PÉROLAS…
“A marcação por zona é um fator que restringe a ofensiva americana, pois não têm especialistas nas bolinhas de três” (comentarista da ESPN, e fico imaginando como denominar o Durant…).
“Sem os pivôs sua ofensiva se torna deficiente junto à cesta, obrigando-os aos tiros de fora” (comentarista da SPORTV).
“Sem os cincões ficam inferiorizados nos rebotes, defensivos e ofensivos também” (comentários gerais).
“Como é possível jogar o tempo todo com os cinco abertos?” (outro comentário na ESPN).
“São gênios, extraterrestres, sublimes…(o comentarista-técnico, ou técnico-comentarista, no SPORTV, que aliás, agora mesmo no programa Bem Amigos vaticinou – “Em 2016 quero dar minha contribuição, e que talvez não seja como comentarista”, e fico imaginando qual seja…)”.
Indubitavelmente são pérolas, e como tais devem ser cultivadas, a fim de que não nos esqueçamos o que representam.
Os americanos, que desde o Mundial de dois anos atrás resolveram jogar um outro jogo, estranho para a maioria adepta do sistema único, que consideraram a inovação como algo inimaginável e de curto alcance. Não foi, nem será, pois alguns poucos propugnam por algo semelhante, inclusive lá mesmo, na Meca do grande jogo, haja vista algumas equipes da NBA que já arriscam algo semelhante, e mesmo algumas da NCAA.
Por aqui, nem pensar, afinal, segundo especialistas, o Magnano não deve se preocupar com a posição 5, bem fornida de talentos, assim como na armação cujos prospectos já estão definidos para 2016. O problema para todos eles se encontra nas alas, os 2 e 3, pois o sistema formatado e padronizado necessita dessas “estratégicas” posições, a fim de que o mesmo seja mantido e desenvolvido (?), afinal de contas empregos têm de ser mantidos, ao preço que for.
Então, na opinião dessa turma, os americanos puderam jogar da forma que jogaram por serem excepcionais, geniais, extraterrestres, aberrações da natureza, etc e tal, quando na realidade assim jogaram por terem o completo domínio dos fundamentos, independente de posições, estaturas, pesos e habilidades especificas. Jogaram abertos porque sabiam transmutar abertura em infiltrações, armação em jogo central, e este em jogo lateral, tendo como denominador comum a ambidestralidade, o conhecimento e a leitura do jogo, além de praticar de forma brilhante o posicionamento defensivo, no corpo e na mente, contabilizando de forma unificada os fundamentos do jogo.
Criatividade nasce da improvisação, que é uma habilidade destinada aos que conhecem seu ofício, profunda e tecnicamente, tornando os sistemas de jogo, abertos ou fechados, factíveis e vencedores, pois só improvisa quem sabe, quem conhece profundamente a arte do grande jogo.
Observem as fotos, projetem de acordo com os grandes jogadores que as ilustram os caminhos que percorreram dentro de defesas poderosas como a argentina e a espanhola, para no fim das contas darem-se conta de que o grande, grandíssimo jogo pode sim, ser jogado de formas diferentes, inclusive por nós. Um dia, nem tão distante assim provei que podemos, e me angustio em não ser permitido sedimentar tal possibilidade, pois não vejo ninguém da nata diretiva sequer interessado no assunto.
Mas acredito, tenho fé e esperanças que alguns dos novos técnicos , insistam, perseverem, pois quem sabe, poderemos enfrentar esse novo ciclo olímpico da forma mais desejada possível, aquela que reflete a competência, o estudo, a pesquisa, e a ousadia na busca de dias melhores para nossos jovens, pois merecem acessar algo de novo, inspirador e acima de tudo, desafiador.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.
Durante as Olimpiadas vi a maioria dos jogos em meio ao trabalho (um olho lá outro cá) e até por isso com o devido “mute” na TV!
Aconselho a todos que conseguirem esse feito (de assistir sem som), pois para entender o jogo fica bastante mais fácil (sem os víeses das bobagens que se fala a cada minuto – por exemplo, lembrar mil vezes que a geração da Argentina é “maravilhosa”; que o Scola é o maior cestinha, etc – chega a ser irritante!).
Mesmo assim e com alguns jogos com som do fim de semana ouvi todas as citadas pérolas, menos essa (assustadora) do “comentarista-técnico”!
Quanta humildade, heim? Por essas e pelo nível geral de seus pares atualmente é que nao dá pra criticar o Magnano nem quando esse faz besteira; o risco de troca é por demasiado alto!
Você já imaginou uma Olimpiada no Rio/Brasil, sob a égide do poder praticamente absoluto de uma emissora global,prezado Ricardo? O “talvez”, não duvido nada, pode se tornar realidade…e ai, meu caro, não só o som deverá entrar em mute, a imagem mais ainda.Mas lá no fundo merecemos tudo isso, pela omissão e pusilanimidade que nos acompanha e representa desde sempre, fora e muito mais ainda, dentro das quadras.Prevejo um ciclo olímpico dantesco e selvagem, pois nada detem a força da egolatria, alimentada pela mesmice endêmica que nos fere e esmaga desde a formação de base. Que os deuses nos ajudem.
Um abraço, Paulo Murilo.
Mestre Murilo Quero que me digas sinceramente o que o Sr. acha de ver o saudoso Wlamir Marques, chamando o time do EUA de peladeiros na ESPN Brasil. Dentre outros comentários sobre a excelentíssima NBA todos repugnando o padrão de jogo dos Americanos, Acho que sinceramente com esse tipo de filosofia arcaica e sectarista no basquetebol, O Brasil nunca irá ter basquete de ponta.
Saudoso Wlamir, prezado Tiago? Esse grande professor, jogador, técnico, comentarista aí está radiantemente vivo e saudável, nos brindando com seus comentários lúcidos e competentes desde sempre. Respeito muito as opiniões dele, mesmo discordando de algumas, o que é saudável, pois desperta debates e pontos de vista dos mais variados matizes. Por isso mesmo tenho uma opinião divergente sobre o basquete americano, principalmente quanto a proposta do Coach K nas últimas competições mundiais e olímpicas. Mas como afirmei, tais divergencias incrementam o progresso da modalidade, discutindo-a com maior profundidade, inteligência e isenção. Mas valeu a sua bem colocada pergunta. Um abraço, Paulo Murilo.