MUNDIAL-O QUINTO DIA: AS FALHAS DEFENSIVAS…

Observem com atenção e frieza as três fotos acima, que muito além de se constituírem matéria jornalística (são fotos oficiais da FIBA), demonstram com exatidão os reais motivos da derrota frente aos eslovenos, pois refletem nossas maiores falhas defensivas.

Dentro do sistema único de jogo utilizado por 23 das 24 equipes neste mundial, um fator defensivo é comum a todos os concorrentes, a opção em defender uma ação interior entre uma anteposição simples, ou uma dobra, pois nada supostamente mais fere um sistema defensivo em seu orgulho, do que ser rompido por arremessos de curta distância, na forma de uma bandeja, ou um gancho curto. Parece que a moral de uma equipe se torna discutível se for superada seguidamente em arremessos curtos, daí o esforço em evitá-los com anteposições duplas, e até triplas.

No entanto, discutível ou não essa moral, a verdade crua é que cada finalização desta somam somente 2 pontos, e não 3, quando o cercado atacante inteligentemente abre um passe para fora do perímetro para que um companheiro seu arremate de 3 pontos, livre e equilibradamente.

Se ao abdicar de uma imponderável dobra, uma equipe opta em contestar um arremesso de 3 pontos, estará cedendo ao atacante somente a possibilidade, que pode ser obstada, de conseguir 2 pontos, os quais poderão ser compensados mais adiante por conclusões do mesmo valor, já que mais precisas pela proximidade com a cesta.

Mas não é, quase sempre, o que vemos em nossa equipe, que ao se preocupar em evitar os arremessos curtos, deixa em completa liberdade atacantes de grande precisão fora do perímetro, que de 3 em 3 pontos se distanciam firmemente no placar, tornando as ações reativas difíceis e na maioria das vezes, descontrolada.

Somente um sistema defensivo baseado na flutuação lateralizada poderia suprir tal deficiência, que é uma variação da defesa linha da bola, pouco ou nada utilizada por nossa equipe.

E foi esse o panorama defensivo da partida, principalmente no segundo quarto, pródigo, juntamente ao último quarto, em arremessos de 3 pontos, resultantes atraentes das sucessivas dobras que nossa equipe teimosamente executava, pois em nenhum momento da partida nos antepomos aos longos e precisos arremessos eslovenos, avalizando decisivamente nossa real incapacidade de bloqueá-los eficientemente.

A similitude ofensiva de ambas as equipes, gerou algumas situações dignas de analise, principalmente quanto à nossa armação, que entregue inicialmente ao Huertas, prosperou até o momento que o bom jogador começou a receber dobras defensivas bastante enérgicas, chegando a perder a bola em duas delas, que em momento algum foram punidas com faltas, o que o tornou irritadiço, e por conseguinte, muito menos eficiente e algo desconcentrado pelo descontrole emocional. Seu substituto, Nezinho, apesar de manter um ritmo razoável no ataque, falhou muito nas anteposições dos arremessos de três da equipe eslovena, comprometendo bastante sua eficiência.

Falhamos bastante e estrategicamente no ataque, ao optarmos pelos arremessos longos, em vez de insistirmos no jogo interior, ação esta bem utilizada no quarto inicial, quando provocamos importantes faltas pessoais nos altos pivôs eslovenos.

Mas nada comparável ao terceiro quarto, quando paralisamos o ataque esloveno, incapacitado por uma defesa por zona clássica, não por não saberem atacá-la, mais sim pela brusca quebra do ritmo ofensivo que vinham exercendo nos dois quartos iniciais.

E neste precioso momento da partida, que não soubemos ter paciência de equilibrarmos o placar com cestas de 2 em 2, e não através tentativas imprecisas de 3, somente conquistadas no último quarto por um Marcelo Machado inspirado. Mas ai não tivemos o tempo a nosso favor, e bem mais, o bom senso técnico tático totalmente comprometido por uma formação de equipe falha nas convocações, principalmente no concernente aos armadores.

Logo mais, contra a Croácia, para vencermos precisaremos otimizar três pontos: – Jogarmos intensamente o jogo interno, visando cestas mais precisas, e provocando faltas dos defensores.

– Evitarmos ao máximo as dobras, a fim de termos tempo e espaço para as contestações aos arremessos longos dos croatas.

– Selecionarmos energicamente os arremessos e os arremessadores de longa distância, reservando àqueles que realmente o dominam, a incumbência de executá-los, e somente eles.

Enfim, nos situamos numa encruzilhada em que velhos erros devem ser minorados ao máximo, sob pena de voltarmos bem antes do tempo, e que na próxima competição saibamos convocar e organizar uma equipe à parte de interesses e jogadas políticas, pois o preço a ser pago é sempre muito alto e irreversível.

Amém.

MUNDIAL-O QUARTO DIA: A DERROCADA…

O jogo do dia foi também o jogo que foi jogado fora…pela Espanha, os atuais campeões mundiais.

Soberba, descaso, relaxamento, muitos foram os adjetivos tentando justificar uma frente de 16 pontos ao final de um terceiro quarto, atuando com maestria e equilíbrio tático.

Esqueceram, no entanto, que a grande base das equipes soviéticas sempre foi constituída de jogadores vindos da pequena Lituânia, hoje independente como nação, mas mantendo sua tradição de celeiro de grandes jogadores, e técnicos.

Foi um último quarto arrasador, dando números finais à equipe lituana, lídima vencedora, ante uma Espanha que nitidamente se recente das perdas de Gasol e Calderón, além do fatal erro de subestimar uma equipe do naipe e tradição da Lituânia.

Num outro e importante jogo, os donos da casa não tomaram conhecimento da Grécia, permanecendo invictos nesta fase classificatória.

E o Mundial vai cristalizando uma evidência inédita em competições deste nível, a de que, rigorosamente, TODAS as equipes jogam de forma igual, ofensiva e defensivamente, exatamente como uma decorrência lógica desta uniformização, sem quebras nas hierarquias do jogo, excetuado-se a equipe americana, com seu jogo todo escudado na habilidade de seus jogadores, perfeitos executantes dos fundamentos, individuais e coletivos. Claro que terão  dificuldades defensivas quando enfrentarem as grandes equipes européias, e talvez a argentina, solidamente treinadas e fundamentadas em torno do sistema único, além das ofensivas, pela perfeição que aquelas grandes equipes auferem quando empregam defesas zonais.

Então, preparemo-nos para assistir uma possível ruptura no modo americano de jogar e atuar, fato novo na mesmice que vem imperando no âmago do grande jogo. Espero ansioso que isto venha a ocorrer, para o bem do basquetebol.

Amém.