O RETORNO DOS “DETALHES”…
Foi uma noite diferente da de ontem, onde até vimos o técnico sentar no meio de seus dois assistentes, e dialogar com ambos, numa cena tocante, e que prenunciava uma nova atitude de um grupo que havia sido esmagado na véspera sem dó nem piedade, mesmo sob a suspeição de que muito do nosso jogo tinha sido dissimulado, tese derrubada em quadra pela rivalidade tradicional entre as duas equipes.
Talvez a pecha de dissimulação tenha sido passada para a equipe da casa, com seu comportamento tático jogando com os cinco abertos, em contraste direto a seu tradicionalíssimo jogo interior e de longos arremessos, temperado pela correria caribenha tradicional, mas que pelo andamento da partida, não muito a seu favor, retornou às origens para poder se impor a equipe brasileira.
Dissimulações à parte foi o jogo se aproximando dos dois quartos finais para transcorrer como deveria ter sido jogado desde o começo, com as equipes dando o seu máximo em busca da vitória, como sempre a buscaram em seus inesquecíveis encontros anteriores.
Não podemos negar a radical mudança comportamental da nossa seleção, que mesmo enfrentando sérios problemas técnicos pela lentidão de seus pivôs (mais aparentes quando defendem), pela falta de coordenação entre as ações externas e internas, originando outra grande preocupação, as falhas nos fundamentos de passes e dribles, que são aspectos indesculpáveis nesse nível de competição, e que somente neste jogo atingiu a marca de 14 erros de fundamentos, contra 5 de seu oponente.
Sem dúvida fomos um pouco mais comedidos na chutação de três, e inclusive bem eficientes nesse pormenor (10/18) graças à frouxidão da defesa porto-riquenha fora do perímetro, como a nossa também, franqueando 3/13 para a turma da casa, que por sorte foram ineficientes nesta sua bem conhecida e arrivista habilidade.
Mas foi lá dentro que o jogo foi decidido, onde os rápidos e eficientes pivôs de Porto Rico superaram os nossos na medida certa para vencerem (26/47 e 16/33 respectivamente), apesar de falharem nos lances livres (23/33) assim como os nossos (19/25).
No entanto, se olharmos detidamente para os números da partida podemos constatar dois fatores determinantes para o resultado final, a constatada fraqueza brasileira no ataque e na defesa interior, com sua pesada e lenta infantaria de pivôs, anulando em muito as ações coordenadas com os armadores, e a nossa notória e trágica realidade de falibilidade nos fundamentos, principalmente naqueles momentos finais de decisão, como a perda de bola do Guilherme ao tentar dribles frente a uma bem executada dobra, e a tentativa frustrada de um passe interior do Huertas (vide fotos), que já tinha tido um outro interceptado, fatal naquele momento do jogo, fatores estes que poderiam ter sido bastante minorados se a compatibilização dos sistemas de jogo escolhidos para essa competição pelo técnico Magnano, ou seja, o forte jogo interior, confrontando o excesso de arremessos de três, e uma potente defesa dentro e fora do perímetro, com inclusive alguns momentos de pressão toda a quadra, fosse decisivamente contestado pela fraqueza dos pivôs, e da ainda inexperiência e técnica do Luz e do Raul na arte de fazer jogar uma equipe, exatamente naqueles pontos que determinariam a eficiência de sua escolha tática, a velocidade e flexibilidade dos mesmos. Tivesse convocado alas pivôs com aquelas habilidades (temos alguns muito bons…), e um ou dois armadores mais calejados, a exemplo dos armadores e alas pivôs que temos enfrentado até aqui, poderíamos estar bem mais tranquilos com a possibilidade de classificação ao Mundial, e não correndo o factível perigo de não obtê-la por força dos “detalhes”, o que seria trágico.
Enfim, continuo a achar que o Magnano tem sérios problemas a enfrentar, mas com sua notória capacidade acredito que saberá ultrapassar esses obstáculos, que bem poderiam ter sido amenizados através uma convocação que encaixasse melhor seus planos táticos e técnicos, e cuja maior estratégia seria aquela de menos qualificar jogadores nominados e marqueteados, por aqueles que realmente poderiam exequibilizar seus projetos de coletivismo e união em torno de um objetivo comum, apesar de menos nominados, na elogiável busca de uma verdadeira e unificada equipe.
Amém.
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