INFELIZES DECISÕES…
Se olharmos um pouco além dos números apresentados pela estatística oficial do jogo em que o Flamengo superou o Pinheiros por elásticos 30 pontos (107 x 77) poderemos tirar algumas conclusões bastante significativas à luz dos comentários midiáticos, que saudaram os 18 arremessos de três pontos da equipe rubro negra, como algo auspicioso, frente aos 29 de seu adversário, ainda mais com seus 13 acertos (72,2%) como algo inédito em se tratando de uma equipe utilitária em larga escala desse tipo de arremesso.
Para tanto, e para quem assistiu ao jogo, alguns aspectos deveriam ser levados em conta, vejamos:
– Dos 107 pontos conquistados pela equipe carioca, 44 foram de 2 pontos (41.1%), 24 de 1 ponto (22.4%), e 39 de 3 pontos (36.4%).
– Dos 77 pontos conseguidos pela equipe paulista, 32 foram de 2 pontos (41.5%), 12 de 1 ponto (15.5%), e 33 de 3 pontos (42.8%).
– Constatamos então, de forma bastante clara, que 11 erros a mais nos arremessos de 3 pontos dos paulistas (11/29) originaram praticamente a diferença no jogo, pois a mesma, observada nas conclusões dentro do perímetro interno, 40 pontos para a equipe carioca, e 22 para os paulistas, talvez não fosse suficiente se os erros de seus longos arremessos não tivessem alcançado o baixo índice apresentado, numa teimosa insistência que os retirou das conclusões interiores.
– E foi este o grande mérito da equipe rubro negra à partir do terceiro quarto, a defesa fora do perímetro, obstando e dificultando ao máximo os arremessos longos, assim como foi o erro capital dos paulistas pela insistência dos mesmos, abdicando do jogo interno com seus bons pivôs, eles mesmos autores de muitas tentativas de fora, já que nada acionados internamente.
– Lembremos, que o altíssimo índice de 13/18 nos arremessos de três, deveu-se concludentemente à completa ausência de anteposição defensiva, mesmo de leve, dando uma idéia de um comportamento passivo que poderia ser explicado pela longa série de jogos que a equipe do Pinheiros vem enfrentando nas duas últimas semanas.
Mas nada que justifique uma ocorrência que vem se tornando freqüente em jogos da divisão de elite do nosso basquete, o destempero de técnicos com jogadores estrangeiros, e o pior, em público, ao vivo, à cores e com som estereofônico, incluindo dedos na cara e a mais absoluta e constrangedora evidência de que algo de muito sério está ocorrendo no âmago dos princípios disciplinares e hierárquicos que obrigatoriamente deveriam pautar a relação técnico/jogador no seio do grande jogo (vide a confrontação do jogador Alex com o técnico do Flamengo ontem).
Observando somente as imagens aqui postadas, podemos aquilatar a imensa distância que nos separam, por exemplo, da hierarquia na qual foi forjado o comportamento do Shamell no meio escolar e universitário americano, onde ações e atitudes como a de ontem não seriam toleradas, ou sequer, desencadeadas, frente a um técnico, que em respeito ao seu longo currículo e larga experiência, tornou também indesculpável sua inquisidora e pública atitude.
Enfim, espero eivado de esperanças, que no jogo decisivo de hoje contra Brasília, toda a equipe do Pinheiros se mantenha dentro dos parâmetros técnicos, táticos e comportamentais necessários às grandes competições, fazendo valer as tradições do grande clube que representa.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.
Caro Professor,
Vejamos o time do Pinheiros: com jogadores de excelentes fundamentos e explosão para a cesta como Shamell, Paulinho e Márcio, e pivôs altos e ágeis como Mineiro e Morro, o que é que esses caras estão fazendo atrás da linha de 3 pontos??!!! Se fosse o caríssimo filho do técnico, cujo único fundamento é o arremesso, ainda dava pra encarar, mas um time desses, e com essa folha de pagamento…
Outra que não consigo engolir são os tempos técnicos do Mortari:”Estão todos mortos”, “Temos que rodar a bola”, entre outros, são clichês que simplesmente não agregam absolutamente nada em termos de instrução. Custa olhar no olho dos caras e mandar fazer um cobertura, pedir para trabalhar alguma jogada treinada, por mais manjadas que sejam? Não adianta “pranchetear” feito um alucinado, mas se não é pra passar instrução alguma, tb não precisava pedir tempo…
Assisti ao jogo de ontem na maior expectativa, ainda mais depois do papelão do jogo de abertura da rodada, mas só perdi meu tempo.
Que hoje seja um novo dia!
Mortari é um treinador ultrapassado (se é que já foi atual um dia). Isso explica – porém jamais justifica – a atitude do atleta.
O pior de tudo é ter 11 no elenco, para 3 competições simultâneas, já que seu filho não conta, pois está 10 kg acima do peso e joga numa posição que só ele executa no grande jogo: ponta esquerda. No estilo Zagallo, o ponta fica aberto, atrás da linha dos 3 e volta fechando o meio de campo (não tem fôlego pra voltar até o fim).
Felizmente Pinheiros foi elmiminado por Brasília, pois o Brasil não merece ser representado por um time tão bagunçado feito o paulista, fruto da anarquia tática e disciplinar instaurada por lá há desde que Mortari assumiu o (sic) comando. Seria mais um fracasso brasileiro ante dois times argentinos bem organizados.
Relação Jogadr/técnico deve ter hierarquia sim, mas quando o jogador entende mais do que o técnico, a coisa complica.
Shamell é americano e os técnicos americanos não tratam seus atletas como os técnicos brasileiros tratam, gritando berrando e xingando, e quem tem razão o modelo americano ou brasileiro, para mim o americano é por isso que eles formam grandes jogadores, na base brasileira esse comportamento dos técnicos contra adolescentes é usual e até pior por isso que a base do Brasil está fraca ao invés de ensinar o grito o berro e o xingamento,
Shamell disse em tom alto, “me respeita como atleta, tenha respeito”,
isso já se viveu no passado entre e Charles Byrd e Hélio Rubens no Vasco, curiosamente entreveiro também entre um jogador americano e um técnico Brasileiro.
E enquanto isso o quadrangular final da Liga Sul-Americana vai ser de novo na Argentina, desde que esse modelo de final foi implanto será a quarta vez de cinco na Argentina.
Isso dito pelo Gonzalez é a mais absoluta verdade, botei meu filho no Fluminense tirei por causa disse, depois no Fla tirei por causa disso, depois Tijuca tirei por causa disso,
no basquete na base e no futebol também, aliás esse modelo de técnicos devem ter vindo de lá do futebol, em muitos clubes não se forma homens disciplinados mas homens submissos aos desmandos dos superiores, eles viveriam muito bem na China e no Brasil de um passado recente sombrio, deveres todos direitos nenhum.
Prezados
Boa tarde!
Caro professor, esperando uma avaliação sua (afinal estou em aprendizado) vou tentar comentar esse atual momento do Basquete em especial do Pinheiros.
Não me admira que o Pinheiros não possua um forte jogo interno, embora tenha jogadores “altos” para exercer a função. Um momento, jogadores altos só é sinonimo de pivô no Basquete, principalmente na elite, se este for dotado de habilidades (pivoteios, arremessos curtos principalmente utilizando a tabela, ganchos, trabalhando sempre no plano baixo com as pernas semi-flexionada), enfim alguns fundamentos básicos que nos pivôs do Pinheiros são pouco utilizados, pois os pivôs aqui no Brasil não possuem autonomia para tanto, aqui, são estimulados a pegarem rebotes (quando pegam), fazer bloqueios em jogadas de Pick and Roll e Pick and Pop, para desafogar as saidas de pressão agora jogo 1×1 na tábua ofensiva é raro, muito raro.
Não vejo hoje o Pinheiros como uma equipe forte. Vejo um elenco com um desgaste entre comissão tecnica e atletas, que se fez explodir no jogo em questão onde um recém recuperado Shammell não fora preparado para atuar na condição de recém recuperado, na minha opinião foi um erro ele entrar em uma partida tão importante nessa fase em que ele está.
Com atletas bons na base (David Rosetto um atleta promissor), fora negociado com o Sky Cearense, e os Juvenis que lá estão pouco são aproveitados tendo que disputar vaga com Bruno Mortari (eu me nego a falar uma linha desse atleta), que insiste em jogar (penso que é só por diversão, não há outra possibilidade), prejudicando uma possivel rotação que seria bem melhor aproveitada por um atleta juvenil que quer mostrar serviço.
Sobre o experiente treinador Claudio Mortari, pouco posso falar pois estou anos luz abaixo do mesmo em experiencia, porém posso falar sobre a atuação de sua equipe na visão de quem tem uma garra por aprender e que não está tendo bons exemplos (escola de treinadores irá ensinar a vivenciar cenas iguais as da foto????), uma equipe que como ele esbraveja em seus tempos técnicos (mortos, e sem competencia para rodar a bola) contesta-se então o trabalho de preparação física ou a falta de motivação faz com que os atletas não deem 100% de si em momentos de revés?
Consideremos que as declarações de Claudio Mortari tenha sido infeliz no tempo tecnico, principalmente frente uma equipe que está jogando a final do Paulista simultaneamente a Liga Sulamericana. As palavras fazem efeito e se ele tivesse motivado seus atletas, o resultado poderia ser outro ou menos trágico.
Abs
Josue
Professor,
Eu estou convicto que o maior problema no basquete brasileiro é a completa deficiência de nossos atletas para realizar defesas consistentes. Inclusive essa questão do número elevado de bolas de três em todos os jogos é explicável devido a quantidade enorme de oportunidades, livres de marcação, que recebem os atletas que jogam mais no perímetro. É a filosofia: “Só se ganha no ataque, fazendo mais pontos que o adversário…”
O que o sr. acha disso? Acredita que se as defesas fossem um pouco melhores o número de tentativas de três diminuiria naturalmente? Ou nós já estamos demasiadamente viciados neste estilo de jogo?
Prezado Ricardo, a equipe do Pinheiros é utente do sistema único de longa data, e por isso seus pivôs, dos mais nominados, poucas oportunidades têm de participar do jogo na plenitude de suas capacitações e competências, pois é um sistema que privilegia o 1×1 e os arrematadores à cesta, sobrando para os mesmos os rebotes, e agora, como válvula de escape, os arremessos de…TRÊS!
E não é prerrogativa dessa equipe não, pois a maioria das que compõem a Liga agem e jogam da mesma maneira. Logo, nada de novo a acrescentar nessa mesmice endêmica em que embarcou o basquete em nossa terra. Como todos jogam e agem da mesma forma, seus técnicos não poderiam agir diferentemente uns dos outros, num corporativismo aqui discutido de também, longa data.
Mas não se preocupe, vai piorar, até o momento em que mudanças ocorram, ou…
Um abraço, Paulo Murilo.
Olá, Sanderson.
Sei que a pergunta é direcionada ao professor, mas gostaria de opinar. Acredito que defesas mais consistentes, principalmente pressionada na bola, principalmente em cima dos armadores, ganharia jogos sim. Hoje, o que podemos ver é um trato de compadres, onde um não marca o outro pressionadamente, barganhando o mesmo tratamento do lado contrário da quadra. Porém, essa defesa mais forte no perímetro não inibiria os famigerados arremessos de três pontos completamente desequilibrados e forçados. Tivemos um exemplo prático disso no jogo citado nesta postagem. A partir do segundo tempo, a equipe do Flamengo pressionou mais o perímetro e os pombos sem asas continuaram reinando nos ataques do Pinheiros. Obviamente os acertos foram diminuindo até que a distância no placar ficou na casa dos 30 pontos.
O que precisa realmente ser feito é investir nos fundamentos, na leitura de jogo, movimentação ofensiva contínua e objetiva, além da desmistificação de que a mais elevada qualificação técnica que um atleta de basquete tem é um chute de longa distância, ou uma enterrada. Preste atenção nos melhores momentos que são escolhidos pela tv: enterrada, ou bola a um metro da linha de três pontos. Acredito que isso fique também na cabeça dos atletas, principalmente dos mais jovens. Inúmeras vezes eu vi garotos de 14, 15, 16 anos, que não sabiam sequer driblar com as duas mãos com a mesma eficiência e já ensaiavam suas magistrais enterradas.
Abraços!
Quando um sistema monocórdio de chifres, camisas, cabeças, e sem lá mais quantas definiçõe das mesmas jogadas utilizadas por todos os técnicos, da base ao adulto e nas seleções municipais, estaduais e nacionais, se cristalizou da forma mais definitiva, o que esperar de todos eles senão o comportamente corporativo que ostentam? Quebrar tão potente e resistente corrente não é para qualquer um, e bem sei o que falo, pois tentei, e sei o que bem significa no âmago do mesmo.
Prezado Rodolpho, ainda teremos de evoluir bastante para sufragar novos e arejados tempos.
Paulo Murilo.
Sim, prezados Gonzalez e Araujo de Oliveira, este é um dos gargalos mais criticos por que passa a nossa formação de base, e que é fruto da carente formação universitária, onde as cargas horárias das modalidades esportivas foram minimizadas para cederem espaço às disciplinas paramédicas, assim como na maioria dos clubes ex jogadores se transformam em técnicos sem um mínimo de conhecimentos didáticos e pedagógicos, obtendo registros de provisionamento nos crefs e cursos de curta duração, que claro, os limitam potencialmente no trato com os jovens. É uma situação perigosa, e que deveria ser vista de formas abrangentes e responsáveis por parte das autoridades educacionais do país. Até lá, o que veremos é esse pastiche de formação de base que você mesmo atestou, e que mesmo as honrosas exceções existentes no país, não conseguem equilibrar tais distorções. Mas temos que continuar lutando e perseverando nessa luta pelo grande jogo.
Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Josue, creio que os artigos que tenho escrito sobre o assunto expõem uma avaliação precisa sobre o mesmo, inclusive suscitando um debate bastante auspicioso, inclusive de sua parte, o que me deixa satisfeito com os novos rumos que ensaia soluções a médio prazo para a nossa formação de base. Continuemos a estudar e discutir o grande jogo, ele merece o melhor dos nossos esforços, ao preço que for.
Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Sanderson, concordo com você, esse é o maior de nossos problemas, a defesa contestatória no perimetro externo, e que por mais viciados que estejamos nessa deficiência, nada impede que a combatamos com muito treino na formação de base, e por que não, no adulto também. É uma possibilidade muito ampla, bastando que queiramos implantá-la e desenvolvê-la.
Um abraço, Paulo Murilo.