A ARENA DO FLAMENGO…
Estamos em plena arena, repleta de rubro negros, absolutamente convencidos de que daqui a um pouco se tornarão campeões nacionais, independendo de quem esteja do lado contrário, A chegada e o credenciamento foram tranqüilos, mas uma surpresa me aguardava, o wi-fi não funcionava, logo hoje que estava preparado para mais um pequeno salto, redigir e publicar um artigo na cena do grande jogo. Mesmo assim, logo que chegar em casa, aqui perto, o colocarei no ar, com certeza.
Entrando na área reservada a imprensa, me vejo cumprimentado pelo Lauria do Basketeria, que me me faz uma pergunta incisiva – Quem ganha hoje Paulo?
Minha resposta foi breve – Como já publiquei, vence quem souber jogar melhor “ lá dentro” , em velocidade e com dois ou mais homens participando da batalha interna. Uberlândia tem melhores pivôs e bons armadores. Flamengo tem um jogo exterior comparável, mas um contra ataque mais eficaz. Logo, o domínio da tabela defensiva é primordial, assim como a busca incessante pelos rebotes ofensivos, importantes para uma segunda chance num mesmo ataque. Enfim, vence quem apostar suas fichas no jogo perto das cestas, atacando ou defendendo. Ah, um outro fator importante, a massa torcedora e inflamada dos cariocas, apesar de não conotá-lo como decisivo, pela larga experiência dos jogadores da equipe mineira,
Então, vamos ao jogo, mas antes uma sugestão aos organizadores da Liga, que tal musica brasileira popular, alegre e descontraída, tão ao gosto dos cariocas,e não um batidão irritante e sem propósito?
Inicialmente vejo a equipe do Flamengo mais tensa, e os mineiros mais relaxados, fazendo jus a maior experiência de seus principais jogadores, prenunciando um confronto onde o controle emocional ditará os contornos do jogo, principalmente no aspecto defensivo.
Começa o jogo, e os rubro negros optam declaradamente pelo jogo interno, com o Caio jogando de costas para a cesta, e o Marcos e o Kojo abastecendo-o bastante. Como é marcado por trás facilita em muito seu trabalho.
Terminado o primeiro quarto o que vemos: Nos 2 pontos o Uberlândia conseguiu um pobre 1/12 , e nos 3, 4/7 numa clara opção pelo jogo externo, ao passo que os cariocas com seus 7/13 e 0/5 respectivamente, pelo interno, com defesas fortes, principalmente por parte dos mineiros nas contestações aos lançamentos de 3 dos cariocas. Em compensação, no jogo interno, ante uma defesa clássica por trás ao pivô Caio, priorizaram jogar “lá dentro”, como deve ser, além dos 7/8 nos lances livres, contra 1/2 dos mineiros.
No segundo quarto continua a ineficiência dos arremessos de três dos cariocas (0/7), compensados em parte com seus 5/7 nos dois onde as opções táticas iniciais se mantêm intocadas.
E vem um terceiro quarto onde a equipe rubro negra resolve retornar às bolinhas, ante uma defesa negligenciada dos mineiros, “apostando” nos erros, no que se deram mal,pois sofreram um 5/6 devastador, contra 1/7 de sua própria lavra. No jogo interior mais ou menos que se equivaleram.
No quarto final se intensifica o jogo interior do Flamengo, forçando a defesa mineira para dentro de seu garrafão, quando por alguns momentos optou por uma zona pontual, logo desfeita pela eficiência das bolinhas externas que encontravam espaço suficiente para serem concretizadas, inclusive chegando ao exagero contumaz (6/26, contra 11/27 dos mineiros). Nos dois minuto s finais ficou bem claro que a opção rubro negra pelo jogo majoritário na cozinha do seu grande adversário se fez profundamente mais eficiente, ante um bom time mineiro que escolheu as contumazes bolinhas, vindo, por mais uma vez, comprovar que de 2 em 2 se constroem bons placares, grandes vitórias, valorizando o arremesso mais eficiente e preciso, destinando as bolinhas para aqueles poucos especialistas, e não os midiáticos de plantão. Enterradas? Muito poucas, e que pouco influíram no resultado final.
Afinal de contas, o grande jogo precisa se reencontrar, e nada melhor que perante as 16364 pessoas que entupiram a grande arena, construída para o desporto e não para convescotes e shows perdidos nesse longínquo recanto do Rio.
Esperemos que o espetáculo de hoje tenha provado que o esporte, em particular o grande jogo, tenha retornado aos inesquecíveis momentos do Maracanãzinho, onde fomos bi campeões mundiais, onde se encontra o verdadeiro templo do basquete brasileiro, que me desculpem a turma do vôlei e a de Franca, e que agora delega à Arena como digna sucessora.
Em tempo, a brilhante aula de defesa linear ante arremessadores de distancia, como a executada por Uberlândia, pena que resolvessem apostar no erro dos também longos arremessos dos rubro negros nos quartos finais, perdendo o jogo.
Parabéns a equipe do Flamengo que jogou de forma correta sem ser empolgante, sem firulas e espetáculos pirotécnicos para a torcida, jogando sério , dentro do perímetro e mostrando aos mais jovens que se iniciam que “enterradas” e bolinhas irresponsáveis têm de encontrar seu destino inexorável, o lixo, e nada mais. E mais um adendo, quando no terceiro quarto o Marcos solto na linha de três dispara seu petardo para baixo, nas mãos do Caio para uma bandeja, vi que naquele momento o Flamengo sedimentava o caminho para a vitória.
Bem, até segunda ordem, o maltratado e explorado Rio de Janeiro volta a ser a capital do basquete, como nunca deveria ter sido esquecida.
Agora parto par o Centro Coreográfico do Rio de Janeiro na Tijuca , para acompanhar minha filha que coordena o III Congresso Brasileiro de Dança Moderna, onde dirige, coreografa e dança como a grande mestra que é.
Até a próxima decisão leitores. Saio feliz por constatar que aos poucos reencontramos o nosso verdadeiro modo de jogar e atuar, com responsabilidade, eficiência, dupla armação, jogo interior e exterior quando possível, mostrando nosso verdadeiro estilo a tanto esquecido.
Amém.
Foto-Arena festiva.
Professor, o que não entendo é o motivo pelo qual
os times estão abdicando do jogo faltando 1 minuto
para acabar. Já vimos inúmeras vezes placares serem mudados
com pouco tempo. Existem recursos para isso. Faltas que levam
ao lance livre,pedidos de tempo para parar o relogio, marcação pressão e outras. Mas agora o basquete
brasileiro dentre os seus inúmeros vícios resolveu incorporar mais
esse, muito comum na NBA, de o time que está perdendo “entregar” o jogo ao final. Como diria um velho narrador, o jogo só termina quando acaba. Abraço saldanhista.
Hábitos colonizados são coisas muito sérias, prezado Tiago. Comigo na direção jamais permiti, ou permitiria “submissões” desse teor, nunca, pois denota pouco apreço ao espectador/torcedor, e uma clara fuga ao principio básico de lutar até o fim, ao preço que for. Na NBA, com mais de 80 jogos de 48min cada, os jogadores querem mesmo é ir embora descansar, ou mesmo se poupar, num “profissionalismo” onde o que importa são os lucros acima de tudo.Fãs? Que paguem e se contentem com o que recebem, e ponto final.
Obrigado pela saudação saldanhista, que retribuo com saudades.
Paulo Murilo.