INCONSEQUENTES DISCURSOS…
Ao final do difícil jogo, o repórter do Sportv entrevista o Marcelo Machado (3/8 nos 3 pontos, de um total de 9/22), que diz: “no inicio as bolas não estavam caindo, mas insistimos, pois sabíamos que elas voltariam a cair…”
Pronto, ai está uma boa medida do jogo, quando jogadores como ele próprio, o Alex (0/5), o Guilherme (2/4) e o Luz (2/4), continuam a apostar suas fichas nos arremessos de três, num jogo em que as ações interiores deveriam ter sido exploradas ao máximo, mesmo que sob uma defesa zonal, que continua a ser um entrave à nossa capacidade ofensiva, colocando a equipe venezuelana em cheque e pressão permanente, através o Alex, o Marcos e o Spliter, já que os demais pivôs sequer ameaçaram , e um deles tampouco entrou na quadra. Somente no quarto final nos enfiamos garrafão adentro, melhoramos um pouco a defesa, e vencemos um jogo que bem poderíamos ter perdido, frente a um adversário de médio porte, com bons e eficientes pivôs, e uma armação superior à brasileira, que oscilou muito e demonstrou preocupante insegurança quando pressionada e pega em dobras defensivas, principalmente o Luz, pontos que deverão ser largamente explorados por nossos adversários.
Creio que agora, com a luzinha de alerta acionada, os marcantes resultados nos torneios preparatórios sejam conotados em seus justos valores, nos quais o caráter amistoso em tudo e por tudo omitiam a realidade dos fatos, como os que nos defrontamos hoje. E se a pouco conotada equipe venezuelana nos brindou com tão indesejado susto, o que dizer da canadense e da dominicana, somente nessa perna da competição?
Não estamos bem na armação, onde o Huertas, apesar de sua qualidade e experiência, não pode ficar isolado e assoberbado de funções, quando bem podia tê-las divididas com um segundo armador, situação esta colocada em escassos minutos na quadra pelo Magnano., mas sem a continuidade devida. E mesmo nesses escassos minutos, quando o Huertas a dividiu com o Luz, ficou provada a carência de técnica individual que os separam, mais ainda com o Benite, numa rapidíssima aparição, e sem que o Nezinho tivesse sequer retirado o agasalho de jogo.
Estamos vulneráveis nos miolos dos garrafões, onde os posicionamentos para os rebotes carecem de precisão, assim como damos continuidade a não contestação dos longos arremessos que nos ferem desde sempre (para evidente desespero do argentino), anulando em boa parte os esforços pelo ainda não convenientemente coletivismo adquirido pela equipe durante a longa preparação, fato este bem explicitado pelo Marcelo na entrevista no Sportv.
Temos agora uma boa e convincente explicação de um dos porquês das proibições de entrevistas e da presença de microfones nos pedidos de tempo por parte do Magnano, pois as poucas que tem vazado, contestam sutilmente o ainda insipiente sentido de coletivismo da equipe, principalmente através dos cardeais, fato aqui previsto desde o pré olímpico antecedente a este, inclusive no testemunho de um possível clima de conforto, que fez perigar a vitória de hoje, dado pelo Alex no mesmo Sportv. Por isso, sugiro ao ingênuo em malandragem brasileira, o técnico Magnano, que, ou proíba enfaticamente tais e embaraçosos testemunhos, ou abra a porteira de vez, quando verá verdadeiramente dimensionada sua liderança na equipe, para júbilo de uma imprensa que adora emitir comentários por sobre as instruções dos técnicos, e não, como é o certo, por sobre o que testemunham e conhecem do grande jogo.
Amanhã, contra a equipe canadense, teremos dimensionadas as verdadeiras possibilidades da seleção nesse pré olímpico, no qual, e a cada jogo que se suceder, mais ficará escancarada a dura realidade de que somente contamos com uma confiável rotação de 8, talvez 9 jogadores (o Spliter ainda se ressente bastante), desnudando de vez o grande equivoco em que se constituiu uma convocação mais política do que técnica, no que pode se transformar num sério obstáculo no caminho da classificação olímpica.
Quem sabe os deuses nos dão uma ajudinha? Torço para que sim.
Amém.
Professor Paulo,
A imagem coletada do jogo demonstra bem o momento difícil da partida para a equipe brasileira. Depois de um início promissor, com diversas infiltrações e jogo coletivo, carregando a equipe adversária com faltas e abrindo vantagem no placar, vimos a Venezuela alterar sua marcação para zona e a equipe se perder por completo.
Só que nossa defesa também não conseguia efetuar os bloqueios e coberturas e aí sua imagem diz tudo: a quantidade imensa de arremessos venezuelanos bem sucedidos de dentro da área pintada, com índice de acertos bem superior aos arremessos longos.
Temo bastante pelo futuro desta seleção. Desde o princípio achei que faltava um pivô mais experiente para atuar junto do Splitter.
Mil desculpas ao Marcelo Machado, que parece ser ótimo caráter, mas acredito que seu tempo de seleção acabou. Infelizmente seu período no selecionado brasileiro acaba se confundindo com a época mais dolorosa para o basquete masculino brasileiro.
Também me preocupa essa oscilação repetitiva da seleção, e sempre motivada pelos mesmos erros, prezado Milton. Bons e experientes pivôs foram esquecidos, cedendo lugar para outros amparados e protegidos pelo marketing de atuarem fora do país, e é o que vemos agora, quando atuam pouco, quando atuam, assim como os armadores, posição chave, onde os longos anos de estrada fazem a diferença, vide os das seleções que estão nesse pré olímpico, com medias de idade proximas ou além dos 30 anos. Nossa convocação foi pífia e movida por interesses outros, que não os do jogo em si, e se nada mais pode ser feito, que pelo menos os façam jogar, pois afinal de contas treinaram, e muito, com quem os convocou, ou não?
Então, prezado Milton, só nos resta torcer, e muito. Mas será o suficiente?
Um abraço, Paulo Murilo.