“PERÚ DE VÉSPERA”…
Nossos jogadores de ponta quase sempre apresentam comportamentos dúbios e surpreendentes, num cadinho onde se misturam extremos, que oscilam do certo ao errado, da correta tática ao equivoco técnico, numa gangorra incoerente e muitas vezes irresponsável.
Num jogo decisivo como esse quarto confronto, São José iniciou sua defesa ao direito de uma quinta partida, atuando num admirável jogo interior, oposto ao seu costumeiro modo de agir jogando fora do perímetro, abusando dos longos tiros, trocando tão nefasto hábito por uma ação contundente jogando “lá dentro”, fazendo luzir seus velozes pivôs, que confrontados pelo lento miolo defensivo do Flamengo, oportunizou um placar elástico frente a uma equipe batida nesse pormenor, e que ainda por cima, sofria uma eficiente marcação contestatória a seus arremessos de três, sua arma poderosa e decisiva durante toda a competição.
Mas, eis que aflora a incoerência e o equivoco de alguns de seus principais jogadores, quando abandonam tão eficiente ação interior, para volverem ao seu usual estilo das bolinhas, como tentando afirmar que “confiavam em seus tacos”, quando deveriam referenciar prioritariamente que “confiavam no taco da equipe”, cometendo um erro que quase custou uma vitoria mais tranquila se mantivessem a estratégia inicial de jogo.
Nesse momento de errada e irresponsável opção, coube à equipe carioca usar do mesmo estratagema de seu oponente, investindo no jogo interior e se aproximando decisivamente no placar, que não reverteu a seu favor pelo mesmo motivo apresentado pelo seu adversário quando dominavam o jogo, a insistência de alguns de seus jogadores em decidirem através as famigeradas bolas de três.
Mas, num derradeiro rasgo de bom senso, a equipe paulista voltou à defesa contestatória, e retornou ao jogo interior, comprovando sua superioridade perto da cesta.
Foi uma partida lapidar pelo aspecto comportamental dúbio de alguns jogadores de ambas as equipes, que se manifestou em momentos diferentes, mas não opostos de uma partida, comprovando serem nossos melhores jogadores pouco afeitos a leituras de jogo, agindo por impulsos, na maioria das vezes voltados ao seu desempenho particular, esquecendo o fator primordial que os levam às vitorias, o coletivismo e os interesses da equipe da qual fazem parte, integrados, e não a utilizando como plataforma de suas personalíssimas ambições.
No jogo decisivo de hoje, vencerá aquela equipe que agir como tal, um grupamento de jogadores voltados ao todo, ao eficiente jogo interno, ao possível, quando muito bem trabalhado e tramado jogo externo, à defesa solidaria e contestatória, e principalmente, à saudável tentativa de vencer dentro do espírito democrático das regras, onde preparar ambiente hostil visando vantagens técnicas e psicológicas, através coerções e ameaças, não encontrem guarida sob o manto das regras do jogo, pois “peru é o que morre de véspera”…
Que o vergonhoso final desse jogo, sendo propositalmente preparado ao encontro de uma situação conflituosa e hostil ao representante paulista no majestoso palco da arena carioca, não seja consumado, dando lugar a uma decisão que honre a tradição basqueteira, e não a imposição comportamental de origem futebolística, tão oposta às tradições do grande jogo. Que assim seja.
Amém.
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