DANDO AS CARTAS…

SELEÇÃO MASCULINA INICIA TESTES FÍSICOS
07/02/2011 22:38 h

Os 16 atletas da seleção brasileira de desenvolvimento realizaram testes físicos específicos para a prática do basquete. O fisiologista Rafael Fachina e o preparador físico Diego Falcão utilizaram fotocélulas para marcar o tempo dos atletas no teste de velocidade. Os jogadores ainda serão avaliados na plataforma twin plates da Globus, que tem como objetivo analisar os saltos.

“Estamos finalizando a primeira fase de avaliações. Os testes servem para verificarmos a resistência e a velocidade dos jogadores. Com os resultados, teremos informações de cunho científico para direcionamento do treino e também fazer um mapa do atleta, para que o preparador saiba o que esperar fisicamente de cada um. Alguns atletas já possuem um ritmo muito bom e outros estão começando a parte do treinamento de alto nível. Após esta primeira etapa, que tem objetivo diagnóstico, faremos mais duas baterias para controle e evolução da performance”, comentou Rafael Fachina.

“Cerca de dois anos atrás o nível de um jogador era bem inferior, mas isso já evoluiu bastante. Nosso dever é continuar e aperfeiçoar essa mudança. Outro objetivo será o de transformá-los em grandes atletas, não só na estatura que já possuem, mas em jogadores rápidos, ágeis e funcionais para o exercício da modalidade. Com isso, teremos um time com velocidade e forte defensivamente.

Além disso, deixar cada um com o melhor nível possível de condicionamento, claro que de acordo com a resposta biológica individual”, disse o preparador físico da seleção de desenvolvimento, Diego Falcao.

18 de Janeiro de 2011 Comente Adicionar aos favoritos Enviar a um amigo Imprimir

NBB

Que tal minha gente, formidável, não?

Sou do tempo em que preparávamos jogadores através doses maciças de fundamentos, com seus posicionamentos exagerados, tanto nas flexões, como nas extensões dos membros inferiores, dos alongamentos nos passes, do controle sutil e básico do centro de gravidade nas paradas, partidas, dribles e fintas com e sem a bola, do posicionamento nos rebotes, onde o saltar mais alto na maioria das vezes cedia o domínio da bola ao mais bem colocado, no controle e domínio do binômio tempo/espaço, da exigência posicional a fundo nos deslocamentos e acompanhamentos defensivos, das longas sessões de arremessos que acompanhavam uma estrita e bem detalhada progressão pedagógica, dos duelos 1 x 1, onde o drible, a finta e a defesa eram exigidos ao máximo em seus fundamentais detalhes, onde as praticas em duplas, trincas e quadras aprimoravam resistências físicas e mentais, onde os técnicos exerciam seus conhecimentos do grande jogo, de seus fundamentos, de seus reais e decisivos objetivos, e quando uma ou outra deficiência de ordem física se manifestava pelas diferenças naturais aos jovens, em obediência e concordância a seus ritmos biológicos, atividades de reforço e de cunho aeróbico, e mesmo anaeróbico, eram utilizados complementarmente aos exigentes fundamentos. E grandes gerações assim foram formadas, vencedoras em mundiais e olimpíadas, plenas de saúde e força, jogadores de altíssima qualidade em que se transformaram, e não somente atletas como o são fabricados nos dias de hoje.

Preparadores físicos definem quem salta, quem corre mais, quem resiste aos trancos, quem arremessa de maiores distancias, quem pode se transformar “em jogadores rápidos, ágeis e funcionais para o exercício da modalidade”, orientando e fornecendo ao “preparador”(?) “informações de cunho científico para direcionamento do treino”, como se fosse a peça mestra e maestra da equipe em seu todo, como cientistas que julgam ser, acima de qualquer liderança, mais propriamente, acima do Técnico Principal, que pelo seu lado abdica servilmente de seu comando e total responsabilidade, permitindo que sua equipe seja transformada num bando experimental de atletas, e não, de jogadores de basquetebol.

“Discurso de velho, de ultrapassado, etc, etc, mas esquecendo que, mais do que eles todos sou um Doutor em Ciencias do Esporte, cuja tese versa coerentemente sobre…Basquetebol, e não “Twin plates da Globus”, seja lá que  nome for, mas que bem sei serem absolutamente incapazes de ensinar, vejam bem, ensinar convincente e decisivamente um jovem a driblar, passar, arremessar, defender, rebotear e jogar em equipe, o grande jogo.

Mais uma geração de jovens promissores estará se transformando cientifica e laboratorialmente em atletas de “alta performance”, mas que continuarão a tropeçar nos dribles e nas fintas, a arremessarem orgiasticamente dos três pontos, a passarem fora do tempo, a disfarçarem que defendem, a praticarem o sistema único de suas vidas, “especializando-se” nas posições de 1 a 5, e sendo hipnotizados e manipulados pelas indefectíveis pranchetas, que definem e ordenam o que fazer e como se comportarem como grandes, eficientes e científicos atletas que o instaram a pensar que são, mas que sequer desconfiam do que poderiam vir a ser se jogadores fossem, se como eficientes, inteligentes, criativos e autônomos jogadores fossem ensinados e preparados a se comportarem, a se independerem, tornando-se dessa forma, plenos no conhecimento de si mesmos e na aceitação do espírito comunitário e de uma verdadeira concepção do que venha a ser uma equipe de basquetebol. E ainda fico imaginando se toda essa bateria de testes científicos tivessem sido aplicados num Shaquille, num Jordan, num Bodiroga, num Duncan, num Bogues, com suas dilexias, estaturas e obesidades juvenis, nenhum teria sido aprovado.

Mais uma vez incorreremos no erro, no supremo e suicida erro de substituir o preparo fundamental de jovens jogadores, a plena continuidade de seus estudos, pela premissa cientifica de quem absolutamente nada entende do grande jogo, absolutamente, nada, mas que praticamente, dão as cartas, em nome da ciência.  Mas que ciência, a do jogo? Creio que não…

Amém.



15 comentários

  1. Gil Guadron 09.02.2011

    Paulo.

    Excelente su argumento subrayando que el componente mas importante en el basquetbol es el tecnico .

    A los lectores de tan interesante pagina, principalmente a los colegas entrenadores de basquetbol , les invito a que valoren este extraordinario planteo del Doctor Paulo Murilo, mi amigo desde 1973 .

    Un excelente articulo, que define con diafana claridad las prioridades que un tecnico de basquetbol debe tener.

    Respetuosamente.

    Gil Guadron

  2. Basquete Brasil 10.02.2011

    Obrigado Gil, seu reconhecimento é muito importante para mim, pois somos tecnicos e professores engajados desde sempre na perene luta pelo engrandecimento do nosso amado basquetebol.Um abraço, Paulo.

  3. Thiago Tosatti 10.02.2011

    Professor

    o melhor artigo que eu li até agora sobre esse tema. Parabéns e que outros técnicos e professores que o lerem reflitam e passem a dar maior ênfase aos fundamentos.
    Mais uma vez Parabéns, Um abraço, Thiago

  4. Marcos Nunes 10.02.2011

    Professor,

    Penso que esta forma de trabalhar é baseada em cima do argumento de que o basquete de hoje é diferente do basquete de antigamente, se exige muito mais fisicamente, um jogo muito mais intenso, etc e tal.

    Eu concordava até então, pois ainda não tinha visto nada diferente. Quando vi o trabalho que o Senhor realizou no Saldanha, todos aqui de Vitória perceberam que existem outras formas de se trabalhar.

    A preparação física hoje em dia é cada vez mais importante no esporte, mas não ao ponto de inverter os valores como estão fazendo na CBB.

    Um abraço.

  5. André Luís Garcia Astolfi 10.02.2011

    Caro Paulo Murilo,

    vendo o jogo de futebol entre Brasil x França, ontem, pude ver onze atletas em campo pelo Brasil, não onze jogadores de futebol. Resultado: 0x1 França.

    Pernadas, caneladas, carrinhos, desespero, imprecisão…e esse jogo foi apenas cópia de outros com o mesmo final triste.

    Enfim, comparando com o basquete, ficaremos ou estamos assim hoje em dia? (pergunta retórica)

    Em tempo: no caso do vôlei multicampeão, esporte que pratiquei (amador) e acompanho, houve seleção física mas, obviamente, a qualidade técnica não decaiu, provando que grandes jogadores também podem ser jogadores grandes, apesar do Murilo ter 1,92m e ser MVP do mundial, e do Giba, antes.

    Um abraço, André.

  6. Basquete Brasil 10.02.2011

    Prezado Thiago, que não só reflitam, mas que tentem de todas as formas reverter esse processo autofágico em que nos debatemos. Hierarquia e mérito tem que retornar aos seus devidos lugares, sem os quais nada conseguiremos de prático e eficiente.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  7. Basquete Brasil 10.02.2011

    Prezado Marcos, o ponto nevrálgico dessa amarga realidade, é o fato de que dentro de um único sistema de jogo, universalizado, vencem os que estiverem melhor preparados, fisicamente? tecnicamente? taticamente?
    São variaveis em torno de um único tema, o sistema único de jogo. O diferente quebra essa regra, por isso tem de ser expurgado.Mas um dia, talvez, o encanto possa ser quebrado, a fim de que evoluamos no grande jogo.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  8. Basquete Brasil 10.02.2011

    Prezado André, assim como o grande ministro da educação Eduardo Portella se definindo com “estando”, e não sendo ministro, posso também garantir a você que estamos nesse impasse, mas com muita luta e trabalho não ficaremos por todo o tempo frente a ele.Será dificil, mas não impossivel avançarmos para tempos melhores, e uma ação que facilitaria muito essa retomada seria a volta dos cursos de Ed. Fisica aos centros de formação de professores, e não se chafurdando cada vez mais em centros de formação paramédica onde se encontram nas universidades brasileiras.O pragmatismo, ao se sobrepor ao humanismo, gerou toda essa deformação que assistimos nos dias de hoje. Seria um bom recomeço.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  9. fernando 10.02.2011

    Professor o que me entristece e ver que a CBB, em minha opinião, esta julgando como desqualificados os clubes/tecnicos e a maioria dos atletas.
    Sei que querem fazer um trabalho diferenciado, e que anseiam loucamente por resultados a curtissimo prazo, até para justificarem sua gestão.
    Mas não vejo este tipo de atitude ou projeto ser tomado em outras modalidades.
    Desculpe se estiver falando besteira, e so uma opinião sincera.

  10. Basquete Brasil 10.02.2011

    Besteira Fernando? Em hipótese alguma. Besteira de grosso calibre é o que a CBB está fazendo com esses meninos da sub-19, com um projeto equivocado e pretensioso.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  11. Michael 20.02.2011

    Eu tenho uma idéia de projeto para a CBB que relamente massificaria o Basquete. Distribuir bolas e tabelas Minibasquete nas escolas. Só isso, mas nada.

  12. Basquete Brasil 21.02.2011

    Tabelas e bolas para as escolas não resolveriam o problema de massificação, prezado Michael. Quadras e um subsidio para os professores atuarem fora de seu horario regular de aulas de Ed. Fisica, é que atingiriam resultados voltados à maior divuldação e implementação do basquetebol dentro do universo escolar. E não só o basquetebol, as demais modalidades também se beneficiariam, claro, se partes integrantes de uma politica nacional voltada à educação e o desporto. Esse seria o caminho, que sedimentou o desporto nas grandes nações desenvolvidas.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  13. Michael 21.02.2011

    Prezado Paulo, concordo com você. Sóquis dizer que coisas muito mais simples do que uma seleção permanente trariam efeitos muito mais rápidos para o basquete. Tenho certeza quem sem o profissional qualificado não vamos dar esse salto.

  14. Michael 21.02.2011

    Completando. Prezador Paulo, discordo quanto às quadras. Acho que precisamos sim de quadras, mas precisamos de tabelas adequadas à iniciação.

  15. Basquete Brasil 21.02.2011

    Quando menciono quadras, quero dizer espaço para a pratica da ed.fisica, e não brejos e terra batida, como na maioria das escolas do país, e mesmo assim quando existem, prezado Michael.
    Como se trata de um direito constitucional do cidadão brasileiro, o não acesso à uma educação de qualidade, ai incluso a educação física, se constitui crime. Bolas e tabelas, assim como traves e redes equipariam as necessarias quadras, claro, se existissem.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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