FUNDAMENTOS?…
Parece brincadeira, pode parecer brincadeira, mas é sério, muito sério o que está acontecendo com os nossos jovens, cada vez mais “especializados” em armadores puros, armadores definidores, alas-armadores, armadores escoltas, alas-pivôs, pivôs de choque, e não sei quantas denominações caberiam a mais dentro do sistema único, aquele que é seqüenciado de 1 a 5 dentro dos padrões formatados e padronizados pelo tal sistema, e cada vez mais entronizado no triste dia a dia da garotada que ainda teima em gostar de um jogo, cujo domínio se encontra, não dentro da quadra, mas fora dela, tendo como veiculo de ligação prosaicas e ridículas pranchetas, voltadas às coreografias de passos pretensamente marcados coercitivamente impostos pelos “estrategistas” em permanente plantão no nosso combalido grande jogo.
Trata-se de uma trágica brincadeira, cujas consequências ai estão escancaradas nas estatísticas de um velado e escondido torneio da LNB, denominado de Liga de Desenvolvimento do Basquetebol, patrocinado por verbas do Ministério dos Esportes, e indevidamente organizado pela Liga, quando deveria sê-lo pela CBB, pois cabe a ela a formação de base no território nacional, tendo a ENTB para respaldá-la.
Mas a Liga partiu para uma LDB Sub-22, com equipes que congregam jovens a partir dos 17 anos, tendo como mote a possibilidade de revelar valores para a Liga principal, e inclusive permitindo que muitos deles que já militam na elite participem do mesmo, num erro estratégico considerável a tal ponto que, em vista dos catastróficos números estatísticos apresentados nas três primeiras rodadas, resolve dar clínicas aos participantes, jogadores e técnicos, clínicas de fundamentos…
Mas espera aí, os vinte técnicos dessas equipes não foram recentemente graduados pela ENTB em seu nível II, assim como participaram de uma clínica patrocinada pela Liga com a presença do técnico Magnano? E que tal grau os qualificavam (com registro e carteira) para orientar, ensinar e dirigir jovens nos fundamentos e sistemas de jogo? Então o que justifica agora tão urgente ingerência numa função especifica da ENTB? Creio que respostas deveriam ser bem analisadas, principalmente à luz de algumas estatísticas da LDB (único vínculo do secreto torneio com os interessados nas jovens promessas tupiniquins), tais como:
Após as três rodadas iniciais, nossos futurosos jogadores aprontaram-
– 553/1214 (45.5%) em arremessos de 2 pontos.
– 155/585 (26.4%) em arremessos de 3 pontos.
– 463/650 (71.2%) em lances livres.
– 440 erros fundamentos (media de 29.3 por jogo)
E lá na Republica Checa, nossos jovens Sub-19 conseguiram perpetrar um 6/30 nos arremessos de 3, 11/25 nos de 2 e 10/15 nos lances livres, cometendo ainda 15 erros de fundamentos, quando os sérvios nos derrotaram arremessando 5/17 nos 3, 19/37 nos 2 e 12/18 nos lances livres, errando muito também nos fundamentos, 16 vezes., deixando transparecer que a hemorragia dos três ainda flui em nosso basquetebol, com a crescente condescendência dos técnicos, incapazes de num longo treinamento (dois meses no caso da seleção) fazerem suas equipes jogarem no perímetro interno, preferindo apostar nas bolinhas, que no caso da seleção, não caíram…
Mas cairão nas próximas rodadas, afinal de contas é bem mais fácil (?) chutar lá de fora, sem maiores preocupações com fintas, dribles e passes, já que somos os tais nesse “fundamento”, além do outro incensado pela mídia, as enterradas…Só fico na expectativa de saber se os adversários vão deixar, mas isso é o de somenos importância, afinal de contas não existem problemas que uma boa prancheta não resolva.
Então, a seleção de nossos melhores Sub-19, ao lado de nossos melhores e mais representativos jovens na faixa dos 17 aos 22 anos presentes a essa LDB, representam o que temos de melhor, exceto naqueles detalhezinhos sem importância, já que aprendê-los e dominá-los toma muito do tempo reservado às jogadas, às estratégias, ao sistema único, pelos que pretensamente os ensinam, e para os que deveriam aprender a essência do jogo, os fundamentos, “sabiamente” substituídos pelas bolinhas de três, que se caírem, não tem para ninguém…
Amém.
Fotos – Divulgação LNB e FIBA.Clique nas mesmas para ampliá-las.
Fotos – Com um pouco de atenção observem alguns detalhes (sei que insignificantes…)sobre falhas nos fundamentos, como condução da bola, pegas espalmadas nos arremessos, pronação inversa…
Olá Professor, temos um problema também de supervalorizar alguns atletas, enchendo a bola deles, aí acabam se achando os craques da NBA.
Estava vendo as estatísticas por ex. do São José, o garoto Chandler fez 1/10 de 3 pts, mas o que constou é que foi o cestinha do time, até que ponto isso vale a pena?
Na seleção sub19, isso é reflexo do que fazem em seus clubes, são as estrelas, titulares “imexiveis”, meninos dos olhos dos dirigentes, aí quando a coisa aperta só sobra esse recurso, e o dia que as bolinhas não caem o resultado é a derrota.
O nosso treinador argentino ainda vai ter muito trabalho.
Abraços.
Tem razão, prezado José, veja o exemplo do Lucas na Sub-19 com seus inenarráveis 4/15 nos arremessos de três contra a Servia numa competição mundial, mostrando às claras que estava respaldado pela direção técnica para cometer tal absurdo. Cortar, penetrar, fintar, ir para perto da cesta, tentar uma segunda bola no rebote, retardar o contra ataque adversário, nem pensar, afinal de contas trata-se de um auto elegido especialista na mais difícil e elitizada arte do grande jogo.”Pretensão e água benta” é isso aí, e aos 19 anos! Fico imaginando daí para frente. Lamentável desperdício.
Enfim, uma direção de tal quilate e reconhecida qualidade no comando de uma seleção de base, com longa experiência mais do que comprovada, deve saber muito bem o que está fazendo, ou não? Há controvérsias…
Um abraço, Paulo Murilo.
Professor
Jogamos de 3 por que é inútil jogar com nossos pivos sem fundamento específico para a posição e sem o famoso chute curto de 2 e também sem gancho..
Quim
Prezado Quim, infelizmente nada posso acrescentar ao seu comentário pelas escassas informações sobre sua equipe, jogadores, sistema de jogo utilizado, etc. Um abraço, Paulo Murilo.
CORREÇÃO – Prezado Quim, vejo agora,cinco anos depois, o erro cometido ao analisar seu comentário, pois o mesmo estava se referindo a seleção, e não uma equipe dirigida por você. Desculpe, mas acredito que o adiantar das horas quando revisava os comentários tenha influido no erro. Sem dúvida alguma a ausência geral de fundamentos têm, cada vez mais, levado nossos jovens jogadores a priorizarem os longos arremessos de fora, e os resultados ai estão. Um abraço. Paulo Murilo.