CONTINUAMOS…

Quando em fevereiro desse ano assumi a direção de uma equipe da LNB, para o returno do NBB2, tive de fazer uma opção bastante significativa em minha rotina de vida, orientada ao estudo, e ao blog criado em 2004.

Inicialmente a mudança de cidade e todas as implicações logísticas inerentes à mesma, não fosse eu aposentado do magistério superior, e já estando na casa dos 70 anos, e segundo, a forma como manteria a essência do blog estando na direção prática de uma equipe de alta competição.

Creio ter solucionado os impasses de uma forma bastante pragmática, instalando-me em um hotel, onde o aspecto “administração de uma casa” seria minimizado, e estabelecendo um diário no blog sobre as etapas de treinamento e jogos que passei a enfrentar no dia a dia da competição, e que foi bastante consultado e discutido, principalmente pelos jovens técnicos do país.

Terminada a competição, iniciei um tempo de espera, a fim de dar continuidade, ou não, ao trabalho implantado na equipe, situação essa que dependia exclusivamente da direção da mesma, na busca de patrocínios que a viabilizasse para a temporada a seguir. E durante a angustiante espera me posicionei em um artigo que desnudava toda uma situação de fato, mas não de direito, onde a realidade do nosso basquete se fazia presente com todo o seu desnível sócio esportivo. “Me dei um tempo… foi o artigo em questão, cujo último parágrafo expunha com clareza o processo de indefinição que se fez presente na continuidade da equipe, que acabou sendo liquidada, pelo menos quanto ao processo técnico tático que propus, treinei e a fiz atuar nos 11 jogos finais da temporada.

Hoje, definitivamente fora das quadras de jogos da LNB, por uma disposição injusta e discriminatória, onde o se provar competente e atualizado é fator desqualificante e de somenos importância, ante o poder inamovível de um corporativismo descabido e retrógado,  advindo de fora das quadras, volto aos cânones que sacramentaram a criação deste humilde blog, onde a discussão básica, transparente e responsável, propugna, como desde sempre, o possível soerguimento do grande jogo em nosso país.

Portanto, e após um segundo tempo reflexivo, volto à trincheira desobrigado das funções de técnico atuante, não menos compromissado com as análises, criticas e sugestões que sempre habitaram esse espaço, sempre contando com o apoio, as criticas e sugestões dos muitos jovens técnicos, alguns velhos técnicos e poucos jornalistas e aficionados, presentes nos comentários abertos e democráticos, continuando o caminho traçado desde setembro de 2004.

Muitos assuntos pairam no ar, alguns sequer intocados pela mídia, pelo público em geral, mas repletos de importância e de significados.

Continuamos na teimosa e constrangedora forma de preparo de nossas jovens seleções, onde perder sistematicamente para os argentinos já se tornou um hábito endêmico, quando deveria ser um parâmetro de mudanças e conceitos, e de responsáveis também.

Continuamos a minimizar o ensino dos fundamentos, assunto de uma infinidade de matérias aqui publicadas e discutidas, que bem sei ser domínio de muito poucos excelentes técnicos que possuímos, NENHUM deles responsáveis por quaisquer seleções de base brasileiras, e cujos princípios já extrapolam de modalidades, haja vista o excelente artigo- O erro está na base-  do jornalista Fernando Calazans no Globo de hoje (2/11/2010), que o encerra desta forma – “O remédio, não só para o Flamengo mas para todo o futebol brasileiro, está na base. Está nos meninos de 10, 11, 12 anos que, em vez de terem aulas de tática com os “professores pardais” da categoria, precisam aprender primeiro a lidar com a bola, a dominar, driblar e passar como por exemplo Conca, Montillo, D’Alessandro e outros… argentinos.”  E como pululam pardais em nosso basquete…

Continuamos a mesmice técnico tática que nos esmaga a duas décadas, como um pacto adjeto ao que de pior pode nos referenciar perante a comunidade internacional, depurando sem dó nem piedade qualquer tentativa de “diferenciação”, mesmo que partindo de um insignificante lanterna da liga dirigido por um excêntrico de plantão, mas que poderia deixar de sê-los na continuidade da agora esmagada tentativa. Se pura maldade, ou abjeta burrice, que julguem os entendidos…

Continuamos, enfim, a administrar sofregamente as vultosas e bilionárias verbas que se avizinham a 2014 e 16, todas elas comprometidas com os negócios, da industria ao turismo, nas mãos dos apaniguados e dos chupins dos poderosos, onde a menção de termos como, educação integral, democrática  e de boa qualidade, preparo e aperfeiçoamento de jovens atletas, pagamento justo e meritório de professores e técnicos, se tornam impublicáveis em seus projetos megalômanos e anti patrióticos, já que excluem a verdadeira riqueza de um país que pretende se alçar e ombrear com as nações desenvolvidas do mundo, seus jovens, esquecidos e criminosamente abandonados.

Continuamos assim, a luta que sei ser sem fim, até quando os deuses permitirem.

Amém.

OBS- Clique na foto para ampliá-la.



2 comentários

  1. Davi Silva 09.11.2010

    http://www.youtube.com/watch?v=pEsc95URJsE

    Acima é um sucesso Francês em um esporte, tem o sucesso do Brasil no Vôlei mas acho que o nosso atual presidente do COI caiu na sede do poder e deu um pouco de desgosto nesse sucesso, ainda mas depois do último acontecimento em que jogaram para perder, mas as meninas estão indo bem,

    no Basquete a coisa tá complicada mesmo, mas a luta tem que continuar.

  2. Basquete Brasil 09.11.2010

    E vai continuar prezado Davi, pois merecemos um destino melhor do que esse anunciado pelo czar. Lutemos então.
    Um abraço, Paulo Murilo.

Deixe seu comentário