TESTANDO OS PERÍMETROS…

Jogo para valer, jogo para inteligentes e competentes técnicos testarem e se testarem mutuamente, escondendo táticas sem, no entanto, entregarem o jogo com a desculpa de que uma indevida exposição cobraria dividendos quando fosse valer uma classificação no próximo e esperado duelo. Coincidentemente, se utilizaram do mesmo estratagema, ao jogarem quase que exclusivamente dentro do perímetro, onde definições, projeções e conclusões puderam ser avaliadas com relativa precisão de acertos. Só espero que o ressuscitado lapitopi caipira, agora empunhado pelo preparador físico da seleção, e que somente nós utilizamos dentre todas as seleções (porque será?…), não venha atrapalhar e complicar diagnósticos óbvios e concludentes, por parte da dupla argentina que efetivamente comanda a seleção.

E o que se pode avaliar de nosso jogo interno, senão a claudicante fraqueza do mesmo, perante uma plêiade de pivôs limitados, pesados, lentos, e com seu maior expoente nitidamente fora de forma física e técnica? O Spliter está travado em sua movimentação, fruto de uma longa inatividade, de uma ausência de treinamento fundamental, principalmente nos arremessos, onde os lance livres mal chegam no aro, o que é de preocupar, já que alvo permanente de bloqueios faltosos em suas conclusões.

Outro fator que se fez presente, e que deve estar preocupando o Magnano, é a colocação dos homens altos nos rebotes, defensivos e ofensivos, hoje claramente dominados pelos dominicanos, e cuja tendência é a de se avolumar contra o poderio portoriquenho nesse fundamento.

Quanto ao nosso sistema defensivo, repetiu-se o empenho da equipe nos dois primeiros quartos, e um flagrante decréscimo nos quartos finais, numa demonstração de perigosa oscilação para um torneio de tão curta duração, como o pré olímpico. Ajustar a defesa é fundamental para o sucesso da equipe, e todos os jogadores têm de se conscientizar desse importante fator.

Mas algo preocupa acima de tudo, a teimosa incidência das “bolinhas” da turma dos três, o Marcelo, o Marcus, o Guilherme e o Alex, que juntos perpetraram um 6/20 para um total da equipe de 7/23. Trocássemos a metade das tentativas erradas por arremessos mais trabalhados de dois pontos, e teríamos um placar mais favorável e tranqüilo. Difícil vai ser convencer a turma dessa premente necessidade, e o Magnano terá de insistir o máximo que puder a fim de manter a unidade de seu sistema de jogo.

Sim, foi um jogo interior, muito mais pela equipe dominicana, que terá de ser estudado com atenção e rigor quando a defrontarmos no pré, assim como ela se precaverá do nosso jogo exterior, contestando ao máximo nossos teimosos arremessos de três, já que não rivaliza com a capacidade de contra atacar da equipe brasileira.

Manter o foco defensivo pelo maior espaço de tempo possível, melhorar o posicionamento nos rebotes, estabelecer consistentemente o jogo coletivo, e optar pelo melhor e mais bem equilibrado arremesso, são os fatores mais importantes para que a equipe consiga enfrentar com boas chances de sucesso as fortes equipes nesse pré olímpico, e claro, treinar em caráter emergencial os lances livres do Spliter, assim como não faz mais sentido a essa altura, lamentarmos equivocadas convocações, principalmente na armação da equipe, e alguns dos pivôs.  É o que temos, e não o que deveríamos ter, restando o mais do que básico comprometimento técnico tático de todos, em prol do sucesso comum.

Amém.

Foto- Marcos Labanca/CBB



2 comentários

  1. Giancarlo 26.08.2011

    Olá, professor,

    Eu de novo. Acho que o jogo de ontem deixou claro que viveremos e morreremos pelas mãos de Marquinhos, Giovannoni e Machado, e a péssima fase deste último é preocupante, já que ele é tinhoso o bastante para tentar, tentar, tentar e tentar até o arremesso voltar, em vez de buscar outras vias e deixar o jogo fluir até que recupere a munheca.

    O Alex tem andado comportado nesse sentido – até agora só arremessou nove vezes em duas partidas, e só um tiro de três pontos, tentado e desperdiçado ontem. Quando ele se aventurou pelo Maccabi em Tel-Aviv, seu comportamento em quadra foi exemplar, atuando como cachorrão na defesa, e vivendo de migalhas no ataque. Quem sabe ele não se comporta desta maneira também quando a bola subir para o torneio pra valer?

    Quanto aos outros três? Na falta de uma organização, concentração e consciência maior ofensiva, serão essas bolinhas de sempre a via (?) escapatória. Caminhamos para um jogo de troca de cestas contra Porto Rico ou República Dominicana na semifinal, e isso pra mim está mais para um cara-ou-coroa do que um sonho de Magnano. Vai ser um tremendo problema segurar o Barea… E se o Arroyo estiver em paz com ele próprio e o restante do time – agora que o baixinho tem o controle das chaves da Isla –, vai ser um Deus nos acuda, pois o Alex só poderá colar em um deles, e não vejo nossa defesa por zona funcionando tão bem assim como o ‘abafa’ no mano-a-mano.

    O que me deixa alarmado é a completa cegueira geral que essas vitórias amistosas causam. Sinceramente, não vejo o Brasil como a máquina azeitada que têm se propagandeado. Mas talvez eu seja um pessimista irremediável.

    Um abraço,
    Giancarlo.

  2. Basquete Brasil 26.08.2011

    Bem na mosca Giancarlo, cirúrgico comentário. Sem a menor dúvida possivel, e certamente atropelando o duro e insistentemente treinado conceito coletivista do bom argentino, os cardeais se manifestarão solenes quando a bola subir para valer, pois comprometidamente atrelados a um DNA histórico de que foram, são, e dificil, quase impossivelmente, abdicarão a propriedade do mesmo desde sempre, e agora agregados de um novo e reaceito membro, o Marcos. A individualizada artilharia, um tanto ausente nesses tempos de “jogo coletivo”, reaparecerá solene, como prova, acalentada pela midia deslumbrada e exigente pelo espetáculo das enterradas e dos deslumbrantes arremessos de três, como a grande marca do nosso modo de jogar, mandando para escanteio as premissas de melhores fundamentos e conceitos grupais defendidos pelo Magnano. Claro, se as “bolinhas” descerem como um caudal salvador, maravilha! Mas se não…culpa do técnico. Foi, e continuará sendo dessa forma, até o dia que tomemos vergonha na cara e estabeleçamos as verdadeiras e consistentes técnicas de preparo de nossas futuras gerações, que foi, é, e sempre será função dos técnicos, associados e unidos em torno de um bem comum.Até lá…
    Um abraço Giancarlo. Paulo.
    Uma nota-Ontem, apesar da proibição do Magnano, o Marcos deu entrevista ao Sportv na meio tempo do jogo. E assim começam as tsunamis…

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