diferença, acredito, será reunir mais e mais jovens tecnicos que queiram repensar o basquetebol.
E concordo, o Mundial da Turquia não terá nada de novo taticamente. Talvez os EUA e provavelmente, só. É muito pouco.
Um grande abraço, Henrique Lima
Prof. Paulo estou escrevendo para agradecer , pois estou sempre aprendendo muito ao ler suas materias e os comentarios de seus amigos, O Prof. Walter Carvalho deu uma aula de analise tecnico e tatica.
Coloco sempre meu filho em contato com suas materias e seus videos, como ele esta iniciando como jogador e armador, procuro que atraves de seus ensinamentos ele seja o mais completo possivel.
Muito obrigado e um abraço,
Com você Henrique, já são três participantes no projeto, conta esta promissora em somente dois dias de prometido. Gil, Walter e eu começaremos a elaboração do projeto via grande rede ainda nesta semana, e quem sabe em breve, muito breve deslancharemos a ECB. Torçam para que encontremos uma fórmula objetiva e concreta na divulgação e propagação da mesma.
Um abraço, Paulo.
Fico imensamente feliz em saber que seu filho nos prestigia também, prezado Fernando. Novas gerações são a esperança de dias melhores para o grande jogo entre nós, e prometo que tudo farei para que, não só seu filho, mas todos os jovens que aqui aportarem, encontrem material técnico e didático para que se aperfeiçoem nos fundamentos e nas técnicas coletivas. Obrigado pelo seu incentivo. Um abraço extensivo ao filhão. Paulo Murilo.
Prof. Paulo Murilo,
Mais um aluno, eu com certeza quero estar aprendendo e participando desta idéia.
Abraços,
Fábio/SP
Certamente Fabio, contamos com você para esse projeto, e somente espero que a adesão dos novos técnicos(e por que não os antigos tambem?…)se torne uma bela realidade.
Um abraço, Paulo.
Ola ! Professor!
Ta lembrado de mim , sou o Luciano que a algum tempo vinha lhe pedindo algums conselhos e opnioes a respeito da minha vontede de ser tecnico de basquete , sou do RS , se lembra , dai o senhor me meu listou uma serie de artigos do site pra ir me aprofundando mais.
Bom adorei sua ideia e gostaria de participar tambem.
O senhor poderia esplicar melhor com vai funcionar a escola?
Vai ser somente presencial ou vai ser EaD?
Um Abraço e sucesso!
Parabens pela iniciativa.
Seja bemvindo Luciano.Os detalhes serão veiculados em breve, depois que o Walter, o Gil e eu nos reunirmos(via internet) para acertarmos as estratégias da ECB. Aguarde. Um abraço, Paulo Murilo
Caro professor Paulo, conte-nos um pouco mais sobre como essa escola funcionará. Professores de qualquer estado poderão participar?
Obrigado.
Prezado Cássio, esta será uma escola de todos que desejarem participar, do Amapá ao RGS, indistintamente, pois será veiculada pela internet, tanto no conteudo didático, como nas palestras via stream, gravadas e mesmo ao vivo, com os professores e técnicos que reuniremos para esse grande projeto. De inicio o Gil, o Walter e eu organizaremos os cursos e os materiais intervenientes. Alguns seão gratuitos, outros pagos para cobrirem custos, além de clinicas específicas que planejaremos ao vivo ou via internet. Enfim, será uma escola generalista, democrática e aberta, Jamais, repito, jamais voltada a padronizações e formatações de qualquer monta. Aguarde mais um pouco, já que muitas são as dificuldades que teremos de enfrentar. Um abraço, Paulo Murilo.