MAIS DO MESMO…
Ligo a TV e aguardo o inicio do jogo, curioso em presenciar algo de novo, afinal, os investimentos foram altos, o técnico faz parte da comissão da seleção, o treinamento obedeceu a um razoável prazo de trabalho, jogos internacionais e regionais foram travados, enfim, a equipe estaria perto de adquirir um bom conjunto, e melhor ainda, um consistente padrão de jogo.
O ginásio platense estava às moscas, com espaços sobrando para as brincadeiras infantis em suas bancadas, mas o clima de algo inovador pairava na mente aqui do velho observador, esperançoso de testemunhar novos e arejados ventos a favor do nosso combalido basquetebol.
Mas foi começar o embate, para rapidamente se esfumaçar esperanças e anseios, pois o que se viu dali em diante foi a milionésima versão do mesmo, do mais do mesmo…
Marcelo de armador (e o americano ou congolês, sei lá, o Gegê, não armam mais?), Benite de 2 (?), Marcos de 3, Alexandre de 4, e o Caio de 5, todos vivenciando os personagens usuais, monocórdios, e usando uma terminologia bem mais concreta, manjados…
Antigamente conhecíamos a ação do “arma que eu chuto”, utilizada por alguns dos gatilhos da época, mas o “armo para chutar” é inédito, e o Marcelo, criativo como poucos, adotou a novidade com ardor, criando para si toda uma movimentação para um específico e prioritário fim, sua tradicional bolinha, infelizmente atingindo um 3/8 nada eficiente, somente sobrepujado por um 0/7 de seu irmão, num cenário de 7/25 bolas de três.
Mesmo assim, e frente a uma medíocre equipe uruguaia, onde os pivôs brasileiros, Átila e Ricardo davam mostras de como correr ineficientemente de um lado a outro e saltar atrás das bolas falhadas de seus companheiros, sem participarem do jogo em si, a equipe carioca conseguiu se impor com alguma folga ao final dos quartos iniciais.
Os dois quartos finais foram trágicos, pois os rubros negros se perdiam dentro de um sistema que conhecem de sobra, mas pouco empenhados em exequibilizá-lo, cedendo terreno para a reação, mesmo desordenada, dos uruguaios, que concentrando seu jogo no perímetro interno, levou todos seus jogadores altos a ficarem pendurados em faltas, mas que não beneficiaram seus oponentes, que num jogo de tal importância contabilizaram um 19/34 nos lances livres, numa derrota por 8 pontos.
Concluindo, foi um jogo muito ruim, com a equipe do Flamengo cultuando o mesmo sistema único desde sempre, e que nem a tentativa de terminar o jogo com três armadores em quadra conseguiu desfazer a imagem de déjà vu pairando no ar rarefeito de criatividade e ousadia técnico tática, pois o mais do mesmo ainda dita as cartas, e continuará ditando por um longo, longuíssimo tempo…
Amém.
Fotos – Prancheta rubro negra em ação, mas sem respostas convincentes, e uma tentativa de três do Duda contestada muito de perto por um gigantesco pivô, quando bastaria uma…deixa para lá.
Prancheta uruguaia, que infelizmente não cobra lances livres…
Fotos reproduzidas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.
Professor, eu fico triste pelo basquete nacional e também pelo Magnago. Explico: os treinadores brasileiros que o auxiliam na seleção e os jogadores que fazem parte da mesma, vendo todo o esforço do técnico em implantar o jogo cadenciado, menos chutes de 3 , jogando com pivôs, ao voltar aos clubes parecem que esquecem tudo , chutes e chutes de 3 , jogadas definidas rapidamente , enfim , tudo que já sabemos. Parece que o brasileiro se recusa a aceitar que o nosso jogo não é o correto. Os resultados mostram . Os times (clubes) brasileiros raramente vencem os argentinos. Magnano sozinho não faz verão. Saudações saldanhistas. Abraço.
O segundo jogo foi bem melhor. Mas é dificil dizer a que ponto está a equipe quando o adversário é amador.
Foi possível observar alguma esperança no jogo seguinte, professor? Abraços!
Prezado Tiago, tanto concordo com seu comentário, que menciono esta situação no artigo publicado hoje, numa prova inconteste de que não me encontro sozinho nessa cruzada a favor do jogo bem jogado, pensado, e que dá gosto de ser assistido.Um abraço, Paulo Murilo.
Desculpe Rodolpho, mas como afirmei no artigo de hoje, tive de optar a qual jogo assistir. Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Victor, estavamos sentindo falta de seus sempre oportunos comentários, mas deixo a você, que assistiu o jogo, estar ou não esperançoso de que algo deva melhorar para o futuro.
Um abraço, Paulo Murilo
Nem sempre comento, nobre Professor, pois seus artigos são sempre tão contundentemente fundamentados que não há muito mais o que dizer, além de dificilmente discordar de sua magistral visão do grande jogo, salvo pequenas divergências opinativas naturais do democrático debate. Mas estou sempre atento, e me dedico a leitura deste espaço com a mesma regularidade com que leio tablóides diários.
Quanto ao jogo que citei, me despertou uma esperança sim, ainda que tênue. Não vi ainda grandes e esperadas mudanças táticas (ainda acho um pouco cedo, creio que se vierem, só lá para a metade do primeiro turno do NBB), mas ao menos a atitude da equipe rubro-negra mudou neste jogo em relação ao confronto com os uruguaios, igualmente fracos como os chilenos. Só issó já proporcionou um placar mais elástico, sem a letargia que abateu o time na primeira rodada. E apesar da profusão de jogadas individuais (muitas proporcionadas pela fraca defesa chilena), gostei das opções dos armadores, que aproveitaram os espaços para envolver o time no ataque com várias assistências (27 no total).
Verdade que os velhos hábitos arraigados no Fla ainda estavam lá, como o excesso de bolinhas (12/27), e não deu pra tirar muitas conclusões defensivas contra um time que erra tanto (19), mas ao menos tivemos maior produção rubro-negra no garrafão, embora com aproveitamento ainda abaixo do desejável (25/43). Interessante também que os jovens que entraram nos minutos finais mantiveram o ritmo de jogo, demonstrando que podem ser úteis ao longo da árdua temporada.
Enfim, a atitude me deu esperanças, que não sei se esvairão, ou serão correspondidas. Mas como basqueteiro e rubro-negro que sou, a minha sequer pode morrer…
Abraços!
Honestamente Victor, não acredito nessa nova fase da equipe, e pelo que expús no artigo de hoje você pode ter uma idéia do porque desse descrédito. Enquanto a meritocracia não se impuser no país, veremos fluir e vicejar pseudas lideranças artificiais e fabricadas, muitas vezes por uma desinformada mídia, ou por pessoas que só pensam em se locupletar com o desporto. Espero estar enganado, mas lá no fundo, sei que não.
Obrigado por sua sempre bem vinda audiência. Paulo.
Depois de assistir a essa última peleja, sou obrigado a concordar com o seu descrédito, professor. Manterei minha esperança apenas pelo espírito torcedor, mas como basqueteiro, está difícil crer que esse time apresentará algo de novo, e estará fadado ao fracasso diante de um jogo minimamente consistente. Abraços!
Não diria fracasso, mas sim um caminhar extremamente espinhoso, sem necessidade de fazê-lo, bastando para tal uma liderança técnico tática diferenciada da mesmice que praticam desde sempre. E é nesse ponto que duvido ocorram mudanças a curto prazo.
Um abraço Victor. Paulo.
Minhas dúvidas para desejadas mudanças já não são nem quanto ao prazo, nobre Professor, mas quanto a capacidade do “líder” em implementa-las, ainda que tenha tempo de sobra para tanto. Parafraseando o senhor nos comentários do artigo adiante, que liderança? Abraços!
Quando uma série de dúvidas desaguam em certezas, Victor, sinaliza que uma determinada situação tende a se materializar, e sem volta. Tempo de sobra e estrutura de bom nível não garante sucesso se a proposta técnico tática se fundamentar na mesmice endêmica solidamente encastelada na triste realidade do nosso basquete.
Um abraço, Paulo Murilo.