ETAPA QUASE VENCIDA…
Sobe a bola e o Nocioni cai ao solo com o tornozelo torcido aos 15seg de jogo. A Argentina perde seu melhor rebote e excelente defensor, além de um finalizador de peso. De saída, um dos grandes problemas do Magnano, o miolo do garrafão ganha uma providencial ajuda, pois o Oberto, assim como o Spliter, não se encontra no melhor de sua forma, e o Scola teria de redobrar seus esforços para conter nosso jogo interior, ausente até o final do segundo quarto, quando entrou o Hettsheimer.
Até o momento da entrada do jovem pivô, que foi o único da posição que se apresentou em forma física, sendo veloz e voluntarioso, a equipe se perdeu numa enxurrada de arremessos de três (3/17) e sete perdas de bola, mas apresentava uma eficiente e enérgica defesa individual com ajuda permanente, equilibrando o seu baixo aproveitamento ofensivo, e travando a notória produtividade argentina, num final de primeiro tempo perdendo por um ponto, 27 x 28.
Nesse primeiro tempo, bem que o Magnano tentou a dupla armação, a fim de incrementar o jogo interior, aproveitando a perda vital do Nocioni, fazendo entrar o Benite para atuar junto ao Huertas, mas nervoso ao marcar o Ginobili, cometeu rapidamente duas faltas pessoais, voltando ao banco. A seguir, com a aposta argentina de permitir os arremessos de três brasileiros, que não estavam sendo aproveitados, um afrouxamento defensivo no perímetro externo facilitava a armação das jogadas, mesmo contando com um só armador de oficio, aspecto este confirmado pelo assistente técnico da seleção, ao responder a uma pergunta do narrador da Bandeirantes, de como o Magnano analisou junto aos jogadores no meio tempo, a isca lançada pelos argentinos de incentivarem os arremessos de três dos brasileiros, para contra atacá-los.
Com a diminuição, exigida ou não pelo técnico, das bolinhas a esmo ( foram somente sete nos quartos finais), e o aumento considerável do jogo interno, onde o Hettsheimer se impunha ao Scola e a toda e qualquer cobertura interveniente, com firmeza e precisão, assim como a manutenção da defesa em alto nível de empenho e agressividade, foi a seleção mantendo o placar a seu favor, culminando numa vitória importante e que abre uma excelente perspectiva de sucesso para uma classificação olímpica.
Um outro aspecto deve ser levado em conta na derrota argentina, o fato de que frente a esse resultado, dificilmente essas duas seleções possam se enfrentar em uma das semifinais, beneficiando a ambas na busca classificatória, pois portorriquenhos e dominicanos são adversários muito menos poderosos que uma equipe argentina decidindo uma vaga direta em seus domínios, e uma brasileira de moral elevada pela instigante vitoria.
A equipe brasileira, ainda um pouco longe do coletivismo apregoado, e defendido por uma mídia mais torcedora, do que técnica, deveria ter em conta em seus comentários um ponto fundamental, exemplificado no dia de hoje, o de ter vencido um jogo de tal importância se utilizando praticamente de 7 jogadores, já que Benite, Luz e Augusto, jogaram 2-3 minutos, e Caio e Nezinho, sequer isso, provando que o núcleo de confiança do técnico argentino é restrito a sete jogadores, muito pouco para uma campanha de tal magnitude e as futuras também, e não esquecendo que Benite, Luz e Nezinho são armadores, que ainda não ganharam a plena confiança do técnico para comporem uma dupla armação, que se tornará da mais alta importância, se ao contrario dos argentinos, futuros adversários pressionarem nosso isolado e sobrecarregado armador.
Finalmente, temos de enaltecer o espírito combativo da seleção na defesa, a contenção dos arremessos de três nos dois quartos finais da partida, propiciando o arrasador jogo interno do Hettsheimer, e acima de tudo, a maturidade da equipe frente a enorme pressão de uma torcida vibrante e participativa como a argentina, quebrando uma serie de resultados adversos nos últimos 15 anos de grande e sadia rivalidade. Parabéns a todos.
Amém.
FOTOS-Reprodução da TV.
Disparadamente seus comentários são os mais lúcidos possíveis.
Percebo uma coisa na seleção brasileira e não é de hoje, a pouca valorização do conjunto, isso desmotiva demais os jogadores. O benite teve uma média excelente de pontos nas últimas 3 partidas independente de contra quem tenha sido e jogou só dois minutos ontem, é um absurdo ainda mais que o Alex não foi um monstro na marcação e nos apagões brasileiros errou muito. E a saída do Hettsheimeir no final do jogo da pra explicar? Spliter 1 ponto, ele 19, além da irregularidade nos lances livres em uma hora em que falta é um recurso. Com uma atuação daquelas do Hettsheimeir o splitter não pode ficar em quadra nos minutos finais.
Não gostei da atuação do Magnano ontem e apesar da vitória acho que não foi um jogo extremamente coletivo como gostaria de ver, o que me preocupa. Ganhamos pq ontem um garoto provou que pode decidir e ganhou moral, assim como outros podem vir a fazer mais precisam de tempo em quadra.
Fica a pergunta será que o Hettsheimeir e o Benite vão ganhar tempo em quadra nos próximos dois jogos ou vão esquentar o banco?
Vejo os jogos e a dinâmica de acontecimentos envolvendo a seleção brasileira da seguinte maneira. Pela perspectiva do técnico. Veja, um técnico decantado como um dos melhores do nosso continente deve ter um planejamento mais amplo do que aquele que um torcedor passional é capaz de perceber. Estamos criticando a seleção por falhas técnicas – mas talvez o que deva estar acontecendo é um xeque para nossos atletas em relação a novas e inusitadas filosofias de trabalho, vemos com receio a insistência de um treinador com um tipo de marcação (individual quadra toda), às vezes pensando nisto como impossibilidade técnica para marcar zona ou combinada – mas pode-se considerar como implante dentro da mente de todos da necessidade de doação na defesa.
Talvez eu enxergue o “copo meio cheio”, talvez eu seja ingênuo nestas colocações. Mas em detrimento da maioria prefiro pensar no Magnano com um estrategista. Há aquele que prefere ganhar jogos, outros preferem ganhar campeonatos. De duas uma, ou ele é abnegado e quer fazer de uma pátria ansiosa por títulos internacionais campeã por anos e ascendendo uma nova geração dourada ou ele é um arquiteto ambicioso que queira construir dentro do país uma “escola de basquetebol” nos seus moldes. Nos dois casos são propostas em longo prazo e somente um estrategista poderia elaborar. Mesmo com espinhos e críticas ácidas pelo meio do caminho.
Fortes abraços Professor… Perdão pela extensão da mensagem.
Só uma correção, os Adversários são “portorriquenos” e não “costarriquenhos”.
Li, sua resposta a minha pergunta em um texto anterior a respeito da dupla armação argentina. Fiquei contente pela atenção dispensada. Gostaria de lhe perguntar, qual seria seu quinteto titular( principalmente o segundo armador),com os jogadores que estão em Mar del Plata e, quais dos três jogadores da NBA que não estão na seleção que o senhor colocaria neste quinteto.
Olá, professor. Realmente os colegas acima não podiam estar mais certos. Suas análises do torneio estáo afiadíssimas e são leitura obrigatória para nós, leigos e amantes do jogo. Cada dia, um aprendizado.
Fiquei pasmo com a vitória de ontem, muito contente ao mesmo tempo. O fator emocional de nossa equipe me chamou muito a atenção, e escrevi meu comentário a respeito da partida baseado nisso. Acredito que o fato de, pela primeira vez em muito tempo, termos enfrentado os agentinos sem obrigação nenhuma de vitória (não era mata-mata, todos – leigos – estavam contando com a derrota já, e pegamos os adversários como franco-atiradores. Acredito que isso influenciou bastante o resultado, ainda mais quando eles perderam um líder como o Nocioni.
Nossa defesa também soube explorar o Delfino em um dia de “bolinhas”, pagando pra ver o chute dele, sem deixar que infiltrasse, e creio que o Ginóbili foi excessivamente conservador em quadra, talvez jogando com o freio de mão puxado (conscientemente ou travado psicologicamente? Surpreso com a resistência que encontrou? Não sei).
Enfim, a intenção não é diminuir em nada a vitória brasileira, pois, no mínimo, a equipe soube lidar com esses fatores e explorá-los.
Estou ansioso agora para saber qual será a reação do técnico, mesmo, em relação ao restante do elenco para os dois próximos jogos. Creio que o Rafael tenha garantido seus minutos de vez. Acho que até mesmo o Augusto entrou bem ontem nos parcos minutos, ganhando faltas que não cometeu.
Uma pergunta, por fim: o senhor saberia explicar por que o Machado fechou o jogo em vez do Marquinhos? Para mim, o ala do Pinheiros estava vivendo sua melhor partida no torneio. Preocupações defensivas? O Machado ainda impõe respeito na defesa rival?
Um abraço,
Giancarlo.
Achei que a má performance do Ginobili foi, na maior parte, mérito da defesa brasileira, que se posicionou negando o corte em diagonal pra dentro do garrafão – sua melhor jogada, especialmente quando ele vem da direita para o centro (seu ganha-pão na NBA). Toda vez que Manu tinha a bola, o defensor o “empurrava” para a zona morta, e ali ele foi pouco efetivo.
O que também facilitou pra nós foi que o posicionamento ofensivo argentino congestionou muito o miolo da quadra – o que considero um erro pra conta do Lamas. O Ginobili não conseguia cortar para o meio também por risco de tropeçar no Scola ou no Oberto, que não saíam de lá. Assim que terminou o jogo, corri pro youtube ver o 4o período do jogo contra a República Dominicana, e o contraste foi gritante em termos de espaçamento no posicionamento ofensivo dos Dominicanos em relação aos argentinos.
Vídeo aqui, pra conferir – http://t.co/RzSyKiA
Assistindo este vídeo, também dá pra ver diversas semelhanças da nossa performance na fase final do dois jogos, ainda que haja *uma* diferença fundamental – o Rafael Hettsheimeir.
Achei que, contra os Dominicanos, nossa movimentação ofensiva no final do jogo foi até melhor do que a que mostramos contra a Argentina. O problema é que as jogadas sempre desembocavam em um tiro de longe que, invariavelmente errávamos.
Ontem foi mais ou menos o mesmo: as jogadas muitas vezes terminaram em tiros de fora no final do jogo, só que, desta vez, a bola caiu (vide chute do Guilherme, de 3, no finalzinho). Se não tivesse caído, estaríamos chorando os vícios de sempre.
O detalhe que foi diferente ontem é o contraste entre o “sempre” e o “muitas vezes”. Contra Rep. Dominicana, *sempre* tínhamos de chutar de longe porque não havia opção dentro do garrafão. Ontem houve Rafael Hettsheimeir, e ele fez *toda* a diferença.
Nos próximos jogos certamente o Rafael receberá mais atenção das defesas, e aí esperamos que o Splitter ajude a carregar o piano.
Quanto ao Splitter ter entrado no final do jogo no lugar do Rafael, não me surpreendi tanto. A preocupação do Magnano foi defensiva. Se eu bem me lembro, o Rafael tinha acabado de ficar perdido em um pick-n-roll envolvendo o Scola e, logo antes, em uma cobertura de um tiro de 3 do Prigioni. O Magnano logo viu que a Argentina ia explorar a avenida, e voltou com o Splitter que tem mais cancha pra se posicionar. Deu certo, tanto que o primeiro ato do Splitter foi dar um toco em uma infiltração, se não me engano do Scola, resultante de um pick-n-roll.
Professor Paulo, escrevi algumas linhas no draftbrasil.net, caso tenha paciência de ler ! rs
Ontem eu gostei do segundo tempo e achei a vitória maravilhosa. O primeiro tempo foi para esquecer. Em que pese a vontade, faltou tudo. Ficamos no lucro pelo solitário ponto de desvantagem.
No segundo tempo, tudo mudou. A seleção chutou apenas sete bolas de três pontos, deve ser o menor número dos últimos 30 anos para um tempo de jogo nosso.
A somente esta mudança, deu outra cara ao jogo.
Aliás, temos que ressaltar o pivô Rafael, pois antes não tinhamos um pivô para passar a bola. Nenê nunca se apresentou em forma, Varejão e Splitter não são definidores, aliás, tem pouquissimos recursos ofensivos para conseguirem pedir a bola e realizar jogadas da forma que Rafael fez ontem.
Logo, como não tinhamos pivôs atuantes e temos “chutadores” aos montes, sempre viviamos e morriamos pela linha dos três pontos.
Ontem, a lógica se inverteu.
Além claro, da boa defesa do segundo tempo, que fez o que toda defesa tem que fazer. Espero que este segundo tempo sirva de lição para os técnicos que insistem no jogo inconsequente do nosso basquetebol interno.
Um forte abraço Professor,
com um pouco mais de esperanças após ontem !
Boa tarde professor; ainda bem que eu queimei a lingua (comentário no post anterior) graças a deus, o comentário do Sr. foi perfeito, o que eu gostaria de acrescentar foi a capacidade da Seleção em se manter na frente no placar nos minutos finais, sem vacilar e entregar o jogo, fato este, que se tornou comum ultimamente, em várias campeonatos, e o brilhante disso tudo, foi que vencemos sem os medalhões, o segundo tempo foi bom, será que todo jogo vai ser assim, ou continuaremos a insistir nas “bolinhas”, vamos ver hoje, contra o imprevissivel time de Porto de Rico. Um abraço.
Prezado Ramon, e porque não ter os dois na quadra ao final do jogo? Spliter e Hettsheimer ainda jogarão juntos alimentados por dois bons armadores e um ala veloz e pontuador de contra ponto. O Magnano está se encaminhando para essa, entre algumas outras soluções. Defensivamente teriamos uma presença realmente poderosa nos garrafões, além de manter os adversários comprimidos em seu perimetro interno. E nessas condições, com passes de dentro para fora do mesmo, os arremessos de media e longa distâncias aconteceriam natural e equilibradamente.
Um abraço. Paulo Murilo.
Uma coisa é certa, Prezado Alexandre, novas concepções de jogo são melhor assimiladas por jovens jogadores, e por pouco veteranos calejados pelos anos de pratica em outras vertentes. Ocorre isso com a seleção, mas aos poucos o Magnano vai atenuando(não corrigindo)tais comportamentos técnicos. Sua maior contribuição daqui para frente se situa no campo da formação de novos técnicos, mas para que isso ocorra, muita coisa teria de ser corrigida na ENTB, a começar pelo planejamento didático pedagógica, mas isso se situa num outro patamar, numa outra história.
Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Ricardo, obrigado pela correção, já providenciada. Quanto ao jogador que faria parte da seleção, sem dúvida alguma o Varejão, Agora, escalar um quinteto,e seu segundo armador, me eximo, pois é responsabilidade de quem lá está dirigindo, e não de quem simplesmente observa e comenta.
Um abraço, Paulo Murilo.
Giancarlo, perdoe-me não poder responder a você, pois inumeros compromissos no dia de hoje não permitiram trabalhar no blog como sempre faço. Ademais, agora, depois do jogo com Porto Rico, creio que algumas questões por você levantadas perdem um pouco do sentido frente ao que ocorreu hoje, como por exemplo, a manutenção do quinteto base da seleção escalado nos três primeiros quartos, e somente modificado no quarto final, num claro recado do Magnano que comentarei no artigo de hoje.
Um abraço.Paulo.
Prezado Renato, respondo agora ao término do jogo de hoje com o Porto Rico, onde todo um processo de reconstrução técnico tática foi demonstrado pelo Magnano, que tentarei contar no próximo artigo.
Concordo com seus comentários sobre a vitoria contra os hermanos, com um só adendo, a excessiva rodagem da equipe argentina, onde o peso da idade, os desgastes articulares e mentais já se fazem sentir em grande, o que explicaria a grande diferença na velocidade de ações e reações entre nossos jovens jogadores e os veteranos argentinos. De se fazer notar a similaridade dessas limitações que já se fazem notar também no M.Machado, dai suas evidentes perdas técnicas.
Um abraço, Paulo Murilo.
Concordo Henrique, foi um segundo tempo com outra cara, outra perspectiva, e ficando provado que de 2 em 2 também se vencem partidas. Ah, mas não fosse o arremesso de três do Guilherme e não venceriamos, você pode argumentar. No entanto, esse arremesso nos situou à frente do placar, pelo fato de estarmos colados aos argentinos através o eficiente jogo interior, e culminando a vitoria, não com arremessos de 2 ou 3, e sim dois lances livres do Alex. Irônico, não?
Um abraço, e concordo, foi uma bela vitoria. Paulo.
Prezado Fabiano, como expús acima nos comentários, estou respondendo após o jogo de hoje com Porto Rico, e como você mesmo testemunhou, as “bolinhas” rides again! Mas esse é um outro assunto que comentarei no artgo de mais tarde.
Um abraço, Paulo Murilo.