OS PREOCUPANTES ERROS…
Tem-se escrito e falado muito na melhoria defensiva de algumas poucas equipes no NBB, principalmente as do Flamengo, Franca, Paulistano e Bauru, conotando às mesmas vitórias até certo ponto acachapantes neste primeiro turno.
Sábado passado, a dupla de técnicos espanhóis, contratados exatamente para melhorar nossos sistemas de jogo, os defensivos em particular, levaram duas surras memoráveis, com 36 e 45 pontos de diferença para cada uma das equipes que dirigem, exatamente contra Franca e Flamengo, que pressionando fortemente na defesa levaram de roldão Mogi e Palmeiras.
Mas algo realmente incomoda, não o fato de assistirmos defesas fortes e pressionadas num campeonato tradicionalmente aberto desde sempre à permissividade defensiva, daí o reinado das bolinhas de três, mas sim, e pelo fato das mesmas ao estarem na moda, sejam individuais, zonais ou toda a quadra, gerarem o aparecimento escancarado da indigência nos fundamentos de jogo, nosso real e inconteste fratura, haja vista a enorme e progressiva quantidade de erros de fundamentos que se avultam a cada rodada jogada, atingindo médias assustadoras e preocupantes. Pivôs perdendo bisonhamente a bola ao tentar driblar dentro do perímetro, alas praticamente tropeçando na bola ao partir para a cesta, armadores enredados em dobras laterais e enrolados na concepção, preparação e desenvolvimento de corta-luzes da forma mais bisonha possível, e técnicos a tudo assistindo e insistindo em jogadas que vão dos chifres aos punhos, obrigatoriamente falhadas pela primariedade de seus jogadores no domínio dos fundamentos. Pensar e agir na melhoria da técnica individual de seus jogadores, nem pensar para alguns, pois para isso ai estão os verdadeiros donos das equipes, os agentes e empresários, trocando peças insatisfatórias no teclar de um smartphone recheado com os currículos, imagens e videos de “astros”, como numa terrível linha de montagem, “facilitando” os estrategistas, seguidores sôfregos da máxima- “Jogou mal, não pontuou, troca por outro, porque um dia se encaixam na minha filosofia de jogo”…
Agora mesmo estamos próximos das finais da LDB, e convido a todos os basqueteiros a acompanharem com atenção os estarrecedores números de erros de fundamentos nos jogos, pois talvez se convençam de que para irmos adiante, quem sabe rumo a 2016, teremos de investir pesado, muito pesado, mas responsável e diligentemente no ensino dos fundamentos, da base ao adulto (por que não?…), como um bom começo, para um pouco mais adiante estabelecermos confiáveis e eficientes sistemas de jogo, ofensivos e defensivos também. Mas tem um problema a ser resolvido, o de que para ensinar fundamentos não basta gostar do grande jogo, nem se considerar um estrategista do mesmo, e sim conhecê-lo em profundidade, e não na superficialidade medíocre em que nos encontramos, pranchetas inclusas…
Amém.
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Professor, vi que o Fluminense montou um time, visando o NBB6, e o senhor, mais uma vez, não foi lembrado, mesmo residindo no Rio de Janeiro, o que facilitaria.
Fiquei decepcionado, mas não surpreso, com sua ausência.
Mesmo assim continuo na esperança de te ver à beira da quadra no NBB6, quem sabe.
Um abraço sincero!
Prezado Rodolpho, estou vetado para dirigir equipes do NBB, e é ordem vinda de cima, de quem pensa mandar alguma coisa, um sub produto rasteiro de um corporativismo abjeto, mafioso e retrógado. Mas aqui no Basquete Brasil não se metem, não podem, pois não têm competência intelectual e técnica para vetá-lo, sequer contestá-lo legalmente. Por isso, e apesar de necessitar trabalhar para saldar dividas bancarias, assumidas no processo espúrio de que fui vitima na penhora de minha casa, único bem que possuo, mantenho essa trincheira de pé, lutando pelo soerguimento do grande jogo, mesmo marginalizado das quadras, mas íntegro, orgulhoso e acima de tudo, visceralmente independente, qualidade que machuca fundo essa escumalha que tanto prejudica o desporto e a educação deste enorme e injusro país. Não se trata de uma teoria conspiratória, e sim uma evidência clara e dolorosa, mas que não me afasta um milimetro sequer do caminho que decidi trilhar, como professor, técnico e jornalista.
Um abraço Rodolpho, sinto mais do que você não me ser permitido competir, exercer minha profissão, mas a vida é assim mesmo, e sei que dias melhores hão de vir, com certeza. Paulo Murilo.