SERÁ SÓ IMPRESSÃO?…

Acho que algo terá de ruir, e fragorosamente, pois não é mais possível que ainda se escute – “Faz o X para baixo, ou a punho, ou… qualquer coisa que fizerem tá bom”. Isso depois de rabiscar, apagar, tornar a rabiscar a prancheta ante olhares atônitos de jogadores que simplesmente não sabiam o que fazer, e ainda escutarem o… qualquer coisa que fizerem tá bom!

Um técnico novo, estudioso e dirigindo uma das equipes mais importantes do basquete brasileiro, não pode e nem deve cometer erros de comunicação como o acima mencionado, e transmitido pela TV, numa prova de pouca experiência em comando, principalmente numa jovem e promissora equipe.

Tudo que tenha de ser dito e comentado num pedido de tempo, tem de ser o reflexo do treinamento realizado, exaustivamente analisado e discutido nos mínimos detalhes, onde as leituras de ações técnico táticas têm de alcançar padrões de alta precisão, através insistentes repetições de situações de jogo, onde as maiores intervenções devem ser dirigidas aos defensores, instigando-os e orientando-os à anulação dos sistemas ofensivos em treinamento, mesmo que sejam os da própria equipe, pois sendo esta a ação que será buscada pelos adversários no jogo real, todos terão de estar prontos para o inevitável confronto, onde as diagnoses e conseqüentes retificações têm de estar, obrigatoriamente previstas e treinadas, e não corrigidas em pranchetas ironicamente pegas de surpresa.

No entanto, como a maioria das equipes adotam o sistema único, com as mesmas jogadas e até mesmo as sinalizações, configurou-se uma mesmice comportamental nos jogadores desde as divisões de base, desaguando na divisão adulta como verdade única e absoluta, daí a padronização das intervenções dos técnicos em seus pedidos de tempo, onde alguns incluem o palavreado pesado, cobranças indevidas, ou simplesmente um – “qualquer coisa que fizerem tá bom…”-  Muito poucos instruem de verdade, baseados em uma estrutura solida de treinamento técnico tático, e absolutamente nenhum na correção de fundamentos de jogo que poderiam ser otimizados em momentos pontuais ou cruciais de uma partida, raros realmente tentam inovar, mas em sua maioria propugnam pela manutenção do que ai está, padronizado e formatado a mais de duas décadas de mesmice endêmica.

Daí a necessidade premente de que sejam buscados outros e diversificados caminhos no ensino e divulgação do grande jogo, através os jovens técnicos do país responsáveis pela formação, assim como os mais experientes na direção das equipes de elite, da qual faz parte o técnico interveniente no jogo em questão, entre Uberlândia e Minas, que também é jovem e talentoso, mas precisa quebrar as amarras que o prendem à mesmice que esmaga e tolhe o futuro do nosso basquetebol, basta querer.

Afinal, será que é só impressão, ou algo de novo ainda está muito longe de acontecer? Torço veementemente para que não.

Amém.

Foto – Divulgação LNB.



2 comentários

  1. Reny Simão 07.12.2011

    Tudo bem, professor?

    Pois é, eu também me impressionei com o que se passou naquele pedido de tempo. Não fui ao ginásio, assisti o jogo pela TV e fiquei assustado com o que ouvi. Vamos ver onde chegaremos.

    Um abraço

  2. Basquete Brasil 07.12.2011

    Onde já chegamos prezado Reny, onde já, irremediavelmente, chegamos. Basta que observemos a nova geração de técnicos que ai está na liderança da elite, onde todos eles sacramentam o sistema único, inamovivel e pétreo, seguidores que demonstram ser da veterana geração que se afasta, ou foi afastada, mas que mantêm incólome sua influência técnico tática, como um eternizado dogma que ainda nos irá manter escravos do mesmo, até um dia em que imploda por si mesmo. Inconcebivel destino esse do grande jogo, que merecia um melhor destino.
    Um abraço. Paulo.

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