O EMOTIVO RACHÃO…
Não foi propriamente um jogo, e sim um pungente rachão, onde sistemas de jogo inexistiram, defesas idem, e o pior, um número absurdo de erros (29) divididos irmãmente pelas duas equipes.
Foi duro de assistir, como está sendo duro de comentar, pois se de um lado vimos um Tijuca desconjuntado, com cada jogador querendo vencer o jogo sozinho, alguns declaradamente fora de forma física, outros superando limitações técnicas, e uns poucos assumindo suas qualificações de jogadores de uma liga superior, como o Casé, o André, o Bahia, o Colonese e o Diego, por outro, uma equipe declaradamente tensionada, física e emocionalmente, parecendo um elástico estendido ao seu máximo, bem próximo de sua total ruptura.
E em alguns essa ruptura está bem próxima, como no caso do Marcio, que após alguns minutos de atuação, desaba seu corpo totalmente crispado no solo, onde com a ajuda de um assistente tenta alongar músculos tensos e cansados, ou a pior das tensões, a mental, onde um Probst se descoordena tecnicamente, um Drudi se fixa teimosamente no seu delimitado espaço para os curtos arremessos, e dois americanos buscam um GPS para se colocarem taticamente numa quadra onde se joga um jogo incompreensível para eles, afinal, Franca tem 18 jogadas de ataque, que o diga o sérvio recém contratado, que ainda deve estar estudando as cinco primeiras…
Então, de um lado uma equipe jogando aleatoriamente, e cujo arremedo de uma jogada planejada tinha somente um ponto de partida, as penetrações de um habilidoso André (vide foto), para finalizações, ou assistências a um dos pivôs. No mais, briga intensa nos rebotes, onde foram muito bem, 11 lances livres perdidos, e mais nada.
Do outro lado, um Helio fulgurante, ajudando técnica e taticamente seu técnico pai, claramente cansado com a situação decadente de sua equipe, cujos motivos somente ele poderá contornar, não fosse o decano e mais experiente dos técnicos da liga.
Mas algo deve ser mencionado com muita atenção, a atuação de um dos mais subestimados jogadores que conheço, o Casé (foto), que foi o artífice da vitoria de sua equipe, com uma atuação irretocável na segunda prorrogação, quando defendeu, reboteou e pontuou de forma realmente magistral, tendo sido o único que prestigiou publicamente o demissionário e competente técnico Miguel Palmier, que cometeu um único erro ao subir para a liga superior, o de manter a grande maioria de uma equipe vencedora na Copa Brasil, mas insuficiente tecnicamente no patamar de cima, onde condicionamentos técnicos, táticos e físicos delineiam sua trajetória na mesma, e onde ter um plantel se torna mais importante do que uma equipe básica. Uma liga superior não perdoa grupos fechados e capitanias hereditárias de jogadores, sendo simples e objetivamente o lugar para os melhores, ou no caso da LNB, deveria ser…
Enfim, foi um jogo para ser esquecido, e os dois técnicos, o contratado e laureado Miguel Ângelo da Luz, e o decano Helio Rubens, terão um imenso trabalho para reencaminhar suas fraturadas equipes de encontro a um destino vencedor. Torço para que sim, a ambos.
Amém.
Fotos – Divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.
É, professor o senhor não imagina o quanto fico satisfeito em ler um artigo como esse no seu blog, muitos me ligaram para falar do jogo, mas eu tivesse a mesma leitura que o senhor descreveu nesse artigo. Fica aqui meus parabéns. Tenho acompanhado todos os artigos, não teço muitos comentários, porque aqui temos mais a aprender do que a comentar. Gostei muito da atuação do Casé nesse jogo, acho que isso tem faltado para os demais jogadores. Esse artigo para mim ficou como um presente de aniversário, no dia de hoje completo 41 anos, e voltar a dizer, é muito gratificante ler um artigo de quem realmente sabe falar do grande jogo.
Um abraço
Washington Jovem Alexandre
Parabéns Washington, que essa data se repita por muitos e muitos anos, sempre repleta de paz, muita saúde e…basquetebol.
Fico feliz em saber ser você um constante leitor do blog, onde sempre que quisermos poderemos trocar idéias, conceitos, experiências, e sugestões que visem a melhoria e o soerguimento do grande jogo. Assim como você, outros jovens técnicos continuam na batalha, no dia a dia sacrificado e penoso do trabalho estudado e responsável, mas tão mal remunerado e pouco valorizado por aqueles que se auto intitulam como os donos e provedores de uma modalidade, que acima de tudo deveria ser reconhecida pelo seu valor social, educativo e formador de cidadania, e não feudo de uns poucos. Mas acredito firmemente, que aos poucos iremos suplantar essas deficiências, e dia virá em que o esporte galgará seu lugar de direito na formação plena e constitucional de nossa juventude. Ao acreditarmos nesse inexorável destino, forças não faltarão para continuarmos na luta.
Um abração, e parabéns. Paulo.
Muito bom o comentário acima do Washington, assim como o artigo do professor. Para não ficar muito repetitivo, faço comentários de vez em quando, apesar de ler e gostar de praticamente todos.
Desde sábado, após ver o grande jogo que foi Fla X Unitri (o resultado me agradou mais ainda), ao assistir o segundo jogo fiquei assustado com time e com o técnico de Franca. A amizade que tenho com vários integrantes daquele time me faz torcer pelo sucesso deles. O que poderá estar acontecendo com a violenta queda de rendimento da equipe, professor? Pelo que acompanhei no campeonato paulista, eles estavam bem até a fase dos playoffs. Por ter esta “pré-temporada” (o Campeonato Paulista) mais organizada, a maioria dos times paulistas iniciou a Liga com muito sucesso.
Um abraço
Reny
Olha Reny, quando numa cidade importante como Franca, um estrangeiro guindado a um cargo público ligado ao esporte, tece comentários e criticas pesadas ao ícone do basquete da mesma, algo de muito grave deve estar acontecendom naquela esfera. O Vargas detonou o Helio na semana passada, o que não faria se não estivesse muito bem escorado. Acredito que um poderoso desgaste e jogo de interesses venham minando o longo caminho percorrido pelo competente técnico. E tudo isso se reflete naturalmente na performance da equipe. Mas já vimos esse filme muitas vezes no passado.
Um abraço, Paulo.
Professor, mais um adendo tragico para quem via na TV!
Ao mesmo tempo em que o Sportv 2 (só podia ser o 2) passava o jogo do Tijuca, começou no Sportv 1 a estreia do time do Eike na liga de Volei.
E o contraste era gritante –> meia duzia de gatos pingados no rachao do Tijuca (pois a torcida do Flamengo já se fora) x Maracanazinho lotado.
Não que eu seja lá muito fa desses times de aluguel, muito menos de torcidas uniformizadas artificiais, mas que deu um pingo de inveja isso deu.
E eu era um dos gatos pingados, Ricardo. Quanto ao contraste de público, depois de duas décadas de descredito do basquete, e subida de prestigio do volei, nada mais lógico do que a preferência de um público atado à influência das midias. Agora, não deixa de ser sintomático que tal situação tenha como fio condutor o comando do esporte brasileiro ter sido tomado pela turma do volei, exatamente nas mesmas duas décadas mencionadas, e o mais engraçado, é que as primeiras torcidas uniformizadas nasceram do patrocinio do Banco do Brasil nos anos setenta, mais tarde transferido para o volei nos oitenta, e que hoje negam ao basquete aquela primazia, tanto o banco, quanto a CBV e o COB, sendo tal impasse fruto de um processo movido pelo Heleno Fonseca Lima, o verdadeiro autor do projeto de patrocinio do BB ao basquete, que como funcionário graduado do banco e técnico de basquete dos mais prestigiados, viu sua idéia ser negada pelo banco, a fim de beneficiar o volei com o mais valioso patrocinio do país. Estaria o volei no lugar que hoje ocupa sem o mesmo?
Um abraço, Paulo Murilo.