O DRIBLE…
Quando no artigo de ontem afirmei que uma equipe que pretendia vencer a liga nacional, não poderia convergir seus arremessos da forma como a equipe do Flamengo convergiu (14/29 para os dois pontos, e 12/29 para os de três), demonstrando seu incomensurável apego aos longos arremessos, e a monopolização pontuadora de seu melhor jogador, o Marcelo, que alcançou a marca de 40 pontos, praticamente a metade dos pontos da equipe em seu todo.
No entanto, na partida dessa terça feira em Franca, a equipe da casa transcendeu a convergência, com o assombroso número de 18/32 arremessos de três (56,2%), e 11/28 de dois (39,2%), colocando em cheque minha afirmação feita no jogo anterior, de que uma equipe que arremessa mais de três do que de dois, não pode almejar a conquista do titulo da Liga.
Franca , mais do que nunca, é seriíssima candidata ao título, mesmo convergindo largamente na vitoria contra os rubros negros, com performances nos arremessos de três inacreditáveis, a saber: Benite – 24 pontos, com 6/8 nos arremessos de 3 pontos ( 75%), Helio – 16 pontos, com 5/8 nos arremessos de 3 (62,5%), Marcio – 13 pontos, com 3/5 nos arremessos de 3 ( 60%), e Dedé – 17 pontos, com 4/7 nos arremessos de 3 ( 57,1%), valores seguramente alcançados pela mais absoluta ausência de qualquer anteposição defensiva por parte dos jogadores do Flamengo, comprovando em um jogo de playoff semi final, do quanto estamos vulneráveis aos arremessos do perímetro externo, já que defender naquela estratégica área, não passa pelos planos da esmagadora maioria de nossos jogadores profissionais, atitude esta que está se estendendo às divisões de base, como resultante do exemplo emanado dos mesmos, fator este que cada vez mais solidifica a cultura antropofágica dos arremessos de três, e o pior, mais constrangedor, e estarrecedor, com o beneplácito da maioria quase absoluta de nossos técnicos, infelizmente, desde a formação.
Atingir a marca de 56,2% no aproveitamento dos longos arremessos, contra 39,2% dos curtos, por parte da equipe francana, é a mais absoluta prova da ausência defensiva, imperdoável numa equipe que se diz de alto nível, com os maiores salários do basquete nacional, comandada por um técnico assistente da seleção argentina para o próximo pré- olímpico. Foi uma derrota merecida, pois fruto de um individualismo exacerbado, nervoso e até, rancoroso, vide a atitude infantil e imatura de seu melhor jogador, ao reagir violentamente a um drible dado pelo jogador Penna, por entre as pernas paralelamente abertas do jogador Teague, que se manteve, como devia, fora das rudes reações rubro negras, por ter a consciência do erro postural cometido, ao manter seus pés paralelos ante a investida do atacante, num erro de fundamentação técnica que soube encarar realisticamente, ao contrario de seus companheiros que vislumbraram na ação contundente e de alta técnica do Penna, a oportunidade de extravasar suas incontidas frustrações, ante um desfecho irrefutável.
A equipe de Franca, precisará estudar e reformular alguns conceitos ofensivos, tendo em conta que nas finais, dificilmente obterá as facilidades encontradas no jogo de hoje, claro, se o seu adversário que sairá do confronto entre Pinheiros e Brasília, se dispuser a exercer o primado de uma equipe de alto nível, defender “os perímetros”, e não somente apostar numa má noite de seus adversários. Pagar para ver é um simples princípio que funciona, ainda mais num jogo tão complexo como o basquetebol, o grande jogo.
No outro jogo da noite, as duas equipes privilegiaram o jogo interno (nenhuma das duas ultrapassou as vinte tentativas de três pontos), vencendo o Pinheiros, cujos pivôs e seus arremessadores mais qualificados priorizaram os arremessos curtos e de media distancias, um pouco mais eficientemente que os de Brasília, que seguiram a mesma fórmula, num duelo de muita ofensividade e pouquíssima defesa, bem ao gosto da maioria de nossas equipes, cada vez mais afastadas dos fundamentos defensivos, arraigadas furiosamente ao ataque, da forma e das distâncias que forem, pois o que passou a valer para certa midia , a que valoriza e promove determinados jogadores, é a fantástica enterrada, os gatilhos de três, as acrobáticas bandejas, ações que não podem ser confrontadas com eficientes e determinadas defesas, fatores que enfeiam e tiram a graça do jogo…para ela.
Na próxima sexta feira, em Brasília, poderá ser definido o adversário de Franca para as finais, naqueles confrontos que poderão mudar alguns conceitos de jogo em nosso país, na medida em que tenhamos a coragem de investir em algo novo, inesperado, instigante, a fim de que possamos partir para o pré olímpico com uma equipe realmente digna de nos representar.
Torçamos para que isso ocorra.
Amém.
PS-Clique nas fotos para ampliá-las.
Fotos reproduzidas da TV e da LNB.
O DRIBLE FOI PERFEITO, SOU RUBRO NEGRO E O TIME DO FLAMENGO NÃO SE COMPORTOU COMO TAL(COM RAÇA), O JOGADOR DO FLAMENGO ABRIU AS PERNAS E O JOGADOR PENA NÃO TEVE PENA DE COLOCAR A BOLA EM BAIXO DAS CANETAS DO JOGADOR DO FLAMENGO MESMO ESTANDO GANHANDO DE 15 PONTOS DE DIFERENÇA, UM ESPETÁCULO DE DRIBLE, UM SHOW DE BASQUETE QUE FRANCA DEU ESSA JOGADA NÃO É UM LANCE ANTI-DESPORTIVO E SIM UM RECURSO PRA QUEM SÓ SABE FAZER!! AGORA O FLAMENGO NÃO JOGOU O VERDADEIRO BASQUETE QUE SABE, MARCELINHO E COMPANHIA ERRARAM MUITO, CESTA DE DOIS, DE TRÊS DE LANCE LIVRE, COMO É QUE VC MARCELINHO QUER COBRAR DE ALGUÉM UM DRIBLE SE NÃO JOGOU NADA? QUEM TE FALOU QUE DRIBLAR O ADVERSÁRIO (SEJA O DRIBLE MAIS OUSADO) É ATITUDE ANTI-DESPORTIVA? ACHO QUE VCS PERDERAM A CABEÇA E O BASQUETE NAS PRIMEIRAS PARTIDAS NA DERROTA PARA FRANCA!! E NÃO POR CAUSA DE UM DRIBLE!! RAÇA MENGÃO!!
Caro professor, além de suas sempre irrefutáveis observações, o que me chama a atenção em seu artigo é algo que observei no momento da confusão, e não vi ser abordado nos inúmeros veículos e blogs até agora: a irresignação da “vítima” do controverso lance do Penna! O Teague em nenhum momento esboçou a exarcebada reação de seus companheiros de time, como se soubesse que “abriu a guarda” no lance, e portanto não se sentia humilhado, mas irresignado. Até concordo com o direito de Marcelinho de se irritar com o lance, mesmo que seu colega americano não o tenha, mas isso não lhe dá o direito de botar o dedo na cara de ninguém, nem pelas dores alheias, que sequer existiam. Os demais rubro-negros parecem ter se exaltado mais quando da invasão de quadra, desnecessária diante da rápida ação da arbitragem para contenção dos ânimos.
No mais, sintentizando, a ausência defensiva do Flamengo torna-se um convite a convergência. E quando os especialistas nelas estão “quentes” naquilo que sabem fazer, ela apresenta-se inevitável…
Abraços!
Parabéns pelo excelente texto e a imparcialidade da análise em prol do basquete.
Como sou fã incondicional do Flamengo e também do Basquete tenho que reconhecer que neste play-off nos fomos varridos.
Também vejo no Marcelinho um grande jogador, mas não gosto desta caracteristica no Flamengo de “viver” em função de um jogador.
O retorno do NBB fez nós “os leigos” ler mais sobre o tema, resgatar outros textos e relembrar histórias da NBA.
Achei um recurso de jogo (lembrando que sou leigo), o tempo curto para reverter o jogo, os jogadores nitidamente desistimulados. Não era necessário aquela discussão.
A minha esperança É A REFORMULAÇÃO NO ELENCO (ja desgastado) E A FILOSOFIA DE JOGO (defesa primeiro e depois construção da jogada em 24 segundo nem mais “estouro do relogio” e nem menos “afobação”)
Queria ver Shilton – Larry Taylor – Douglas Nunes (Bauru) – Jordan Burguer (Paulistano) e Murilo (São José)
Gostaria de ver na barca Fred Duarte – Guto – Fred – Vagner – Babby.
Ver o interesse de representar o Flamengo os jogadores Helio – Duda e Jefferson.
Mudar o jeito de atuar nos jogos e tirar mais minutos de quadra do Marcelinho para o conjunto ser eficiente. Atila – Teichmann e David Teague espero que fiquem.
NOTA – Não é caça as bruxas, sou grato pelo que o elenco dos ultimos anos nos deram de riquezas (titulos e nobreza em representar o Flamengo principalmente em 2009 com salarios atrasados e buscaram um brasileiro e um sulamericano – NUNCA SERÁ ESQUECIDO) mas o desgaste é natural e precisamos de renovação e novos ares para alguns atletas enriquece sua vida profissional.
Avante Basquete.
Estive ontem no Pinheiros (ECP) assistindo o jogo contra Brasilia e concordo com os comentários. Queria aproveitar o ensejo e questionar acerca do último lance do jogo no tempo regulamentar.
Com o jogo empatado, já tendo perdido 2 jogadores com 5 faltas (Morro e Olivinha) e com o Shamell aparentemente machucado (mancando em quadra) o ECP tinha a última bola e algo como 20 segundos qdo foi pedido o último tempo.
Falei para o meu colega (que tinha ido assistir o jogo comigo): vao dar a bola pro Marquinhos ele vai segurar até o final, chutar de qualquer jeito no último segundo e vamos pra prorogação (na pratica o Marquinhos acabou passando para Thiago qdo faltavam 2 segundos e esse sequer conseguiu arremessar; jogo na prorrogação).
Aí pergunto: porque não armar alguma jogada decente? Pq nao tentar chutar com algo entre 4 a 6 segundos pro final (tendo a chance de uma segunda bola no rebote ofencivo)? Pode-se argumentar que nesse caso o adversario teria alguma chance (ainda que minima) de ter a última bola; mas no caso o ECP jogou fora a chance de vencer no tempo normal mesmo tendo 2 jogadores importantes já fora com 5 faltas. Acabou vencendo na prorrogação mas isso nao exclui o erro. O que te parece professor?
A lamentar ainda a mania do arbitro Renatinho de querer aparecer mais que o jogo; toda hora parando a partida para dar lição de moral aos jogadores sem marcar nenhuma infração.
Concordo plenamente com seu comentário, Fabio, isento e digno de um autêntico desportista, que acima de tudo ama o basquete bem jogado, e melhor disputado. Esse é o caminho. Um abraço, Paulo Murilo.
Sim Victor, inevitável e acima de tudo perigosa, principalmente quando visarmos as competições internacionais, onde ausências defensivas não costumam acontecer.Uma liga nacional terá sempre de ter em mente nossas representações nacionais, como depositária de nossos maiores talentos, de nossos melhores técnicos. São elementos básicos na estruturação de um trabalho superior. Infelismente, não é o que tem ocorrido nos últimos 20 anos.
Um abraço, Paulo.
Prezado Gil, bem compreendo seus anseios e preocupações com a equipe da Gávea, mas sua administração saberá tomar as medidas necessárias na reestruturação da equipe, a fim de que volte a brilhar no NBB4.
Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Ricardo, situações de final de jogo sempre se apresentam de forma imprevisível, exigindo atenção, frieza e raciocínio veloz, mas nada que não possa ser treinado pela equipe. Claro que mesmo sob intenso preparo, fatores pontuais sempre tenderão ao improviso, que na maioria das vezes é exercido pelos melhores jogadores em quadra. De uma forma bem ampla, decidem os jogos aqueles jogadores com maior capacidade de improvisação, que é a arte maior daqueles que dominam plenamente o grande jogo.Não esqueçamos jamais, que só improvisa quem sabe tudo( ou quase tudo…) de sua arte.
A equipe do Pinheiros não contou com esse jogador, naquela oportunidade.
Um abraço, Paulo Murilo.