OS (UTÓPICOS) CAMINHOS DO NOVO…
O blog Território LNB publicou no passado dia 29 uma matéria bastante interessante….e enigmática, Uma seleção na final do NBB, pois em suas entrelinhas deixa em suspenso o seu ponto fulcral, ou seja, o como fazer.
Sem dúvida alguma a escolha dos jogadores que comporiam a formação em dupla armação e trinca de alas pivôs, determinaria uma fortíssima equipe base, assim como os demais componentes da mesma, cuja rotatividade a dotaria de imensas variações táticas, não fosse um único fator restritivo, o como formá-la.
Fazer e formar, ou fazer acontecer e a forma de exequibilizar um projeto tão ao largo do que existe e está implantado na realidade do nosso basquete, eis a questão.
Num cenário tão enraizado como o técnico tático do nosso basquete, com o seu imutável e monocórdio sistema único de jogo, qualquer mudança em seu âmago implicaria uma verdadeira revolução de costumes, de formas, de pensamento, de ação conjunta, e mais ainda, individual, com implicações e conseqüências verdadeiramente imprevisíveis quanto a comportamentos, jamais como fator evolutivo frente aos mesmos. Mudar custa muito, pois exige renúncia espontânea, entrega consciente, absoluta confiança nos novos valores, insistência e perseverança para alcançá-los e conquistá-los.
São exigências na busca do novo, do instigante, do ousado, do corajoso, mas acima de tudo, do incerto, porém desejado futuro.
E para tanto são exigidos novos conceitos pedagógicos, novos enfoques didáticos, nova estratégia comportamental e tática.
Claro que, a busca de novos e abrangentes caminhos, exigem lideranças, conceitualmente novas, e não adaptadas ao pré existente, ao status vigente. Por isso é que não bastam seleções de jogadores que comporão o novo posicionamento, a nova forma de atuar e jogar, sem o acompanhamento de quem os guiarão pelos novos caminhos, aqueles em que acreditam, conhecem, estudam, pesquisam e ensinam com a mais absoluta certeza do que fazem, e para onde querem ir, alcançar, conquistar, estabelecendo novos valores, novas percepções, novos e arejados tempos.
Então, podemos, enfim, definir e concluir que não basta exercitarmos um novo conceito tático em torno de uma seleção de jogadores, se não o referendarmos com uma direção comprometida e compromissada com o mesmo, inserida em seus princípios reformuladores, em tudo e por tudo na contra mão do que está profundamente estabelecido no basquetebol do nosso país.
Fica então em suspenso uma última indagação: Quais técnicos e professores poderiam estabelecer tais mudanças ao se defrontarem ante novas didáticas de ensino, pertencentes a uma específica pedagogia voltada à dupla armação e triplo jogo interno? Acredito que muito, muito poucos, excluindo-se desta ínfima comunidade o bom técnico apontado no artigo para orientar a hipotética seleção, por não professar, aplicar ou ensinar em tempo algum o sistema proposto, provavelmente por não acreditar no mesmo, direito inalienável seu.
Amém.
Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.
Olá, professor.
A intenção do rapaz que escreveu a matéria foi boa, achei ótimo lembrar do bom trabalho que o senhor fez no Saldanha, inclusive “linkando” posts antigos que mostram numericamente a melhora em curto prazo da equipe dirigida pelo senhor. Agora, dizer que o atual técnico do São José dos Campos usaria o Motion Offense foi utópico. Ele não acredita nesta técnica ofensiva, afinal, se acreditasse, a utilizaria em sua própria equipe. Além disso, como bom brasileiro que comenta basquete, escolheu e demonstrou apenas o sistema ofensivo, falando de defesa apenas para caracterizar Alex, o aguerrido (até demais) e raçudo defensor, porém pouco técnico. Esqueceu de citar a defesa na linha da bola e frontal nos pivôs, que era o principal motivo do sistema implementado pelo senhor funcionar tão bem. Infelizmente, no Brasil, cesta é igual a gol, são bolas que ultrapassam um limite determinado fisicamente e que, comumente, morrem em uma rede (lembrei agora de uma publicidade que brinca com essa ideia, onde o slogan travado por Guga e Denílson era: “- Rede é ponto!” “- Não, rede é gol”). Difícil mudar essa cultura futebolística.
Abraços, professor.
Concordo com a melhor das intenções do editor do Território LNB, o que me lisonjeou sobremaneira. No entanto, com a hipotética indicação de um profissional não afeito com a proposta discutida, e que teria a missão de exequibilizá-la, falseou sua conclusão lógica, pois o mesmo defende e exerce sistemas de jogo numa linha díspare à apresentada. Não se tratou de desconhecimento, e sim de inadequação técnico tática, somente.
Um abraço Douglas. Paulo Murilo.
Olá, prezado professor
Primeiramente gostaria de dizer meus parabéns, o senhor tem visões excepcionais, e é um estudioso e visionário do basquete, diria até um sonhador, mas não daqueles que apenas sonham, mas sim dos que impactam na realidade, o basquete só tem a ganhar com suas colocações, ainda bem que é brasileiro e tem paixão por isso.
Indo em direção ao ponto, é de deixar surpreso a situação na qual se encontra o basquete brasileiro (não sou teórico, especialista nem nada do tipo, apenas um apreciador), como você já mencionou, nos jogos profissionais encontramos enxurradas de bolas de três, pouquissimos trabalhos dentro do garrafão,com corta-luzes, pick-and-rolls, etc…; Todo este cenário atual, imagino eu, é fruto de uma base passada deficiente, e que reincide nos dias atuais.
Isto só nos mostra o descaso que há dos governantes(entenda-se todo tipo desde aqueles que lideram o país, até aqueles que o fazem num ambito desportivo)com o esporte, ficamos na depêndencia do aparecimento de talentos esporádicos, para colocar o país novamente na elite do basquete mundial.
Finalizo, dizendo que o profissional é aquilo que está feito, cabe aos técnicos trabalhá-los da melhor maneira possível, a base, o próprio nome diz é a fundação, como o velho clichê da construção da casa, sem uma fundação forte esta virá ao chão.Diga-me professor quais você acha que são os caminhos para a mudança?
Um abraço professor.
Leandro
Acompanhe, prezado Leandro, a ciranda de técnicos que já começa a atuar nas novas contratações, transferências de jogadores, declarações de dirigentes falando e afirmando renovações, acompanhe bem e constate que tudo isto é uma fachada bem ensaiada para continuar tudo como está, técnica e taticamente, onde alguns fazem que comandam, e outros enganam que são comandados. Renovar não interessa a ninguém, pois provocaria a necessidade de estudar, pesquisar, ensinar. Como pedir isso tudo até para estrangeiros que daqui a um pouquinho se submeterão a um nivel III da ENBT e serão devidamente provisionados, como ocorreu no primeiro desses cursos ao inaugurar os trabalhos da formidavel e bem oportuna escola. LDO, NBB de novos, já têm escalonados seus mentores, bastando somente provisionar os ainda “não formados”. Então você me pergunta quais os caminhos para a mudança? Somente uma resposta, Leandro, que à base, aos novos e mesmo aos mais graduados jogadores, seja disponibizado novas formas de ensinar o grande jogo, novas formas de treiná-lo, planejá-lo, desenvolvê-lo, através concepções diferenciadas de jogá-lo, e não afogá-lo na mesmice endêmica que o vem humilhando ano após ano, década após década.
E para tanto, urge a existência de uma associação de técnicos, forte, atuante, ética, responsável pelo desenvolvimento do basquete nacional através estudos, pesquisas, informações e acima de tudo movida pela meritocracia, e não o modelo que ai está, onde o que menos se exige é o conhecimento pleno do grande jogo, bastando um bem fornido e corporativo Q.I.
Um abraço, Paulo Murilo.