O XINGADO JOGO…

Como é Paulo, o Paulista na fase final, o Flamengo na Argentina, e você não dá o ar da graça? Cansou?…

Cansar não, o basquete jamais me cansou, agora enjoar de mesmice e violentos ataques ao vernáculo, isso sim, enjoa, e muito.

Quer uma simples prova? Recorde, ou reveja se possível, as duas últimas rodadas do playoff paulista. Numa mesma tarde dois jogos televisionados pela ESPN Brasil, e até ai tudo bem e elogiável, dois jogos seguidos, com transmissão e comentários de luxo, microfones e entrevistas pelos ginásios, e… agora o lamentável, nos pedidos de tempo das quatro equipes intervenientes: -”Será que não tem um FDP aqui para parar aquele cara?”- cobrava um dos técnicos de seus jogadores. -”Car…, veja a m… que estão fazendo, seus m…”- bradava um outro, inconformado com a nulidade de seu sistema exaustivamente treinado. –“Por…car…, o que pensam que estão fazendo? Car…”- gritava um terceiro revoltado com a passividade defensiva de seu super treinado grupo, finalmente um quarto-“Put…mer…, o que pensam que estão fazendo, PQP…!- E tudo isso ao vivo, a cores e em horário vespertino, sendo absolvidos pelo comentarista que via naqueles pedidos de tempo ações tecnicamente corretas, fora os xingamentos, mas que pelo ardor da disputa…

Lamentável ter de escrever sobre o que todos assistiram, e ouviram, principalmente os jovens, mas teimosamente o faço, pois foi o que se viu, e se repete na maioria dos jogos, inclusive agora no vôlei, quando as derrotas começam a freqüentar o dia a dia do segundo (?) esporte do país.

E pensar que são todos professores e técnicos experientes e consagrados, cujas mensagens, mesmo sob intensa pressão deveriam ser pautadas pelo que representam como professores e técnicos (principalmente na presença de microfones), e não da forma como foram emitidas.

Como condenar, e veladamente criticar o Magnano que proíbe microfones junto a si quando trabalha? Ah, fazem falta os comentários dele na orientação da equipe, afinal o publico precisa saber o que ele pede do grupo, cobram os narradores e comentaristas, que na verdade, e isso precisa ser dito, adoram contrastar seus conhecimentos com o que é dito pelos técnicos, num confronto de razões técnico táticas, quando sua função é a de relatar o que presencia e testemunha, e não o que faria se estivesse na direção da equipe.

Quanto ao Flamengo, o que dizer quando o Leandro é alçado a armador sem a companhia de um outro de ofício? Sabemos todos que pelo que ganha tem de jogar até por contrato, assim como as demais estrelas da companhia, e deu no que deu. Nem sempre rechear uma equipe de luminares garante títulos, e o Miami cansou de provar essa questão. Logo, sem maiores comentários.

E agora mesmo na serie final, com menos xingamentos é verdade, já que, como num acordo tácito, ninguém marca ninguém fora do perímetro, temos jogo com 53 arremessos de três e 27 erros de posse de bola, numa prova cabal de que nenhum palavrório de baixo nivel corrigirá tal hecatombe, e sim uma urgente e definitiva mudança nos padrões técnico táticos das equipes, como fruto de uma competente e profissional reformulação na formação de base, sem a qual nada alcançaremos de pratico na evolução do grande jogo entre nós. E tudo isso somente será possível se a classe onde alguns, emotiva e impensadamente, proferem xingamentos públicos e midiáticos, se unir em torno de associações de técnicos, cujos padrões éticos e objetivos fundamentados na pesquisa, no estudo e no comportamento publico e social, produzam conhecimentos voltados ao desenvolvimento dos jovens técnicos e jogadores, os maiores beneficiários dessa inadiável mudança, e ao basquetebol como um todo.

Precisamos acreditar que isso seja possível, precisamos muito.

Amém.

Foto-Divulgação LNB



4 comentários

  1. Ricardo 09.11.2011

    Perfeito o cometário sobre os berros seguidos dos tecnicos no Paulista! (e olha que esse ano Franca nao esta nas semis; senao já era mais um)

    Fossem um ou outra vez, em circunstancia exepcional, poderia ser aceitável (nao desejável) mas todo jogo esse descontrole emocional?

    É de uma falta de preparo lamentavel…….

  2. Basquete Brasil 09.11.2011

    É Ricardo, esse é um problema muito sério, constrangedor. Mas para o presidente da FPB, o Novo Basquete não está com nada, pois o que continua valendo é o velho basquete, numa ótica em tudo coerente com o que assistimos e escutamos. E são eles que mandam, logo…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Henrique Lima 12.11.2011

    Professor Paulo,

    concordo com o Ricardo. Uma vez se exceder, vá lá, ninguém é de ferro também.

    Porém, todo jogo, todo tempo pedido, todas as vezes que tem um microfone, alguns inventam de dar um show particular.

    E alguns destes ai, tem o rei na barriga.

    Abraços

  4. Basquete Brasil 12.11.2011

    Me perdoem Ricardo e Henrique, mas não podem existir exceções deste nivel para um professor e técnico.O exemplo educativo tem de vir de cima, sempre, pois é através dele que os jovens e a sociedade em que estão inseridos se espelham. Falhando a liderança, em quem se espelhar?
    Um abraço aos dois, Paulo Murilo.

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