SEMANA BRABA…

Com relação às duas semanas anteriores, esta foi de amargar, com um nervo ciático travando minha locomoção natural, filho com dengue séria, e alguns jogos difíceis de agüentar passivamente, tal a pobreza técnica e tática dos mesmos.

Mas alguns pequenos assuntos vieram à baila, como a decisão do Juiz da 11ª Vara Federal, Vigdor Teitel, decidindo que os técnicos de futebol não têm que prestar contas aos Conselhos Regionais de Educação Física, matéria esta publicada na coluna Do Anselmo Góis, no O Globo.

Muito bem, e os demais técnicos, inclusive os de basquetebol, que para freqüentarem os cursos da ENTB/CBB têm de postar seus registros nos termos de matricula, que tem o CONFEF como um dos avalistas dos mesmos? Creio que é chegada a hora de se dar um freio nessa turma do arromba, já que a justiça federal está fazendo a parte constitucional dela.

Mais adiante, entrevista do Delfin sobre sua incontida vontade de participar da Olimpíada de Londres, vontade esta sucedânea à sua “promoção” a uma dos piores times da NBA, quando, a exemplo dos grandes “nomes” daquela mega liga, quer usar a maior vitrine desportiva da terra, para situar e valorizar uma imagem e alguns milhões? “Profissionalismo” (segundo crença e certeza próprias…) é isso ai, para gáudio dos curibocas tupiniquins, que professam serem os meios, não importando quais, fundamentais para chegarmos aos fins pretendidos, onde nacionalismos, patriotismos e que tais, perdem a razão de ser frente ao poderio(?) técnico que teremos(?) na grande competição. Quanto aos que ralaram pela classificação, ora, o que importam? Afinal, o argentino também tem um nome olímpico a zelar…

Jogo do Limeira com Joinville, duríssimo de se assistir, tantas as falhas nos fundamentos, inclusive do pivô Shilton, que no entanto foi premiado com uma justificativa dada pelo comentarista do jogo, no seguinte teor: “É uma questão da base, onde, certamente, pelo físico e altura, foi deslocado para a posição, e que mais adiante, no limite dos seus 1,98m, encontrou dificuldades na liga superior. O remédio é fazê-lo alternar com os outros pivôs…”

Ou seja, o que assimilou de técnica individual até o momento é notoriamente insuficiente, cujo remédio é fazê-lo parte de um rodízio reparador? Meus Deuses, quer dizer que como adulto nada mais poderá ser feito, ou mesmo atenuado? Que tal ensiná-lo e treiná-lo nos caminhos dos fundamentos, exaustivamente, reforçando seus conhecimentos e otimizando-o na arte do grande jogo? Por que não o fazem, ou não sabem, ou não têm competência para fazê-lo? Perdoem-me, esqueci que são “estrategistas”, falha minha de simples professor e técnico…

Culminamos com o jogo pela Liga das Américas, entre o Crocodillos da Venezuela e o CEUB de Brasília, jogo que teve um momento no terceiro quarto em que a equipe venezuelana teve o jogo praticamente nas mãos, quando impôs uma defesa zonal que os candangos simplesmente não aprenderam a atacar, perdendo-se em passes laterais e arremessos de três (4/27), bem ao estilo da grande parte de nossos equipes, além de manter um placar razoavelmente confortável, quando, e aí a catástrofe, o pivô dominicano, o posudo e marrento Martinez, resolveu dar o seu show de solista que estreava na equipe, levando suas ações para baixo do aro, desafiando os pesados e experientes Cipriano e Alirio, perdendo nas dobras quatro ataques seguidos, propiciando os contra ataques de Alex e Cia. Equilibrado o jogo, o Giovanonni se colocou no pivô, pedindo os passes, distribuindo-os ou finalizando de média distância, levando o jogo para uma definição que, contrário ao que vinha acontecendo se deu num contra ataque após mais uma falha do Martinez, e que o Nezinho soube muito bem aproveitar.

No jogo de hoje, contra a equipe argentina, sem dúvida alguma a possibilidade dos candangos enfrentarem uma forte defesa zonal torna-se redundante, já que a equipe do planalto central torna-se muito frágil ofensivamente quando se depara com uma.

Enfim, para uma semana tão atribulada, assuntos não faltaram, talvez jogo bem jogado. Mas isso é outra história.

Amém.

Foto-Divulgação FIBA Américas.Clique na mesma para ampliá-la.



6 comentários

  1. Victor Dames 14.04.2012

    Melhoras quanto a saúde, própria e da família, Professor, porque quanto ao basquete, difícil esperar evolução positiva… Vide o jogo de hoje, cuja previsão o senhor já anotava no próprio post…

    Além das já conhecidas dificuldades candangas contra defesas zonais, o que houve com a defesa dos brasilienses hoje, hein? Os argentinos converteram a vontade tiros longos, inclusive da linha dos três, sem qualquer contestação… Por outro lado, o elogiado Vidal, no momento de exigir de seus jogadores empenho nos fundamentos ofensivos mais eficazes, os libera para as famosas “bolinhas”… Aí fica difícil, né? Resta a esperança que a frieza que demonstraram em temporadas anteriores ao menos permita uma melhor leitura de jogo amanhã. Seria ao menos alentador ver uma equipe brasileira no Final Four da Liga das Américas, especialmente se puder sediar a fase decisiva. Como atual campeão da Liga e bi nacional, Brasília merecia, sem detrimento dos concorrentes.

    Quanto aos problemas de sua classe, também não vejo grandes esperanças. Creio que a classe do magistério esportivo é muito desunida, embora não seja a única, para assumir seus próprios destinos, ante a deixá-los em mãos nem sempre capazes.

    Abraços!

  2. Basquete Brasil 15.04.2012

    Estou bem melhor, obrigado, mas o que incomodou o tal do pinçamento, realmente brabo. A dengue do André está cedendo, mas aconselho àqueles que a contraem a maior vigilância possível, pois a mesma é insidiosa e enganosa.
    A equipe de Brasilia nada mais fez do que sempre faz nas mesmas condições de jogo, apela para as bolinhas e um ou outro estalo de criatividade individual, principalmente pelo Alex, o que é muito pouco frente a adversários mais coesos e determinados defensivamente. Temo pela classificação contra os portoriquenhos se não marcarem fortemente na periferia, o ponto forte deles. Vamos ver logo mais.
    Um abraço Victor, Paulo.

  3. Fábio 15.04.2012

    Prof. Paulo,

    Estimo mais e mais melhoras ao senhor e ao seu filho André, pq saúde é o bem maior e a única coisa que realmente importa nessa vida.

    Basquetebolísticamente falando, gostaria de fazer uma pergunta sobre história:

    O senhor trabalhou junto ao técnico Kanela, li que ele priorizava muito o jogo de velocidade e contra-ataque, era um aficcionado por treinamento… já o prof. Renato Brito Cunha tinha idéias táticas, o prof. Moacir Daiuto se relacionava muito bem com os atletas e era detalhista em fundamentos… o que o senhor tirou de lição maior como técnico com cada um destes e os outros “técnicos clássicos” que usou e usa em seus trabalhos e poderia nos contar?

    E uma pergunta mais técnica:

    Na defesa linha da bola, o pivô marca pela frente do pivô adversário, mas se o pivô adversário sobe na cabeça do garrafaão ou abre na zona morta, a defesa individual deste é a padrão, entre ele e a cesta, cortando a linha do passe em direção à linha da bola?

    Abração, melhoras e mais melhoras sempre, saúde!

    Fábio/SP

  4. Basquete Brasil 15.04.2012

    E como importa, prezado Fabio. Mas aos poucos vamos entrando na normalidade. Obrigado.
    Sim trabalhei com o Togo no Flamengo, fui aluno no curso de técnica desportiva na ENEFD do Renato B.Cunha, e depois trabalhamos juntos no Departamento de Metodologia do Ensino da mesma escola, finalmente fui aluno do Moacyr Daiuto no mestrado da EEF/USP, e seu vice presidente na ABRASTEBA.
    Dos três aprendi muito do que sei, e os homegeio sempre, divulgando seus ensinamentos. Mas dentre todos com quem convivi como aluno atento e humilde, nenhum me influenciou tanto como o Geraldo da Conceição no Grajaú TC, meu clube de origem, quando aprendi, desde os cuidados com os materiais de jogo, sua manutenção e conservação, até os principios básicos no cuidado com os jovens em sua maturação natural, técnica e psicológica. O Geraldo ainda, aos 84 anos, trabalha em Brasilia, com o mesmo empenho e ardor de sua juventude. Esse o maior exemplo para mim.
    Quanto aos clássicos, Everett Dean, Clair Bee, Nat Holman, Dean Smith, Tsetlin, Novosel, e o o maior de todos, John Wooden.
    A todos eles devo o pouco que sei.
    No momento que um pivô atacante ao ser bem marcado pela frente sai de seu posicionamento para obter algum ângulo de passe, se configura a quebra de seu sistema ofensivo naquele ponto em que ele seria o referencial. Daí em diante, o aspecto improvisação se fará presente em suas ações, e se bem preparado estiver o defensor, continuará a frente do mesmo, mas tendo como referência o posicionamento da bola, ou seja, não mais a cesta, e sim as laterias da quadra. Esta é a base da flutuação lateralizada, e não longitudinal à cesta. Claro, que é uma atitude técnica de todos os jogadores envolvidos na ação defensiva, e não somente o marcador do pivô. Nessa situação coletiva, os passes forçosamente serão elípticos e não tensos, propiciando boas coberturas nos deslocamentos lineares laterais e longitudinais, ante as altas trajetória da bola. Passes em curva tornam a bola bem mais lenta do que uma cobertura defensiva linear.
    Como vê, Fabio, é uma defesa posicional aparentemente complicada, mas se bem entendida(o mais importante)e treinada, é de enorme e imbatível eficiência.
    Espero ter respondido a contento sua questão.
    Nosso workshop aqui no Rio está de pé, e logo que eu melhore comunico a você.
    Um abraço, Paulo.

  5. Fábio 17.04.2012

    Sim, sim, professor,

    Estou treinando os meninos em relação à defesa individual linha da bola… e é curioso… porquê por mais erros que aconteçam (e são muitos neste começo, inúmeros aliás) o efeito é realmente devastador, o ataque fica restrito a ações individuais, a troca de passes é quase que eliminada, o número de erros do ataque aumenta demais, a defesa acaba “atacando o ataque” parece estranho falar isso mas é verdade…

    Sobre o ataque ainda estou nos detalhes sobre bloqueios, e apurando questões como fintas, passes, dribles… batendo nos fundamentos.

    Apenas peço nos “coletivos” que eles respeitem os espaços no formato de 2 armadores no perímetro e 3 alas/pivôs jogando dentro da linha de 3 pontos com bastante deslocamento. Mas como ainda não deu tempo de falar sobre o ataque eles têm “batido cabeça” demais, mas o bom é ver que os rebotes de ataque têm aumentado muito, o time está ficando mais competitivo, e as muitas limitações de fundamento acabam não aparecendo tanto.

    Enfim, vamos adiante.

    Não tenho pressa sobre o Workshop, desejo-lhe as melhoras e no momento mais apropriado com certeza irei até o Rio e terei a maior satisfação de poder aprender com o senhor pessoalmente.

    De verdade (embora eu creio que não sei ensinar direito) eu acredito no que o senhor diz e estou tentando com todas as forças passar isso adiante, ontem mesmo estava revendo o jogo Saldanha x Pinheiros, muito interessante.

    Nunca vou esquecer o massacre aplicado no Paulistano aqui na capital, no ginásio deles… pena que aquele jogo não foi postado em vídeo.

    Um grande abraço, obrigado pela atenção, sempre,

    Fábio/SP

  6. Basquete Brasil 18.04.2012

    Fabio, somente hoje pude ler o seu comentário, e fiquei curioso com a “bateção de cabeças” de seus meninos nos ataques. Treine bastante as situações segmentadas, ou seja, monte pequenos exercicios em meia quadra, com ou sem marcação, que recriem situações reais de jogo, atentando sempre para a leitura das mesmas. Mais adiante junte as partes que o todo do sistema aparecerá.O mais importante é o estabelecimento do diálogo armadores com pivôs, com entradas e saidas de bola do perimetro, e sempre evitando os passes de contorno, aqueles que não atacam e consomem muito tempo dos 24seg regulamentares. E o mais importante, oriente a defesa para combater e tentar anular o sistema ofensivo, pois se com anteposição enérgica ele razoavelmente funcionar, contra os adversarios fluirá com mais precisão. Não esqueça que em treinamento, defesas mais duras e orientadas por você, obrigará a que seus jogadores leiam os movimentos e brechas defensivas com maior presteza e a criatividade emergirá.
    Enfim, não permita jamais que o sistema escolhido triunfe sempre sobre a defesa, pois essa é a porta de entrada que seus adversarios usarão. Pode parecer contraditório, mas se vocÊ EXERCITAR A ENGENHARIA REVERSA DO SISTEMA, QUALQUER SISTEMA, os mesmos serão compreendidos por todos, e não transformados em meras coreografias de passo marcado. É uma didática complexa à principio, mas plena de lógica e bom senso. Trabalhe os detalhes, que é o que a maioria de nossos técnicos evitam(ou não sabem…)fazer. Um abraço, Paulo.

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