A NOVA POSTURA…
Comecemos pelos números:
KENTUCKY 67 x 59 KANSAS
23/56 2 22/62
6/14 3 5/11
15/21 LL 10/15
43 R 35
11 E 9
Números que deixam a grande maioria de nossos técnicos, comentaristas e jornalistas de cabelos em pé. Onde já se viu um time ser campeão arremessando somente 14 bolinhas de três? Inadmissível. E pior ainda, Kansas arremessando 11 bolinhas? Mereceu perder…
Aliás, um dos comentaristas passou o jogo inteiro “pedindo”as ditas cujas, como numa prece. Somente não viram, acredito que sequer notaram, que ambas as equipes jogaram no 2 em 2, seguros, pensados e acima de tudo preciso jogo de aproximação, onde os erros diminuem substancialmente se comparados às famigeradas “bolinhas”, não tão livres assim pela intensa defesa exterior, por todo o tempo necessário, mesmo que no limite dos 35seg. permitidos pelo basquete de formação americano, fator que eleva em alta escala o aprendizado defensivo, marca registrada de um basquete compromissado pela defesa, sendo inclusive, permanentemente cobrado pelas torcidas de ambas as equipes.
Foram 118 tentativas de dois pontos, com 45 acertos (38,1%), contra 11/25 (44%) nas de três pontos, tentativas estas somente concretizadas pelos especialistas das duas equipes, e somente eles, sem arroubos ou aventuras fúteis, concentrando todos os esforços no jogo interior, onde os grandes e talentosos jogadores de ambas as equipes estabeleceram um duelo de alta categoria, onde a velocidade, agilidade e flexibilidade das ações, em tudo e por tudo contrastavam com o basquete jogado até bem pouco tempo pelos cincões vitaminados, natural ou artificialmente, tendência que os americanos começaram a abandonar desde a ascendência do Coach K nas seleções nacionais de seu país.
Mas que tipo de jogo interior desenvolveu Kentucky, senão aquele baseado em três homens bem altos e velozes, alas pivôs autênticos, deslocando-se ininterruptamente próximos à cesta, e alimentados por dois armadores de qualidade, numa avalanche de jogadas muitas vezes concluídas praticamente dentro do aro da cesta, e cujo poder defensivo, exatamente fundamentado na destreza atlética e de alta velocidade, complementavam um sistema de jogo audacioso e inovador, a tal ponto, que num determinado momento do jogo um dos comentaristas sugeria que o Anthony Davis precisaria “perder uns quilinhos” para emplacar na NBA, numa afirmação totalmente antagônica a seu posicionamento anterior, quando defendia os cincões pesadoe e intimidadores, hoje figuras anacrônicas quando em confronto com a velocidade e a destreza desses jovens gigantes.
Kansas jogou com um pivozão também rápido, mas sozinho contra a trinca do Kentucky, num confronto desigual e estafante. Mesmo assim, sua equipe lutou com bravura, mas não conseguiu equilibrar a desvantagem posicional, praticamente durante todo o jogo.
Mas Paulo, 38,1% de acerto nos arremessos de dois pontos não é uma marca das melhores, não acha? Num basquete como o nosso, onde a liberdade nos arremessos chega a ser redundante, concordo, mas ante sistemas defensivos de tal intensidade empregados por ambas as equipes, torna-se um número compreensível, afinal, ninguém ali “pagava para ver”…
Que jogos como este, pertencente a uma das maiores ligas do planeta, onde um público fiel participa de todas as etapas que a fazem responsável pela permanente renovação do seu basquete, sirva de inspiração a todos aqueles que ainda, teimosa e corajosamente, lutam pelo soerguimento do grande jogo em nosso enorme, injusto e desigual país.
Amém.
Algumas oportunas notas/fotos:
Foto 1- Foi um tsunami de novas posturas técnico táticas que varreram o Astrodome em New Orleans.
Fotos 2 e 3 – Claro posicionamento dos homens altos de Kentucky dentro do perímetro,
Foto 4 – O técnico John Calipari, que ao dirigir a seleção da República Dominicana no Pré Olímpico de Mar del Plata, declarou que seu aprendizado no mundo FIBA não tinha preço, e que muitos princípios de ataque e de defesa lá observados, seriam de grande importância para o seu futuro como técnico de basquetebol, o que provou agora na direção de Kentucky.
Clique nas fotos para ampliá-las.
Fotos – Divulgação NCAA.
Professor Paulo,
Parabéns pelo artigo. Belas e preciosas observações foram feitas acerca da final do NCAA-Basketball. Mas, saindo um pouco do assunto, como anda o projeto do CBEB?
Um abraço, Felipe Diego.
Obrigado, prezado Felipe. O projeto CBEB somente decolará quando as minimas condições técnicas necessarias para veiculá-lo forem atingidas. Tenho enormes dificuldades materiais para tanto, apesar de já acumular farta literatura para desenvolvê-lo. Espero que ainda neste semestre possa exequibilizá-lo.
Um abraço, Paulo Murilo.
Fico na torcida. Acabei de entrar no curso de Educação Física e pretendo trabalhar no basquetebol. Tentar fazer desse lindo esporte uma ferramenta educacional é uma das minhas grandes metas. É triste ver o basquete sendo esquecido pela grande nação brasileira, apesar dos esforços (talvez não bem feitos/direcionados corretamente) da CBB.
Um abraço, Felipe.
Torço para que seu curso de Educação Física atente para todos os seus desejos e expectativas nessa que considero uma das mais belas profissões, senão a mais importante, o magistério.
Estude e se dedique, o mais que puder, e siga sua vocação com ardor e humildade.
Um abraço, e parabéns. Paulo Murilo.
Não poderei atuar na escola com a Educação Física Curricular, uma vez que sou aluno do bacharelado. Mas, acredito que querer é poder. Não é pelo fato de ser bacharel que deixarei de lado a educação dos alunos/atletas. Obrigado pelo apoio, Professor Paulo. Certamente darei o meu máximo, fazendo o possível (e o impossível, por que não?) para desempenhar minhas atividades da melhor forma.
Um abraço, Felipe Diego.
Mas nada o impede de cursar uma Complementação Pedagógica que o qualifique para a Licenciatura,o que poderá fazê-lo, ou na mudança após o primeiro ano de matérias comuns às duas carreiras, ou após a graduação de bacharel, prezado Felipe. O Bacharelato, do qual fui antagônico desde sua implantação, limita bastante o profissional de Educação Fisica, cujo mercado de trabalho mais extenso e promissor é a escola, sem dúvida alguma se o país pretender retomar o caminho do progresso, fator somente possivel através o investimento cada vez maior ns escola de qualidade. Pense a respeito com carinho e atenção, e siga o seu bom senso.
Uma abraço, Paulo Murilo.
Concordo com o senhor, Professor Paulo, no que tange ao investimento na escola de qualidade. Mais uma vez agradeço o apoio.
Um abraço, Diego.
De nada Felipe, sucesso para você, sempre. Paulo Murilo.