DE NOVO?…
Era para ter sido uma competição de habilidades técnicas (drible, fintas, passes e arremessos), mas que se transformou, pelo segundo ano seguido, em uma competição de habilidades oportunistas…
Se nas etapas de arremessos e passes os alvos delimitavam acertos e erros dentro de uma margem controlável e sem maiores dificuldades, eram nos dribles e fintas que os fatores “oportunistas” poderiam se manifestar de forma discutível, já que alguns artifícios às regras do jogo poderiam ser manipulados em busca de um decréscimo nos tempos de execução, definindo ai os mais rápidos naquelas etapas. Apesar da primeira etapa de dribles e fintas oferecer menos oportunidades de ações ilegais, pois as trocas de mãos pelas costas e entre as pernas desfavoreciam conduções de bola, na segunda etapa, de cortes longitudinais com trocas frontais de mãos, os pequenos, porém eficientes artifícios fora das regras se destacaram nas conquistas dos menores tempos de execução que classificaram os dois finalistas, o Fúlvio e o Pena.
Observem que à exceção daqueles dois participantes, os demais primaram na etapa dos dribles longitudinais, pela correta manipulação da bola no ato de driblar, quando nunca a dominavam abaixo de seu hemisfério superior (vide fotos do Larry, Gegê, Matheus e Diego), determinando dessa forma que suas trajetórias descendentes e ascendentes a cada drible, não sofressem qualquer tipo de interrupção,( como determinam as regras do jogo), ao contrário das ações dos dois outros, que ao interromperem claramente as trajetórias da bola, paralisando-a em suas mãos (vide fotos), e por conseguinte, permitindo que seus corpos fossem impelidos à frente em velocidade ao cometerem a violação de andar com a bola, já que não limitados pelo drible, retomando-o mais à frente, e por isso sendo beneficiados por importantes décimos de segundos, suficientes para vencerem a competição, não esquecendo que foram somente 0.4seg que separaram o Diego (o verdadeiro vencedor) do Pena na fase classificatória.
O interessante, e esclarecedor aspecto, é que na fase final, quando o Fúlvio perdeu um enorme tempo ao errar todas as cinco tentativas nos arremessos, o Pena fechou a competição sem cometer erros, principalmente aquele que o beneficiou neste e no ano passado, o de andar com a bola, já que a mesma paralisada em sua mão, permitia a quebra do binômio ritmo-passada, que caracteriza o movimento correto do drible, afinal, o macete não se justificaria àquela altura de uma competição já ganha, fator este que atesta a intencionalidade da ação.
Porém, o mais inquisidor e injustificável detalhe presente na competição de habilidades, foi a presença arbitral de “qualidade olímpica”, que com sua omissão (deveriam obrigar a repetição correta da etapa, ou desqualificação), prejudicou aqueles jogadores que cumpriram os ditames das regras dos fundamentos bem executados e do jogo, beneficiando aqueles outros que as transgrediram, propositalmente, ou não, desqualificando uma competição que poderia ter sido exemplar, e pautadora para os futuros jovens praticantes.
Mas Paulo, aquilo tudo foi uma festa, onde casmurros e “sérios” juízes cirandaram pela quadra, arremessaram de três, na “capital do basquete” do país, e que segundo um dos narradores alguns “princípios” do basquete americano, como o de permitir o afrouxamento das regras nos minutos finais dos jogos (meus deuses, onde ele teria lido tal absurdo), a fim de que os mesmos fossem “decididos”pelos jogadores, deveriam ser adotados por aqui, num desconhecimento atroz do que vem a ser o grande jogo, mas não para eles.
Então, se as regras eram essas, onde a seriedade de uma competição tem de ceder espaço à galhofa, que se deifique o bi campeão.
Amém.
NOTA- Para maiores detalhes da competição de habilidades, o blog Lance Livre, do jornalista Byra Bello, veiculou todos os vídeos sobre a competição, nos quais, e com muita atenção, os detalhes de execução mencionados neste artigo, são magnificamente mostrados.
FOTOS- Reproduções da Internet. Clique nas mesmas pra ampliá-las.
Professor, fico feliz com a festa e aproximação com o público. Muitos tem o primeiro contato com o basquete em eventos assim.
Porém é preocupante e crítico este tipo de situação que o senhor mencionou. Preocupante porque passa a mensagem de que está tudo certo com o drible, o que é mentira. Crítico porque estas ações não são apitadas nos jogos do campeonato e deveriam ser sempre, em qualquer lugar, afinal são ações que não valem pela regra.
Mas, ao criticar isso, o senhor realmente enfrentará o coro de que é apenas uma festa. Mesmo assim, eu acho que poderiam ter uma reunião antes do evento explicando novamente a regra.
Afinal, daqui a pouco se o arremesso tocar no aro e não entrar vai valer ponto também, afinal, é só uma festa ?
Um abraço !
Henrique, se um dos grandes problemas do basquete brasileiro é sua imprecisão nos fundamentos do jogo, com que direito uma “festa” reividica e permite burlas numa competição de dominio dos mesmos? E se são os mesmos juízes que as permitem nos jogos, porque não permití-las no festão? Quando vemos juízes de volibol aplicarem a regra dos dois toques nos levantamentos em momentos decisivos de uma partida, dói não constatar idêntico comportamento nos juizes de basquetebol nas violações do drible, quando muitas vezes jogos são decididos pela omissão em não puní-las, como determinam as regras, culminando esse comportamento numa competição de habilidades patrocinada pela Liga maior. Como competição, lamentável, como exemplo, constrangedor…
Um abraço, Paulo.
Mestre,
eu pensei nessa postagem! Mas para falar do Larry Taylor que, como armador de nossa seleção, precisa voltar ao fundamentos básicos, já que adulto não treina o básico.
Não sei, entretanto, se esses detalhes trazem diferença no resultado. Gostei do Matheus Della Barba, gaúcho, com boa postura e drible. Me surpreende positivamente o crescimento desse guri.
Quanto a “dobrada” (ao segurar a bola, viola a regra do drible e dobra ou caminha antes de conduzir), elas ocorrem durante os jogos… É meio desconcertante ser cobrado pelos jovens quando dizem “mas o Fúilvio fez no jogo tal…”.
Pois é Carlos, e a cada “dobrada”, como você define a violação, o transgressor avança alguns metros sem o “estôrvo” do drible, e sem dúvida alguma ganhando preciosos décimos de segundos, que numa competição de habilidades fazem a diferença.
Agora, se os árbitros não punem as violações, é outra conversa, muito séria aliás.
Quanto ao Larry, duvido que no comando da seleção de seu país, o Magnano ousasse convocá-lo, mas por aqui…
Um abraço, Paulo.
Concordo com vocês. O basquete precisa ser massificado para que assim o país possa revelar novos talentos. Ficar restrito à Franca e mais poucos focos da prática do grande jogo é muito pouco pro Brasil. E uma competição dessas, estimula a “presepada” ao invés do fundamento corretamente aplicado.
Despreparo da arbitragem é “apenas” mais um câncer que nos assola. Não consigo entender o Carlos Renato apitando jogos importantes…
Professor, como citei no post anterior sobre fundamentos, venho somente reforçar o que o senhor brilhantemente acrescentou: falta conhecimento e vontade dos técnicos de ensinar o jogo. Eu tinha citado o cortaluz dos pivôs, principalmente dos brasileiros, que, além de mal executado, tem desfecho pífio, especialmente porque eles giram pro lado oposto quase sempre, dando as costas pra bola e não oferecendo a opção do passe. Isso geralmente sucumbe numa infiltração mal feita ou um passo pra trás e…bolinha dos 3!
O caso do cortaluz, apesar de não ser ilegal, me irrita mais, pois é um fundamento importante pra qualquer sistema ofensivo decente.
E pivôs de 2,10m, sem a menor condição técnica de jogar o basquetebol num bom nível conseguem uns minutos em quadra atuando como poste, beirando o retardo mental, de tão perdidos em quadra que ficam.
Um grande abraço a todos que amam o jogo!
Muito bem identificado e comentado Paulo Murilo.
Se me lembro bem no All Star Weekend, tambem no campeonato de habilidades aconteceram irregularidades similiares.
Estamos conseguindo imitar eles mais um pouco e novamente pegamos a parte ruim.
Enquanto lá (EUA) eles querem encontrar mecanismos para tornar a disputa no All Star mais acirrada entre os jogadores e consequentemente um espetaculo mais atrativo para os torcedores, no Brasil estamos no caminho inverso fazendo com que a festa fique cada vez mais bagunçada.
A questão de marketing envolvida nesse tipo de evento e no cenário que se encontra o basquetebol brasileiro deve ser analisada com maior profundidade.É necessário avaliar as ações e verificar se esse tipo de evento realmente produz a repercussão positiva necessária. Como nosso colega Carlos colocou no seu comentário no caso dele não foi nada positiva.
É Rodolpho, um retrato bem negativo esse exposto por você, mas não sem razão, e bem próximo da nossa realidade. Batalho desde sempre pela união associativa e democrática dos técnicos, tendo participado da fundação de três delas, mas que feneceram pela falta de apôio dos próprios técnicos,que se mantêm até hoje desunidos e isolados, a não ser alguns poucos que se corporativisaram pela defesa do pequeno mercado de trabalho existente no basquete dito de alto nível.Através dele comandam o basquete nacional, as seleções e o sistema de jogo unificador de todo o processo. Enquanto perdurar este cenário, nada evoluirá em beneficio do grande jogo. Ensinar o jogo, seus fundamentos, é irrelevante para uma atividade que sobrevive pela mesmice endêmica em que nos situamos. Mas, quem sabe, possamos um dia emergirmos da mesma?
Um abraço, Paulo Murilo.
Concordo com você Bernardo, reavaliar o que até aqui foi feito se torna urgente, mas não restrito a um pequeno e centralizado grupo, e sim abrindo discussões amplas por todo o território nacional, envolvendo o maior numero possível de técnicos com propostas baseadas em suas experiências pessoais e regionais, num amplo mutirão de idéias e realizações. Somente dessa forma atingiremos o objetivo maior, o soerguimento do grande jogo, principalmente na formação de base. É o único caminho.
Um abraço, Paulo Murilo.
http://www.nba.com/games/20120313/ATLDEN/gameinfo.html?ls=gt2hp0021100624#nbaGIboxscore
Olhem o vídeo acima.
Professor, entre 0:54min e 1:18min de video o Nuggets tem a chance de fazer uma bola fácil, de 2 pontos, quando Nenê faz um giro perfeito, livrando-se do seu marcador e ficando completamente livre pra uma enterrada muito comum em seu jogo. Seu companheiro (Gallinari) joga uma bola dos 3 pontos, na zona morta, com dupla marcação, enquanto Nenê viria livre, no máximo contra 2 armadores bem baixos. Creio eu que esse lance é ainda mais bizarro do que a do Shamell contra o Flamengo, como o senhor brilhantemente comentou semanas atrás.
Curiosamente citei o Cortaluz nos seus 2 últimos posts. E fico indignado com lances desses.
É nessas horas que acho melhor procurar outro esporte quando quiser ver um jogo coletivo. O nado sincronizado talvez, onde ninguém pode fazer diferente e quanto mais coletivo, melhor…
O Grande Jogo é cada vez mais violentado!
O link acima não aparece, mas clicando ali pode-se ver no site da NBA, o jogo Denver Nuggets x Atlanta Hawks, no dia 13/03 deste ano.
Me desculpem não saber postar o link corretamente, mas tá lá…
E pra completar o festival de bizarrices…
Na prorrogação o Gallinari decide passar pro Nenê depois de um cortaluz, mas o brasileiro erra a 10 cm do aro (ao menos converteu seus lances livres).
Hinrich erra o lance livre final.
E a apoteose é a bandeja que o pivô do Hawks erra SOZINHO no último lance do jogo. Aquela coisa que citei uns comentários acima, do pivô de 2,10m sem a menor condição de jogar num bom nível.
Ainda bem que a Formula 1 tá começando.
E tudo isso a nivel de NBA, prezado Rodolpho. Agora imagine a nivel de NBB, onde os jogadores sequer se aproximam da qualidade da turma do hemisfério norte. O grande Amauri um dia relatou que o Oscar foi o único jogador no mundo que conseguiu transformar um jogo coletivo em individual. Não resta dúvida que seu exemplo prosperou, e como…
Mas algo me diz que grandes mudanças ocorrerão em breve, pois chegar no fundo do poço como chegamos, exige uma retomada, ao menos, como uma questão de sobrevivência da modalidade no país. Não tem outra saida.
Um abraço, Paulo Murilo.
Professor, a 1a geração que assisti foi a de Barcelona-92, então não tenho noção do nível de gente feito Amauri. Sempre que ouço comentários desse tipo sobre o Oscar sinto uma ponta de inveja. Pelo dinheiro, fama e reconhecimento que ele teve, inclusive de gente fora do esporte.
O que vejo é que muita gente tem medo (talvez falta de conhecimento) de tocar na ferida. Oscar foi pessimamente orientado, principalmente pelo Ary Vidal, um técnico de várzea, adepto ferrenho do tão condenado sistema único e da convergência. Éramos a seleção do “quase” graças ao talento do Oscar, Marcel, Pipoka & cia. e sem eles seria tão ruim quanto é hoje o NBB. Não chegávamos mais longe pelo atraso dos técnicos. As equipes europeias jogavam com 10-12 jogadores revezando-se e nós mal tínhamos 5.
Atleta, se o técnico não frear, vai chutar 50 bolas de 3 mesmo. O maior de todos os tempos, enquanto jogou no sistema único fazia 40 pontos de média e perdia sempre. Só foi ser campeão da NBA aos 28 anos de idade, quando foi convencido a passar a bola e apresentado a um sistema que privilegia o coletivo, coisa que Oscar não teve a sorte.
Será que poderemos vê-lo ano que vem na 2a divisão do NBB?
Com esse mercado fechado (como o sr. mesmo ressalta) às suas ideias, talvez numa equipe inovadora poderíamos ver o basquetebol coletivo novamente.
Prezado Rodolpho, de certa forma concordo com seus pontos de vista, discordando somente quanto ao atraso dos técnicos, muitos deles afastados pela depreciação econômica aqui do meu estado, o Rio de Janeiro. Deixamos de ser o segundo estado mais rico do país, para nos tornarmos um municipio pobre e favelizado, produto de uma fusão politica e criminosa. Imagine onde estariamos hoje sem a mesma, com a tradição no grande jogo que ostentavamos, muito acima de São Paulo? Destino é isso aí, triste destino. Mas como tudo na vida, melhores dias virão, tenho certeza disso.
Concordo com você quanto ao fato da hemorragia dos três ser permitida por muitos técnicos, o que é lamentável.
Quanto à minha volta ao NBB, se no sub-21 sequer fui considerado, imagine na segunda divisão do NBB, onde todos os cargos já estão preenchidos e avalisados pelo corporativismo existente em nosso basquetebol de elite(?), ainda mais quando proponho na teoria e na prática um basquetebol em tudo contrário ao que aí está. A única chance minha seria contar com um basqueteiro-empresario, que realmente gostasse do bom basquete, para bancar um projeto como ensaiei ai em Vitoria. Mas seria querer, ou sonhar demais, e já não tenho mais idade para quimeras. Logo, Rodolpho, estou fora, me “sairam”de cena, mas não aqui no blog, onde corporativismo nenhum tem cacife e moral para obstá-lo.
Um abraço, Paulo Murilo.