RESPONDENDO AO MARCOS…
Caro professor. Será que o desenvolvimento do basquete em nosso país passa tão longe da possibilidade de adotar os moldes americanos onde valorizam a formação e evolução no ensino médio e no universitário? Qualquer jogador americano mediano (para não dizer medíocre) se destaca apenas por ter respaldo em sua formação como atleta nas categorias mais básicas. O atrelamento da evolução esportiva ao curriculum escolar é tão difícil que vemos jogadores como Neymar e outros abandonando a sala de aula com respaldo do mesmo ministério que julga exploração do trabalho infantil se o garoto ajudar seu pai em um comércio ou pequeno negócio da família durante algumas horas do dia. O que falta para se implementar um projeto piloto que force utilizar grandes jogadores quando muito jovens ainda a se manterem atuantes dentro do sistema educacional? E realmente uma liga de desenvolvimento poderia ser bancada no Brasil de hoje?
Recebi esse comentário aposto ao artigo Os Conceitos Modernos de Basquete, enviado pelo leitor Flavio Marcos de Natal, RGN, e que coloca com propriedade um dos mais emblemáticos problemas vividos pelos jovens que praticam esportes em nosso país.
Jogar? Estudar? Os dois? Ou…
Por que não os dois, porque não? O que impede e quais os empecilhos, quais as verdades omitidas para que essa dualidade seja impossibilitada em nosso país?
Ora, prezado Marcos, num país em que nem a direita, e nem a esquerda querem o povo educado, pois dessa forma se mantêm no poder quando “eleitos”, o que esperar em termos de educação ampla, justa e democrática para uma população com tantas carências?
Mesmo agora, quando passamos por uma demanda absurda de mão de obra qualificada, privilegiamos a contratação de estrangeiros para supri-la, em vez de estabelecermos uma verdadeira política educacional no país, na qual, sem dúvida alguma, as artes, a música e os desportos estariam firmemente ao lado da formação acadêmica, na busca de uma educação integral, e de alta qualidade.
Os desportos, a educação física, atividades básicas na formação dos jovens sequer seguem um projeto, por mísero que seja, para sua implementação e desenvolvimento, atingindo um estágio atual de atividades opcionais, que na prática as tornam dispensáveis, principalmente nas escolas. Então, num cenário tão devastador, o que esperar em formação de base desportiva, e porque gastos no preparo de professores e técnicos de boa qualidade? Desporto e olimpísmo são na verdade de alto, altíssimo interesse das obras faraônicas, das verbas colossais, das inesgotáveis empreitadas de lucratividade impensável a um país sério, a um país preocupado com o bem estar de seu povo, da educação de seus jovens, estabelecendo verdadeiros e sólidos padrões de progresso e justiça social.
Sim, prezado Marcos, educar um povo privaria essa escumalha que nos corrompe e humilha do poder escuso e imoral a que estão regiamente ligados desde sempre, desde que nos foi imposto o regime das capitanias hereditárias, e já fazem mais de 500 anos.
Um povo educado não se permitiria estar sujeito a tanta podridão, tanta corrupção, tanta pobreza, de corpo, mente e alma.
Um povo educado não permitiria o comando e a influência de indivíduos como o ai de cima, jamais, jamais.
Prezado Marcos, sinto muito, mas ainda teremos de evoluir muito, sofrer muito, chorar muito, até que num dia, num futuro qualquer…
Que os deuses nos ajudem.
Amém.
Foto – Reprodução do O Globo de 6/10/2012
Lisonjeado, é a única palavra que posso usar para descrever como me sentí ao ver o destaque dado ao meu comentário. Suas palavras continuam sábias e cheias de pesar com a realidade que vivemos, e o “continuísmo” observado nas esferas do COB, FIBA, CBB, FIFA, CBF e siglas mais que deveriam gerenciar o esporte com mais propriedades deixa tudo mais aterrador ainda. Será que não percebem que após consumir todo o rebanho restará consumir apenas a sí próprios? Boa parte das cidades elegeram prefeitos ou terão no segundo turno candidatos que tiveram menor número de votos que a soma de brancos, nulos e abstinentes. No campo do grande jogo que admiramos o numero de pessoas que são apaixonados por este esporte e se mantêm inertes e (ou) desinteressados é de uma grandeza infindável se comparado ao que vimos no pleito atual.
Nada mais fiz do que complementar um belo e oportuno comentário seu, prezado Marcos, justificando aqueles poucos que verdadeiramente lutam pelo soerguimento do grande jogo, com responsabilidade, conhecimento, sacrificio e fervor de que o mesmo renasça e retome seu devido lugar junto aos jovens deste imenso e injusto país.
Obrigado pelo apoio e incentivo. Um abraço, Paulo Murilo.