INTERLIGANDO…
A 5:30min. do final do jogo, com o placar em 72 x 54 para os argentinos, num tempo pedido, o técnico do Pinheiros, ajoelhado de frente para seus jogadores, assim falou: “Vocês estão jogando como no rachão pela manhã…”, tendo atrás de si um assistente contraído pela vontade (in)contida de falar algo, mas não o fez…
Melhor retrato do que esse, impossível, pois, coerentemente a equipe estava atuando em conformidade com o ocorrido pela manhã, ou seja, exercia um treinado rachão, onde defender o perímetro externo era deixado de lado, pois a cada tentativa de três do adversário era respondida com outra bolinha de três (foram 8/20 para cada equipe), onde até nos lances livres a produtividade empatava (7/13 para os argentinos, 9/15 para os paulistas), equilibravam razoavelmente nos rebotes (32 portenhos, 28 paulistanos) e nos erros (11 e 9 respectivamente), até que a gritante diferença se fez presente naquele tipo de ação onde rachão nenhum resolve, e sim exaustivos meia quadra, o jogo interno, o de 2 em 2 pontos que o mesmo técnico sugeriu timidamente num outro tempo pedido, e que os argentinos impuseram num 18/26 contra os 9/29 de uma equipe incapaz de coletivamente concretizar.
Sem dúvida alguma, e mesmo que ambas as equipes, assim como todas as outras que participaram do Interligas, se utilizassem desbragadamente do sistema único, a maior qualidade das equipes argentinas nos fundamentos do jogo, ofensivamente primorosos dentro das limitações do sistema, e razoáveis defensivamente, talvez pela precariedade brasileira nos mesmos, mais uma vez se fez presente no resultado justo e coerente da competição.
Mas algo de repetitiva e entediante constatação foi o fato primário de ausência de marcação dos pivôs pela frente pelas equipes brasileiras, que se exercida com presteza e dedicação, anularia as freqüentes entradas e conseqüentes saídas de bola no perímetro interno, fator alimentador dos arremessos livres e equilibrados de três pontos, exercidos pela maioria das equipes intervenientes, numa prova cabal de contundente omissão nesse pormenor da maior importância na arte de defender, ou, quem sabe, desconhecimento constrangedor desse básico e nunca utilizado, sequer sugerido, item defensivo.
No mais, fica pairando no ar umas questões nunca respondidas – Por que “pagam tanto para ver” se as bolinhas caem, ou não? Por que motivos omitem e negam a capacidade de jogo de nossos pivôs? Por que razões ainda professamos o “vamos lá, galera!”…
Amém.
Fotos-Divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.
Foi um banho tático mesmo!
E em termos de pivos é triste ver um Fiorotto, que parecia estar evoluindo nas últimas temporadas, quase não receber bolas. Mineiro então nem se fale.
E pensar que o time tem Morro, Olivinha, Fiorotto e Mineiro para rodar no garrafao; um quarteto que para nível nacional nennhum outro time consegue igualar.
E dalhe rachão……..
Professor,
É a cultura que se massificou no país. O “marco zero”, sem dúvidas foi em Indianápolis, 1987. Marcel e Oscar ganharam um jogo “pagando pra ver se as bolinhas caíam”.
Daí para o marketing de massa dos meios de comunicação exaltar a glória daquele dia e isso virar cultura. Passamos mais de uma década sem despertar deste falso conto de fadas…
Gostaria de ver o Mr. Bean no lugar do Mortari.
Acho que o resultado seria o mesmo.
É Ricardo, a situação não está nada boa para os pivôs brasileiros, das equipes que forem, pois o reinado das bolinhas se expande e se impõe a cada dia que passa, contando com a adesão dos jogadores (e aí inclusos, quem diria, os pivôs…), e o beneplácito da maioria dos técnicos, todos irmanados nessa autofagia descomunal.
Infelizmente, prevejo a sedimentação dessa mesmice técnico tática, numa trajetória ascendente com pouquissimas possibilidades de reversão. Muito triste tudo isso.
Um abraço, Paulo Murilo.
No entanto, mesmo com ínfimas possibilidades de ver revertida essa cultura massificada, luto com minhas parcas ferramentas e limitados conhecimentos para, ao menos, atenuar os nocivos efeitos advindos da mesma. Por isso, prezado Marcel, a luta deve continuar.
Um abraço, Paulo Murilo.
Que tal mantermos o excelente nivel dos debates até aqui postados, prezado Rodolpho? Exerçamos as criticas sem demeritarmos ninguém em comparações inapropriadas, concorda?
Retiro meu cinismo com relação ao Mortari, se incomoda.
Em absoluto a mim incomoda, prezado Rodolpho, quem sabe ao debate em si, com todas as suas dúvidas e certezas, quem sabe…
Um abraço, Paulo Murilo.
Antes de mais nada, Mr. Bean é um grande ator e colecionador de carros (se eu pudesse também seria, mas não tenho talento pra comediante, vide meu péssimo comentário, muito menos dinheiro pra colecionar carros).
Professor, o que eu coloquei acima – de forma infeliz – foi a total falta de comando, chegando a ponto de ser desnecessária, a presença do digníssimo sr. Mortari no comando do Pinheiros.
Comentários do Sr., inclusive, servem como amparo ao que digo, como, por exemplo, “O xerife”, referente ao Shamell, dentre outras várias oportunidades em que o Sr. claramente prova que o “Vamos lá, galera” é o máximo que o citado técnico consegue passar pro grupo, numa situação quase anárquica.
O que mais me irrita – e deve ter dado motivo ao péssimo comentário anterior – é o nepotismo claro no Pinheiros.
Pude acompanhar o filho do técnico, inclusive in loco, contra o CETAF, uns meses atrás. Jogos contra times fracos, ele entra em quadra.
O filho do técnico passa os poucos minutos em quadra tentando recuperar o fôlego, que se perde em uma transição única. Só fica rondando a linha dos 3 pontos. Além de mal condicionado fisicamente, é baixo, bem acima do peso e completamente sem agilidade para executar outro fundamento que não o arremesso de 3 pontos desmarcado.
Bem diferente do filho do Hélio Rubens, quero deixar claro, que não precisou de ser tão bom quanto o pai pra poder ter uma carreira decente, apesar do fraco desempenho na seleção. É um atleta, dedicado, com talento e títulos, justificando sua posição em Franca.
Agora, o Mortari…
Boa noite prof. Paulo, como vai?
Só contrastando seu post com a rodada de hoje (31 de Março) da NBA:
– Acompanhei o jogo entre SA Spurs x IND Pacers e o time do Texas simplesmente “amassou” o adversário com um belo trabalho de equipe em uma chuva de infiltrações, pick and rolls, low posts e por final, e em minoria, com arremessos bem equilibrados (quando necessários para aumentar a vantagem no placar).
– Nesta mesma noite me deparei com o box score entre LA Lakers x NO Hornets e fiquei abismado com o aproveitamento do nosso “queridinho” Kobe Bryant (3-21 FG, 1-8 3PT). Confesso que JAMAIS contrataria essa “peça rara” e não consigo entender o porque de SEMPRE forçar arremessos, tentar fazer jogadas COMPLETAMENTE individuais e querer ganhar tudo SOZINHO e terminar com cara de bad boy acertando o último arremesso da partida, mandando piscadinha para as câmeras e terminar achando que jogou muito.
Perdão pela revolta, mas não consigo entender a preferência pelo “estrelismo”, bolas de 3 convertidas com uns 3 marcadores nos calcanhares e afins.
Vou continuar acompanhando meu querido Spurs e outros para que possa cada vez aprender mais sobre nosso VERDADEIRO e amado basquete.
Ótimo final de semana, professor!
Prezado Rodolpho, se bem venho me fazendo entender desde 2004, aqui no blog, temos discutido a fundo técnica de basquetebol, seus meandros, seus êxitos, suas perdas, sua politica e suas grandes, imensas carências, sem que, em nenhum momento, pessoas fossem
execradas nas tentativas e lutas pelo soerguimento do grande jogo. Criticas sempre fundamentadas foram aqui feitas, e convenientemente respondidas sempre que solicitadas a respeito, como prevêem as normas do jornalismo honesto e responsável. Por estas razões me dou ao direito de não divulgar opiniões e criticas de carater pessoal e comportamental de quem quer que seja ligado ao mundo do basquetebol.
Espero que compreenda as razões aqui expostas, para darmos continuidade aos debates objetivos que travamos até essa data.
Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Evanildo, por não abordar regularmente assuntos sobre a NBA, me eximo de maiores comentários a respeito.
Um abraço, Paulo Murilo.
Compreendo perfeitamente, professor.
Como não sou jornalista e “somente” um consumidor e amante do jogo, não poderia de comentar minha indignação com o nepotismo, prática que tanto repudio e que tanto execra nosso povo, agora também atuando como elemento nocivo no basquetebol de auto nível.
Tal prática, além dos problemas que por si só são gerados, ainda diminui a credibilidade do treinador com seus (em tese) comandados (sic). Adaptando a famosa frase do Vampeta: “Eu finjo que comando e vocês fingem que são comandados”.
Um forte abraço, parabéns como leva os assuntos aqui abordados e desculpe-me novamente por burlar as regras.
Isto posto e acordado, Rodolpho, sigamos em frente na luta pelo grande jogo, pois temos muita estrada a percorrer.
Um abraço, Paulo Murilo.