ALICERCES DE BARRO…

PROGRAMAÇÃO DA 86ª CLÍNICA TÉCNICA E PREPARAÇÃO FÍSICA

— Quarta-feira (1º de dezembro) – 19h00 às 21h00 – Aula teórica com Diego Falcão

. Periodização da base – alto nível
. Princípio geral do treinamento
. Característica física do basquete
. Periodização e controle do treino
. Jogos pré-desportivos

— Quinta-feira (02 de dezembro) – 15h00 às 18h00 – Aula prática com Diego Falcão

. Treinamento combinado: coordenação/fundamento
. Abordagens das capacidades físicas no basquete
. Treino de força
. Voluma e intensidade: treino de físico e suas variáveis

— Sexta-feira (03 de dezembro) – 15h00 às 18h00 – Aula teórica com André Germano

. Princípio de continuidade e planejamento plurianual
. Filosofia e metodologia de trabalho
. Especialização precoce
. Conteúdos de treinamento

— Sábado (04 de dezembro) – 09h00 às 12h00 – Aula prática com André Germano

. Treinamento técnico-tático e técnico-físico: exercícios combinados
. Conceitos de jogo ofensivo
. Treinamento: Tático
. Defesa: individual/zona match up

Esta a programação da Clinica na cidade de Maceió, em sua octogésima sexta versão, visando a padronização e formatação dos jovens técnicos brasileiros, numa ação em conformidade com a ENTB e seus princípios didático pedagógicos.

Observemos que os dois primeiros dias são de responsabilidade de um preparador físico, não um técnico experiente na função formativa, mas lá está o nobre colega(?) discorrendo seus conhecimentos sobre as etapas da base ao alto nível, dos princípios gerais do treinamento, do controle do treino, até de jogos pré desportivos, reservando somente um tópico de sua especialização sobre características físicas do basquete, transpondo em muito suas atribuições técnicas, e tudo isso em abordagens teóricas, pois nas praticas, no dia seguinte é que entra com vontade numa área em que não tem competência de se meter, mas lá está, laborando a tarefa de ensinar a ensinar o que não sabe e domina, mesmo.

O técnico de formação somente se manifesta nos terceiro e quarto dias, quando comunicações teóricas e práticas se orientam às padronizações e formatações técnico táticas que tanto combato, e que nos escraviza ao sistema único de jogo (seguramente o único que conheça, daí seus fervor em defendê-lo a todo custo…e miseráveis resultados), que é compartilhado por todos que compõem as famigeradas clínicas.

São onze horas de intervenções pseudamente técnicas em quatro dias de trabalho, jornada esta que eu dava em clinicas praticamente num único dia, que em quatro perfaziam oito horas diárias, num total de trinta e duas, e não onze, como nestas enganosas clinicas da CBB. Ah, com um detalhe de somenos importância para essa turma, reservava 70% do tempo para os fundamentos, a verdadeira meta a ser alcançada numa clínica de iniciação ao grande jogo.

Analisem bem os tópicos teóricos e práticos que compõem a grade curricular, e encontrarão a resposta dos porquês estamos nessa realidade indigente na qualidade fundamental de nossos jovens jogadores (as).

Mas algo de novo bate com precisão em todo esse processo de sedimentação do sistema único, numa reportagem do Globoesporte.globo.com em 04/12/2010, com o técnico Ruben Magnano, que percorre o país em busca de jovens talentos, para constituir uma seleção permanente de 15-18 anos, visando 2016, e que lá no penúltimo parágrafo discorre:

– “A estrutura deve ser maior para que mais meninos joguem basquete. A criação da Escola Nacional de Treinadores também foi um passo importante para que depois possam ser exigidos os resultados. A idéia é que as seleções de base joguem de forma parecida com a principal, respeitando a idade. Precisamos entender que um jogador de 30 anos está num estágio diferente de um de 16. Raulzinho (armador de 18 anos que foi ao Mundial da Turquia) foi em boa hora para a seleção. Esse trabalho aponta que temos meninos para o futuro”.

Ai está, os meninos devem jogar taticamente como os adultos, sedimentando o sistema único, e o trágico, até 2016!

Claro, que determinados fundamentos serão escalonados pelas exigências (?) das posições de 1 a 5, e não TODOS os fundamentos, como deveria ser, ainda mais numa preparação onde o domínio tático é prioritário, e não os fundamentos.

“Na América não conheço um projeto assim. Na Argentina, acompanhei o que foi feito de perto e não houve um tão estável, ficando o tempo todo concentrado no trabalho, disse o Magnano”.

Mas porque  na Argentina foi diferente? Ao desembarcar em Ezeiza com o título olímpico em mãos, a primeira manifestação do Magnano foi o agradecimento aos técnicos de formação de base que propiciaram a ele comandar a grande geração advinda do grande e perseverante trabalho daqueles técnicos dedicados e patriotas, sem os quais nada teria sido alcançado, trabalho aquele centrado prioritariamente nos fundamentos, seguindo a escola espanhola, irmã e ancestral.

E aqui em nosso continental país, quem são esses técnicos, como são ou serão acionados, como serão lembrados e formados, como?

Pela ENTB que se iniciou “formando” técnicos da elite em quatro dias?  Pelas clinicas cebebianas cujo conteúdo programático ai em cima expõe uma realidade injustificável?

O continuísmo administrativo na CBB gerou o continuísmo técnico tático impingido às nossas seleções desde a base, num moto contínuo inamovível ainda por um longo tempo, suficiente para nos levar ainda mais ladeira abaixo, pois capitania hereditária de uns poucos e apaniguados que se julgam detentores do conhecimento do grande jogo entre nós, e poderosos o suficiente para afastar quem ouse se antepor a seus princípios e domínios.

Que os deuses, em sua infinita paciência, nos ajudem.

Amém.



4 comentários

  1. vitor 06.12.2010

    professor só pra avisar q esta rolando uma campanha da torcida do vitória para o sr voltar

    queremos o senhor aqui professor chega da mesmisse de sempre

    vamos levar uma faixa no proximo jogo pressionando a diretoria do vitoria

    VOLTA PM

  2. Basquete Brasil 06.12.2010

    Prezado Vitor, sinto-me lisongeado pela lembrança de todos vocês, torcedores inesquecíveis do Saldanha da Gama, um dos grandes clubes do Espirito Santo.E menciono essa formidável torcida pelo fato de que, assim como eu, não se encontra no momento vinculada à organização CECRE, e seu nome fantasia Vitoria Basquete, por vontade e decisão de seu administrador, Dr. Alarico Duarte Lima, que no pleno exercicio de sua função diretiva de fato e direito, norteou sua organização ao caminho que hora percorre, numa escolha e opção que tem de ser respeitada em toda sua dimensão.
    Agradeço de coração a lembrança de todos vocês pelos 49 dias de muito trabalho e dedicação de toda uma equipe que soube dignificar o nome e a tradição do grande clube, e quem sabe nos reencontraremos um dia?
    Um abraço saudoso e emocionado a todos vocês, Paulo.

  3. Cássio 11.12.2010

    caro Professor, há algum tempo atrás o senhor comentou a respeito da criação deum grupo de estudos do grande jogo. Como estão os preparativos para o início?

    Obrigado.

  4. Basquete Brasil 12.12.2010

    Prezado Cassio, se tudo correr dentro do previsto, em janeiro a Escola Carioca de Basquete estará com seu site publicado, dando continuidade a um projeto longamente acalentado. Um abraço,
    Paulo Murilo.

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