MAIS DO MESMO III…
Está ficando cada vez mais difícil escrever sobre basquete de qualidade nesse país, ainda mais quando o assunto é direcionado aos embates internacionais, contra argentinos em particular. Houve um tempo em que tais enfrentamentos não ofereciam maiores preocupações, dada a nossa superioridade desde a formação de base até as superiores, quando, lentamente essa superioridade foi sendo dirimida pelos hermanos, através um trabalho orientado a excelência, principalmente nos segmentos de formação de base e de técnicos especializados. Uma sólida associação de técnicos serviu de respaldo à escola de treinadores, espelhada principalmente nas experiências espanhola e americana, enquanto em nosso país, e à mesma época, duas associações de técnicos, ANATEBA e BRASTEBA foram liquefeitas pelo poder central e coercitivo da CBB, temerosa de que tal associativismo influísse em suas decisões técnicas.
O resultado ai está exposto em toda sua dimensão trágica, originando uma inversão de valores e influências técnicas, destinando ao basquete platino a atual superioridade sul americana, com poucas e bem difíceis chances de reversibilidade em médio prazo.
Logo, bem ao contrario do que muitos pensam, falam ou mesmo escrevem, considero nossa decadência originada na omissão da grande maioria de nossos técnicos, principalmente aqueles que detiveram o comando de seleções nos últimos 35 (ou mais…) anos, desde que a ANATEBA foi liquidada pela CBB em 1974, sem que os mesmos movessem uma palha sequer em defesa da manutenção associativa, já que devidamente contemplados com os cargos maiores de comando, em troca da subserviência e tutela da avessa mentora a tais movimentos.
Somemos a esta evidência, a fusão coercitiva e política do Estado da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, quando a cidade estado deixou de ser o segundo estado mais rico e poderoso do país, para ser transformado num município enfraquecido e favelado, dando fim ao poderio esportivo que a mantinha como concorrente direta ao poderoso estado de São Paulo, e onde o basquetebol atingia o interesse maciço de sua população jovem e entusiasta.
Sem tão poderosa competição, o esvaziamento da modalidade se tornou patente, dando origem à situação em que hoje se encontra no cenário desportivo nacional.
Com a ausência de lideranças atuantes, começou o nosso basquetebol a sofrer influência direta da NBA, quando a mesma começou a ser diretamente veiculada em canal aberto nos anos noventa, dando inicio a implantação do sistema único de jogo, hoje largamente utilizado pelas equipes nacionais, mesmo as de formação, sem que sistemas alternativos sequer consigam oportunidades de contrafação ante ao monopólio estabelecido.
Então, quando assistimos a um jogo como o de ontem, entre a equipe do Flamengo e a do Peñarol, em tudo e por tudo ficamos presos à terrível evidência de uma mesmice tática que nos empobrece e minimiza, ante uma outra realidade fundamentada numa bem encaminhada formação de base, e cultura técnico tática platina, mesmo abusando, também, das bolinhas de três.
Como todo comando emana de um bem estruturado projeto, seguido pelos líderes e seus comandados, fica bem claro que o mesmo tende a ruir na medida em que seja contestado pelos que o deveriam seguir, como o fato do Marcelo exercer uma armação sem ser armador (fotos 2 e 3), mesmo na presença em campo de um ou dois especialistas na função, assim como pela insistência no jogo exterior, quando o perímetro interno clamava pela presença dos bons pivôs rubro negros, trocados que foram por bolinhas de três midiáticas e irresponsáveis, como a última do jogo, efetuada ironicamente pelo pivosão da equipe (foto 4), além da mais absoluta passividade frente aos longos arremessos argentinos (foto 1).
Enfim, pouco podemos acrescentar à mesmice endêmica e a hemorragia dos três que, rapidamente vem desmontando, item por item, os ensinamentos do técnico argentino da seleção nacional, como uma velada resposta à sua contestada liderança, a começar pelos seus assistentes (?) na mesma.
Perdemos mais uma decisão de chave para os argentinos, como também, e por mais uma vez, perdemos o rumo e os bons ventos na direção do soerguimento do grande jogo entre nós.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.
O curioso é que o time parece cair na própria armadilha. Depois de um primeiro interessante, com uma defesa sólida, simplesmente deixam de marcar o perímetro, como se desafiando o adversário platense para um concurso de tiros de três, tal como o Desafio das Estrelas… Quanto a “armação” mencionada, chega a ser irritante que o dito “armador” crie a jogada pra ele mesmo! E o pior é que até quem deveria ser o especialista da posição, como o Benite, segue tal sandice! E o Kojo, embora ao menos tente envolver o time, como um verdadeiro armador deveria fazer, cede fácil a pressão da marcação adversária, especialmente sem uma movimentação adequada dos companheiros. Enfim, é como o senhor disse nos comentários do outro artigo: não há comando que sobreviva a essas pseudo-lideranças… Abraços!
Mas que comando, prezado Victor? Existindo de verdade nada do que vem ocorrendo aconteceria, a começar com a constituição desigual e politica da equipe. “Nomes”não vencem campeonatos, e sim bons, confiáveis e trabalhadores jogadores, e uma direção coerente em seus propósitos, que em hipótese alguma se submeta a valores que não sejam alinhados à sua concepção do grande jogo, determinando o caminho a ser seguido por todos, e não, alguns…
Um abraço. Paulo.
É bom lembrar que o técnico do flamengo é o assistende do magnano. Será que ele não aprendeu nada após longo tempo de convivio?
No segundo período parecia time de colégio jogando contra profissionais. Tinhamos dois jogadores “brincado” de um contra um com o time adversário, um duelo de peladeiro, e no final não conseguia passar pelo adversário, não passava a bola e simplesmente arremessava de três ( errando ).
Abraço
quim
É, prezado Quin, a coisa está ficando cada vez mais preta para o nosso querido grande jogo.Melhoras, progresso, avanços reais? Não sei, honestamente, não sei. Mas sei que, aos poucos a coletividade basqueteira vai acordando, e quem sabe outros caminhos percorreremos?
Um abraço, Paulo Murilo.