APARANDO ARESTAS…
Assisto ao jogo com meu filho basqueteiro, anoto jogadas, detalhes, e bato fotos, muitas fotos, que com sua crueza de imagens estáticas revelam muito mais do que sequências animadas, onde se perdem as entrelinhas dos sistemas, das ações individuais e coletivas, do comportamento atemporal dentro de uma competição de alto nível. Bem mais tarde, madrugada adentra, revejo o replay, com mais calma, e sob uma visão muito mais abrangente, depois de ter ido à minúcias na transmissão ao vivo, num exercício de captação e observação às avessas que muito tem me ajudado como técnico vida afora (a sempre bem vinda Engenharia Reversa).
Se foi um jogo levado a valer pelos contendores, muito esconderam, principalmente nosso astuto técnico, que somente se irritou de verdade quando no segundo quarto os americanos impuseram um 13 x 2 (vide foto) forçando uma marcação extremamente agressiva em cima da nossa armação, principalmente através o Raul, que aos 19 anos não possui maturidade e técnica desenvolvida para competições do quilate que querem que ele enfrente, e tem mais, se não corrigirem, melhor dizendo, ensinarem o menino como deve se comportar e agir tecnicamente na armação, nem em 2016 ele chega na condição de dono da posição como anunciam os marqueteiros de plantão.
E o básico que deve ser ensinado se resume a um detalhe, que se não corrigido agora, tolherá sua atuação pelo resto da vida, o de jogar no drible e na finta o mais próximo possível de seu marcador, jamais recuando para obter espaços, e sim avançando para criá-los onde não existem, fazendo com que seu marcador, ao tê-lo colado a seu corpo não aja em antecipações, e sim reaja a uma ação ou atitude ofensiva, mantendo-o sempre um tempo atrás em suas reações. Um bom armador agride, recua, e torna a agredir concomitante à troca de mãos, criando pequenos espaços por onde se infiltra, ou revertendo junto ao corpo do defensor, sempre em equilíbrio instável, provocando o desequilíbrio defensivo, tanto corporal, como espacial, e o mais importante, ambidestralmente.
Mas numa seleção como a nossa, onde até dirigente compõe o banco (com que função?), um detalhe destes de fundamentos deveria ser avaliado, pois contar somente com estrategistas de prancheta em punho jamais resolverá problemas e situações como esta, ou outros, como por exemplo, a equivocada empunhadura do Spliter nos arremessos livres, onde correções podem ser feitas por quem entende de fundamentos. De estrategistas bastam dois, como os temos argentinos, e dos bons.
Exatamente em cima dessa lamentável deficiência foi que os americanos retomaram as rédeas do jogo, pressionando, dobrando, e incentivando o jovem armador a recuar, recuar e lateralizar, para enfim, sucumbir. Maldade essa queimação de filme, mas não muito menor que o aperto que deram no Leandro e de passagem no Huertas, dois macacos velhos das quadras.
Acesos os faróis de alerta, vimos daí para diante um Huertas armando e conduzindo de verdade, a bola, os passes, as fintas os arremessos e as explendidas assistências, jogando como deve jogar um armador, “dentro do marcador” fungando ele mesmo, e não o oponente, no cangote do outro.
Mas algo de instigante ocorreu, e desde o começo do jogo, quando os americanos ao se espalharem aleatoriamente (?) pela quadra de ataque, provocaram situações aonde nossos pivôs vinham marcar fora do perímetro, e os armadores ou alas, dentro, criando impasses onde nossos rebotes defensivos se tornavam ineficientes, provocando trocas sucessivas, nem sempre nos beneficiando, mas sim a eles, que agindo dessa forma equilibravam sua carência de pivôs de oficio, bem aos moldes de sua campanha no último mundial.
Conseguimos, no entanto, equilibrar um pouco essa movimentação ofensiva dos americanos, obrigando-os aos longos arremessos, no que foram ineficientes por um largo período de tempo, quebrado no quarto final pelo LeBron, com seus arremessos da linha NBA.
Nosso ataque, propositalmente (desconfio que sim pela tranqüilidade do Magnano…) não aproximava os pivôs, mesmo jogando com eles, como que testando suas ações técnico individuais, e não o jogo entre eles mesmos, acrescido do apoio do ala, que deverá ser fundamental em Londres se quisermos ir mais além do quem a simples classificação, e nesse ponto fica uma preocupação, a forma do Marcos, pois dos alas convocados é aquele que reúne as melhores características para interagir com os pivôs, não só por sua elevada estatura, mas pela precisão de seus arremessos médios. O Guilherme e o Marcelo poderão compor no apoio em determinados jogos, não os de maior impacto e exigência física, assim como o Alex na marcação de um jogador mais atuante fora do perímetro.
Finalmente, a grande interrogação que se delineia na possível estratégia do Magnano de vir a jogar com dois armadores, que nesse caso se restringiria ao Huertas e o Larry, com um possível, porém temerário Leandro na rotação, e nunca o Raul, principalmente contra europeus e americanos com sua sufocante pressão defensiva, já que uma armação solitária desgastaria o Huertas de forma cruel, o que nenhum adversário descartará, pois reduziria o potencial ofensivo brasileiro em praticamente 50%.
Se atuarmos em dupla armação, como em alguns ensaios feitos nos últimos jogos de ações de pivôs qualificados como os nossos, ai sim, apresentaremos algo de realmente novo neste cenário monocórdio do basquete internacional, somente quebrado pela atitude fragmentária no modo de jogar da equipe americana, não como muitos pensam pela falta de pivôs, e sim pela retomada das habilidades, da grande arte do domínio dos fundamentos, independendo de alturas, pesos, idades, e mesmo, posições.
Ficam alguns questionamentos, tais como: – Se é real e comprovadamente verdade de que um armador somente atinge sua plenitude perto dos 30 anos, porque forçarmos a barra em cima de um de 19?
– Se aceitarmos a evidência palpável de que o jogo de pivôs nos beneficiará nas grandes competições, porque levar um que sequer atua num jogo preparatório?
– Porque ainda pecamos tanto na convocação de “nomes”, esquecendo aqueles que se destacaram no NBB?
Terminemos dando uma passagem pelas fotos apresentadas, comparando-as com o que aqui foi exposto, e também no que pudemos observar no transcurso do jogo, num exercício de conhecimento e descoberta das entrelinhas do grande jogo. Divirtam-se.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.
Caro Professor,
ao ver o “bullying defensivo” praticado pelos americanos a partir do segundo quarto do jogo, me lembrei imediatamente do que o Sr. havia postado no blog dias antes:
“(…) Foi um trabalho penoso a que submeti toda a equipe em seus treinamentos, principalmente nas prolongadas e cansativas praticas em meia quadra, onde ataques e defesas duelavam intensamente, e onde privilegiava as ações defensivas dentro ou mesmo fora das regras, principalmente quanto às faltas pessoais que não eram assinaladas propositalmente.
De inicio todos estranharam, e mesmo reagiam surpresos, mas insisti ao máximo que cargas nos armadores e pivôs fossem elevadas ao máximo, que os bloqueios fugissem das regras regulares, e que em nenhum momento o homem da bola respirasse com liberdade, e que nenhum arremesso fosse executado sem anteposições, faltosas ou não, enfim, eram dadas à defesa todas as facilidades possíveis, e o máximo de dificuldades às ações ofensivas, a ponto de um dia um dos jogadores me interpelar dizendo que não entendia o por que do meu pedido constante de não querer ver o sistema que treinávamos dar certo ante defesa tão enérgica e até desleal, dando-me a oportunidade ansiada para responder que, se ante tantas dificuldades, o sistema pudesse se desenvolver, obrigando todos a uma leitura ampla e fundamentada no improviso consciente, ai sim, estaríamos preparados para vencer, ou mesmo perder, sem nos preocuparmos em buscar desculpas e álibis, culpando arbitragens, e desculpando nossos erros. (…)”
Apenas sorri e pensei: que excelente teste para o Brasil.
Algumas outras coisas que me passaram pela cabeça ao longo do jogo:
* No primeiro período, o time americano desorganizado no ataque, o Brasil deslanchando no jogo, e nada do Coach K pedir tempo. Pensei que, no lugar dele, faria o mesmo: o maior potencial inimigo desta equipe americana é o salto alto. Nada melhor do que eles levarem uma “escovada” logo de cara, pra ele poder chamá-los depois e dizer: “Estão vendo, pra ganhar vão ter de jogar sério e suar a camisa. Agora voltem lá e defendam.”
* Ja achava que era a maior balela do mundo esse negócio de “faltar tamanho” ao time americano. Depois desse jogo acho mais ainda. Eles pressionaram tanto a defesa no perímetro, além de tomar a frente (ao menos uns 3/4, vá) na marcação do pivô, que Brasil time sequer conseguia fazer o primeiro passe pra área pintada. E se o passe conseguir chegar, a capacidade atlética daquela equipe assegura a ajuda rápida, ainda mais nas regras FIBA em que há liberdade pra flutuação defensiva.
* Pra completar o ponto anterior, conforme ressaltado pelo Sr. no texto acima, a possibilidade que os EUA tem de escalar jogadores como Lebron James, Kevin Durant ou Carmelo Anthony no pivô cria enormes problemas defensivos para os adversários. Isto porque eles tem condição física pra marcar pivôs FIBA, mas os pivôs adversários tem enormes dificuldades de marcá-los no perímetro (como na 1a foto da sequência – o Nenê tendo de defender na linha de três pontos). Os adversários é que vão ter de se adaptar à formação americana e não o contrário.
* Considerando os pontos acima, achei falta de sequências ofensivas brasileiras específicas para fazer chegar a bola ao pivô contra uma situação de pressão no perímetro. Quando não conseguimos fazer isso, o jogo morreu no ataque para nós.
* O Marcelo Huertas teve uma atuação ofensiva fantástica, mas tem dificuldades defensivas, especialmente contra os bloqueios (pick’n roll). Já achava isso de ver os jogos do Barcelona e Real Madrid (no último jogo das finais ele terminou o 4o período no banco por conta disso), agora tenho certeza. Ele não tem vigor físico para correr por dentro do bloqueio e, quando decide flutuar por trás do bloqueador, deixa livre o arremesso (que os americanos erraram em profusão). O Magnano vai ter de ensaiar bem demais os esquemas de troca e ajuda pra contornar essa fraqueza.
* Ainda assim, em um jogo de campeonato, o Raul não teria jogado mais do que 2 ou 3 minutos, o Huertas os outros 37+.
* Achei falta do Nenê atacar o aro. Está visivelmente fora de ritmo, e se conformou em chutar de meia-distância, mesmo por vezes estando marcado por adversários menores (a rigor, 90% dos jogadores de qualquer time são menores que o Nenê).
* Já desisti do lance livre do Splitter. Não pode estar em quadra nos minutos finais de um jogo apertado (se estiver, não pode pegar na bola no ataque, sob pena de ter de ir pra linha de lance livre).
* Achei que o Guilherme poderia ter jogado mais, especialmente por conta da maior facilidade dele marcar no perímetro em relação aos outros pivôs.
* Marcelo Machado parecia um peixe fora d’água, um jogo com esse nível de contato físico não é pra ele. E as suas “bolinhas” de três nunca pareceram tão forçadas quanto numa partida como esta, jogada inteiramente em outra filosofia.
* Do lado americano, o Carmelo Anthony foi o Marcelo Machado deles. Jogou nada.
* Admirável o esforço do Alex em marcar o Lebron James. Com todo o vigor físico que o Alex tem, ao trombar no Lebron parecia que estava trombando em uma parede. É até covardia.
* Andre Igoudala e Kobe Bryant foram gigantes defensivos. É assistir e aprender com os melhores.
Bela análise Renato! Muitos jogadores brasileiros ainda sentem dificuldades de atuar defensivamente diante da cultura do cestinha que impera no nosso jogo, mas estamos evoluindo! O Alex é um monstro, porque consegue compensar sua baixa estatura com muita força e disposição para defender, com isso a formação do perímetro acaba ficando baixa, porque nas rotações da equipe a saída do Alex diminui o poder defensivo e ele em quadra junto com o Leandrinho e o Huertas baixa muito a estatura do time.
Quanto o bem colocado termo “bullying defensivo”, infelizmente tem que ser permitido nos treinos para que os atletas aprendam a jogar com os critérios permissivos adotados pelos árbitros. Seria interessante um debate em cima das colocações do Renato, para que pudéssemos juntar o máximo de opiniões possíveis!
Renato,
Permita-me discordar de sua opinião. Lendo-a, chego a pensar que o Brasil levou um sacode histórico.
O Brasil fez um segundo quarto pavoroso, mas na soma dos outros 3 teve um saldo de pontos positivo.
Concordo que foi um ótimo teste ter uma arbitragem fora dos padrões FIBA, especialmente no segundo quarto. Armava-se um mico histórico depois do primoroso primeiro quarto brasileiro e a única saída foi mudar o jogo de FIBA pra NBA. Mesmo assim, a irritação com a arbitragem foi bem menor do que contra a Argentina, onde a arbitragem foi ainda mais caseira. Presumo que essa evolução tenha dedo do técnico. Certamente não encontraremos isso em Londres mas, como cada apito é fundamental, melhor estarmos prontos pra não perdermos a cabeça quando o placar importar.
A falta de tamanho ianque não é opção tática. É falta de opção mesmo. Tanto que levaram um jogador tecnicamente fraquíssimo, o Chandler, que marcou 3 pontos, sendo 1 lance livre e outro num erro de fundo bola brasileiro. Se pudesse, Coach K levaria Bynum, Howard, Duncan, Garnett… Basta lembrar dos dois melhores Dream Teams da história e constatar que a diferença física dos pivôs era ainda mais gritante nos anos 90.
Nunca gostei de times que jogam com 4 (ou 5) abertos. Esse jogo provou que essa tática é pavorosa e arriscadíssima, pois depende muito de chutes de fora. A diferença de físico e talento entre os 2 times é muito mais do que 11 pontos, portanto concluo que o Magnano deu uma aula no Coach K.
Que partida maravilhosa do Varejão! Muita raça, nenhuma intimidação, o mesmo pro Nenê, que mesmo longe de estar 100% curado do pé, fez uma ótima defesa, contestando muito e forçando erros. Arremessar perto dele é um pesadelo. E mesmo Splitter, o menos experiente dos 3, também foi muito bem. A verdade é que os americanos não conseguiram uma resposta para um jogo de 2 pivôs. Infelizmente o Magnano não testou os 3 em quadra ao mesmo tempo. Com um equilíbrio defensivo bem organizado tenho certeza que o estrago teria sido ainda maior, pois Lebron, Carmelo e Kevin mostraram muitas dificuldades na defesa do garrafão. Se apoiam na velocidade porque força e trabalho de pernas os faltaram contra nossos pivôs.
Huertas deixou o Williams e Paul malucos. Merece um bom convite da NBA, mesmo deixando a desejar na defesa. Isso porque teve um desgaste físico enorme, contra um time com 3 armadores, enquanto pudemos constatar que Taylor e Raul não podem jogar jogos desse tamanho. Melhor seria o Leandrinho adaptar-se a levar a bola, com Alex o auxiliando. Por 5-8 minutos por jogo não faria mal. Armadores muito baixos estão sendo excluídos do jogo de mais alto nível. Chega a ser infantil querer bater bola contra aquela defesa. O drible é a pior saída. Jogadores mais altos e fortes podem muito bem trabalhar em conjunto, na força, no passe, com corta luz e facilmente sair daquela pressão. Errou o Magnano.
Mesmo Marquinhos não sendo um defensor ativo, fez falta. Ainda é o único que combina altura e velocidade para atenuar o estrago que o LeBron provoca. O Nenê em forma também ajudaria muito. Se nos serve de consolo, todas as outras seleções também estão sem saída pra isso.
Exceção do Huertas, todos os jogadores sem experiência de NBA foram mal. Mas não vejo isso como o fim do mundo. Foi só um jogo, e isso foi bem enfatizado pelo técnico. Não foi o acontecimento do ano. Marcelinho e Guilhermes foram fundamentais no Pré-Olímpico e são importantes para todos os outros jogos. Não podemos descartar que ninguém joga bem sempre, ainda mais naquela situação. Senão poderíamos considerar um fiasco a atuação de 11 jogadores americanos, bem abaixo de suas médias em seus times. Quando Kobe faz 8 pontos e Carmelo 3!?
Esse teste nos coloca como fortes candidatos a prata.
Mas também acende o alerta para o time americano. Contra uma Espanha com os irmãos Gasol, Ibaka e Reyes, a coisa pode ficar ainda mais difícil pra esse jogo de 4 ou 5 abertos, completamente ineficiente, dependente do talento e malabarismo, quando não dos pombos forçados. Eles ainda podem, pois são mestres em malabarismos e em matar bolas forçadas de longe.
Se não fosse o LeBron, para parafrasear o Zé Boquinha, “a vaca americana teria deitado.”
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Professor, o senhor ainda atua como técnico universitário?
P.S.
Foi só eu ou vocês também perderam a paciência com a quantidade de vezes que falaram sobre a presença do presidente americano na partida?
Num jogo com tantos comentários a serem tecidos, o jogo ficava no segundo plano.
As vezes acho que a TV sem som é melhor.
Olá, senhores.
Vamos lá:
Renato,
Bela análise. Realmente o Coach K. é inteligentíssimo, além de muito rodado. Além disso, conhece bem as necessidades de seus jogadores, um pedido de tempo ali seria desmotivante. A falta de pivôs é, inteligentemente, compensada pelos excelentes fundamentos, velocidade e o vigor físico. Esse time norte-americano, se não for freiado com uma marcação agressiva e muita valorização da posse de bola por parte dos adversários, são capazes de fazer 30 pontos por quarto facilmente. Com relação a LeBron, Carmelo e Durant no pivô, isso ocorre quando, como disse o professor Paulo Murilo, eles começam a movimentar-se de forma estranha no ataque, o que uma leitura de jogo e uma implementação de defesa zona bem feita (não a zoninha do descanso do NBB) podem tentar neutralizar. Agora, o ponto principal é a falta de leitura de jogo, senso crítico e até bom senso do Marcelo Machado. Foi uma infelicidade vê-lo chutando aquelas bolas completamente desconexas com o restante da movimentação ofensiva que continuava até mesmo depois dos seus arremessos, como se o script fosse quebrado naquele momento. Pegava todos de surpresa, rebote ofensivo, balanço defensivo, enfim, tudo errado. O Alex realmente tem uma vontade para marcar que é fora do normal, porém peca um pouco na técnica. Nem sempre com os braços abertos, ocupando espaço, algumas vezes com o tronco muito projetado para frente, fazendo seu centro de gravidade ficar desbalanceado, entre outras coisinhas que o fariam um melhor marcador ainda.
Outro ponto importante também foi o dito pelo Rodolpho. A arbitragem foi muito complacente com o exagero do vigor físico norte-americano, que acabou descambando para uma certa violência e deveria ter sido coibida pela arbitragem. Nos padrões NBA, realmente muitos lances não seriam faltas, mas no FIBA seriam. Apesar de terem critério (a equipe brasileira também deu umas sarrafadas que passaram), os norte-americanos foram prestigiados com um jogo mais parecido com os que estão acostumados a jogar.
Por fim, dando uma de Mãe Diná, vejo a equipe norte-americana favorita, mas também vejo problemas no confronto com a Espanha, se acontecer, por conta de um garrafão fraco. Também não sei se a equipe brasileira aguenta mais de 2 jogos dessa intensidade, em sequência, como é em uma Olimpíada. Vimos o Brasil demonstrando cansaço em algumas vezes durante o jogo e isso seria maximizado se outro jogo tão árduo fosse marcado em sequência.
Abraços!
HA!
Q
HA!
Queria deixar alguns questionamentos para o professor:
No Mundial passado vc profetizou que o coach K estava inplantando na seleção americana, a tão “famosa” tática de 2 armadores e 3 ala-pivôs rápidos e fortes. Pois bem, naquela altura eu lhe questionei, já que para min o USA só não levou um pivô de verdade (cincão), porque não tinha nenhum disponível. E agora? Vc ainda mantém essa falásia? Quero dizer os USA só tem 2 armadores no seu selecionado (C. Paul e D. Williams)HA! Como se pode utilizar 2 armadores se vc só tem 2 armadores em todo selecionado????
Para min está claro que o Coach K só está tentando escolher os 12 melhores e ponto.
Outra pergunta é:
PQ VC QUESTIONA O LANCE LIVRE DO SPLITTER???
VC NÃO CONHECE OS NÚMEROS DO LANCE LIVRE DO TIAGO NA TEMPORADA DA NBA???
ELE TEVE MÉDIA DE 52% NA PRIMEIRA TEMPORADA.
ENTÃO A COMISSÃO TÉCNICA DOS SPURS MUDOU A MECÃNICA DO LANCE LIVRE DO TIAGO E COMO TODO MUNDO QUE ACOMPANHOU A NBA SABE: O TIAGO SPLITTER TEVE MÉDIA DE 69% DO LANCE LIVRE (EM 59 JOGOS). SE VC SOUBESSE DESSES NÚMEROS EU ACHO QUE VC NÃO IRIA QUERER MUDAR A MECÂNICA DO SPLITTER.
Prezados Renato, Jalber, Rodolpho e Douglas, obrigado pelo belo debate que estão promovendo, confirmando o verdadeiro objetivo desse humilde blog, o de discutir o grande jogo no que ele tem de apaixonante e altamente técnico, mesmo que sua complexidade atemorize muitos outros leitores de participarem do mesmo. O espaço ai está, da melhor forma possivel a ser compartilhado, com inteligência, conhecimento e desprendimento. Parabéns a todos, na convergência e, principalmente, na divergência, pois é a formula mais correta de estabelecermos o progresso da modalidade.
Um abraço, Paulo Murilo.
Em tempo – Rodolpho, nunca treinei equipes universitárias. Acesse o item Sobre na pagina inicial do blog, onde consta um curriculo condensado de minhas atividades.PM.
Prezado Will, tomo a liberdade de reproduzir a minha resposta ao seu questionamento em 22/05/2011
Basquete Brasil 22.05.2011
Prezado Will, ufa! Que trabalheira você me deu, e ainda tem dado, para concatenar uma resposta equilibrada, mas não doutrinaria ao seu vasto comentário (somente peço que nos próximos digite com menos velocidade, a fim de que não ocorram erros de grafia, comprometendo a compreensão do texto), repleto de argumentos dignos de serem respondidos.
Sim, concordo serem incomuns na midia especializada os artigos que escrevo, exatamente por serem profundamente técnicos, professor e técnico que sou, exercendo a profissão por mais de 50 anos.
Não costumo fazer concessões em discussões e debates quando o(s) interlocutor(es) não domine(m) os assuntos em pauta, desencadeando ações inócuas e despropositadas.
Em hipótese alguma me considero doutrinário, exatamente por defender o livre pensar, o livre arbítrio, a experimentação prática fundamentada em solida teoria, a independente e responsavel busca pelo conhecimento, o mérito profissional, o democratico direito ao saber, à cultura, e à educação de qualidade.
E se esses fatores conotarem uma doutrina, que assim seja, pois plena de direitos cidadãos, inalienáveis e justos, e jamais produtos de um ideário vicioso, jamais.
Concordo que sempre me pauto pelo equilibrio(às vezes, poucas, não alcançado…)e muito mais pelo bom senso, qualidade que se adquire com o passar dos tempos, dos estudos, das pesquisas, dos incontáveis dias que vivemos, e o que porventura vivenciaremos, e acima de tudo pelo trabalho, incansável e dignificante trabalho.
E ao analisarmos suas observações técnicas, concordamos na maioria delas, exceto quanto ao posicionamento do Coach K, que somente ousou quebrar uma regra centenária no desporto de seu país, transcedendo a opinião maciça de seus pares no aspecto tecnico tático, ao propugnar e levar à pratica uma pequena revolução ao estratificado basquete americano, refém de uma NBA possessiva e de uma NCAA a serviço da mesma, quebrando padrões, e ai sim, viciosas tradições. Não atoa, hoje, a propria NBA já ensaia novos rumos técnico táticos, quebrando tabús que o Coach K propôs e exemplificou.
Enfim, prezado Will, creio que comungamos bastante de principios e opiniões, que para um jovem de 21 anos não é pouca coisa, comparados com os 50 que nos separam.
Um abraço, Paulo Murilo.
Como vê Will, continuo coerente e firme no propósito de bem discutir o grande jogo em bases técnicas, isentas e respeitosas. Mas confesso, é duro na minha idade (72 anos) ser taxado de falacioso, e o inédito, no meu próprio blog!
Enfim, são percalços que encontramos na já longuíssima estrada que venho percorrendo.
Em tempo, nenhum pivô das inumeras equipes que dirigi entrava em jogo sem que obtivesse, no mínimo, 85% de eficiência nos lances livres. O Spliter pode ser corrigido, mas não da forma que estão tentando. Se a tenho, não sei, prezado Will, mas como disse anteriormente, pivô comigo só jogava sob aquele indice minimo, recordando, 85%, PONTO.
Caro Rodolpho,
Quando menciono que os EUA podem escalar quatro ou até cinco jogadores “de perímetro” para jogar num torneio FIBA, não quero dizer que com isso eles tenham de automaticamente praticar um jogo com “4 ou 5 abertos” e baseado inteiramente em chutes de fora (“pombos forçados”). Se fizerem isso (como foi no 1o quarto do jogo contra o Brasil), vão perder jogos mesmo.
Mas o fato é que eles tem condição de jogar do perímetro pra dentro, de frente pra cesta, botando a bola no chão e atacando o aro. E aí fica difícil um pivô, mesmo os de melhor mobilidade como o Varejão, o Serge Ibaka ou o Joakim Noah (vai jogar ou está machucado?), conseguir ficar na frente dos caras.
Paulo,
Fenomenal a análise. Desculpe o puxa-saquismo, mas foi a melhor análise que já vi de um jogo! Joguei muito basquete na vida, fui armador de um time grande em SP-capital em torneios de federação por anos, e acho que posso dizer isso com segurança.
A despeito disso, fiz um post “basquetebolístico” no Esporte é minha amante, sobre o filme Unguarded que a ESPN passou hoje.
Fica a dica, tanto para ver o filme, quanto para dar uma passada no blog!
http://esporteeminhaamante.blogspot.com.br/
Abraços
Obrigado, prezado Zacha, muito nos honra a sua audiência. Seu blog já consta da minha lista. Um abraço, Paulo Murilo.
Renato,
O Carmelo já jogou muito bem como PF. Acredito que o LeBron já esteja preparado. Mas a NBA os atrapalha muito no quesito adaptação, pois é uma liga que não trabalha fundamentos. Preferem escondê-los, utilizando o individualismo como entretenimento e não expondo suas estrelas ao ridículo que seria se as regras do jogo fossem aplicadas.
Há uma enorme diferença entre jogar com 4 ou 5 abertos ou apostar no sistema único com um pivô adaptado. O sistema único, por mais criticado que seja, ainda é imensamente superior.
A diferença, no ataque, entre o primeiro e os últimos três quartos foi mínima. Os pombos sem asa foram forçados durante todo o jogo. A diferença do jogo ficou na defesa, até certo ponto agressiva e contando com a conivência dos árbitros. O placar foi consequência. Além, é claro, do cansaço e menor qualidade da rotação brasileira.
Ficar de frente pra cesta, “com a bola no chão”, contra 2 pivôs do nível dos que você citou, numa reduzida quadra da FIBA, beira o impossível, Renato. Pode funcionar na permissiva defesa do NBB, mas num nível olímpico, jogar perto da cesta, de frente pro aro, nem com os alas mais rápidos do mundo. Não há espaço, a física (e a boa defesa) não permite.
A saída americana, na minha humilde opinião, é pressionar a defesa bem alta, roubando bolas, forçando erros e marcando o perímetro. Assim podem anular bons chutadores e times com bancos mais fracos, como Brasil e Argentina. E abandonar a ideia de que podem ganhar o jogo embaixo, pois não podem. Tomaram uma lavada embaixo da cesta do Brasil e também tomarão da Argentina e Espanha, no mínimo.
Por sinal, Joakim Noah não jogará, e Tony Parker não chegará 100%. Com isso acho a Espanha a maior candidata a prata.
Abraço e agradeço o altíssimo nível do debate. É bom ter opinião diferente respeitada.
Olá, Rodolpho.
Discordo de você em 2 pontos:
1 – Os norte-americanos, realmente, não dão muita bola para os fundamentos na NBA (vê-se andadas enormes, principalmente da estrela em maior evidência no momento, o LeBron, por exemplo), mas nas ligas de formação (Colegiais e Universitárias) temos mestres dos fundamentos instruindo os futuros astros da NBA, e sim, eles são absurdamente cobrados por esse ponto, que o nome já diz, fundamental do grande jogo. Ou seja, os movimentos são bem trabalhados por anos com afinco, educando os futuros jogadores a utilizá-los quase que espontaneamente, e se cometem erros de fundamentos, é por “inteligência” de usar as regras ao seus favores, e não por ignorância, como é MUITO visto aqui no Brasil, infelizmente.
2 – Os norte-americanos, com essa seleção atual, talvez não ganhem dos grandes pivôs embaixo da cesta, como dito por você, mas a principal atitude contra isso são sim os enormes e ágeis alas adaptados, que com uma movimentação ofensiva que desbalanceia a defesa adversária, atrai os grandalhões para fora da área pintada, e os batem com cortes rápidos, ou até mesmo movimentando-se com cruzamentos, onde quase ao fim dos 24 segundos, os mesmo grandalhões estão com a língua de fora de tanto correr atrás dos atacantes. Além do simples cansaço, a distância que ficam da cesta por conta dessa “atração fatal” diminui as chances do rebote defensivo, e o pesadelo maior para os grandalhões seria correr por mais intermináveis segundos atrás dos ágeis atacantes, no caso de um rebote ofensivo. Somando isso a defesa pressionada na saída de bola, ou até meia-quadra (mas bem feita, como é praticada), na linha da bola e a 3/4 nos pivôs (como dito anteriormente em outro comentário), gerando uma movimentação ofensiva maior por parte do adversário (que precisa fazer maiores percursos e dar passes mais abaloados para se desvencilhar do defensor e dar linha no passe), creio eu, seja a base do sistema norte-americano.
Abraços!