FIM DE UM ATO…

Fim de um primeiro ato, fim de uma etapa que tem de ser continuada, começo de um longo caminho, espinhoso, escarpado e acima de tudo, sonhado.

A LDO tem de dar seguimento a um trabalho longamente acalentado, e profundamente necessário ao soerguimento do grande jogo desde sempre. Continuidade e muito planejamento se tornam prioritários a um projeto dessa magnitude, pois dele depende diretamente o sucesso da fundamental renovação das equipes do NBB.

Mas ao apagar das luzes desse primeiro campeonato, algumas considerações se fazem necessárias, a começar sobre o jogo final.

Numa partida que sacramentou a tendência do jogo em alta velocidade, comum a todas as equipes participantes do quadrangular final, tanto o Flamengo, como Bauru não aliviaram o acelerador em nenhum momento, fator que prejudicou a equipe paulista de maneira decisiva, quando ao colocar 12 pontos de vantagem no terceiro quarto, optou em se manter rápida na quadra, aspecto este que só beneficiou os cariocas na busca de pontos no menor tempo possível, que foi o que aconteceu no quarto final. Abrandasse o ritmo de jogo naquela altura em que liderava o placar com razoável diferença, Bauru venceria pela quebra da intensidade ofensiva do Flamengo, para o qual a manutenção da alta velocidade o mantinha no foco do jogo. E foi o momento em que as equipes mais correram, e por isso mais erraram, nos dribles, nas fintas, nos passes, nos longos e desnecessários arremessos, e acima de tudo nas defesas, desgastadas fisicamente pela desenfreada correria. Faltou alguém que colocasse “a bola debaixo do braço” no Baurú, assim como a armação do Flamengo manteve e acelerou mais ainda o ritmo, incluindo uma pressão quadra inteira, responsável pelo desmantelamento ofensivo paulista, culminando com algo absolutamente inusitado, quando um pivô reserva, o Ricardo Bampa, arremessou com sucesso duas bolas de três pontos, sem ser minimamente contestado, e concluiu um passe interior do armador Gegê com uma bandeja simples (terceira foto) e eficiente, ganhando o jogo com justiça, muita luta e enorme dedicação, mesmo jogando de forma atabalhoada e descoordenada.

Mas, o preocupante foram os altos índices de erros nos fundamentos por todas as equipes intervenientes, numa clara e indiscutível evidência da falha formação de base neste básico ponto, comprovando a preferência dos técnicos pela imposição técnico tática por sobre os fundamentos do jogo, desde muito cedo, desde o inicio da formação, seguindo a diretriz da formatação e padronização imposta ao grande jogo no país.

Entretanto, algo constrangedor ocorreu no ginásio do Tijuca, quando todo um lance de arquibancada e cadeiras foi vetado ao público, sendo liberado o lance enfrente às câmeras de televisão, para transmitir a impressão de ginásio lotado para uma decisão veiculada nacionalmente pela mesma, tirando o conforto de muitas crianças e mulheres presentes, num claro desrespeito aos mesmos, e indesculpável numa praça de esportes com o ingresso liberado, num estratagema condenável e perigoso ( duas primeiras fotos).

Finalmente, me vi convidado pela direção da LNB, para ao final da competição fazer entrega de um dos prêmios concedidos aos mais eficientes, aquiescendo com satisfação ao mesmo. E qual foi minha surpresa quando entreguei o troféu de técnico mais eficiente ao Paulo Sampaio do Flamengo, conhecido por mim desde sua época de jogador, com o qual sempre mantive um salutar relacionamento, mesmo quando exerci algumas criticas sobre opções técnicas do mesmo, mas sempre pautadas pela isenção e pela ética profissional. Sei do respeito que ambos mantemos, e o parabenizo, assim como toda a sua jovem equipe pela conquista, importante para o basquete do Rio de Janeiro, tão abandonado desde a fusão da Guanabara com o Estado do Rio, quando deixamos de ser o segundo estado mais rico da federação, para nos tornarmos num município à beira da miserabilidade econômica e moral em que nos encontramos.

Mas acredito, como bom carioca, que dias melhores virão.

Desejo a todos um 2012 pleno de saúde, esperanças e muita paz.

Amém.

 

Fotos- Reprodução da TV, divulgação LNB e produção própria,

Clique nas mesmas para ampliá-las.



6 comentários

  1. Victor Dames 31.12.2011

    Que em 2012 novas iniciativas proveitosas como a LDO continuem a surgir, aprimoradas, para devolver o basquete ao lugar que desejamos. E que a LNB volte a se lembrar daqueles que combinam o devido nível de paixão e isenção como o senhor. O convite não deixou de ser um reconhecimento, ainda que pequeno, a estes valores que o senhor agrega ao longo caminho de soerguimento do grande jogo, nas suas sempre bem pautadas palavras. Abraços e feliz 2012!

  2. Basquete Brasil 31.12.2011

    Amém Victor, amém.
    Paulo.

  3. Max SP 05.01.2012

    Professor. Tem visto a NBA? O Minessota timberwolves jogando com a formação que você tanto defende: 2 armadores e 3 ala-pivos móveis.

    Os armadores de profissão Ridnour, Rubio, Barea e Williams sempre em dupla atuando na quadra. Recomendo que o senhor assista.

    Abraço

  4. Basquete Brasil 05.01.2012

    Obrigado pelo lembrete, Max, já tinha visto um pouco dessa equipe, assim como o Dallas e o Oklahoma. Sei que outras também estão se insinuando nesse modo de jogar, o que poderá desencadear uma grande revolução na NBA. Ai veremos nossos estrategistas adotarem, desculpe, copiarem a “novidade” que adoto desde os anos setenta, e que faz parte do acervo dos grandes sistemas desde os primordios do grande jogo, guardadas as suas inumeras variações, entre as quais incluo a que estudei, desenvolvi e apliquei desde sempre.
    Agora você poderá imaginar o que teria ocorrido aqui na LNB se o projeto iniciado no NBB2 pelo Saldanha tivesse tido continuidade no NBB3 e NBB4, bem antes do que a NBA agora incrementa.Também pode aquilatar e entender o porque do projeto ter sido bloqueado e varrido do cenário nacional.Triste basquete brasileiro, manietado e acorrentado à mesmice endêmica que tanto critico e combato, e por isso mesmo afastado das quadras, mantendo, no entanto, minha liberdade e independência através esse humilde blog.
    Sim, Prezado Max, esse sistema se imporá entre nossos irmãos do norte, enquanto por aqui…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  5. Henrique Lima 11.01.2012

    Bem legal a ida do senhor ao ginásio, Professor !

    É muito amor pelo jogo 🙂

    Um forte abraço !

  6. Basquete Brasil 11.01.2012

    E coloca amor nisso, Henrique. Mas valeu, como sempre tem valido a pena, pois os poucos bons momentos compensam em muito, a avalanche dos maus. Um abraço, Paulo.

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