ESTÃO APRENDENDO…
E não é que estão aprendendo, ou melhor, estão tomando jeito? Defesa existente na maior parte do jogo, ataques centrados no interior do perímetro, contra ataques quando possível, e milagre dos deuses, somente 9/17 arremessos de três, 17/32 de dois, e 23/25 nos lances livres. Foram estes os números do Flamengo, contra um tradicional 9/33 de três da equipe paulista, que praticamente impossibilitada de penetrar a forte defesa rubro negra, fartou-se nas bolinhas de três, quase sempre contestadas, daí o alto numero de arremessos imprecisos e desequilibrados.
Somemos a tudo isso outro importante e determinante fator, a atitude coletivista do Marcelo, que em conjunto com o Helio e o Jackson, formaram uma verdadeira linha de passes para os pivôs, que em troca voltavam bolas em ótimas condições para finalizações precisas e equilibradas dos três, vamos aqui conceituar, armadores.
São José tentou resistir o mais que pode, mas as sucessivas faltas de seu pivô Murilo, a inconstância e flagrante falta de ritmo de um Jefferson retornando de lesão, e uma ciranda de passes lateralizados pela fortíssima defesa interior dos cariocas, impediram qualquer tentativa de reverter um resultado mais do que anunciado pela firmeza do jogo rubro negro.
Foi uma vitoria lapidar, pois expôs uma determinante vontade de modificar um sistema de jogo viciado e escravizado aos longos e imprecisos arremessos, e ao crônico abandono de pivôs talentosos e eficientes, que reencontraram a equipe ao se tornarem participantes ativos da mesma no plano ofensivo, determinando um parâmetro de força que, se repetido nos próximos jogos tornará essa equipe muito difícil de ser batida, principalmente se seu adversário teimar no jogo de entorno, afogado em passes inócuos, arremessos profusos de três pontos, e uma defesa focada nas dobras e pouco participativa e atenta nos rebotes.
Foi um jogo que abre e promete novas perspectivas de jogo, na medida em que perseverem e acreditem que o grande jogo pode ser jogado de formas diferenciadas de um sistema único coercitivo, retrógado, e corporativista. Torço ardentemente que a mudança que tanto aguardamos esteja perto, muito perto de se tornar realidade, uma bem vinda realidade.
Amém.
Fotos de Fernando Azevedo. Clique nas mesmas para ampliá-las.
Professor Paulo,
Concordo com essa superioridade técnico-tática do flamengo, principalmente no 1o quarto de jogo. Via-se claramente que o time de São José jogava as bolas para o alto na tentativa de livrar-se da pelota antes do estouro do relógio, enquanto o Flamengo jogava as bolas para dentro e para fora, sofria faltas, arremessava livre do perímetro devido à dobra nos pivôs. Entretanto, desculpem-me os flamenguistas e o trio de arbitragem, o apito na partida de ontem foi bem “caseiro”, para não dizer outra coisa. Em diversas ocasiões, quando o time de São José tentava aproximar-se da tábua adversária, houve uma chuva de tapões e empurrões não acusados pelo referido trio, levando a uma série de erros pouco comuns em arremessos de curta distância. Em contrapartida, todo contato ilegal, e até alguns nem tão ilegais assim, foi punido no garrafão joseense, pendurando os pivôs e desequilibrando o embate no jogo interno. Lances muito similares tinham interpretações bem distintas dependendo da metade da quadra em que ocorriam.
Obviamente, coube ao time rubro-negro o mérito de apertar a defesa também na região do perímetro e, no ataque, não desembestar na profusão de jogadas precipitadas que se viu em partidas anteriores, tomando crédito de seus homens altos e tornado efetiva a vantagem propiciada. Entretanto, acredito que o fator arbitragem teve um peso grande no resultado, pois facilitou sobremaneira a vida do time do Flamengo, desequilibrando o enfrentamento na área pintada. Uma vez estabelecida a dilatação atípica do placar na fase inicial do jogo, viu-se um time do São José deseperado, tentando fazer cestas de “10 pontos”, na fútil tentativa de aproximar o placar logo, ao que sucedeu um último quarto de show de horrores.
Vejamos o andamento dos próximos capítulos…
Saudações!
Retomando a pergunta antes feita e me apresentado. Me chamo Nilson, sou treinador de basquete de base, atualmente sou campeão sub-12 e sub-13 no ES pela equipe da LUSB, trabalho em um pequeno projeto e não conto com nenhum especialista da área para me ajudar esclarecer dúvidas. Dessa forma, recorro a tudo que posso e está no meu alcance para buscar informação, visto que são poucas as referências bibliográficas na área. Preciso de alguma informação sobre a defesa denominada triangulo de dois, pois ouvi alguns treinadores citarem e não sei como realmente funciona. Imagino que seja uma marcação onde 2 jogadores marcam individualmente na frente e três marcam atrás como um triangulo se adequando ao sistema de ataque. Gostaria muito de informações a respeito. Muito obrigado pela atenção e grande abraço.
Ah, e me desculpe por ter postado na página errada, ainda estou aprendendo a lidar com blogs.
Prof. Paulo..
Aqui no Brasil muito se classifica a competência de um trabalho pelos seus resultados apenas. É o que acontece com o técnico do Flamengo, Gonzalo Garcia, na minha opinião. Eles está há quase duas temporadas tentando modificar um cultura impregnada através de anos e mais anos de forma de jogar solta e sem padrões.
Penso que o que acontece com o Flamengo agora é uma soma de situações. Uma insistente perseverança de seu técnico em um jogo em outro estilo e o “fundo do poço” que atingiu a equipe, com uma fase de classificação irregular e uma quase prematura eliminação nos playoffs. Acredito que essa soma de fatores foi crucial para eles se darem a chance de experimentarem esse “novo jogo” que vêm praticando.
Não vi o jogo 5 contra o uberlândia, mas ontem assisti e realmente há uma mudança de postura coletiva quanto a proposta de jogo. O que me entristece é que se o time vier a ganhar bastante agora, tratarão o fato como um “mudança repentina” de postura. Como se houvesse algo mágico. E sinceramente isso não é verdade. Aqueles que criticavam o técnico argentino e o chamavam apenas de “educado”, terão de mudar seu discurso e começar a tratar o time do flamengo como “mudança sobrenatural” de comportamento, o que pra mim prova que estamos mal também naqueles que observam o jogo. O senhor sabe muito bem como é difícil mudar a cultura de um ambiente e como isso pode levar tempo ou talvez nunca acontecer.
Torço pra que eles consigam manter um estilo de jogo mais vistoso que foi o que pelo menos o que consegui ver ontem. E digo isso pelo basquete brasileiro, pois nem torcedor do flamengo eu sou.
Acho que uma mudança de cultura numa equipe que tem tanta tradição em “jogo livre”(no sentido pejorativo mesmo do termo) seria um ganho para refletirmos o basquete praticado por outras equipes adultas no Brasil.
Grande abraço
Professor, não é que achei um artigo reconhecendo o uso da dupla armação na nba? (clique no espaço ao lado se o link não estiver à vista)http://offthedribble.blogs.nytimes.com/2012/05/11/for-clippers-its-all-about-paul/#
Com Billups e Paul, talvez ficaria mais claro a todos aqueles que conhecem o ‘mundo NBA’, e tentassem, assim como tentaram com o sistema unico, uma imitação (ou até, se não fosse sonhar demais, aprendizado e inovação) do sistema de dupla armação.
Um abraço.
Prezado Ricardo, seus comentários espelham bem o que foi o jogo no aspecto técnico e tático, mas, desculpe, falha um pouco na análise da arbitragem, engano, da outra “equipe” em quadra, disputando com Flamengo e São José a liderança de audiência, tanto ao vivo, como pela TV, e mais, conectado um de seus integrantes à sonoplastia da emissora, com grande sucesso, segundo o narrador e o comentarista da mesma, no que isentamente avalio como um desastre monumental. Prevejo que brevemente teremos os três monitorados também, e quem sabe, a exemplo do “football” dos americanos, os capitães das equipes ao vivo, à cores e em som estereofônico, que somados aos já conectados técnicos, entoarão uma sinfonia bestialógica, para gáudio dos que comentam sem bem saberem o que estão ali fazendo, a não ser professarem um monocórdio encontro e lembranças entre amigos e fãns, e que eventualmente discorrem o que se passa na quadra, claro, e de preferência, referendando, ou não, o que captam em seus auriculares radiofônicos. Ouvir técnicos, juízes, e sonho dos sonhos, jogadores também, tornando-os uma doce realidade, aquela que preencheria seus parcos conhecimentos frente ao duro embate de um campo de jogo, do grande jogo.Por isso,um certo tipo de arbitragem, “didática” como apelidaram, tende e tenderá rapidamente ao centrismo de um espetáculo que teria, obrigatoriamente, de ser dos jogadores, e somente deles, e não de técnicos exibicionistas e juízes “antenados e didáticos”. Nosso basquete, o grande jogo, merece destino melhor, bem melhor.
Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Nilson, que legal um jovem técnico ir em busca de conhecimento, o que é louvável e encorajador, mostrando o quanto ainda teremos de caminhar, no sentido de levar a informação técnica a todos aqueles, que como você, anseiam por aprender e apreender sobre o grande jogo.
Nilson, aqui no blog já publiquei cerca de 930 artigos, a maioria dos quais sobre os fundamentos e técnicas do jogo, e que no seu caso, dúvidas defensivas, sugiro acessar no espaço Buscar Conteúdo, o artigo Sistemas-Defesa Linha da Bola, com as bases de um eficiente principio de defesa. Quanto à sua colocação, com dois jogadores à frente pressionando os atacantes e três jogadores em triângulo atrás desse primeira linha, se trata de uma defesa por zona na formação 2-1-2, que é uma variante da 2-3. Se percorrer o blog acessando títulos como Fundamentos, Defesa, Ataque,etc. Muitos artigos poderão ser de seu interesse.
Um abraço, e sucesso em sua carreira. Paulo Murilo.
Concordo com você, prezado Rodrigo, ainda mais quando sabemos de muito que existem resultados midiáticos ou não, mesmo sendo ambos de grande valor. Na competição de elite e na formação de base os critérios de valorização tendem claramente ao primeiro conceito, pelo apelo da midia, já o segundo, perde-se no anonimato proposital e politico, mesmo tendo um peso igual, ou mesmo superior, ao outro segmento. São óbices existentes e produto do subdesenvolvimento, da pobreza educacional e cultural de um povo. Nas nações mais evoluidas, a base, a formação lidera e lastreia o progresso das mesmas, servindo de plataforma ao primeiro segmento, a elite. Se lá chegaremos? Creio que sim, mas depois de trilharmos ainda uma longa e pedregosa estrada.
Quanto à sua análise sobre o Flamengo e seu técnico, irretocável, não faria melhor. Só um retoque,pequeno retoque, quanto ao principio do “jogo livre”, que como colocado por você, segue uma tradição de caos, de improvisação, muito próximo da pelada institucionalizada. No entanto, sempre busquei esse principio de jogo livre como sinônimo de pleno conhecimento e dominio daqueles elementos básicos do jogo individual e por equipe,que somados e amalgamados entre si elevassem o improviso a seus patamares mais altos, como num encontro jazzistico, onde cada elemento da banda solasse seus improvisos em estreito casamento com os demais, seguindo uma tênue, porém existente linha melódica, o tema, sem que fugissem à mesma, numa leitura da obra (seria o mesmo que a leitura do jogo)perfeita e sublime, num encontro de iguais na arte do dominio de seus instrumentos (como a bola…), pois só improvisa quem sabe e domina seu instrumento, em toda a sua extensão e possibilidades. Enfim Rodrigo, assim vejo o jogo livre, que para ser alcançado denota muito estudo, trabalho e sacrifícios, e acima de tudo abnegação e entrega.
Um abraço e sucesso em seu trabalho. Paulo Murilo.
Pois é prezado Diego, e ainda tem gente de peso que contesta e nega uma realidade tão cristalina. Quem sabe, vindo da matriz que os comanda, aceitem, e quem sabe, divulguem o “óbvio ululante”…(com licença do grande Nelson Rodrigues).
Um abraço, e obrigado pelo envio do link. Paulo Murilo.
Prof. Paulo…
Perfeita colocação sobre o jogo livre. Por isso coloquei entre aspas e deixei claro que era o lado pejorativo do termo. Eu tenho até dificuldade de chamar o trabalho que faço de jogo livre por ver como alguns levaram esse termo para um caminho de um basquete descompromissado. Prefiro dizer que é um trabalho de leitura de jogo, pois penso bem parecido como colocou na sua explicação sobre o termo. Acredito no poder de leitura acima de tudo e na tomada de decisões. Decisões pautadas no que é melhor pro grupo naquele momento e não no ego e na satisfação pessoal e imediata. Fazer porque é certo fazê-lo e não porque ganhará algo em troca. O melhor que pode receber em troca é um jogo bem jogado de alto nível de qualidade de prática e raciocínio.
Grande abraço!
Uma pequena – porém importante – ressalva quanto a campanha do Flamengo no NBB4. O clube começou com ótimo resultados, liderando a competição e jogando muito com seus pivôs, indiscutivelmente o ponto forte da equipe. Marcelinho sequer era o cestinha até que – opa, mas ele é a estrela e tem que chutar – um festival de arremessos bizarros tomou conta da campanha rubronegra no returno e obviamente caíram de primeiro para a quarta colocação, e só não terminam ainda pior porque não teve mais tempo.
Felizmente voltaram, nos últimos dois jogos, a jogar como no início do NBB4, trabalhando com pivôs, e ainda forçam (bem timidamente) a defesa.
Quanto ao Gonzalo, até acho que ele tem o conhecimento, mas não consegue fazer com que “a turma das bolinhas” (Helio, Jackson, Duda e Marcelinho) sigam suas instruções. As vezes isso pode ser ainda pior do que não saber, pois sabe e nada (efetivo) faz.
Nilson, infelizmente a FECABA não vai te ajudar. Então continue mesmo a procurar na internet, mas sempre filtrando. O basquetebol capixaba precisa de gente interessada mesmo. Se depender de federação pra promover o conhecimento, esqueça. Nem 1 mísero real é investido no técnico. De acordo com o relatório de 2010 (publicado no site da Federação) dos mais de 600 mil reais de verba, NADA, repito, NADA, foi investido na formação de técnicos. Por essas e outras, o basquetebol capixaba amargura sempre a segunda divisão em todas as categorias de base. Quando ganha a segunda divisão, cai no ano seguinte.
O resultado do investimento desses monstruosos mais de 600 mil reais de verba em 2010? Chegamos em 2012 com um dos clubes (Vitória) sem entrar no NBB4 por falta de recursos e o CETAF (Vila Velha) foi ainda pior, terminando o ano com uma mísera vitória, num tremendo desserviço ao basquetebol capixaba e brasileiro.
Pobre basquete capixaba…
Agora Rodolpho, já imaginou toda essa geração de técnicos de elite professando o jogo bem pensado, avaliado, e de livre concepção? Impossivel, a começar pela inadmissivel aposentadoria de um ícone da mesma, a prancheta, assim como a absurda liberdade de criação por parte de jogadores independentes, criativos e responsáveis. Aceitariam? Enfrentariam? Nem pensar, concorda? Afinal, o sistema único amarrando interesses de todos os envolvidos no atual processo, garante continuidade de empregos sem maiores sobressaltos, fator este que seria contestado se o livre pensar prevalecesse. Então, continua tudo como está, até um dia que… sequer imagino.
Um abraço, Paulo Murilo.
Pois é, professor.
Phil Jackson, na minha opinião, o melhor de todos os tempos, cansou de ser subestimado por implantar um jogo em que menos estrelismo resultaria em títulos e só assim fez gente como Jordan e Bryant conseguirem títulos. Mesmo após 11 títulos ele ainda é diminuído pela imprensa dita especializada. E os espírito das equipes do Coach Wooden, não valiam nada, né!? Esses dois senhores devem rir a beça de quem os ignora e nada aprende com os melhores.
No sistema único o armador dribla incontáveis vezes, sem muito propósito, segura a bola por mais de 50% do tempo, pra resultar numa bolinha geralmente bizarra e marcada, ou num isolamento de uma estrela, que fará alguma acrobacia pra delírio do picadeiro.
Enquanto isso, no sistema solidário, com elementos básicos do ataque, numa constante movimentação dos 5 atletas, a bola raramente toca o chão depois do primeiro passe, há trocas constantes de posicionamento, eliminando o vício das posições 1 a 5. Quantos milhares de pontos o Mr. Jordan não fez jogando de costas pra cesta, num fadeaway, de pivozão!? Quantas vezes um armador do Phil Jackson reclamou que não teve 10 assistências!? (como se armador estivesse em quadra pra passar e nada mais)
E como deitam e rolam os times com jogadores que sabem o básico de todas as posições (no sistem com 3 pivôes e 2 armadores, por exemplo) aproveitando vícios da deficiente formação dos atletas que só sabem (quando sabem) dominar aquilo que a posição (1 a 5) lhe é enfiada goela abaixo.
Quantos tempos deixou de pedir Phil Jackson, deixando os próprios jogadores se ajustarem em quadra, ao invés de rabiscar mais do mesmo na prancheta ou gritar feito um feirante???
Não devia, mas ainda fico pasmo com treinadores ensandecidos na beira da quadra, desenhando coisas mirabolantes na prancheta e perdendo a voz a todo jogo, com se isso tivesse algum efeito positivo.
Não só o Jackson e o Wooden (este lá de cima…)ficariam perplexos e às gargalhadas com o circo que foi montado por aqui, onde a “luzinha vermelha” (de camera em ação) nunca foi tâo prestigiada (e a bem da verdade não só por aqui, pois lá nos states e na Europa ela também tem seu IBOPE), não só por estrategistas, como por juízes também. Agora, canalizar tanta energia midiática, orientando-a para o treinamento e preparo dos jogadores(novos e veteranos)nos fundamentos do jogo, que é a base de tudo, nem pensar, sequer considerar, pois na grande maioria dos casos não saberiam como fazê-lo, pelo menos em terras tupiniquins…
Um abraço Rodolpho, Paulo Murilo.