DE HANG’S E ZIPPERS…
Em seus dois últimos jogos (contra o Palmeiras e hoje contra o Suzano), a equipe de Brasília arremessou 40/66 de dois pontos (22/35 e 18/31 respectivamente), e 31/67 de três (14/30 e 17/37 no jogo de hoje), contabilizando 80 pontos em arremessos de dois, e 93 nos de três, numa convergência que realmente assusta pelo seu ineditismo, deixando no ar as seguintes questões: – Frente a tão esmagador esquadrão, seus adversários simplesmente se deixam vazar inermes frente à artilharia de três, ou a equipe candanga atingiu o mais alto grau de eficiência naqueles longos e especializadíssimos arremessos?
Seria de importância vital que nossos mais abalizados analistas parassem um pouco de endeusar bolinhas e enterradas, para situarem essa inédita tendência liderada pela equipe campeã nacional, em direção a mais completa inversão de prioridades no básico quesito das finalizações à cesta, que sempre propugnou serem os arremessos de curta e media distancia aqueles com os maiores percentuais de acerto a cada ataque efetuado.
Respondida essa questão, poderemos confrontá-la com o que vem ocorrendo, por exemplo, com a equipe de Bauru, que no jogo de hoje contra Limeira, venceu pelo placar de 83 a 82, arremessando somente 6/11 de bolas de três e 23/45 de dois pontos, além de atuar por toda a partida numa veloz, técnica e desconcertante dupla armação, e uma dinâmica ação dentro do perímetro através seus ágeis alas e pivôs, sendo que três de seus mais atuantes jogadores são egressos da equipe campeã no recente torneio da LDB. Apesar de ainda falhar na defesa externa do perímetro, quando facilitou que uma convergente Limeira arremessasse 21/33 de dois pontos e 12/30 de três, permite que possamos projetar um futuro promissor para essa equipe a partir do momento que aprimorar seu sistema defensivo, se utilizando da última reformulação técnico tática que falta acrescentar às suas bem estabelecidas dupla armação e a recente redução drástica nos arremessos de três, situando-os como uma opção tática e não uma prioridade de jogo, que seria a marcação permanente dos pivôs adversários pela frente, atitude perfeitamente ao alcance de uma equipe forte e jovem, e que obrigaria os adversários que enfrentasse a radicais mudanças em seus sistemas ofensivos.
Entretanto, em Buenos Aires, Flamengo e Pinheiros resolveram, por mais uma vez, duelarem nas bolinhas, com 19 tentativas para cada um, nas quais a equipe paulista converteu 11 contra 7 dos cariocas, abandonando ambas o bom jogo interno que desenvolveram em alguns momentos da partida, mas que cederam a vez ao confronto insano das temerárias bolinhas, com o consentimento de ambos os técnicos, propiciando ao jogador Smith do Pinheiros uma façanha de 7/8 nos três, frente a uma falência defensiva rubro negra de envergonhar a quem propugnava ser seu setor defensivo o grande trunfo da equipe.
Finalmente, nos dois jogos das equipes brasileiras no dia de hoje, os paulistas sucumbiram ante uma equipe argentina marcando e contestando muito forte, que é uma tradição de suas equipes, e tendo em seus jogadores americanos a base estrutural de seu ataque interior, apoiados por armadores e alas argentinos com sólidos conhecimentos dos fundamentos e leitura de jogo. Agora, em se tratando da equipe carioca frente a um conglomerado equatoriano, que incorporou dois jogadores estrangeiros dois dias antes de embarcarem para Buenos Aires, simplesmente esnobando-os defensivamente, foram castigados ante um time peladeiro, apesar de contar com bons jogadores, que nitidamente escolheram o caminho da extrema individualidade pela ausência de um mínimo de conjunto, e a quem resolveram enfrentar com jogadas cognominadas de Hang Loose, e uma inédita Zipper 2. Fico imaginado como seria a Zipper 1. Simplesmente lamentável…
Com o Flamengo afastado do quadrangular final da Liga das Américas, basta uma vitoria simples do Pinheiros contra os equatorianos, para lá estarem, mas que se cuidem e mantenham toda sua atenção à defesa, pois o Mavort já provou que contra nós não precisa ter um grande conjunto, bastando a utilização do forte jogo interior que ostenta e as individualidades facultativas de uma equipe, como muitas outras que participam desse torneio, cujos integrantes se reúnem nos aeroportos para disputá-lo, o que significa que perder para uma delas deixa muito mal a quem muito investe na formação de uma suposta equipe de primeira linha.
Amém.
Fotos – 1 e 2 – Duelando de três com um placar de 80 x 83…
– 3 – A dupla armação de Bauru
– 4 – Hang Loose e Zipper 2…
Fotos reproduzidas da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las