COMISSÕES & COMISSÕES…

“É um momento importante que estamos vivenciando aqui em Las Vegas. Está sendo muito proveitoso e a nossa pretensão é aproveitar ao máximo a oportunidade de estar aqui para aprimorar a forma de treinamento”

( Declaração do técnico da seleção brasileira masculina sub-19, publicada na matéria Alto-Falante do blog Bala na Cesta, em 16/4/11).

Esclarecendo, a seleção brasileira sub-19, que se prepara para o Mundial da categoria na Estônia, estagia numa organização denominada Impact Basketball (Clique e tome conhecimento da mesma), na cidade americana de Las Vegas, onde seus jovens jogadores são entregues a treinamentos, testes, medições e controles nutricionais a técnicos e especialistas americanos, voltados à técnicas de aprimoramento, tendo como modelo todas as exigências requeridas para o ingresso na NBA( ações estas expostas no folder da organização, e avalizadas por um bom número de jogadores daquela liga), cujos préstimos técnicos, médicos e nutricionais devem custar um bom dinheiro, já que atende desde equipes de várias categorias, até atendimentos personalizados, em programas, tanto para jogadores, como para técnicos( e americanos não fazem benemerência com essas coisas…).

Para entender melhor, vejo que a comissão técnica da equipe, formada pelos melhores, mais atualizados e altamente competentes profissionais na formação de base tupiniquim, entrega seus comandados nas mãos de estrangeiros, a fim de que os mesmos os preparem nos…fundamentos? Na… sistemática de jogo? Na…preparação física? Na… forma de se alimentar e se cuidar? Quem sabe, na forma de se trajar ou rezar…

Ou seja, a CBB está gastando com uma firma particular, fora do país, e em dólares, para fazer o trabalho que é obrigação de uma comissão técnica alta e indiscutívelmente(?) capacitada e competente, fruto da meritocracia que nos é tão comum na realidade do grande jogo? E mais, a equipe feminina também engrena tal programa nessa semana, algo que custo a acreditar esteja ocorrendo com nosso histórico basquetebol.

Deduz-se que, cada vez mais se perpetua e cristaliza a utilização do sistema único de jogo, mola mestra da grande liga americana, agora aprimorado por nós, através a  volúpia escancarada pela hemorragia dos três pontos implantadas na maioria de nossas equipes, vide os recentes playoffs nacionais, onde a convergência entre os arremessos de três se aproxima, e até supera os de dois pontos, como a equipe do nosso técnico nacional da sub-17, que por uma questão de coerência tenderá a implantar esse conceito avançado a nossos jovens, fator catastrófico se consumado, pois é fruto e produto de nossa recusa em implantar e desenvolver sistemas confiáveis de defesa, na maior falha de nossa formação de base, que não será resolvida num estágio turístico.

E o mais trágico, o fato de termos levado para a toca do lobo a única equipe que enfrentou em igualdade de condições a equipe americana na última Copa América, sabendo nós da importância político esportiva que o título no próximo mundial representa para os americanos, que já tinham capitalizado para a sua comissão técnica, na função nada sutíl de “observador das equipes adversárias”, o nosso técnico naquela Copa, e o pior, ele aceitou…( naqueles pagos currículo vale ouro…).

Bem, com tanta fartura de competências estratégicas e técnico táticas, torço para que, pela enésima vez, não fiquemos pendurados na broxa, quando tantos e competentes professores e técnicos são alijados de uma ENTB, que deveria ser formulada para que aberrações dessa ordem inexistissem, desde a formação de técnicos de verdade ( e não em encontros de 4 dias…), ao estabelecimento de centros de treinamento, que mesmo custosos, manteriam nossos suados impostos por aqui mesmo. Mas, desculpem o óbice, pois estava a esquecer as sagradas comissões ( não as técnicas, as outras…claro).

Amém.



8 comentários

  1. Felipe Diego 19.04.2011

    Professor Paulo,

    É uma pena que a CBB gaste dinheiro com uma empresa estrangeira (no caso a Impact Basketball) para a “preparação” dos nossos futuros jogadores de basquete. Será isso uma consequência da ausência de bons técnicos, preparadores físicos, nutricionistas etc. aqui no nosso país? Sinceramente, acredito que não. Muitos excelentes profissionais existem pelo nosso Brasil, porém os “escolhidos” para comandar as seleções de base parecem não ser os melhores. Quem sabe um dia, espero que bem próximo, veremos, pessoas que realmente conhecem o basquete e o vivenciam no comando das nossas promessas no basquetebol.

    Um abraço, Felipe Diego.

  2. Basquete Brasil 20.04.2011

    Não se trata da inexistência de bons profissionais do basquete em nosso país, prezado Felipe, e sim ser o comando técnico da CBB exercido por pessoas comprometidas com marketing e “projetos” que manipulam grandes verbas, originando dai contra partidas salariais e comissionadas parcerias, vinculadas aos acertos que os levaram ao mesmo, desde o processo eleitoral que sucedeu o comando anterior, da mesma lavra, aliás.
    Bons, excelentes profissionais os temos em bom numero, mas inadequados e indesejáveis por pensarem, conhecerem, dominarem, e se dedicarem exclusivamente ao grande jogo, fator restritivo para essa turma alienígena que só sabe conjugar o verbo faturar, prestigio, politicas, e, como são( ou se consideram…)competentes, grana também. Trata-se de um nucleo fechado, do qual, infelizmente, tecnicos começam a participar com indisfarçável sofreguidão. É um quadro simplesmente aterrador, e sinto que nada mudará por um longo tempo.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Henrique Lima 20.04.2011

    Caro Professor Paulo, como esta?

    Muito tempo sem passar por aqui devido a motivos pessoais.

    Professor, gostaria de saber do senhor o que achou a adição de Emmanuel Bomfim à ENTB ?

    E o que o senhor postou, é mais uma vez, as verbas sendo usadas daquela forma que poucos sabem para que e qual o real objetivo né ?
    Uma pena.

    Grande abraço !

  4. PEDRO RODORIGUES DE SOUZA 20.04.2011

    PAULO MURILO:
    É muito importante analisar as declarações do prof. NETO.
    Dizer que está vivenciando ensinamentos tem o seu valor e pode-se até dizer da humildade do nosso treinador.
    Claro conhecimentos não se compra em mercado.
    Adquire-se atraves dos tempos com muito vivencia e estudos.
    O que é Vivência?
    Simplificando tudo o que possa ser possível, vivência seria a experiência trazida pela vida.
    Esta é uma das principais razões do respeito causado por um belo punhado de cabelos brancos.
    Pessoas tem a tendência, nem sempre verdadeira, de acreditar menos nos interlocutores jovens o que, convenhamos, é uma tremenda discriminação.
    Afinal, a vida não tem a capacidade de oferecer experiência a todos sobre tudo.
    Pessoas mais vividas podem, perfeitamente, não ter tido oportunidade de vivenciar assuntos dominados por competidores menos maduros.
    A informática é um belo e atualizadíssimo exemplo daquilo que estamos querendo dizer.
    A garotada dá um banho de bola nos marmanjos.
    Então fica combinado assim: nada de radicalizar sobre a necessidade de ser coroa para sem reconhecido como expert em algum assunto.
    Mas também, que fique claro que quanto mais se avança no tempo, mais histórias e estórias vão enriquecendo o acervo de cada um de nós e a iniciativa de contar essas passagens pode ser uma bela forma de sugerir modelos de comportamento para uma vasta gama de pessoas.
    Vivenciar situações e experimentar a sensação de conseguir resolver problemas aparentemente insuperáveis é algo mesmo muito bom.
    Vivemos sempre apresentando na nossa vida profissional alguns momentos que passamos e abrimos o espaço para quem queira compartilhar momentos que tenham vivido e que contenham algum aprendizado útil para a vida.
    Vamos democratizar os bons exemplos e dividir experiências em busca do ciclo virtuoso rumo ao sucesso.
    Acomodem-se e fiquem à vontade.
    Não há necessidades de ir até Las Vegas para vivenciar conhecimentos e treinamentos especificos para uma Seleção.
    Aqui mesmo no nosso querido Brasil existem pessoas qualificadas para esta missão.
    É lamentável que neste imenso país as oportunidades não sejam iguais.
    Pedro Rodrigues

  5. Basquete Brasil 20.04.2011

    Prezado Henrique, um prazer tê-lo de volta aos debates e discussões aqui no blog.
    Em comentários anteriores já me posicionei quanto a afinidades, proximidade e relacionamento com o técnico Bonfim, absolutamente nenhuma relação pessoal e profissional. Quanto a sua ida para a coordenação geral da ENTB, menos ainda tenho algo a comentar, dada as dispares formações que nos separam no âmbito do que possamos entender como Escola. Sou um professor licenciado para todos os niveis de ensino e técnico de basquetebol, Bomfim, um altamente graduado funcionário do Banco Central(certamente um economista) e técnico de basquetebol, condição esta mais de acordo com os interesses da CBB, dos quais discordei, discordo e sempre discordarei, pois vejo e sinto uma escola por um ângulo oposto àquela entidade.No mais, desejo, sinceramente, boa sorte a ele.
    Quanto às verbas, prezado Henrique, num país que aloca bilhões destinados a empreiteiros e sinecuras, deixando escolas e o ensino ao abandono, o que podemos mais esperar? Impact Baketball é o caminho…
    Um abraço. Paulo Murilo.

  6. Basquete Brasil 20.04.2011

    Pedro, seu primeiro comentário aqui no blog, maravilha! E já vem pegando firme, a seu jeito, e como deve ser, merecendo uma bela discussão, um elucidativo debate. Então vamos por partes:
    Contesto o técnico Neto desde sua participação no quarteto unido e uníssono que liderou nossa seleção senior, onde inclusive incluiu seu lapitopi revolucionario, e que de repente…sumiu(o lapitopi…).
    Pedro, estamos falando de seleções nacionais, e não de equipes de clubes. Estamos falando de profissionais altamente qualificados e reconhecidos para liderar nossos jovens, e não transformá-los em cobaias para que eles “adquiram” experiências e novos conhecimentos, que deveriam ser pré-requisitos obrigatórios para assumirem uma seleção nacional.Colocarem seus comandados nas mãos de estrangeiros, na terra deles, e muito bem pagos, não é um ato contrito de humildade, é incompetência mesmo, ou outra denominação que você possa sugerir.No frigir dos ovos Pedro, em quais principios essa garotada passará a acreditar, nos nossos, ou nos deles? Ou a promessa quimérica de um futuro enebebiano supera a realidade social e cultural dos mesmos? Isso é covardia, isso é a mais grave das incompetências, já que suscedânea da ignorância colonizada.
    Quanto aos cabelos brancos, o que dizer quando grande parte de nossos dirigentes politicos os tingem de acajú ( brilhante ou fosco…), ou negro graúna, exatamente para parecerem jovens e incluidos numa sociedade eivada de falsos lideres, e de mais falsas ainda, promessas, onde muitos jovens de verdade se espelham e tratam, celeremente, de tirar partido de uma situação caótica? Discriminados são aqueles que aceitam suas condições naturais de vida, que não se cansam de trabalhar e estudar, de fazer cumprir os seus destinos, tanto pelos velhos emperucados e coloridos, como aqueles jovens que se locupletam juntos a tanta decadência.
    Nossas vivências teriam de se espraiar no seio da juventude, sem discriminações, mesmo sem um dominio midiático avassalador, marca dessa mesma juventude que nos cerca, mas orfã de exemplos, de sacrifícios, de conhecimento humanístico, de vivências experimentais e esponenciais, principalmente por parte daqueles que se orgulham de seus cabelos…brancos.
    Mas, no seu último parágrafo concorda comigo quanto a aventura de Las Vegas, numa proposital incoerência bailando entre o “nem muito ao mar, nem muito à terra”, que é uma óde às vivências, ao meio termo, ao bom senso, em respeito aos cabelos acajús, graúnas ou os discriminados…brancos?
    Um abração, Paulo.

  7. washington jovem Alexandre 20.04.2011

    Professor, vale ressaltar que o treinador da equipe principal feminina também seguiu para Las Vegas para acompanhar os trabalhos junto a seleção de base.

  8. Basquete Brasil 21.04.2011

    E já não era tempo, Washington, afinal ele nunca dirigiu equipes femininas em toda sua carreira, numa escolha da CBB, na melhor das hipóteses, discutível.
    O lamentável, torno a repetir, é a entrega de nossos(as) jovens nas mãos de americanos, para que nossos treinadores aprendam técnicas de treinamento. Simplesmente constrangedor, comprometedor, e ainda, pago em dólares…
    Mas, vamos ao que realmente é importante, e o trabalho ai na base do Vitória, deslanchando? Na reportagem com o Casé pela TV Tribuna, fiquei surpreso com o preparo da garotada nos fundamentos, entre cadeiras pela quadra( inclusive, você já havia me enviado fotos do mesmo ao meu email), porém mais surpreso ainda fiquei vendo quem comandava a atividade, o onipresente Dr. Alarico! Achei legal, muito.
    Um abração Washington, extensivo aos ainda remanescentes daquela bela equipe do Saldanha. Paulo.

Deixe seu comentário