TEIMOSIA DÁ NISSO…

Ora, ora, ora, passamos o jogo inteiro efetuando trocas na marcação, ocasionando inúmeros desequilíbrios defensivos, tanto pelas estaturas, como nas habilidades, e justo no momento decisivo uma fundamental troca não foi feita entre o Leandro e o Nenê, o que obrigaria o ala russo a colocar a bola dentro do perímetro, onde somente um arremesso de dois poderia ser contabilizado a seu favor, ou mesmo brecado pela defesa, com ou sem falta pessoal, garantindo no mínimo uma prorrogação.

O grande jogo não costuma perdoar falhas desse tipo, assim como outras cometidas de fora da quadra, com ou sem prancheta, principalmente na substituição de um jogador que custou muito a se personalizar, muito mesmo, gerando grandes desconfianças sobre a validade de sua convocação após uma naturalização recorde dentro dos critérios de nossa chancelaria, vide o caso do Shamell, que vive no país a cinco anos, casado com uma brasileira, e com filhos aqui nascidos, e que não conseguiu sua naturalização.

Pois bem, vinha o Larry muito bem na partida, incrementando o jogo interior no quarto final, penetrando tão a fundo que carregou todo o time russo para dentro de seu garrafão, levando o Leandro e o Nenê junto, provocando a virada no marcador, e o mais importante, defendendo com tanto ardor que contagiou a todos de uma forma contundente, e que teve como premio no minuto final e decisivo…o banco, pois afinal, o dono da armação tinha de fechar o expediente, o que aliás o fez muito bem até o momento da troca não realizada por aquele jogador que deveria ter saído para a sua entrada, nunca o Larry.

Se observarmos bem as fotos, veremos que no primeiro quarto jogamos lá dentro, fungando no cangote dos russos, vencendo-os por 20 x 15, e com um 3/3 nos três pontos que provocou um frisson na turma das bolinhas no quarto seguinte, onde contabilizaram um 1/6 (vide fotos) constrangedor, presenteando os russos com oportunidades de cestas que os levaram a um 25 x 12 oportuno e abençoado…para eles.

Mesmo assim, claudicantes e inseguros, conseguiram manter algum controle no terceiro quarto, mas não o suficiente para  evitar os 12 pontos em que ficaram atrás no mesmo, graças a inabilidade defensiva de alguns dos nossos, bem conhecidos aliás.

Foi a partir desse ponto que o Larry começou a se impor ao visar o interior da defesa russa, comprimindo-a, num momento em que a companhia do Huertas decretaria de vez sua falência, pois imporia um jogo de pivôs circundando todo o perímetro interno, e não somente do lado onde se encontrava o Nenê, pois nem o Guilherme, nem o Marcos iam lá dentro para a ajudá-lo (vide fotos), sendo substituídos por um improvável Larry, mas que deu certo pela ousadia e coragem, apesar de sua estatura, secundado em alguns momentos pelo Leandro.  Era o momento de um segundo pivô, com duas, três, quatro faltas, não importavam, pois jogador bom no banco não pontua, não marca e nem pega rebote, somente lá dentro, e nesse ponto, ao olharmos para o banco e vermos um Caio e um Raul que não jogam jogos desse nível, temos de parar para questionar ser uma seleção olímpica lugar para experiências ou quebra galhos, deixando na terra jogadores que poderiam ser realmente úteis e produtivos para a equipe? Claro que não, confirmando critérios por “nomes” que ainda se impõe por aqui.

Oscilação ainda é norma nessa seleção, graças a determinados jogadores muito falhos nos fundamentos do jogo, principalmente nos passes, nas fintas e no posicionamento defensivo, e que quando se encontram aos pares no campo de jogo provocam situações em tudo e por tudo favoráveis ao adversário, motivados por suas inquestionáveis fragilidades técnicas.

Mas aos poucos vamos dando valor ao jogo de 2 em 2, seguros e eficientes, abandonando o jogo prioritário dos 3 pontos, colocando-o, como deve ser colocado, como um recurso, um complemento do jogo, como temos visto nesta olimpíada, exceto pelos americanos, possuidores de especialistas nos longos arremessos, não fosse a linha dos três pontos de sua liga bem mais distante que a da FIBA, o que os obrigam a um apuro e precisão bem mais desenvolvidos.

Finalmente, como teria sido o placar se convertessem a metade dos lances livres (10/18) que erraram? Ah, mas os russos (13/24) erraram mais…Pois é.

Amém.

 

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Em Tempo – Nos arremessos de três notar o tempo restante de ataque,

uma constante na equipe.



14 comentários

  1. Renato 03.08.2012

    Achei que nesse jogo a equipe ao menos fez um esforço para realizar menos trocas defensivas nos bloqueios da Rússia. Ainda que tenha falhas, nossa defesa vai bem, e é o que nos mantém nos jogos. Sabemos amarrar a partida e reduzir o número de posses de bola em disputa. Por conta disso, estamos sempre ali com chances de ganhar.

    Talvez o que tenha tornado a coisa um pouco menos difícil para a nossa defesa ontem foi que o esquema ofensivo da Rússia é mais baseado em bloqueios na linha de base do garrafão, e não bloqueios sobre o armador que nos dão tanto trabalho com as trocas. Neste link tem uma análise bacana, realizada antes da olimpíada: http://www.grantland.com/blog/the-triangle/post/_/id/33363/russia-olympic-basketball-contender-or-pretender

    Acho que nossos problemas residem é na metade ofensiva. Quando o jogo apertou, terminamos dependendo de um jogador que criasse seu próprio arremesso – Larry Taylor – em vez de jogar nas chances criadas por uma movimentação ofensiva mais bem azeitada.

    O fato é que não temos grandes finalizadores em torno da cesta. Temos uma defesa boa, No entanto, no ataque sofremos porque não temos finalizadores versáteis como Scola, Manu, jogadores com desenvoltura acima da média pra receber a bola em movimento e finalizar com equilíbrio.

    O Hettsheimeir faz falta, no pré-olímipico ele se destacou nisso, agora a gente tem de ir na base da trombada com o Splitter, Varejão, um Nenê a menos de 100% de ritmo, e por aí vai. Talvez por essa carência o Maganano insista tanto com o Leandro Barbosa e o Marcelo Machado, mesmo ambos dando mostras de que deveríam passar mais tempo no banco (no caso do Machado, 100% do tempo) – o técnico sabe que está carente de jogador que bote a bola na cesta.

    Nas poucas vezes em que conseguimos orquestrar nossa movimentação ofesiva decentemente, produzimos cestas fáceis, até mesmo ótimos tiros de 3 pontos equilibrados e livres. Precisamos aumentar o número de vezes em que isso ocorre em razão do problema de qualidade dos nossos finalizadores.

    Por fim, para mim fica cada vez mais clara a necessidade de trazer Nenê e Marquinhos (e agora o Larry Taylor) para mais minutos e reduzir o tempo de quadra do Leandro Barbosa e, principalmente, do Marcelo Machado, que continua um peixe fora d’água neste time.

    (no meu perfil no Google+ ando postando resenhas dos jogos como forma de dar vazão às pessoas que falam sozinhas na minha mente e debatem comigo os jogos 🙂 Quem quiser, é só visitar: https://plus.google.com/u/0/114791210602461724758/posts )

  2. Rodolpho 03.08.2012

    Belo comentário, professor.

    Diria eu que esse é o que mais concordamos até agora no que se relaciona a seleção masculina.

    Felizmente queimei a língua com o Larry. Jogou muito. Infelizmente foi premiado com o banco, quando poderia ter jogado juntamente com o Huertas o minuto final. Pra um ex-jogador de basquete, me senti mal pelo neo-brasileiro. Jogar bem e ir pro banco é frustrante demais, só quem passou por isso sabe dizer.

    Perdemos o jogo nos lances livres. E erramos várias bandejas, principalmente em contra ataques, com Alex e Machado. São dois fundamentos básicos que definiram um jogo de alto nível. Não é coincidência.

    O que mais me irritou foi pegar os números do jogo e notar que o “pivô” que ficou mais tempo em quadra foi o…Guilherme. O que passa na cabeça do Magnano!? Só ele não percebe a fragilidade defensiva com o Guilherme de pivô? Perdemos vários rebotes com ele, e os que ganhamos não geram contra ataques, pois são tão suados que até o domínio da bola a defesa já voltou! Que diabos está acontecendo com esse treinador? Ele não percebeu que Marcelinho Machado tá totalmente sem confiança (ou ciente do seu desnível técnico-tático no nível olímpico) e deve ficar os 40 minutos no banco!? Será que Raul ou Caio são tão imprestáveis assim!?

    E pra fechar, gostaria de ser o jornalista que entrevistou os jogadores na saída do jogo e fazer a seguinte pergunta aos jogadores Marcelinho Machado e Marquinhos: O que vocês sentem – se é que percebem – quando um jogador da estatura do Alex é designado a marcar o Deng e o Kirilenko por que vocês não tem a menor noção da principal característica de times vencedores do esporte que praticam?

    Uma vitória contra Espanha ainda nos coloca em primeiro no grupo (Se a Espanha vencer a Rússia). Nenhum jornalista conseguiu fazer essa conta, pelo que percebi.

    Grande abraço, professor. E que a lucidez dos seus comentários sobre esses jogos possa lhe dar a chance que esperas no NBB!

  3. Marcelo 03.08.2012

    Que bom ver o Larry jogando muito bem e se personalizando, só estão faltando algumas assistências.

  4. mauro scapin 03.08.2012

    e isso ai prof. e ai vai adiantar alguma coisa essa derrota
    um abraco
    senao adiantar deixe isto pra la e ve nha almocar conosco

  5. Paulo A 03.08.2012

    Professor,

    achei que o Larry foi sacado devido sua baixa estatura em marcar um provável tiro de três que definiria o jogo, já que haveria um ou dois ataques e o Huertas deveria segurar a bola e não partir pra aquela infiltração relâmpago que gerou a “andada”.

    A troca nos corta-luzes melhorou, mas como comentou o colega acima, não foram com ênfase nos armadores.

    A rotação se mostrou interessante, o Brasil virou com o time B e o técnico segurou mais que no jogo passado a segunda rodada de trocas.

    Os tiros de três amadurecem a cada jogo, neste eu senti falta de aguardar o melhor posicionamento dos pivôs para os rebotes, (ou seja, precipitação).

    Estamos evoluindo a cada jogo, acredito que o felling do técnico com o time evolua tb (lembrando que quando foi campeão com a Argentina sofreu duas derrotas na primeira fase).

    Apesar das oscilações, os momenos de alta do Leandrinho, Marquinhos e Larry tem sido de altíssimo nível.

    Temos novamente um timaço de basquete!!

    Abraços

  6. Thiago Tosatti 03.08.2012

    Professor após aquela bola cair me lembrei de uma série de posts seus chamados “Anatomia de um Arremesso”, mesmo com todas as nuances táticas foi um fundamento bem executado que definiu o vencedor.

  7. Basquete Brasil 03.08.2012

    Prezado Renato, concordo que temos deficiências nas conclusões próximas à cesta, nos DPJ’s, nos ganchos, nos lance livres, e até mesmo nas bandejas. Agora pergunto – Numa comisão técnica com três assistentes, quando se pressupõe serem os mais gabaritados, experientes e conhecedores do grande jogo e seus fundamentos,não teria um deles a responsabilidade de ensinar, isso mesmo, ensinar melhores técnicas de arremessos aos jogadores? Ou não sabem? Sempre esqueço que são, e mesmo se consideram estrategistas, o que duvido de mãos postas aos deuses, de verdade…
    Diriam todos eles que jogadores de elite já são graduados, ainda mais quando selecionados, aspecto que discordo pratica e tecnicamente, basicamente por pertencer à velha guarda do basquete, aquela que primeiro ensina os fundamentos, para pensar muito depois em estratégias.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  8. Basquete Brasil 03.08.2012

    Prezado Rodolpho, a seleção ainda terá de caminhar bastante sobre pedras para atingir o grau de excelência buscado pelo Magnano, que de tão apurado exige ao seu lado um assistente conterrâneo, e não um dos estrategistas nacionais, que passam os jogos inteiros anotando o que pode ser conseguido de forma bem mais objetiva, as estatisticas fornecidas pela FIBA.Quanto à utilização de nossos pivôs de forma mais constante, somente o Magnano poderá responder, assim como tudo de técnico tático referentes a seleção. No mais, se eu trocasse a lucidez e independência que você aponta em meus comentários, por uma dose maciça de marqueting e auto promoção, garanto que estaria na direção de uma equipe maior desde sempre…
    Um abraço, e obrigado pela honrosa audiência. Paulo Murilo.

  9. Basquete Brasil 03.08.2012

    Não só assistencias, e sim boa companhia na armação, prezado Marcelo. Um abraço, Paulo Murilo.

  10. Basquete Brasil 03.08.2012

    Oi Mauro, sei que estou devendo uma maior presença. Almoço contigo em breve, faço questão. E torçamos pelo basquete brasileiro que tanto amamos. Um abração, Paulo.

  11. Basquete Brasil 03.08.2012

    Prezado Paulo, suas observações são pertinentes e bem colocadas, mas permita-me dois pequenos adendos. Primeiro, a saida do Larry quebrou uma rotina bem estabelecida por ele, dominante até aquele momento crucial do jogo, tanto ofensiva, como defensivamente, fator esse que poderia ser somado a entrada do Huertas, não em seu lugar, mas sim do Leandro, pois reforçaria o jogo externo, incrementaria o interno com o Nenê, e aumentaria em muito a velocidade na defesa. Segundo, ainda estamos longe de ser um timaço, dada às flagrantes discrepâncias de qualidade de nossos jogadores. Quando equilibrarmos as convocações estaremos no caminho de excelência buscado pelo técnico argentino. Até lá nos constituimos num bom time.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  12. Basquete Brasil 03.08.2012

    Concordo prezado Thiago, a equipe russa tem muito bons fundamentos, e o arremesso é um deles, e que foi decisivo. Mas um dia aprenderemos, tenho certeza.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  13. Ramon 04.08.2012

    Professor o Alex era o homem certo para estar marcando a saída de bola no lance final, não vi nenhum comentário a respeito disso em lugar nenhum? Não seria melhor um jogador mais alto?

    Quanto a saída do Larry até compreendi, o Shved(se é que se escreve assim) grande jogador, armador alto, voltou nos minutos finais e em dois lances o Larry não conseguiu parar o cara e não fez a falta, que tinhamos sobrando, na hora e no momento certo. Creio eu, que foi na tentativa de melhor combater o Shved nos lances finais que o Huertas voltou.

  14. Basquete Brasil 04.08.2012

    Não esqueça, prezado Ramon, que a prioridade naquela ocasião era fechar a possibilidade de um arremesso de três pontos, pois um de dois decretaria uma prorrogação, e não uma derrota. Teriamos de induzir os russos para dentro do perimetro, e não como aconteceu. Logo, a grande falha independeu de estaturas, e sim de posicionamentos, infelizmente.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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