RECADO(MAIS DO QUE)DADO…
Agora que a poeira e a adrenalina baixaram, que tal uma isenta e real análise de nossa classificação num jogo difícil, pegado e decidido ao ser arranhado o paradigma de um ainda não sedimentado coletivismo?
E que arranhão foi esse, caro Paulo?
As bolinhas caíram (5/13 no primeiro tempo-4/11 no segundo) naqueles momentos mais críticos do jogo, mesmo que sua percentagem não tenha ultrapassado os 38%.
E de que forma caíram num jogo em que as ações internas foram tão intensas?
Exatamente pela compressão defensiva no miolo do garrafão dominicano, tornando seu perímetro externo mais liberto, onde uma improvável dupla armação formada pelo Huertas e o Alex (opção permanente do Magnano, já que os dois participaram do jogo inteiro, visando prioritariamente a consistência defensiva do nosso perímetro externo, ante a inexperiência técnica nos fundamentos de defesa dos armadores de oficio, Benite, Luz e Nezinho), propiciavam na intensa rotação de passes o posicionamento frontal do Marcelo Machado frente a um defensor quase sempre de menor estatura (vide foto), numa condição de arremesso padrão do veterano, e ontem eficiente jogador (5/8 nos arremessos de três).
E as bolinhas caíram naqueles momentos mais decisivos, mas não como produto de tentativas desequilibradas e aventureiras de antanho, e sim como resultado de intensas ações ofensivas, em que a bola transitava dentro e fora dos perímetros, até que encontrasse um jogador bem posicionado para as conclusões, que na preferência do excelente técnico deveriam ser aquelas mais próximas à cesta, mais precisas e eficientes, como foram nos jogos antecedentes, daí o arranhão acima mencionado, e para muitos, mais torcedores do que técnicos, benditos arranhões, mas que numa competição olímpica onde as contestações serão mais qualificadas, poderão gerar sérios problemas, principalmente pela baixa produtividade, que ficou ontem nos já mencionados 38%.
No entanto, analisar somente o poder das bolinhas não faz justiça aos demais setores da seleção tão bem preparada e dirigida pelo Magnano e seu eficiente assistente e confidente Duró (e que seus dois outros auxiliares tenham realmente apreendido algo sobre a arte de liderar equipes de alta competição…), inclusive sob o aspecto tão criticado pela mídia televisiva de não permitir microfones nos seus pedidos de tempo, não se expondo a “achismos” decorrentes de suas ordens e instruções, obrigando a mesma a dar tratos à bola para comentar tecnicamente um jogo, pelos seus próprios conhecimentos(?).
Magnano conseguiu em grande parte incutir o que venha a ser jogar coletivamente, mesmo perante egos tão influentes no seio da seleção, e o conseguiu muito mais por sua personalidade perfeccionista, do que pelo título olímpico que ostenta, tendo inclusive rompido a barreira da histórica rivalidade entre nós e seu amado país, ao ser aplaudido pelos dois. Mas, um falha e equivocada convocação, praticamente o deixou com uma base de 7-8 jogadores, mesmo numa decisão classificatória tão disputada como a de ontem, quando as saídas por faltas dos pivôs mais atuantes, originou as tomadas de decisão que culminaram nas bolinhas redentoras.
Ainda assim, o saldo do trabalho minucioso e detalhista do argentino, apresenta um resultado altamente benéfico ao nosso basquete, principalmente no conceito “equipe”, e não um ajuntamento de cardeais em torno de um delfin, que caracterizaram nossas seleções nos últimos anos, e cujos últimos remanescentes aparentam terem se conscientizado a respeito (assim deveremos esperar…)
Finalmente, mesmo ainda não sabendo o que nos espera na decisão de hoje, que deveria ser encarada com a máxima das máximas atenções, por se prenunciar como um dos possíveis enfrentamentos olímpicos, a herança deste pré olímpico não poderá se perder no rol dos interesses exógenos que advirão da mesma, como reincidência em equivocadas convocações futuras, composição mais equivocada ainda de comissões técnicas da base ao adulto, pajelança a desinteressados e omissos jogadores, e acima de tudo, a utilização político desportiva injusta e oportunista de quem a vê como ascendência de cunho pessoal, acima dos verdadeiros interesses que poderão alavancar o grande jogo nesse imenso país.
Parabéns aos jogadores e ao excelente técnico que os liderou.
Amém.
Fotos-Divulgação Fiba Americas e reprodução da TV.
Mais uma análise com precisão cirúrgica! Muito além da felicidade de torcedor apaixonado e abnegado do nosso basquetebol, torço mesmo que essa seleção possa dar a inspiração para a volta do grande jogo ao seu devido lugar por essas bandas. E tenha certeza que essa pequena trincheira estabelecida aqui na blogosfera terá papel inestimável nessa volta!
Agora vamos torcer pelo título. Seria ótimo para nos habituar novamente aos jogos difíceis e decisivos. Em Londres (assim como em todas as competições daqui para a frente) deveremos ter vários do tipo.
Abraços!
Acho que em jogo nenhum ficou tao evidente a necessidade de um segundo armador ao lado do Huertas. O Francisco Garcia fez um execelentre trabalho de pressão quadra inteira no nosso armador, que suou a camisa o jogo todo somente para ser capaz de trazer a bola para o ataque. Para nossa sorte, no 4o periodo, aparentemente o Garcia cansou, e aí o Huertas fez o estrago ofensivo que nos levou à vitoria. Ponto contra o técnico dominicano, que não soube dosar o esforço a pedir ao Garcia.
Achei exagerado o estrago que o pivô dominicano Martinez consegui fazer na defesa brasileira. Fato é que nao soubemos marca-ló fora do enfrentamento físico 1 contra 1, que era o forte dele. Achei o Martinez limitado mas, ainda assim, ele conseguiu sair com uns 20 pontos e 15 rebotes do jogo? Pra outros times que tenham caras fortes assim, vamos precisar melhorar a marcação pela frente e tambem a ajuda.
Mas sobretudo, fez falta que os nossos pivôs fossem capazes de arremessar de meia distancia, como faz um Scola ou mesmo um Al Horford. Se fosse este o caso, o Martinez se tornaria uma vulnerabilidade defensiva da Republica Dominicana, ja que teria enorme dificuldade de sair do garrafão para marcar, e o técnico adversário nao seria capaz de mante-lo tanto tempo em quadra.
De ponto positivo vi o maior comedimento do Marcelinho, Alex e outros, apesar de algumas recaídas. Fora os problemas com o Martinez, achei qu o Brasil defendeu muito bem, fato evidenciado pelo baixíssimo numero de assistências da equipe dominicana no jogo. Acho que foram menos de dez para o time inteiro.
E a nota triste do torneio, ate agora, é a aparente involução do Splitter após sua ida à NBA.
Também anseio isso para a seleção, prezado Luiz Felipe, e como você mesmo cita, espero que essa humilde trincheira continue em sua pregação pelo soerguimento do basquete brasileiro, através o debate responsável e democrático que sempre a caracterizou. Obrigado pelo incentivo. Paulo Murilo.
Excelente e objetivo comentário, prezado Renato, sem reparos ou considerações a fazer.
Sobre o Spliter, já publiquei alguns comentários, lembrando inclusive, que ele era feliz e bem realizado na Europa e não sabia…
Mudanças biotipológicas alteram sentidos e percepções nas ações de sintonia fina do gesto desportivo, ai incluidos os arremessos. Esse é o caso do excelente pivô, que se não tomar as devidas e necessárias precauções na utilização de tais praticas, corre o sério risco de travamentos fisico articulares irreversiveis, que prejudicaram muitos jogadores daquela grande liga, alguns de maneira extremamente séria. Espero que ele se abstenha e se afaste de tais influências.
Um abraço. Paulo Murilo.
Apesar de não contar com os medalhões, a equipe demonstrou eficiencia, conseguiu a classificação, assim como a nossa seleção, a canadense também não teve os seus “medalhões”. O nosso jogo, ficou claro, é coletivo, o jogo de “bolinhas” tão usado em outras épocas tem que ser menos praticado hj, face o material humano, se tivermos esse padrão, jogo coletivo, nos tornaremos uma equipe competitiva, acredito que se soubermos usar as geraçõs vindouras, com conceitos e base forte, teremos material humano para decadas, somos um pais com quase 200 milhoes de habitantes, no caso da excelente equipe da Argentina não vemos a renovação, o quinteto titular, esta na casa dos trinta anos, eles terão dificuldade, pois nesse campeonato, não vimos renovação da seleção argentina. Dos medalhões, o Varejão tem que ir, bem como, o leandrinho, pois disputou vários campeonatos anteriores, já o nenê, que faz falta no garrafão, acho que não deveria ir, pois sempre apresentou desculpas. Prof. um abraço, mas uma vez, sereno seus comentários.
Sim Fabiano, evoluimos bastante no conceito de jogo coletivo, mas muito ainda teremos de evoluir, principalmente no aspecto da técnica individual, dos fundamentos em si, ainda bastante precários para muitos dos selecionáveis. Aperfeiçoar as técnicas individuais não é prerrogativa só dos que se encontram na base, os adultos também podem, e devem, treinar arduamente os fundamentos do jogo, afinal, é a ferramenta de trabalho de todos eles.
Quanto às convocações daqueles jogadores que se negaram a participar das últimas seleções, lembro que foram decisões deles mesmos, adultos e responsáveis que são, e por isso, respeitando suas decisões deveriamos evitar mencioná-los outras vezes, pois outros e competentes jogadores têm os mesmos direitos e são esquecidos. Defender seu país é uma conquista meritória, e a negativa em fazê-lo define uma via de mão única, sem volta, já que de próprio arbítrio.
Um abraço, Paulo Murilo.
Professor vc deveria ser o técnico ou auxiliar da nossa seleção vc vê o jogo com outros olhos.
Só vou discordar de uma coisa não acho convocação tão errática, o problema é que essa “coletivismo” que vem sendo apregoado só vale pra alguns.
Ex em minha opinião baseado nas estatísticas e tempo em quadra:
1- É coletivismo deixar o Hettsheimeir no banco do splitter comparando o aproveitamento e rendimento de ambos?
2- É coletivismo o cara com os melhores percentuais de acerto nos arremessos , Benite,ter 2, 3 minutos em quadra e quando erra uma vez saí assim como o Luz?
3- É coletivo Alex e Huertas 38,39,40 minutos em quadra tomando por base o Ex:2, algumas vez nesse torneios ficamos 5 minutos sem fazer pontos com eles em quadra.
4- Vê o tempo do augusto e olha os rebotes que ele pegou além do seu posicionamento.
Vejo Magnano como um técnico pré e pós-jogo durante não o acho espetacular, troca mal, não troca, não permite os descansos, não tem confiança no banco, só o Hett que com uma incrível atuação compra a Argentina e uma modesda participação do plitter se safou e se firmou, mas teve tempo em um jogo decisivo, coisa que os outros não tiveram, lembrando que na necessidade pivôs nas semis e armadores na final eles nãi fizeram feio, inclusive foi com o Luz todas as nossas reações até ele não voltar mais em quadra nos minutos finais, lembro do placar em 56 x 50 para o brasil depois chegou a 63 x 72 a favor dos Hermanos e a maioria desses 22 pontos foi com a base defensiva original e o Huertas que ontem não foi espetacular, acontece, na armação, além do Splitter fim de quarto no jogo, com aquela média de acertos e lance livres não dá.
Prof. Paulo, como sempre brilhante.
Magnano, realmente cometeu sim erros na escolha de alguns jogadores, e ele sentiu isto, basta olharmos a utilizacao de nezinho.
Mas conseguiu gracas a seu trabalho nos levar a classificacao, e teve como ponto fundamental, em minha opiniao, uma mudanca ou adaptacao na segunda fase do pre, a aceitacao de nossa dependencia das bolinhas, mas que ele soube controlar atraves do vai pro banco e tapinha nas costas.
Mas melhoramos no aspecto coletivo, vimos ate jogadores que nunca marcaram se esforcando, e tivemos uma defesa que se nao boa em fundamentos, foi intensa e agressiva para compensar.
Estou muito feliz com a classificacao, mas preocupado com a continuidade, pois espero que nao haja pressoes sobre o trabalho do Argentino, pois senao podemos vir a perde-lo, e sinceramente vejo nele uma pessoa que quer fazer a diferenca em nosso basquete.
paulo, v precisa deixar de ser sempre do contra.hd
Helio, coincidentemente havia acabado de ler um artigo assinado pelo ator Antonio Pedro na Revista de Domingo do O Globo, quando religuei o computador e leio o seu comentário. O artigo versa sobre a revolta do grande ator sobre a imposição do “politicamente correto” em nossas ações e dizeres diários, como se de repente tudo tenha virado insulto, como uma algema em torno de nossos mais corriqueiros hábitos e tradições.
E no parágrafo final ele escreve- Se quiser fumar, eu fumo; se quiser beber, eu bebo. Tenho 70 anos. Direitos adquiridos. Me recuso a viver sob a norma dos tartufos!
Ao “vem por aqui” do politicamente correto, respondo como José Régio:”Não sei por onde vou, não sei para onde vou. Sei que não vou por aí.”
Essa era a frase que Paulo Gracindo bradava ao final da peça Roda Viva, de Chico Buarque, que assisti emocionado no Canecão em plena era dos “anos de chumbo” por que passamos.
Não sou do contra Helio, somente me nego a aceitar o que ai está, regado pela hipocrisia e pelo faz de conta…
Um abraço. Paulo.
Prezado Ramon, você aponta diversos e controversos pontos, que somente o Magnano poderia esclarecer, claro, se fosse arguido a fazê-lo.E aqui não se trata dele ter ou não razão, e sim de que é o responsável direto pelo treinamento de uma seleção, fundamentada em seus conceitos e diretrizes de jogo. Conjecturar pelo que vemos e assistimos é uma coisa. Outra é lá estar, no cerne de questòes de toda ordem, técnicas, pessoais, comportamentais, existenciais.Você tem todas as razões e direitos de questioná-lo perante seus próprios conceitos e entendimento do jogo, mas, o técnico é ele, cabendo somente a ele responder suas bem colocadas opiniões. Será que ele o faria?
Quanto à sua sugestão de eu ser técnico ou assistente de uma seleção, lembro que fui o único técnico qualificado da minha geração a não ter meritoriamente essa oportunidade, e que hoje, nem mesmo em clubes me permitem trabalhar. Mas aqui nesse humilde blog não me atingem, sequer incomodam.
Um abraço, Paulo Murilo.
Mas a imposição das bolinhas não foi nenhuma novidade para mim, prezado Fernando. O que me surpreendeu foi a rapidez com que o Magnano as aceitou, num contra ponto que quase levou seu conceito de coletivismos de roldão. Mas como as bolinhas cairam e sua defesa funcionou nos momentos decisivos, ganhou a classificação olímpica. Agora, a preparação para Londres é que definirá, em toda sua dimensão, o modo Magnano de competir, de unir o grupo em torno do coletivismo que tanto defende. Torçamos para que dê certo.
Um abraço, Paulo Murilo.