PONTO FINAL…
Custo a engrenar o comentário, pois algumas cenas ficaram marcadas no jogo final desta Copa América, como após duas tentativas bem concluídas de cesta, e sendo lançado faltosamente pela linha final, o Scola mesmo caído cerra os punhos e vibra intensamente, numa demonstração de garra e vontade de vencer o rival histórico. Por outro lado, a medonha visão de um grupo de jogadores (não todos…) profissionais aderindo a uma estética advinda do futebol, no que ele representa de pior, “moiconando” seus cabelos, numa demonstração de que os festejos pela classificação estiveram bem acima do que o foco direcionado a uma decisão de campeonato, importante pelo fato de que do outro lado se encontrava um possível adversário olímpico, jogando em seus domínios e ferido pela derrota de dois dias atrás, num cenário de confronto que dificilmente poderá ser emulado na preparação para Londres. Temi que, para concluir a pífia representação inicial, uma dancinha fosse estimulada, como a da preliminar com a participação de dominicanos e portorriquenhos, parecendo estarem felizes da vida pela não classificação. O descompromisso da nossa seleção ficava evidente, inclusive em boa parte do primeiro quarto, quando perdeu por 21 x 9!
O segundo quarto foi bem mais disputado (parecendo que a ficha tinha enfim caído…), com a seleção se utilizando de dois pivôs, o Spliter e o Hettsheimeir, forçando os jogadores altos argentinos a um duelo que nos favoreceu em algumas jogadas, suficientes para vencer por 18 x 14, numa confirmação de que se tivesse entrado no clima decisivo desde a véspera a contagem teria sido bem mais próxima do que os 35 x 27 que encerrou a primeiro tempo da partida.
Retornando bem mais concentrada na defesa e no jogo paciente no ataque, a seleção voltou a vencer por 21 x 15, levando a decisão para o quarto final, num esforço que teria sido bem menor se tivesse, repito, iniciado o jogo com mais seriedade e menos carnaval.
No quarto final da apresentação no pré, enfim o Magnano colocou em quadra o Benite junto ao Huertas, abrindo um 8 x 0 empolgante, para logo a seguir com a entrada do Alex, jogar com os três e os dois pivôs, tornando a movimentação da bola mais veloz e de difícil marcação por parte dos argentinos. Mas desse ponto em diante o fator feérico retornou, primeiro com um monumental toco de aro sofrido pelo Hettsheimeir (no ataque seguinte, concluiu com uma bandeja clássica, provando ter aprendido a lição…), e dois passes errados nas duas jogadas subsequentes, do Guilherme e do Marcelo Machado, ambos que teriam sido espetaculares, mas inadequados àquela altura do jogo, em seus momentos cruciais, dos quais os argentinos se aproveitaram para fechar em 80 x 75, cabendo lembrar os 12/21 lances livres tentados pela seleção.
Sei que muitos criticarão os pontos que acima apontei, ressalvando os momentos de intensa alegria e conseqüentes festejos pela classificação alcançada, mas o semblante contraído e preocupado do Magnano nos momentos decisivos do quarto final, bem demonstrava que ali ele estava para vencer o jogo, sua determinada prioridade, e para a qual (a vitória) trabalhou tanto, dando a ele uma certeza, de que muito ainda falta para que a seleção atinja o ápice do comprometimento, impermeável e blindado a qualquer manifestação que arrisque, mesmo de leve, o objetivo final a ser alcançado. Depois sim, que raspassem tudo que quisessem e pudessem, se é que o fariam…
Amém.
FOTOS-Divulgação FIBA Americas
O GRANDE TOCO DO ARO?!
Como assim vc prefere q os seus pivôs fiquem fazendo bandejinha embaixo do aro correndo o risco de levar tocos??? ( como os milhares de tocos que o Splitter levou nesse pré-olímpico ) Siceramnte, eu não entendi essa ( Isso parece ser algo dos técnicos daqui, pq recentemente vi um técnico na tv cerçiando as enterradas do ala Chandler, dizendo q se ele errasse seria feio.e ele teria q se ver com o técnico, mesmo q ele tenha falado de forma de brincadeira isso mostra um pouco da mente dos técnicos )
E para completar o Rafael só errou a enterrrada porque levou um tapa no ante-braço do Scola( q podia ser visto nitidamente pela câmera de baixo do garrrafão )
ABs.
Esses são os fundamentos mais difíceis de treinar: seriedade e compromentimento.
Não nos faltou basquete pra vencer a Argentina, isso poderia ser alentador. O problema é que faltou algo mais primordial no esporte do que a capacidade técnica. Faltou a vontade de ganhar.
Muito bem colocado, professor, como sempre.
Era o meu receio entrarmos em quadra, neste jogo final, com este maldito (desculpe-me pela expressão) clima de carnaval, que o senhor muito bem definiu.
Depois perceberam que o “diabo não era tão feio …” e correram atrás do prejuízo.
Mesmo assim, estão de parabéns, fizeram bonito!
Mas que poderiam fazer um pouco mais, poderiam!
Um abraço
Professor Paulo…quando seus bons argumentos estão acabando, resolve criticar o corte de cabelo dos jogadores.
Fica feio assim, para um grande mestre do nosso esporte…
Relaxa e goza (como disse a Marta Suplicy). Pense assim: estávamos escondendo o jogo para um eventual confronto nas olimpíadas. O negócio era festa mesmo… Um título irrisório. Pra que se matar correndo o risco de se machucar desnecessariamente e perder bons contratos que poderão vir. Valeu Brasil!!!
Prezado Willdenio, sabe bem você que o mais complexo, pela diversidade de movimentos mecânicos envolvidos em sua execução, é o arremesso que você minimiza como “bandejinha”, e que erroneamente é o primeiro a ser ensinado aos iniciantes. A bandeja é o único arremesso que envolve deslocamento, drible, passada, elevação e o arremesso em si, antecedido ou não de uma finta aérea, que foi a ação suscedânea ao toco em questão, que o Hettsheimeir concluiu como penitência ao erro anterior cometido, e o mais emblemático, incidindo em alta velocidade pelo mesmo ângulo frontal à cesta. Por que não insistiu na enterrada, já que mais livre do que na tentativa anterior falhada, por que? Ah, você pode argumentar que o salto não foi tão elevado como o anterior, ou mesmo que as condições estéticas para um “afundaço magistral” não eram as ideais,etc, etc, etc…
Mas a verdade verdadeira é que ele receiou (não fica bem “ter medo”..)errar mais uma vez, e isso foi muito bom, a fim de que viesse, na pratica, a aprender e apreender aqueles mais infimos detalhes técnicos que situam o grande jogo no patamar mais altamente desenvolvido do gestual desportivo.
Quanto à ação antagonica do Scola, em nenhum momento, e pela posição explicitada por você, teria a mesma potência ascendente suficiente para se antepor a um movimento de cima para baixo de força bem superior. Foi o aro mesmo, o R da equação.
Não esquecendo, sempre substituo o tempo gasto por determinados e teimosos jogadores que o perdem ensaiando enterradas, por treinamento de arremessos de curta e média distâncias, que são os que definem os jogos, e o Scola sabe um pouco sobre isso, concorda, ou não?
Um abraço, Paulo Murilo.
De pleno acordo Andre, faltou exatamente isso, vontade de vencer, que é algo visceral, que é algo que pode ser incentivado, jamais incutido.
Um abraço, Paulo Murilo.
Também os parabenizo, mas ficou o gosto do “algo a mais…faltando”, prezado Reny. Um abraço, Paulo.
Feio, prezado Daniel, é ver um jogador adulto, pai de família e auto elegido lider de uma seleção, insistir em reforçar sua imagem de “brabo” liderando uma ação infantil e pretensamente midiática como aquela, sem que a unanimidade fosse atingida, já que os demais lideres e pais de família como ele não aderiram ao grande mico.
Quanto ao fato de minhas argumentações estarem em recesso, a simples lembrança do quanto o grande jogo necessita de ações adultas, sérias e produtivas, aguçam e despertam-me desde sempre, para jamais me considerar além do que realmente sou, um professor, simples assim.
Paulo Murilo.
O tal título irrisório que você menciona, prezado Leo, custou dois meses de intensos treinamentos, muito suor e abnegação, dos jogadores e dos técnicos, além de uma expectativa e ansiedade por parte de todos aqueles que amam o grande jogo, e tudo isso ao custo de muito investimento de tempo e dinheiro, o meu, o seu, o nosso dinheiro, que num processo profissional como aquele desenvolvido, não pode e nem deve ser desperdiçado em brincadeiras e hipotéticas evasões. Não se brinca com coisa séria prezado Leo, nem relaxando e sequer gozando.
Paulo Murilo.
Prezado Professor:
Uma classificação dramática – ingrediente causado sobretudo pela longa ausência olímpica – teria que despertar polêmicas apaixonantes, como a convocação ou não dos dissidentes do pré-olímpico – já pincelada pelo nobre escriba.
No post em comento, mais uma vez a análise precisa e atenta se faz presente, embora creio desnecessária a aspereza sobre as comparações com o comportamento meio descerebrado dos jovens futebolistas de hoje. Me basto, acompanhando sua sempre abalizada opinião, a crer que os jogadores demoraram um pouco a se ligar na partida, até pelas comemorações da conquista no dia anterior. A questão física também parece ter pesado – como ressaltado pelos comentaristas televisivos, dado o maior preparo e juventude do selecionado brasileiro, ante uma geração argentina de grande talento, mas partindo para o ocaso de suas carreiras, ainda que possam fechá-las em grande estilo.
Apenas discordo sobre o aqui polêmico lance do Hettsheimeir. Não creio que ele tenha agido erroneamente ao tentar a enterrada, já que tinha o Scola bem posicionado a marcá-lo. Não me preocupo com a plasticidade e impacto moral da cesta se tivesse sido convertida, mas com o movimento correto do jogador buscando uma ação rápida, incisiva e contundente de molde a superar a boa marcação do pivô argentino, inclusive pela nova regra do semi-círculo, que levaria a falta do Scola se este tivesse tocado o brasileiro, o que sinceramente, ao contrário do internauta e do senhor, não vi. O “toco” do aro me pareceu uma infelicidade, já apresentada por especialistas que recorrentemente se valem do movimento, quer de forma desnecessária, quer como recurso para vencer a defesa.
A bandeja no ataque seguinte, me pareceu não um arrependimento individual do Hettsheimeir, mas uma solução melhor para o lance naquele momento, pois a movimentação lateralmente a cesta de nosso jovem e bom pivô confundiu o excelente argentino, que ficou livre nas costas destes para concluir com o movimento clássico magnanimente descrito pelo senhor, sem sequer necessitar da finta aérea, tão aberto que ficou seu caminho a cesta.
Espero ter me explicitado adequadamente, e, certo que o senhor poderá manter sua opinião com os argumentos que sempre bem a fundamentam, ressalto que essa discordância que estabelecemos agora faz bem a evolução do jogo: arrependido ou não, nosso bom jogador sempre deve pensar na melhor solução para a conclusão de jogada, ainda que ela, por um mero acaso, não resulte na cesta.
Abraços!
Ah, como é bom ser discordado com elegância e bem fundamentados argumentos, Victor. Concordo ser essa a única forma inteligente e lúcida de se promover o progresso de uma modalidade, seja de vida, de educação, voltada às artes, ao desporto. O espaço aqui aberto ao debate democrático e responsável, somente tem a agradecer a participação de todos aqueles que o utilizam para o bem e o progresso do grande jogo, assim como você o faz com propriedade, e acima de tudo com educação, como os bons desportistas deveriam agir desde sempre. No entanto, como um humilde, porém largamente experiente professor e técnico, e por conhecer comportamentos jovens e arrebatados, é que mantenho o ponto de vista sobre a contida ação do Hettsheimeir na segunda bandeja, demonstrando ser um jovem inteligente e ligado à realidade de um jogo instigante.
Obrigado pelo sempre bemvindo debate.
Paulo.
Jamais tive a presunção de fazê-lo mudar de idéia, nobre professor, seria muita ousadia da minha parte. Apenas ressalto que não vi arrependimento na contenção de movimento na segunda jogada do jovem pivô, apenas um vislumbre da melhor solução a ser aplicada aquele momento, assim como a tentativa frustrada de enterrada anterior também o foi, naquele preciso momento, porém infrútifera por obra do acaso. Ou seja, vi a jogada explosiva e contundente como um recurso, e não como uma ação impensada e do calor do jogo para se impor no adversário.
É sempre um prazer debater com um profundo conhecedor do grande jogo como o senhor, mesmo discordando, aprendo ainda mais a fundamentar meu próprio ponto de vista, graças as suas valiosas e criteriosas análises.
Abraços!
Meu velho pai, causídico brilhante sempre me lembrava que numa situação de fato, ou de direito motivo de confronto, duas são as verdades em litígio, mas indo mais fundo no âmago das mesmas, você verá eclodir uma terceira verdade, certamente a verdadeira. Por isso, Victor, o debate é a base para o raciocínio lógico e isento, e ademais fica faltando o depoimento do jovem pivô em questão, talvez a terceira via elucidatória. Legal isso.
Um abraço. Paulo.
Curioso, ainda hoje me deparei com uma sentença de união estável para contrarrazoar a respectiva apelação em que a situação descrita se apresenta. Tal perspectiva é verdadeira, quando os fatos que embasam o direito são controversos. Pois o direito é um só, cabendo ao julgador apenas encontrar no litígio o seu beneficiário. Seu pai deve mesmo ter sido um grande causídico, por fazer de tal brocardo jurídico uma máxima de vida, muito bem transmitida ao senhor. Quem sabe não teremos oportunidade de ouvir o Hettsheimeir sobre seu repertório de jogadas a qualquer momento, agora que a grande mídia está ávida por conhecer este esporte que nos fascina, o grande jogo?
Abraços!
Grande Professor respeito muito sua opinião mais nesse post infelizmente sou obrigado a discordar…. a respeito do “corte de cabelo” foi uma promessa que foi feita exclusivamente pelo Splitter e Marcelinho Huertas e os outros atletas que resolveram aderir…li ate uma entrevista do Guilherme Giovannoni que ele e os demais só não cortaram tambem por falta de tempo pois só havia uma maquina por isso que a unanimidade não foi atingida igual o senhor mesmo citou no comentario..e tambem acho que independente de ser pai de familia ou não, acredito que não tem nada de mais cortar ou não o cabelo ou fazer festa ou não ja que o objetivo principal foi alcançado e estava intalado na garganta de todos !! antes de atletas eles são seres humanos e tem que agir como tal esporte é isso é alegria !! no fundo todos sabiamos que a final era de grande valor para os Argentinos que jogavam em casa…
Um grande Abraço a Todos !!
Sim Victor, papai(João Tavares Iracema Junior)foi um brilhante advogado, e suas magistrais petições mereceram muitos louvores de juízes e desembargadores da época. Muitas lições de vida foram a mim passadas por ele, mas uma em particular agreguei ao meu modo de ser-Viva e deixe viver.
Um abraço, Paulo.
Magal, também respeito a sua discordância, que é uma atitude sadia e bemvinda a um bom debate.No entanto, não debaterei, somente manterei minha opinião a respeito, com um único adendo, jamais devemos bricar com coisas sérias. Seleção é coisa muito séria.
Um abraço, Paulo Murilo.
Sim professor tambem concordo com a posição do senhor a respeito de não brincar com coisas serias ainda mais sendo a seleção que esta representando 180 milhões de pessoas mais foi um deslize do momento !!! espero que esta vaga faça o basquete ressurgir e voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saido, tanto na midia ou no dia dia de todos aqui no Brasil, e torço muito e sei que o senhor vai fazer parte desta reestruturação do nosso basquete pela competencia e pelo conhecimento que vc tem do nosso querido basquete…
Um grande Abraço
Que bom que a concordância se faz presente, fruto do bom debate, da coerência de pontos de vista, prezado Magal. No entanto, apesar de sua sincera torcida, minha participação na reestruturação do grande jogo é improvável, coibida mesmo, pois no atual cenário da modalidade,competência e conhecimentos que ameaçem o corporativismo existente não são, e jamais serão tolerados, pois o que ai está os tem garantido desde sempre. Vida que segue.
Um abraço, Paulo Murilo.
Fico triste em saber disso e ate certo ponto indignado !! cada vez mais pessoas como o senhor que realmente conhecem e gostam do nosso glorioso basquete ficam de fora efetivamente das ações internas do nosso basquete graças a “profissionais” que estão no poder e pensam em TUDO menos no melhor para o esporte….mais ainda sim fico na torcida pois nosso glorioso esporte da bola laranja precisa e muito de profissionais como o senhor…um grande abraço
Triste mesmo, prezado Magal, é nâo ter o basquete brasileiro a oportunidade de assistir uma nova concepção de jogo (nossa, e não estrangeira…), que pudesse ser antepor a mesmice crônica que ai está implantada nas duas últimas décadas. No NBB2 com a minima chance que nos foi dada ensaiamos uma nova vertente, obliterada no NBB3 e certamente no NBB4. Quem sabe no NBB10? Duvido, a corporação não quer se deparar com algo que fuja ao que está estabelecido, solida e petreamente estabelecido, ou com alguém que venha competir com indesejadas inovações, mantendo nosso basquete atrelado e submisso ao sistema único de jogo. C´est la vie.
Um abraço. Paulo Murilo.