A ARTE DE PERDER…
Como mais do que previsto, o Pinheiros abocanhou a classificação convergindo (aliás, poderíamos a essa altura reformar o termo para divergindo, não sei, talvez mais apropriado…) de forma contundente e seqüencial (vide artigo anterior), com um 15/29 nas bolinhas de três, contra 17/24 nas de dois, sofrendo 6/26 e 21/35 respectivamente por parte de Limeira, que mais uma vez se viu impotente ante a consentida avalanche vinda lá de fora de seu oponente, provando sua mais absoluta incompetência defensiva fora do perímetro.
Com o público testemunhando 55 arremessos de três e 59 de dois, fica bastante compreensível o nível técnico que progressivamente vai se instalando no nosso modo de jogar, e lá já vão cinco NBB’s, fazendo com que nos preocupemos com o que virá no próximo…
No entanto, lá em cima, na ensolarada Fortaleza, pudemos assistir mais um capítulo da novela A Arte de Perder, que não é para qualquer um, mesmo sendo global…
O representante do nordeste, que protagonizou uma inenarrável convergência (8/36 nas bolinhas e 20/34 nas de dois), e estando a segundos do final com dois pontos à frente, viu o jogador André desferir um petardo, convenientemente contestado pelo defensor paulista (aliás, ambos paulistas, ou quase todos, pois de cearenses…ora deixa pra lá…), errando e dando chance a um ataque interior do Paulistano que culminou num outro petardo, agora do Elinho, que de tabela empatou o jogo.
O que se viu daí para diante foi constrangedor, com uma reposição de bola no ataque por parte dos cearenses (?), que sequer entrou em jogo, saindo direto pela linha final, dando segundos de chance para uma longa, aérea e dividida reposição, que encontrou um Eddy embaixo da cesta, onde sofreu falta na tentativa de uma bandeja. Lance livre convertido e acaba um jogo emblemático e balizador.
E porque balizador?
A equipe do Paulistano utilizou o sistema único por todo o tempo, mas agilizou-o empregando dois e até três armadores em quadra (vide a primeira foto) e mesmo assim priorizando o jogo interior, onde pendurou em faltas o Felipe, arremessou 10/20 lances livres, quando seu oponente somente o fez em 4/7 oportunidades, caracterizando as duas claras opções ofensivas, onde a equipe paulista priorizou o jogo interior, as conclusões de media e curta distância (22/41 de dois e 6/24 de três), e um combate defensivo mais efetivo através as contestações às longas bolinhas de seu adversário, que em sua avassaladora opção pela convergência claudicou inclusive num de seus pontos mais fortes, os rebotes, conseguindo 28, enquanto seu oponente conquistou 41.
Tal confronto demonstrou a crescente tendência pelo jogo exterior, por grande parte de nossas equipes de elite, e a outra partida de ontem em São Paulo a confirma com sobras, preocupando a todos que propugnam por um basquete mais técnico, estudado e objetivo, onde cada ataque deveria ser otimizado através arremessos equilibrados e eficientes, e não essa hemorragia que vem paulatinamente anulando e deixando de lado a criatividade clássica inerente ao grande jogo.
Felizmente, uns poucos técnicos começam a reagir ante tal ameaça, e o do Paulistano é um deles, mas que ainda permite que sua boa e aguerrida equipe arremesse, como ontem, 5/24 bolinhas de três, quando se optasse pela metade das que falharam por arremessos interiores, sem dúvida alguma venceria por boa margem, e não ficaria dependendo do “milagre” do Elinho com seu petardo de fora, e de tabela. Mais uma vez, e ironicamente, venceu o jogo através um singelo lance livre do Eddy, aquele arremesso que só vale 1 ponto.
Amém.
Em Tempo – Que bela contratação a do Muñoz, um jogador que realmente põe a casa em ordem, no ataque e na defesa, e executa o DPJ como ninguém.
Fotos – Reproduções da TV.
Foto 1 – Paulistano em tripla armação.
Foto 2 – A defesa zonal que “incentivou” o jogo externo nordestino…
Fotos 3, 4, 5, 6 e 7 – Sequência que definiu o jogo.
Boa noite, professor.
Acompanho seu blog há algum tempo e considero o senhor o cronista que melhor entende – e ensina! – basquete no país.
Quero pedir licença para pedir a opinião do senhor sobre o lance, que me pareceu MUITO MALDOSO, do pivô Agba, de Bauru, sobre o ala francano, Jonathan, que resultou em diversas rupturas no ligamento do pulso do rapaz.
O Agba é reincidente e esses lances só provam o quanto a arbitragem – e a Liga, como eu todo – são permissivas com a covardia!
Um abraço.
Primeiramente, obrigado pelos comentários, agradecendo sua bem vinda audiência a esse humilde blog.
O lance em questão, que pareceu a você ter sido maldoso, vide as reicidencias lembradas, não pode ser conotado à luz de parecencias ou pontos de vista, e sim pelo testemunho muito próximo de três arbitros presentes ao fato, e sem os detalhamentos registrados por cameras em slow motion naquele momento, fator que limita a observação ao crivo humano, falivel ou não.
Não acredito que um jogador profissional cometa uma agressão proposital e covarde como a que supostamente ocorreu, e sim que tenha havido um choque mais violento, porém ocasional e pontual. Infelizmente o jogador Jhonatan se lesionou ao tentar evitar um maior choque com o solo apoiando sua mão para amortecer o impacto de seu tronco ao mesmo, fraturando o punho, o que foi lamentável. Se maldade houve, a mesma não transpareceu na atitude do jogador de Bauru, que sequer foi punido com falta desclassificante,sendo sua ação julgada como casual pelos juizes, pois são ocorrências que devem ser conotadas exatamente como foi, um lamentável acidente. Vendo as imagens nada constatei de efetivamente premeditado e maldoso por parte do Agba, que deve estar se ressentindo mal pelo ocorrido com um colega de profissão.
Um abraço, Paulo Murilo.