DIRIMINDO DÚVIDAS…
Em breve a seleção brasileira masculina estará competindo na Copa America em busca de uma classificação ao Mundial, e não será uma tarefa nada fácil, frente ao elevado numero de dispensas de alguns de seus mais representativos nomes, culminando com a saída hoje do Marcos com problemas em sua perna, deixando o técnico Magnano sem muitas opções táticas em sua equipe quanto ao jogo exterior, onde juntamente com o Guilherme e o Artur liderava a artilharia dos três, somados ainda ao ímpeto do Benite nas bolinhas tidas como salvadoras pelos entusiasmados adeptos das mesmas, tendo ainda o Alex como convicto adepto dessa forma de jogar fora do perímetro.
Entretanto, dentro do perímetro, um outro grande problema ficou exposto nos jogos preparatórios contra os uruguaios, mexicanos e argentinos, a sorrateira tendência de alguns dos pivôs convocados de aderirem ao grupo dos estilingues acima descritos, como o Mineiro e o Lucas, que ao serem preteridos pelos armadores pendem para esse tipo de ação, e que no caso do Lucas, acredito ter sido cortado exatamente pela exagerada insistência nesse especialíssimo arremesso, que se foi bem aproveitado contra os mexicanos, foi contestado firmemente pelo Scola no jogo decisivo do quadrangular. O técnico argentino deu mais um tempo para o jovem pivô pensar no assunto…
E tem mais, pois o Huertas, o Raul e o Larry também não pensam duas vezes para estilingar o aro sempre que possível, deixando a seleção frente a um tremendo impasse, já que nove de seus prováveis escolhidas para a lista final adoram as bolinhas, o que torna o jogo interno optativo, e não prioritário para eles, sejam armadores ou alas, destinando a turma interna para a função de reboteiros e finalizadores de ocasião, justamente como pregam alguns e notórios “entendidos” no grande jogo, mas que, sem dúvida alguma, coloca o Magnano entre duas escolhas diametralmente opostas ao seu senso tático e até estratégico, o de como atacar com uma turma desse calibre, toda ela “confiando em seu taco”, numa condição única no mundo do basquetebol, na qual as equipes mais fortes e determinadas no concerto internacional possuem em suas fileiras no máximo três ou quatro eficientes arremessadores de longa distância, e não pretensamente nove como pensamos ter, ou confiar integralmente em seu sistema defensivo, para equilibrar sua ainda inconsistente forma de atacar as equipes adversárias, torcendo lá do fundo de seu espírito platino para que as ditas cujas caiam, porque senão…
Mas como seu conterrâneo Papa Francisco reconheceu ser Deus brasileiro, quem sabe não baixe em nossos “gunners” o espírito da inteligência tática, promovendo a redenção do Rafael, do Caio, do Mineiro e do João Batista, em suas odisséias de puladores profissionais (apesar do Caio não saltar uma gilete deitada), atitude essa que definirá os grandes jogos da grande competição, sendo a arma básica de argentinos, canadenses, uruguaios e talvez dominicanos, já que porto-riquenhos terão em nosotros um belo oponente na artilharia externa.
E resta a grande pergunta final, se era para institucionalizar pela força de uma realidade, que o bom técnico argentino tenta ainda restringir, de que a enxurrada de três permanecerá intocada por essa geração de “grandes (e pretensos) especialistas”, dotando as bolinhas como prioridade ofensiva, quando por força dos princípios de precisão, estudos dos lançamentos provam exatamente o oposto, contrariando o conceito universal de que tão perseguida precisão se materializa nos arremessos de media e curta distâncias, principalmente através o jogo interior, destinando os de três àquelas situações de volta interiores, e mesmo assim para serem lançados por quem realmente entende do riscado, por que não convocar logo aqueles grandes pivôs que se destacaram no NBB e adeptos das bolinhas, como o Gruber, o Murilo e o Cipolini, bem superiores também no jogo interno em velocidade aos atuais convocados, para ai sim, mostrar ao mundo uma equipe onde o reinado das bolinhas imperaria absoluto e quem sabe, imbatível (?)…
Ilustro esse artigo com algumas fotos da seleção, onde claramente podemos observar a escolha pelo jogo externo por parte de nossos armadores, e até pivôs que para aquela zona se deslocam, a fim de dispararem seus torpedos nada inteligentes, até o ponto em que um veterano e qualificado Scola vai até lá fora contestar um iniciante Lucas, para a seguir ir lá para frente converter singelos e fatais arremessos de dois, construindo uma vitoria cristalina e acima de tudo lúcida.
Magnano tem um problema em mãos, dos mais sérios, já que apesar de seus esforços e dedicação ainda não conseguiu dirimir erros de muitos e muitos anos de deficiente preparação e formação de base, inclusive defensivos, e o mais restrito de todos eles, nossa auto-suficiência midiática e irresponsável na artilharia de fora, onde a afirmação do Papa Francisco é levada a serio por muito mais gente do que se imagina.
Então minha gente, vamo que vamo…
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.
1 – Um técnico com grandes problemas.
2 – Zona 2-3 atacada em 2-3, um erro…
3 – Armação isolada, típica do sistema único.
4 – Ataque de 3 sem apoio interno, mais um erro…
5 – Pivô ataca de 3 com forte contestação do Scola.
6 – Idem sobre o mesmo pivô.
7 – Scola define nos 2 em correto jogo interior.
8 – Um correto jogo interior contra o Uruguai.
Em tempo – Só marcaremos eficientemente o Scola no dia que o fizermos pela frente, até lá…